expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

domingo, 30 de junho de 2024

Marechal Francisco Costa Gomes –Em Chaves, neste dia há 110 anos - Minha entrevista ao 10º Presidente Português obreiro da democracia e pacifista- Então já preocupado com ameaça que "de um momento para o outro pode destruir por completo a vida sobre este belo planeta, que é a Terra"- Palavras que dão ainda mais que pensar

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista

Declarou-me que mais de metade dos cientistas do Mundo estão ocupados em meios de combate em vez de se empenharem com “os problemas    da fome, do analfabetismo, do meio-ambiente e  da saúde

Foi o décimo-quinto Presidente da República Portuguesa, o segundo após a Revolução de 25 de Abril.  Natural de Chaves, 30 de Junho de 2014. Faleceu  em Lisboa, aos 77 anos, em 31 de Julho de 2001 - De família numerosa, de onze irmãos (dos quais três vão falecer antes de chegar à idade adulta), muito cedo Francisco da Costa Gomes fica órfão de pai, ainda antes de completar 8 anos. Após terminar a instrução primária, em Chaves, aos 10 anos entra no Colégio Militar, provavelmente falta de posses, para que possa aí prosseguir os estudos, prosseguindo a carreira de armas. Sobre a profissão militar o próprio diria mas tarde: «se pudesse não teria seguido.».

Entrevista -  Registo sonoro de uma antiga cassete - De entre as centenas de entrevistas e apontamentos, que ainda guardo no meu extenso arquivo em memórias de um repórter

Tenho pois  a honra e o prazer de editar o excerto de uma longa e  interessante entrevista, que me concedeu em sua casa, não obstante estar num período de convalescença, por razões de saúde  - "Sabe, que ainda ontem tive 40º graus de febre" - Confessava-me 

COSTA GOMES  - O MILITAR PACIFISTA

O paladino da paz –.Um dos militares mais pacifistas, que, após deixar a Presidência da Republica, não aceita ser  chamado a desempenhar qualquer cargo político, optando pelo  Conselho Mundial da Paz, como terreno de intervenção, seguindo, atentamente e com preocupação, o recrudescimento das armas convencionais e atómicas das duas grandes potências, que, ao invés de olharem mais para os problemas da saúde e das condições de vida das populações, gastam milhões em armas atómicas e convencionais.  –


RETIROU-SE DA POLITICA MILITAR PARA SE DEDICAR À PAZ MUNDIAL

JTM - O Sr. Marechal Costa Gomes é um homem retirado da cena política? É um homem que acompanha atentamente os problemas! Como vê a política: como interveniente ou como observador?

F.C.G. A política nacional vejo-a simplesmente como observador e um observador muito atento, porque, como tenho dedicado a maior do meu tempo, às questões internacionais, sobretudo àquelas que dependem da paz e do desarmamento, e, como isso me leva, muitas vezes, a conferências para fora do país e me obriga a um preparação, quando estou em Portugal, que me faz alhear um pouco da política do dia a dia do nosso país, é claro que eu estou mais a par daquilo que se julga que constitui hoje a política internacional e a situação internacional de propriamente da politica nacional.

JTM - Porquê essa preocupação?

F.C.G - Bom, a preocupação deriva de várias coisas:  em primeiro lugar do facto  de julgar que nós estamos realmente  de baixo da uma ameaça terrível que pode, de um momento para o outro destruir por completo a vida sobre este belo planeta, que é a Terra. É isso. Pode-se dizer  que as pessoas mais lúcidas e aquelas que se têm dedicado mais a este assunto, desde 54, desde o rebentamento da primeira bomba atómica, começaram a prever esta situação. Mas, não  há dúvida nenhuma, que, durante as duas primeiras décadas, praticamente o assunto da era atómica, foi completamente ignorado, as armas atómicas foram completamente ignoradas! Ninguém sabia nada  do que se passava, espacialmente nos países onde a luta começava a ter um cariz de competição muito forte, e, nos anos 70,  o mundo começou a ser surpreendido com a ideia de que, já havia nessa altura, armas suficientes para destruir várias vezes a humanidade.

“MAIS DE METADE DOS CIENTISTAS  DO MUNDO OCUPADOS EM APERFEIÇOAR MEIOS DE COMBATE” – Em vez de se empenharem com “os problema    da fome, do analfabetismo, do meio-ambiente e  da saúde

JTM – Acha que ainda há uma grande tensão entre os dois blocos?

F.C.G. Eu julgo que ainda há uma grande tensão mais forte do que aquela que devia existir, porque há uma desconfiança mútua, não só  do ponto de vista político, com sob o aspeto militar, que inibe e que faz  com que não se possam adiantar e definir determinados assuntos com a lógica, e, sobretudo,  com a necessidade que os mesmos impõem. Veja, por exemplo,  este facto que agora se deu, ultimamente, insólito: pois,  estamos todos à espera que, de um momento para o outro, se possa assinar o acordo  que elimine os mísseis intermediários e os mísseis táticos  da europa. Pois bem, qual é a atitude que a Nato toma perante esta decisão? É que… sim, senhora …vamos acabar com os mísseis mas temos que reforçar as forças convencionais.

Ora, eu acho que esta atitude é uma atitude absolutamente negativa! O que nós precisamos não é de reforçar as forças convencionais  é de reduzir também as forças convencionais! Porque, um dos  maiores problemas que existem no Mundo – e sem a redução dos orçamentos militares, se não será possível resolvê-lo – é o problema    da fome, é o problema do analfabetismo, é o problema do meio-ambiente, o da saúde, enfim, são uma série de problemas  que realmente fazem com que, a maioria da população mundial, dia a dia, veja os seus problemas acrescidos, agudizados e não sinta que há uma luz, que não há uma pequena ação solidária  dos países – que os têm, que, no fundo, os têm assegurado – para melhorar esta esta situação.

Ora, esta situação só pode ser melhorada, diminuindo drasticamente as despesas militares, não só o que diz respeito aos orçamentos. Como também no que diz respeito à investigação científica. Porque, hoje, mais de metade dos cientistas no mundo, estão dedicadas a aperfeiçoar armas e aperfeiçoar  meios de combate, quando, realmente, a todas as pessoas bem intencionadas,  lhes parece que se deviam dedicar as era para o bem-estar  da Humanidade, e, portanto, pró  melhoramento das condições de vida de todos os Povos.

JTM – Acredita na possibilidade de um novo conflito à escala mundial?

F.C.G. -  Acredito! Não porque as pessoas o queiram! Podemos dizer que 90% da população mundial é contra um conflito à escalda mundial  - Mas, com o acumular de armas que existem no mundo e, com os pequenos conflitos locais, que ainda não conseguimos debelar e, outros que se podem desenvolver de um momento para o outro, como é, por exemplo, a situação do Golfo Pérsico, pois, uma destas situações, pode, sem querer, levar a um conflito mundial! E isso é extremamente perigoso, porque, as armas que depois se possuem, são de tal maneira potentes e de tal maneira poderosas, que, se elas forem empregues,  durante muito tempo, será o tempo suficiente  para aniquilar a vida sobre a Terra.

.



O PERÍODO QUENTE PÓS 25 DE ABRIL

JTM - Outra questão que eu gostaria que o Sr. Marechal recordasse – alguns anos já volvidos sobre aquele período da revolução: um período, naturalmente, muito confusão, como é que a esta distância, o Sr. Marechal. Os recordaria?

F.C.G. – Bom, eu acho que foi realmente um período muito confuso! Muito perturbado! A revolução fez-se, mas, claro, dadas as circunstâncias em que ela teve de se efetuar. Não houve uma preparação, sobretudo para se poder  transitar do regime  que havia para um outro, onde as liberdades e os direitos humanos, estavam salvaguardas e estavam em plena pujança, e isso deu como resultado, que, houve, de facto, durante os primeiros tempos – no primeiro Governo (em todos os governos mais ou menos provisórios – deficiências muito grandes, que, só o trabalho e só a boa vontade e dedicação  de muitos, conseguiram, não digo suprir, mas pelo menos atenuar.

“OTELO TEVE AS SUAS DEFICIÊNCIAS MAS, DE UMA MANEIRA GERAL, FOI UM ELEMENTO POSITIVO  E A REVOLUÇÃO DE ABRIL DEVE-LHE MUITO.

Otelo Saraiva de Carvalho, detido a 20 de Junho de 1984 pela Polícia Judiciária, no âmbito deste processo. Da FP, com uma pena de 18 anos .De recordar, que o principal operacional do Movimento das Forças Armadas. nunca assumiu a criação das FP-25 nem a militância no grupo. Do tempo total de pena cumpriu apenas cinco anos. Em entrevista, concedida há Lusa, em 2010, Otelo confessou que, no dia em que recebeu a notícia da criação deste partido revolucionário armado, a encarou com "apreensão e perturbação com a ideia". Otelo: FP-25 foram "choque grande e um prejuízo tota
  
JTM – Sr. Marechal. Uma das figuras muito conhecidas e, de grande interveniência, na revolução, é Otelo Saraiva de Carvalho, atualmente preso: como é que vê a prisão de Otelo Saraiva de Carvalho?

F.C.G – Eu, como tive ocasião de dizer no Tribunal,  só conheço regularmente, a ação do Tenente-Coronel Otelo, quando ele parte ou do Conselho da Revolução
, em que me esteve diretamente subordinado.  – No Concelho de Revolução, porque eu era o Presidente do Concelho de Revolução; no COPCON COPCON –, porque o COPOCON estava dependente  do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e eu acumulava as funções de Presidente da República e de Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Ora, nesse tempo, eu posso dizer-lhe que, Otelo teve as suas deficiências,  mas, de uma maneira geral, foi um elemento  positivo e a Revolução de 25 de Abril, deve-lhe muito.

Depois, do 25 de Novembro, praticamente nunca mais tive contactos  com Otelo, mas, daquilo que eu conheço, a forma como eu pus o problema no Tribunal,  eu julgo que o caráter , a   moral e a maneira de ser do Otelo, não são de molde a admitir que ele, direta ou indiretamente, tenha tomado parte em qualquer das ações terroristas.

Era bom que se visse, que se estudasse bem, as ações terroristas, não só a partir  de 1974 mas que se vissem bem as ações terroristas, entre 1975 e 1976, porque, realmente, nessa data houve muito terrorismo em Portugal!  - Terrorismo absolutamente escusado! Terrorismo que que visava, única e simplesmente,  o regulamento do status quo, então estabelecido, em que as pessoas, não hesitara em matar, em destruir, em fazer ações, que realmente todo o mundo hoje as condena, porque, felizmente, o terrorismo hoje está condenado internacionalmente de uma forma absoluta.

JTM – Portanto, em sua opinião, acha injusta a prisão de Otelo?

F.G.C – Não posso dizer que é injusta ou justa. Eu não sei as causas que levaram à prisão de Otelo. Penso que –  nisso acredito, acredito na Justiça Portuguesa -, que o juiz que fez o inquérito  e que promoveu a sua detenção, tinha as suas razões. Podem não ser razões que não sejam razões suficientemente fortes para justificar a prisão durante tanto tempo de Otelo.

Não há dúvida nenhuma é que, Otelo Saraiva de carvalho, tem, em toda a Europa,  uma data de pessoas importantes, sobretudo no campo jurídico, que o apoiam, que o defendem e que estão constantemente  a fazer diligências para a sua libertação.

A entrevista, que, honrosamente me concedeu, continuaria  com  ainda com várias perguntas, desde a sua próxima deslocação a Tóquio, no âmbito das conferências do Conselho Mundial da Paz,  assim como de como recordava as  funções que desempenhou, em Angola,  1970-72, como  comandante-chefe da Região Militar de Angola – Perguntei-lhe, que, tendo também estado,   como militar nesta ex-colónia,  no meu  tempo (1966) se constava que havia quem, dentro do Quartel general, passasse informações do MPLA – Costa Gomes, negou que, de sua parte, alguma vez tivesse tomado essa atitude, não passando de calúnias e de falsidades. Pena não puder reproduzir as suas palavras, visto,  no dia seguinte ter ido fazer uma entrevista ao Monsenhor Moreira das Neves, em sua casa, e, inadvertidamente,  ao usar a mesma cassete, apagado o resto da entrevista.  Contudo, ainda disponho de uma outra entrevista, esta feita no torno de uma conferência, em que ele também participara, que igualmente conto editar oportunamente em vídeo.




domingo, 23 de junho de 2024

SOLSTÍCIO DO VERÃO 20-06-2024 – No STONEHENGE PORTUGUÊS – Celebrado sob o lema Paz na Terra e Fim da Guerra, com poemas do “COMBOIO A VAPOR” – Livro do artista plástico e poeta Carlos Nascimento, inteiramente dedicado a todos quantos sofrem com as guerras, em particular ao POVO UCRANIANO. - Além da leitura da poesia de Manuel Pires Daniel e do poeta santomense Francisco José Tenreiro


Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Videos da sessão  da calorosa sessão evocativa, abrilhantada pela  poesia de Carlos Nascimento;  do poeta santomense, Francisco Tenreiro e do poeta Manuel Pires Daniel



O dia maior no Hemisfério Norte, foi celebrado no Stonehenge Português, com momentos de poesia luso-santomense, em Chãs de Foz Côa – Concelho de dois patrimónios da Humanidade. Mas espera-se que possa vir a merecer ainda um terceiro, quando esta maravilha pré-histórica, for contemplada com atenção que merece e também devidamente reconhecida.



Herança arqueológica, composta por alinhamentos sagrados com todas as estações do ano, que se ergue, entre o antigo termo de Longroiva e de Muxagata, a que, as inquirições de Dom Dinis, aludem, como o templo de Izeda, em louvor da deusa Isis, a deusa do sol, adorada primeiramente pelos egípcios e cujo culto se propagou por outros pontos do mundo.

.
Esta extraordinária imagem, configurando uma gigantesca esfera terrestre ou a esplendorosa configuração de um enorme globo solar, fica na vertente de uma antigo castro – o ponto mais alto deste vasto maciço rochoso. Foi registada, pela primeira vez, às 20.45 horas do dia 21 de Junho de 2003. Todos os anos, por esta altura, o sol, ao pousar no horizonte, projeta os seus raios em perfeito alinhamento com a sua crista e o centro do círculo votivo, situado no enfiamento a uns metros a oriente. Assinalando a entrada do Verão e proporcionado um verdadeiro posto de observação astronómico.



Neste vídeo, a alegria e espontaneidade de como Carlos Nascimento, abrilhantou a cerimónia evocativa, junto ao antiquíssimo e sagrado altar da Pedra do Solstício, calendário pré-histórico, configurando uma gigantesca esfera terrestre ou a esplendorosa configuração de um enorme globo solar alinhado com o pôr-do-sol do primeiro dia do Verão, que se ergue na vertente castreja do maciço dos Tambores, aldeia de Chãs,

Diz Luís Osório, no prefácio:  – «Carlos Nascimento é um livro. Quando o conhecemos, quando o ouvimos ou abraçamos, sabemos que esconde uma biblioteca de palavras, desenhos e sons. Torna-se assim ainda mais interessante passear pela pureza das verdades absolutas na premissa de que aquilo que estamos a ler é um prolongamento do seu corpo, das suas falhas, dos seus sonhos.

Comboio a Vapor é de uma enorme simplicidade, sempre o mais difícil estado a que podemos aspirar. A simplicidade que procura em cada palavra, uma depuração que obriga à escolha criteriosa de cada letra, de cada ideia




Celebração evocativa das ancestrais tradições, dos povos que habitaram estes penhascos e nele cultuaram os seus deuses, a qual contou com a presença de um grupo peregrinos e do convidado especial, o artista Carlos Nascimento.

A manhã e a tarde foi de céu muito nublado e de constante instabilidade, mas, pelos vistos, a sorte protege os audazes e os bons devotos.

Não vimos o disco solar a despedir-se sobre a crista do monumental calendário solar, como sucede quando o horizonte está descoberto e limpo, senão alguns maravilhosos lampejos, já depois dele começar afundar-se por detrás das colinas que se estendem no lato da outra margem do fertilíssimo vale da Ribeira Centeeira. No entanto, mesmo assim, pudemos fazer a festa sem chuva e com momentos de muita alegria e poesia.

O meu abraço amigo a todos quantos nos deram o prazer da sua colaboração e participação. Nomeadamente da presença do artista, Carlos Nascimento e da sua querida esposa, a Clô. Além de António Lourenço, bem como José Lebreiro e Pedro Daniel, que se fez acompanhar com tão amáveis e sorridentes rostos familiares, podemos contar também com um pequeno grupo de adolescentes sorrisos da nossa aldeia, assim como da presença de um casal e seu amado filho, vindos de Celorico da Beira e do Fausto Domingues, assim como do nosso amigo santomense, de longa data, Ilídio Sacramento e sua querida esposa, que nos deu o prazer de ler uns belos versos do poeta Francisco Tenreiro.



O santomense, Ilídio Sacramento, que colaborou, como mecânico na chamada ponte aérea humanitária  São Tomé-Biafra, de  julho de 1968 até janeiro de 1970,  foi um dos participantes, com a sua esposa, na celebração do Solstício do Verão, tendo lido um belo poema de  José Francisco Tenreiro,  tido como uma das figuras de maior destaque na cultura e na história de São Tomé e Príncipe no século XX, considerado  como a  voz da mestiçagem, da negritude e da africanidade,





Poeta Manuel Pires Daniel - Já não está entre nós mas continuará vivo no nosso pensamento - Ele que também foi um dos peregrinos nos templos do Sol  . Dois dos poemas  de sua autoria,  lidos  por José Lebreiro e pela neta.

Deixou-nos,  em 22 de Janeiro de 2021 – Foi uma das vitimas da Convid 19 - Natural de Meda, tendo residido, desde há vários anos, em V.N. de Foz Côa, onde fez grande parte da sua vida - Advogado, escritor, jornalista, poeta, dramaturgo, autor de 40 peças de teatro, nomeadamente para crianças, 20 das quais ainda inéditas - Espírito solidário e associativo, de sensibilidade relevante, em associações de solidariedade social, nomeadamente no Lar da Santa Casa da Misericórdia e na Associação Humanitária dos bombeiros de Foz Côa na qual foi seu Presidente da Assembleia Geral, 20 anos, desde 1979 a 1999

Profundo estudioso, um homem de cultura, tendo dedicado muitos anos da sua vida à função pública e à vida autárquica, cujos olhos, desde há alguns anos, tinham deixado de ver a luz do dia, despediu-se da vida aos 86 anos





sexta-feira, 14 de junho de 2024

Celebração do Solstício do Verão - 20 de Junho 2024 - ao pôr-do-sol: com o tradicional cortejo celta, momentos de poesia, esplendor solar e muita alegria – Das 18.30 às 20.45 horas – Associe-se, no Stonehenge Português – Chãs- Foz Côa - à saudação do dia maior do ano Convidado especial o escritor, poeta, pintor, escultor e ator, Carlos Nascimento

Jorge Trabulo Marques - Jornalista  - Autor da descoberta e dinamizador do evento


O solstício de verão de 2024 ocorre a 20 de junho (quinta-feira) em Portugal, marcando oficialmente o início do verão.  Marca o dia mais longo do Hemisfério Norte e o dia mais curto do Hemisfério Sul.  Define o momento em que o Sol atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do Equador


Os participantes na ação evocativa poderão testemunhar a passagem dos raios solares sobre o eixo da Pedra do Solstício, um dos calendários pré-históricos ali existentes nos templos do sol -

Não foi sem razão que os antigos Persas edificaram
as aras nos mais elevados lugares, no cume
das montanhas que contemplar a terra, e assim
escolhem um templo verdadeiro e sem muralhas, onde encontram
o Espírito – e nunca em santuários que as nossas mãos
constroem em seu louvor. Vinde então comparar
colunas e altares de ídolos, góticos ou gregos,
com os lugares sagrados da Natureza, a terra e o ar,
e não vos confineis a templos que limitam as vossas
preces.
Excerto de “A tempestade”, de Lord Byron

SETE ALINHAMENTOS 

No Maciço dos tambores, até à presente data, foram descobertos sete alinhamentos: Pedra da Cabeleireira de Nª Senhora, atravessada pelos raios solares do nascer do sol nos Equinócios; a Pedra  do Solstício, alinhada com o pôr do sol do Solstício do Verão; "As Portas do Sol, alinhada com o nascer do sol  do Solstício do Inverno e o pôr do sol do Verão;  Pedra Phallus Impudicus, alinhada com o nascer do sol do Solstício do Inverno ;a Pedra da Ursa Maior com as sete fossetes, alinhada com os Equinócios e com simbologia ou enquadramento com  Ursa Maior e a Pedra Caranguejo,  atravessada pelos raios solares do pôr do sol dos equinócios

Os antigos povos, que habitaram  e se abrigaram  tinham relógios nem calendários, como hoje os temos, mas  nem por isso deixavam de saber quando uma estação terminava e outra começava. Erguiam enormes blocos ou aproveitam-se de outros já existentes e adaptavam-nos para as suas observações astronómicas. E faziam deles, além de verdadeiros monumentos, também os seus locais de culto. Muitos caíram no esquecimento ou foram destruídos. Porém, outros, ainda subsistem em vários pontos do Globo: o mais famoso é Stonehenge e, em Portugal, os templos do sol, no maciço dos Tambores, aldeia de Chãs, onde são celebrados os ciclos do ano e evocados, tempo idos.







Observado de véspera
VAMOS CELEBRAR O DIA MAIS ESPERADO DO ANO - O SOLSTÍCIO DO VERÃO!  -Partilhe connosco da mesma alegria!


Na vertente de um antigo castro  e no mesmo perímetro de dois dos principais núcleos de gravuras paleolíticas do Parque Arqueológico: a Ribeira dos Piscos e Quinta da Barca. -É um local mágico, pleno de história e de misticismo, dos poucos lugares da terra onde a beleza e o esplendor solar se podem repetir à mesma hora e com a mesma imagem contemplativa de há vários milénios pelos povos que habitaram a área.


Impressionante megálito, alinhado com o pôr-do-sol no dia mais longo o ano - Com três metros de diâmetro, que, visto de oriente para ocidente, se assemelha  a uma enorme réplica da esfera terrestre - Observado dos lados, toma a forma de dois extraordinários bustos



                                     Vídeo registado de véspera - dia 20 de Junho 2013 ao pôr do sol

Além das habituais presenças dos peregrinos e colaboradores, bem como dos representantes da junta de freguesia e o município, que nos têm concedido o seu apoio, entre outros convidados e personalidades, desta vez contamos também com a participação de Carlos Nascimento,  figura carismática nos grandes acontecimentos culturais.

Escritor, poeta, pintor, escultor e ator, Natural de Freixo de Espada à Cinta, Trás-os-Montes. Estudou pintura e escultura na Escola Artística do Porto. Trabalhou em Madrid com o pintor espanhol mestre José Freixanes. Autor de vários livros Expôs individual e coletivamente em mais de 70 exposições e bienais de arte em Portugal e Espanha


A Pedra do Solstício tem forma arredondada e, no próximo dia 20, sábado, os raios solares "tocam" o seu eixo imaginário, ficando perpendicularmente alinhados "com a crista do monumental megalítico em forma esférica, o circulo evocativo a nascente e o disco luminoso ao esconder-se a poente

Olinda Beja, a poetiza embaixatriz Luso-Santomense, deu-nos o prazer da sua presença, na celebração do solsticiodo Verção, em 2021 declamou, cantou e encantou, acompanhada à viola pelo mestre Luís de Almeida – Com belos poemas de longe e de perto - Uns inspirados e dedicados a estas terras durienses, outros das suas raízes e memórias de África, bem como das terras beirãs, Mangualde, distrito de Viseu, que a adotaram desde criançaFoi proferida a  leitura de um dos seus poemas por Olinda Beja e palavras de tributo à sua memória  pelo Vereador da Cultura do Município Fozcoense  João Paulo Lucas Donas Botto Sousa e  por António Lourenço, ex-Presidente da Junta da Freguesia de Chãs e atual Presidente da Associação dos Bombeiros Voluntário de Vila Nova de Foz Côa. 



MARAVILHA DE UM PORTUGAL DE MISTÉRIOS  E DE VALIOSA HERANÇA ANCESTRAL-   É umas das enormes pedras que os povos da pré-história terão erguido  para celebrar o dia maior do ano, cultuar os seus deuses, num dos cruzamentos ou  veios da Terra, que os radiestesistas classificam de pontos nodais, com propriedades telúricas, energéticas ou talvez mesmo curativas.

Tom Graves, o autor do fascinante livro "Agulhas de Pedra   A Acupunctura da Terra", obra de referência acerca do papel da radiestesia na pesquisa dos Mistérios da Terra, também ali quis estar para testar a sua teoria - 
O investigador de nacionalidade inglesa, deslocou-se, propositadamente da Austrália, onde reside para ali fazer vários estudos



O majestoso monumento megálitico, configurando o disco  solar e a esfera terrestre, ergue-se, sobranceiro ao aprazível vale da Ribeira Centieira, afluente do Rio Côa (na foz do qual existe um dos mais belos núcleos de gravuras rupestres do paleolítico, classificados  como Património da Humanidade. Destacando-se na vertente do Castro do Curral da Pedra, a curta distância  do Santuário Rupestre da Cabeleira de Nossa Senhora, outro gigantesco monolito, cuja gruta, em forma de semi-arco, na sua base, é  atravessada   pelos raios solares do nascer-do-sol sol nos equinócios.
Visto, perpendicularmente, em direcção ao pôr-do-sol no solstício, assume a forma redonda. Observado, porém, noutro ângulo, deforma-se e  toma a forma de um busto feminino, de perfil a norte e, masculino, de perfil a sul    


De manhã, o solstício do verão, é celebrado ao nascer do sol em Stonehenge, no condado de Wilshire, Inglaterra . E, ao pôr-do-sol, nos Tambores-Mancheia - aldeia de Chãs.



A cerimónia decorre no lugar de Quebradas-Tambores, num planalto sobre o Vale da Ribeira de Piscos, em cujo curso se situam alguns dos principais núcleos de gravuras rupestres classificados como Património da Humanidade.


Este é um dos raros lugares da Europa – e talvez do mundo – onde ainda persistem calendários pré-históricos alinhados com todas as estações do ano – As festividades evocativas, iniciam-se com o tradicional cortejo druida às 18 horas, acompanhadas pelo Grupo de gaiteiros  Mirandum  -


ALINHAMENTO SAGRADO COM O PÔR-DO-SOL NO SOLSTÍCIO DE VERÃO  - Esta extraordinária imagem, configurando uma gigantesca esfera terrestre ou a esplendorosa configuração de um enorme globo solar projetando os seus dourados raios, a poente, foi registada, pela primeira vez, cerca das 20.45 horas do dia 21 de Junho de 2003 e repete-se todos os anos, ao fim do dia mais longo do ano e à mesma hora, desde que  as condições atmosféricas o permitam.


A partir do ponto onde o sol então se pôs ( e voltará a pôr-se) começa o Verão e, de igual modo, a grande estrela-fiel inicia o movimento aparente da sua declinação para o Hemisfério Sul – E, até atingir esse ponto extremo, no Solstício do Inverno, distam vários quilómetros: ou seja, desde o ponto do horizonte, onde ele se vai pôr, em perfeito alinhamento com a crista do esférico bloco e o centro do pequeno círculo que se encontra cavado, a alguns metros a oriente, na mesma laje da sua base de apoio






NASCER DO SOL NA PEDRA NO SANTUÁRIO RUPESTRE DA PEDRA DE Nª SRª DA CABELEIRA, ASSINALA  A ENTRADA DA PRIMAVERA E DO OUTONO 

Os Equinócios ocorrem duas vezes por ano, na primavera e no outono, nas datas em que o dia e a noite têm igual duração. A partir daqui até ao início do outono, o comprimento do dia começa a ser cada vez maior e as noites mais curtas, devido ao Sol percorrer um arco mais longo e mais alto no céu todos os dias, atingindo uma altura máxima no início do Solstício de Verão. É exatamente o oposto no Hemisfério Sul, onde o dia 20 de março marca o início do Equinócio de Outono. 



 

O enorme penedo está orientado no sentido nascente-poente e possui uma gruta em forma de semi-arco, com cerca da 4,5 metros de comprimento, que é iluminada no seu eixo no momento em que o Sol se ergue no horizonte, proporcionando uma imagem invulgar



Na verdade, sítios há que são uma tentação, um verdadeiro centro de emanações e de eflúvios, propensos ao deleite, ao esquecimento e à sublimação. Muitas destes espaços graníticos, são um permanente convite, áurea unção e arroubamento aos sentidos. 

Aparentemente, mais lembra terra de ninguém, parda e vazia paisagem de um qualquer pedaço lunar, porém, estou certo que não haverá alguém que, ao pisar o milenar musgo ressequido destas  cinzentas  fragas, ao inebriar-se com os seus bálsamos, subtis fragrâncias, e volvendo o olhar em torno dos vastos  horizontes que se  rasgam  por largos espaços, fique indiferente ao telúrico pulsar, à cósmica configuração e  representação divina, que ressalta em cada fraguedo ou ermo penhasco

Vinde comparar os altares erguidos por nossas mãos
com os sagrados lugares da Natureza, que,
unindo a Terra aos Céus,
não limitam, nem os nossos passos,
nem cerceiam a nossa imaginação,
na infindável procura de se encontrarem,
com paixão e amor,
os laços verdadeiros que nos unem a Deus,
em uníssono diálogo e profundo cântico interior
com a Criação, a Sua Altíssima Vontade,
as Maravilhas e Alegria dos Seus Prodígios!

Vós, a quem humildemente me dirijo,
vinde contemplar, livremente,
em plena paz de espírito,
os genuínos templos celestiais, erigidos
ao culto e em celebração da altíssima
unidade Universal!
Vinde ver estes calmos e míticos lugares
repletos de silêncio, de solidão e de rocha,
povoados por ígneos perfis, fulminadas pedras,
que ora surgem isoladas e se destacam
nas vertentes rochosas, no cimo de duríssimas escarpas,
ora se amontoam, encasteladas, quase se diluem
e confundem,desfiguradas,
por toda a vasta mancha acidentada,
tisnada e calva, da erma paisagem!

Vinde, pois, estender o vosso olhar sobre os grandes espaços abertos,
onde as mais poderosas energias
da terra e do cosmos se fundem e expandem,
subtilmente, vos saúdam e acolhem, alegremente,
para que, assim, bem recebidos,
nos altares destes puríssimos ares,
possais contemplar o que é divino,
aquilo que, a todos, fala a linguagem da imortalidade,
- a silenciosa voz das coisas sublimes,
dádiva generosa que, a todos nós
e por igual, nos é oferecida! 

Jorge Trabulo Marques



Poeta Manuel Pires Daniel - Um dos nossos saudosos peregrinos dos templos do sol - Deixou-nos,  em 22 de Janeiro de 2021 - A sua poesia  é também um património nos templos do sol - Nela não  há jogo de palavras mas palavras que vêm do coração, que brotam naturalmente, como água da melhor fonte, que corre das entranhas do xisto ou do granito da nossa terra.

Um coração de poeta, muito admirado e querido, cuja sua obra intelectual, se estende em todos os géneros literários, perfeitas maravilhas de naturalidade , de graça, finura e sensibilidade, que encanta, sorri e toca profundamente quem glosa a sua poesia ou a sua prosa



Poeta Fernando Assis Pacheco,  que também marcou a sua presença nestes sagrados alatres, um mês antes da sua partida para a eternidade. Em Outubro de 1995 - Emcontrámo-nos, por um feliz acaso, num bar em Foz Côa. Ao vermo-nos, como já nos conhecíamos das lides jornalísticas, cumprimentámo-nos calorosamente, tendo-o convidado a visitar estes maravilhosos espaços  da minha aldeia, que já haviam merecido a atenção de Adriano Vasco Rodrigues, antigo Prof da Universidade Portucalense, em Gaia, que, num estudo publicado em 1982, sobre a História Remota da Mêda, classificando a Pedra da Cabeleira de Nª Sra., que tem a forma de um gigantesco crânio, encimada no altar de um recinto amuralhado, onde parece desafiar as leis da gravidade, como um local de sacrifícios, integrado cronologicamente na revolução neolítica - Se bem que, só, em 2001, por um feliz casso, eu pudesse constatar que os raios solares do nascer do sol, atravessavam a sua graciosa gruta, em forma semicircular, no primeiro dia do Equinócio da Primavera e do Outono.

E foi, então, quase ao fim da tarde daquele dia,  acedendo, amavelmente, ao meu convite, acompanhado pelo repórter fotográfico, José Oliveira, se deslocou ao santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nª Srª, bem como a outros locais da área, que o deixariam verdadeiramente encantado, tendo prometido ali voltar - E, naturalmente, ainda longe de se saber, que existiam os tais calendários solares, que mais tarde, haveria eu de descobrir - E muito menos de se imaginar que esta seria a sua última despedida para sempre, deste local

- Rosa Ruella - Filha  de Fernando Assis Pacheco 

Sim, ele adorou. Ficou muito contente por ver aquelas pedras. Tendo chegado a perguntar-me, se o poeta Miguel Torga, também já ali havia estado.. Respondi-lhe que desconhecia; no entanto, anos depois, vim a saber, que até andou por ali à caça. segundo me confessou outro grande e saudoso poeta, Manuel Daniel, natural de Meda, que também ali se descolou a esta pedra a prestar-lhe a sua homenagem, que nos deixou em Janeiro passado – Natural da cidade da Mêda, onde  nasceu em 18 de Novembro de 1934.  Faleceu em 21 de Janeiro 2021, vitima da Covid 19 - Já depois de alguns anos de penosa situação de invisual, sem, n