Jorge Trabulo Marques (a editar reportagem da Festa em Chãs e Santa Comba - Logo que possível)
Antes de ali chegar, tive oportunidade de contemplar, uma vez mais, as belas vinhas da minha freguesia, que se repartem de ambos os lados do percurso, todo ele calcetado, ao longo de 6 Km, e de saborear uns deliciosos figos, assim como assistir à apanha da amêndoa, num dos muitos amendoais, ainda existentes e do começo de outra vindima.
Sim, foi mais um dia de muito calor. E então para quem tem de suportar tão altas temperaturas, acima do 35º, é de facto um grande esforço. Mas, enfim, é assim a vida no campo, no Inverno suporta-se o frio e no estio, em muitos dias, calores abrasivos. No entanto, seja como for, as vindimas das uvas tintas ou doiradas, é sempre um festivo colorido
Adorei partilhar abraços e sorrisos com rostos, com os quais me habituara a trabalhar nas roças, em S. Tomé. Não eram estes, mas talvez alguns dos seus pais ou avós. Naqueles dias, em que a vida rural, tanto era escrava nas colónias, como na chamada metrópole. Pois tinha de se trabalhar de sol a sol para se ganharem salários de miséria. Agora, como as aldeias, vão estando cada vez mais desertas e envelhecidas, o que nos vai valendo são de facto os imigrantes que temos vindo a receber.
Foi realmente uma tarde muito ensolarada, mas muito linda. Ainda fiz uma boa parte do percurso da ida a pé, o mau foi ter sido picado num lábio por uma vespa selvagem, que me provocou um grande inchaço e um certo mal-estar. Mas lá me recompus, com uma pomada que me foi fornecida por uma das vindimadeiras e uns pecadaços de gelo que depois me foram dispensados no bar junto ao museu da quinta, onde umas garrafinhas de água fresca, me ajudaram a recompor.
Meu abraço amigo de agradecimento, ao Pedro Velho, com quem me encontrei no bar do museu da Quinta Ervamoira e partilhámos bons momentos de convívio, tendo tido a gentileza de me transportar no seu táxi, com duas turistas norte-americanas, que ali tinha ido levar em visita a esta quinta.
Mais um dia de regresso às minha raízes ancestrais, à antiga quinta cerealífera de Santa Maria, onde nasceu o meu pai, Manuel da Quinta e todos os seus irmãos e irmãs, com o mesmo apelido e que dantes pertenceu ao termo de Chãs, mas que, desde a década 70, foi vendida a Ramos Pinto, anexada ao termo de Muxagata e passada ao cultivo exclusivo de vinha, cujas colheitas são ecoadas pela minha aldeia, através de um dos mais maravilhosos cenários de vinhas, olivais, amendoais e figueiras carregadas de figos, por uma calçada à portuguesa de cerca de 6 Km.
Na verdade, já por estas encostas, debruçadas sobre a margem esquerda do Vale do Côa, com as de Castelo Melhor, de fronte na outra margem, se colhem saborosos cachos de uvas , que depois são transportados para a Quinta dos Bons Ares, onde vão fermentar para deliciosos vinhos generosos ou vinhos de mesa
Mas também a beleza do cenário que liga esta quinta a Muxagata, ao caminho parcialmente usado para a visita do tesouro paleolítico às gravuras dos Piscos, não fica atrás, com a sua singularidade e especial encanto. - À freguesia onde nasceu a minha avó Maria Morgado e as suas irmãs.
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