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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Celebração do Equinócio do Outono, 22 de Setembro 2024, 08.00- 08.30 em Chãs-Foz Côa, no Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nª Srª. com momentos de poesia, ante o olhar deslumbrado dos esplendorosos raios solares atravessarem a graciosa gruta, no momento em que o sol, ali se ergue no horizonte.

 Jorge Trabulo Marques – Coordenador e dinamizador das  Celebrações dos Equinócios e dos Solstícios, no Tambores, Chãs.

Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nª Srº - Espantoso Calendário pré-histórico –– Esplendor único da Arqueoastronomia em Portugal - Que devia ser classificado Património da Humanidade. Aliás, essa também já foi a sugestão indicada pela atual vereadora da Cultura da CM de V. N de Foz Côa. Ana Maria Proença Filipe

As gravuras rupestres serão mais antigas, indubitavelmente têm a sua importância mas o majestoso e impressionante megálito, que desafia as leis da gravidade, soldado numa das partes à laje , igualmente granítica, através de uma de uma antiga argamassa, não deixa de ser menos surpreendente

Diz um estudo de Maria Goreti Margalha que "as primeiras argamassas só de cal teriam sido empregues em Jericó, na Palestina (7.000 a.C). Na Turquia, restos da utilização de argamassas de cal em pavimentos, datam de 10.000 a 8.000 a. C."

Referindo que "os romanos não conheciam a composição química e mineralógica dos materiais que utilizavam na construção. Mas as suas argamassas demonstraram tão bom comportamento ao longo dos séculos que o novo material surgido no séc. XVIII, foi designado “cimento romano”
MACIÇO DOS TAMBORES - É um local mágico e dos poucos lugares da terra onde a beleza e o esplendor solar se podem repetir à mesma hora e com a mesma imagem contemplativa de há vários milénios

Arqueoastronomia é o estudo da astronomia praticada por povos pré-históricos, por meio dos seus monumentos, construídos pela observação dos astros que deu início à organização dos ciclos e contagem do tempo. Tais como equinócios, solstícios, helíacos, eclipses, passagens de cometas etc. Também conhecidos por alinhamentos sagrados, entre os quais Stonehenge e a posição de algumas esculturas de barro como as pirâmides.





Na celebração do Equinócio do Outono de 2019, foram ali lidos poemas de João de Deus, cantados pela esposa de António Ponces de Carvalho, bisneto do grande poeta, que também teve a amabilidade de calorosamente nos surpreender com poemas diretamente lidos do magnifico livro, Campo de Flores, que, no final da cerimónia, gentilmente nos ofereceu.


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Na celebração do equinócio de 2015, pudemos contar com a visita de Dom Manuel dos Santos, então Bispo da Diocese de S. Tomé e Príncipe, embora norteada por espírito académico ou curiosidade científica, sim, sendo ele possuidor de elevada formação religiosa mas também de fina sensibilidade poética, multirracial e multicultural, indubitavelmente, um magnífico exemplo de coragem e de tolerância pelo respeito e defesa
dos valores patrimoniais da nossa mais recuada ancestralidade, quer de matriz mística, cultural ou histórica.


Recordo neste vídeo, a calorosa e expansiva visita dos jovens artistas de PIA Projetos de Intervenção Artística, em Agosto do ano passado, no dia seguinte à sua exibição no espetáculo de encerramento dos festivais do Côa Culto.


Se as condições atmosféricas o permitirem, os participantes "poderão ali viver momentos de raro esplendor, alegria e misticismo, tal como, em tempos idos, os antepassados, que ali se fixaram, os teriam vivido, quando ali celebravam e saudavam os seus ídolos. Num local Sagrado de cura, cruzado pelas energias benfazejas terrestres, que os homens da era da pedra lascada edificaram, cultuaram e veneravam com o seus ritos ancestrais - 40º 59´ 39.94" N - 7º 10´ 35-46"



De referir, que, alguns especialistas, ligados às ciências exotéricas, defendem que estes centros de culto, que geralmente se apresentam em forma de círculo ou amuralhados, como é o caso do Santuário da Pedra da Cabeleira de Nº Srª, são locais de cura, atravessados por linhas ou energias geodésicas especiais, que os saberes e a experiência de antigas civilização, que viviam em estreita ligação com a Natureza, escolheram para seu benefício próprio e se dirigirem às suas divindades.

O objetivo destes eventos, quer na celebração dos solstícios, nos alinhamentos sagrados ali existentes, como na celebração dos equinócios, não visa promover qualquer espécie de culto ou de sacrifício, como talvez os povos, que se abrigavam por estas penedias, o terão feito, mas tão somente o de recuperar, o que, esses ancestrais costumes ou rituais, teriam de mais belo, energético, sagrado e purificador: o estreitamento com as maravilhas concedidas pela Mãe-natureza, de que a sociedade atual, tanto se tem divorciado, em favor do supérfluo, do superficial e do ruidosoho



Aranha imita o cirulo solar


Sim. vem aí o auge da época das vindimas e da maturação completa dos frutos e também das folhas começarem a despirem-se das videiras e das árvores, em mil matizes de coloridas e mágicas aguarelas.


Desde há vários anos que celebramos, a já tradicional festividade de ação de graças ao ciclos da Mãe-Natureza, em perfeita comunhão com a beleza e amplitude dos espaços envolventes, das poderosas energias telúricas revitalizadoras que ali se refluem, como poderosos condensadores -refletores, entre o infinito dos céus e a terra, num sagrado local, junto ao majestoso pórtico numa das mais surpreendentes maravilhas da Pré-história., no sopé do altar sacrificial do Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira, arredores da aldeia de Chãs, Monte dos Tambores, Vila Nova de Foz Côa.


A pedra fica situada no Maciço dos Tambores-Mancheia, no perímetro do Parque Arqueológico do Vale do Côa, arredores da aldeia de Chãs, concelho de Vila Nova de Foz Côa.

Este enorme megálito com 4, 5 metros de altura e sensivelmente o mesmo de comprimento, é atravessado pelos raios solares do nascer do dia e está alinhado com os Equinócios da Primavera e do Outono

Quis um feliz caso, que eu pudesse ser o privilegiado dessa fabulosa descoberta, em 2001, tal como a dos monumentos megalíticos que se seguiram, especialmente o da Pedra do Solstício, mercê de continuada investigação, este alinhado com o solstício do Verão, junto do qual, graças a algumas boas vontades, têm decorrido outras celebrações.

ALINHAMENTOS SAGRADOS DOS TAMBORES - NINGUÉM LHE FICA INDIFERENTE

Desde a minha adolescência que caminho para o maciço dos Tambores - Ao Tempo em que ali ia levar a marmita ao pastor que guardava o gado da Quinta do Muro, sobranceira ao Vale, onde meus pais viveram como caseiros. – Desde, então, desses distantes anos da minha adolescência, sempre, aquelas pedras me fascinaram e me levaram a acreditar de que deveriam por ali existir uns mistérios por decifrar.

Tão ciente estava dessa evidência, que, a partir de meados da década de noventa - altura em que surgiram as descobertas das primeiras gravuras do Côa (algumas das quais no termo da minha a aldeia) – comecei por dirigir o convite a arqueólogos e a outros especialistas e investigadores. Uns, antes da descoberta e, outros, já mais recentemente.

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Adriano Vasco Rodrigues, prestigiado arqueólogo, etnógrafo e historiador, que me o prazer de me acompanhar ao Maciço dos Tambores, antes da descoberta dos calendários solares, mas que acabaria por ser ele o grande inspirador, sem dúvida, uma referência nos Templos do Sol, atrevo-me mesmo a dizer que é também o místico. Pois ele que trouxe à luz do conhecimento científico os primeiros contributos do Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, no seu livro “Terras da Meda : natureza e cultura: monografia”, que classificaria como local de culto e sacrificial

Pistas importantes, sem as quais, dificilmente teria sido entusiasmado a desvendar os segredos, que a dita pedra ainda guardava.

TOM GRAVES VEIO DA AUSTRÁLIA PARA ESTUDAR AS PEDRAS DO SOL - E ATÉ DEU UMA AULA DE RADIESTESIA NA ESCOLA SECUNDÁRIA, EM FOZ CÔA.

Tom Graves é um autor de sucesso internacional Tem-se notabilizado pela publicação de obras que procuram dar respostas e abrir no.vos caminhos para a investigação no campo da radiestesia aplicada à arqueologia, onde é tido como um dos mais cotados técnicos e pedagogos da actualidade।


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Defende que os lugares sagrados são centros para os quais muitas das linhas de água convergem umas com as outras e também com os centros padrões de linhas acima do solo, à semelhança do que acontece com as artérias do corpo humano। E, por isso, acredita que tais lugares não foram escolhidos por obra do acaso। Designadamente, mamoas, menires, círculos de pedra, dólmenes e outras estruturas megalíticas, assim como os altares das igrejas da Pré-Reforma।

Designadamente, mamoas, menires, círculos de pedra, dólmenes e outras estruturas megalíticas, assim como os altares das igrejas da Pré-Reforma


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O famoso escritor inglês vive na Austrália mas desloca – se com frequência aos chamados pontos nodais ou lugares Sagrados da Terra que, desde que desapareceram as antigas civilizações que os cultuavam, têm praticamente permanecido escondidos dos olhares profanos

Em Portugal, já visitou o Cromolech de Almendres no Alentejo e alguns menires da região de Sintra. Mas agora, desde 2008,  há mais um local que passou a fazer parte do seu roteiro: o Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora e a Pedra do Solstício, nos arredores da aldeia de Chãs।




Além da presença do saudoso poeta Manuel Pires Daniel, ,autor de uma vasta obra intensa e multifacetada, pautada pela dedicação mas também pela descrição. Natural da cidade da Mêda, onde nasceu em 18 de Novembro de 1934. Faleceu em 21 de Janeiro 2021, vitima da Covid 19 - Já depois de alguns anos de penosa situação de invisual, sem, no entanto, abdicar da sua verve poética


Fernando Assis Pacheco - O poeta e jornalista, que faleceu em 30-11-95, um mês depois de ali ter erguido os braços - "Jorge!..Aqui também esteve o Torga?!.. " - Perguntava-me, naquele já distante fim de tarde, em que o acompanhei pela Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora e ao Monte do Castro do Curral da Pedra.

Ele estava muito feliz e, pelos vistos, queria saber se o autor dos Novos Contos da Montanha, também teria partilhado daquele mesmo encantamento e felicidade, ali pelos monumentais penhascos dos Tambores e Mancheia.

Eu disse-lhe: "Não me consta... Acho que não...Aqui, nestes sítios, é ainda o reino do granito" Mas, afinal, Fernando Assis Pacheco, lá tinha as suas razões para fazer a tal pergunta. Miguel Torga, também contemplara aqueles enigmáticos penedos e largos horizontes. Contei o episódio, na cerimónia, da romagem à "Pedra do Fernando Assis, e a reposta às minhas dúvidas, fora gentilmente dada pelo poeta e advogado, Manuel Pires Daniel

Castro do Curral da Pedra - Mancheia-Tambores

Já aqui me dirigi também na companhia do arqueólogos, João Zilhão e Martinho Baptista, bem como outros técnicos do PAVC, assim como de Sá Coixão - Ele que conhece todo o concelho como as suas mãos e tem feito vários levantamentos. O astrónomo Máximo Ferreira , também já por três vezes, ali se deslocou.



Também o referido templo solar foi objecto de especial atenção por parte Moisés Espírito Santo, autor de várias obras na área da sociologia e etnologia, professor catedrático jubilado em Sociologia e Etnologia das Religiões, desde 2004, um dos fundadores e membros do Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões (1991-2004), do Instituto Mediterrânico (1991-2004) e da Associação de Estudos Rurais (1991-2004), cujos estudos  contribuiram decisivamente, com as suas investigações, para o conhecimento científico da origem e da identidade da Língua Portuguesa, com origem no Noroeste da Península Ibérica   e cuja matriz deriva das variantes de que foi objeto o Fenício, o Hebraico antigo e o Hebraico,


No seguimento da sua deslocação ao Santuário e à minha aldeia, Chãs, freguesia de V. N. de Foz Côa, diz ter dado particular atenção aos nomes dos sítios e das pedras dos calendários. Frisando que, o que ali observou e pôde interpretar “não consta nos livros de História de Portugal” onde - segundo afirma -, “crassa ignorância e uma verdadeira fobia quanto à cultura dos nossos antepassados lusitanos. 


Castro do Curral da Pedra - Mancheia-Tambores

Os historiadores e arqueólogos procuram fazer-nos crer – acrescenta o investigador - “que os lusitanos eram uma horde de selvagens, atrasados e ignorantes, quando foram o povo que «durante mais tempo se opôs aos romanos», conclui o Catedrático, citando Estrabão

Poderei citar muitos mais testemunhos da riqueza pré-histórica da região, os quais localizei através das minhas prospecções, entre eles, necrópoles, grutas, abrigos, castros e dos mais representativos a Estátua-menhir de Longroiva, representando um homem, possivelmente um caçador, acompanhado pelo mesmo equipamento do homem encontrado na geleira do Tirol, em Setembro de 1991, entre a Itália e a Suíça, conhecido por Ossi.

"Pedra da Cabeleira é o nome da pedra grande através de cuja fenda se vê o sol nascer nos equinócios. Excluirmos a lenda da «cabeleira que Nossa Senhora aí deixou» por ser uma adaptação recente do nome original à religião católica popular. Como a fenda da pedra serve para ver, nos equinócios, o nascer do sol, Cabeleira é uma corrupção de qabal awra [lê-se: cabalaura] em que qabal (do acádico) significa «no meio, mediano, posição ao meio», e awra (do cananita e hebraico) «aurora, nascer do sol».


Portanto qabal awra significou literalmente «posição ao meio do nascer do sol», isto é, «posição do nascer do sol ao meio» do ano, «posição mediana do nascer do sol», sendo os equinócios a posição do sol «ao meio» do seu aparente percurso celeste. Em hebraico, qbl [lê-se: qabal] também significa «aceitar, recolher, acolher»; qbl awra seria então «aceita, recebe, acolhe o nascer do sol», tratando-se duma significação complementar (a fenda acolhe o sol nascente).

O QUE DIZ O PRIMEIRO ESTUDO DA PEDRA DA CABELEIRA DE Nª SRª

O Prof. Adriano Vasco Rodrigues, um grande entusiasta por estes lugares, nomeadamente pela Pedra da Cabeleira, que, já em 1956, havia visitado e classificado como “um local de sacrifícios ou culto do crânio”, diz o seguinte:

- “Em 1957, tive oportunidade de estudar a fraga conhecida com o nome da Cabeleira de Nossa Senhora, que classifiquei como santuário pré-histórico, integrado cronologicamente na revolução neolítica. Pelas suas características sugere a existência de um culto ao crânio, característico, na Península Hispânica, da transição do Paleolítico para o Neolítico, segundo o Prof. Pericot. A identificação com uma entidade feminina, que sofreu consagração à Virgem Maria, acompanhada de lenda popular, sugere um culto inicial à Deusa Mãe, símbolo da fertilidade.

O início da agricultura está ligado ao culto da Deusa Mãe, privilegiando a germinação das plantas. Foi trazido do Médio Oriente para o Ocidente peninsular pelos primeiros povos agricultores.

Junto deste santuário localizei uma pequena cavidade em forma de concha, que poderá ter servido para recolha de sangue proveniente de sacrifícios. Em frente de uma das entradas do abrigo interior daquela fraga, havia uma pedra quadrangular, com 1,5 m. de lado, em forma de arco, que se adaptava perfeitamente, deixando uma abertura suficiente para permitir a entrada dos raios solares.

O jornalista Jorge Trabulo Marques, natural das Chãs, do concelho de Vila Nova de Foz Côa, que meritoriamente tem pesquisado toda esta área, levantou o problema de se tratar de um calendário solar, tendo o homem pré-histórico aproveitando este monumento natural e adaptando-o, como se comprovou pela presença da pedra, que atrás referi. Esta hipótese não foi levantada despropositadamente, pois está comprovado por testemunhos de períodos coevos em que foram levantados calendários relacionados com a marcação de solstícios de Verão e de Inverno. O culto ao Sol é fundamental nas sociedades primitivas e o conhecimento do calendário das estações para poderem fazer as sementeiras. O culto à Deusa Mãe e ao Sol dos primeiros agricultores está relacionado.

Também já num tempo pré-histórico mais próximo dos nossos dias, temos o exemplo de Stonehenge, convidando à observação do Sun rose e do summer solstice. Na Irlanda, o túmulo chamado New Grange, mostra uma abertura pela qual entra a luz solar no dia do solstício de Inverno percorrendo a câmara até à sua parede final.

Dou os meus parabéns ao jornalista e fotógrafo Jorge Trabulo Marques pela iniciativa do turismo cultural que vem levando a efeito com tanto sucesso.”


Quem é que, das gerações  mais velhas, na aldeia, não se recorda dos passeios, isolados ou em grupos, à Pedra da Cabeleira de Nª Srª?... Um local, que era praticamente uma visita obrigatória, pelo pároco da freguesia ou missionários, em sessões  ou passeios de catequese ou pelos professores da escola primária, com grupos de alegre e sorridentes alunos,  que ali se juntavam no interior do recinto amuralhado, em saudável convívio, tendo como atração, o pasmo suscitado pelo penedo, que, ainda mesmo hoje,  parece desafiar as leis da gravidade e do equilíbrio, assim como do  enigma  que infunde a pintura rupestre (um entrançado a negro) existente num nicho do seu interior e a que a lenda do povo atribui ser a cópia dos cabelos da Virgem Santíssima, que ali teriam ficado   desenhados, ao encostar-se lá dentro, na sua fuga para o Egipto 

– Assim entendeu também, já nas últimas décadas, o Reverendo Cónego  José da Silva, que, além de participar nas festividades, aos ciclos das estações, para ali gostava de se deslocar, tendo sido até objeto de homenagem, um ano antes da sua morte.

ALINHAMENTOS  MANCHEIA E ÇACIÇO DOS TAMBORES

A bem fizer, as três celebrações  dos equinócios da Primavera e do Outono, bem como a do solsticio do Verão, junto a um esférico bloco de granito,  já entraram definitivamente no calendário mediático das principais celebrações evocativas, com o objetivo de saudar a  Mãe-Natureza, indo  ao encontro das mais antigas tradições e cultos medievos dos vários povos, de cuja passagem por estas áreas e  na região, nos legaram abundantes vestigios



No Maciço dos tambores, até à presente data, foram descobertos sete alinhamentos: Pedra da Cabeleireira de Nª Senhora, atravessada pelos raios solares do nascer do sol nos Equinócios; a Pedra  do Solstício, alinhada com o pôr do sol do Solstício do Verão; "As Portas do Sol, alinhada com o nascer do sol  do Solstício do Inverno e o pôr do sol do Verão;  Pedra Phallus Impudicus, alinhada com o nascer do sol do Solstício do Inverno ;a Pedra da Ursa Maior com as sete fossetes, alinhada com os Equinócios e com simbologia ou enquadramento com  Ursa Maior e a Pedra Caranguejo,  atravessada pelos raios solares do pôr do sol dos equinócios

Os antigos povos, que habitaram  e se abrigaram  tinham relógios nem calendários, como hoje os temos, mas  nem por isso deixavam de saber quando uma estação terminava e outra começava. Erguiam enormes blocos ou aproveitam-se de outros já existentes e adaptavam-nos para as suas observações astronómicas. E faziam deles, além de verdadeiros monumentos, também os seus locais de culto. Muitos caíram no esquecimento ou foram destruídos. Porém, outros, ainda subsistem em vários pontos do Globo: o mais famoso é Stonehenge e, em Portugal, os templos do sol, no maciço dos Tambores, aldeia de Chãs, onde são celebrados os ciclos do ano e evocados, tempo ido





NA FACE  VOLTADA A POENTE - ("focinho" dirigido a nascente) APOIADA EM CUNHAS DE PEDRA DO LADO NORTE - VEJA AS SEMELHANÇAS COM A IMAGEM DA URSA MAIOR - CHINESA 



Presumo  que se trate do culto e da  sinalização da Ursa Maior - A pedra, vista de poente para nascente, assemelha-se a uma cabeça levantada aos céus, enquanto a Ursa Menor, costuma ser simbolizada como a ursa voltada de cabeça para baixo. A orientação pelas estrelas é um dos métodos naturais tão antigos, como a própria humanidade. E  a Ursa maior é  uma das constelações  mais conhecidas em todas as civilizações e que mais facilmente se identifica no céu.







Os mitos têm sempre algum fundo de verdade - Ver esta gravura da mitologia chinesa e constatar  tão flagrantes semelhanças (pelo menos ao nível da "cabeça" da pedra), dá pelo menos que pensar. A questão é que o deslumbramento não fica apenas por aí - Veja-se como a pedra foi assente; vejam-se os  vestígios de construções, junto da mesma, do lado voltado a nascente - E então o que pensar das sete covinhas (petróglifos), com aquela disposição, é obra da natureza e do acaso?!...  De resto, fossetes de origem pré-história, não são já novidade nesta área. Identifiquei-as noutras pedras e os técnicos do PAVC, também já as  as encontraram noutra pedra. (imagem seguinte) - Quem sabe se não com idêntica simbologia de outras estrelas ou constelações!


AUTOR DA DESCOBERTA - O SR. HERCULANO

 A descoberta da referida pedra circular, que só agora é divulgada,  não é recente - Fotografei-a há talvez mais de 20 anos - E no próprio dia em que foi achada pelo Sr. Herculano Leal, no Chão das Canadas, junto a um antigo poço, mas não a tenho comigo - Sim, foi em meados da década de 90, quando este meu conterrâneo, ao cumprimentar-me, me passa para as mãos, uma pedra, que mais me fazia lembrar um disco voador, pesada e muito lisinha, com um orifício ao centro_ -  Apanhei-a, esta manhã, nas Canadas, e, sabendo que gostas das pedras, trouxe-a para ta  oferecer. Fica com ela, que eu não a quero para nada.

Agradeci-lhe o amável  gesto mas entendi que ele é que devia ficar com o achado. Pedi-lhe que apenas me acompanhasse ao local (área dos solos mais húmidos e férteis, do lado norte da aldeia)  para ali o  fotografar e conhecer o sítio  – Eu não aceitei a oferta mas quem a não recusou foi o meu primo, Joaquim Trabulo 


Achado pelo autor deste site
Achados pelo autor deste site
Espantoso achado, encontrado nos Tambores  – pelo autor deste site – Denota faltar-lhe uma parte e a ponta - J. Leite de Vasconcelos, em Religiões da Lusitânia, refere-se ao estudo de parecido, designado por  troféu

 A descoberta ocorreu há dois anos,  na manhã do Equinócio do Outono, em  Setembro de 2013, a escassos metros do Castro do Cural da Pedra. - Os incêndios, que, mais uma vez, durante o  Verão,  haviam feito desaparecer a já escassa vegetação existente, reduzindo  a paisagem  a cinzas e a pedras negras,  tal  ato criminoso, acabou por deixar a descoberto um valioso achado arqueológico.

Na altura supunha tratar-se de um punhal ou arma pré-histórica, porém,  confronto o objeto com o  estudo de um exemplar, quase idêntico, em Religiões da Lusitânia, de José Leite de Vasconcelos, sou levado a depreender que poderá. efetivamente, ser parte de um troféu neolítico usado na sepultura de um  guerreiro, simbolizando,  cada dente da pedra, um dos inimigos tombados pela sua valentia.




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Sou de opinião  que a memória dos antigos povos que ali viveram e edificaram os seus Templos do Sol - locais de culto e de observação astronómica -  deve perdurar e não  ser  apagada, seja de que forma for - Pelo contrário – Por isso, não sendo prudente que se passe à pesquisa de vestígios, apenas por mera curiosidade e sem objetivos científicos,  que poderão constituir-se como autênticos livros abertos e de preciosa leitura aos entendidos. Claro, mas há objetos que, pela sua raridade, logo que achados, devem merecer atento estudo. E foi a preocupação que tivemos ao entregar o amuleto, com esse intuito,  que descobrimos, relativamente próximo da Pedra da Cabeleira,   a Carla Magalhães,  do Parque Arqueológico do Museu do Côa. 

CADA DENTE NA PEDRA - PODERIA TER SIGNIFICADO A  MORTE DE UM ADVERSÁRIO  - VENCIDO POR UM VALOROSO GUERREIRO



 Nas páginas, 343, 344 e 345 -  De Religões da Lusitânia - de José Leite de Vasconcelos, lê-se o seguinte: 


Na anta da Cunha·Baixa (Mangualde), a que me referi a cima, Pág.71, encontrei um objecto de granito, com a conformação indicada na figura 73: o objecto tem de comprimento 1m,20 e de maior largura om,20, apresentando ao longo uma serie de sulcos feitos com toda a regularidade; estava deitado à entrada da camara. Não me parece fácil determinar precisamente o uso d'este objecto. Nunca vi outro igual, conquanto tenha encontrado dentro das antas pedras mais ou menos compridas e irregulares, que talvez lá não fossem postas sem especial intuito I. Num livro do sr. Jolys vem o desenho de um objecto que represento na fig. 74, o qual não deixa de ter alguma parecença com o de cima, embora  talvez seja muito menor, e de outra substância; o A. denomina-o registre-se de  comptes, Inclino-me a crer que o objecto Cunha-Baixa representa um troféu, designado os sulcos em número qualquer (de vitórias, de caçadas,etc): neste caso poderia comprar-se também, quanto ao uso, com os chamados bâtons de commandement, que o sr. Salomon Reinach considera exactamente como troféus. A hypothese que apresento é confirmada por um costume dos Bongos (África): “quando falece uno dos seus valientes guerreros, sus amigos levantan sobre su tumba un montón de piedras, lo cercan com una  pequeña valla de tosca madera y clavan sobre él un tronco  de árbol redondo y lleno de cortes tranversales que, al parecer, indican el número  de enemigos muertos por el defunto”. A diferença entre o costume de África e o nosso está em alli ficar o tropheu sobre a sepultura , e na Cunha-Baixa ter aparecido o objeto dentro do túmulo; todavia, isto depende de uma concepçao secundária: o facto mais importante está na semelhança da fórma dos objetos .

Neste ponto de fallar dos objetos industriaes collocados nas sepulturas, devo lembrar que, se torna crível, de accôrdo com os factos  que citei na página 377, que algumas vezes se deteriorassem, quebrassem ou queimassem, outras vezes, e muitíssimas até, depositavão-nos inteiros, ora já usados , ora perfeitamente novos, sem uso nenhum ainda , como hoje mesmo se faz. A civilização neolíthica não era uniforme; por isso que admira que numas localidades houvesse uns costumes, e noutras costumes diferentes?

Não consistirão só em objetos industriaes as oferendas feitas aos mortos. Tanto nas grutas, como nas sepulturas de pedra, se tem encontrado  com mais ou menos frequência  ossos de animaes.