Nas tempestades do mar do silêncio
nas horas de abandono e tristeza
Tu me guias, Tu és a Luz!
Nas veredas de sede e de cansaço
nos desertos de areia e de miragens de enganos
Tu me guias, Tu és a Luz!
E eu sei quem te protege
pode morrer numa cruz
mas descobre caminhos da vida
caminhos de luz!
D. Manuel dos Santos – Ex-Bispo da Diocese de S. Tomé e Principe
Do Livro Poemas de Vida e de Fé
Ponho um ramo de flores
na lembrança perfeita dos teus braços;
cheiro depois as flores
e converso contigo
sobre a nuvem que pesa no teu rosto;
dizes sinceramente
que é um desgosto.
Depois, não sei porquê nem porque não,
essa recordação
desfaz-se em fumo;
muito ao de leve foge a tua mão,
e a melodia já mudou de rumo.
Coisa esquisita é esta da lembrança!
Na maior noite,
na maior solidão,
sem a tua presença verdadeira,
e eu vejo no teu rosto o teu desgosto,
e um ramo de flores, que não existe, cheira!
Miguel Torga, Diário I (1941)
Diz a liturgia Cristã, que " o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor marca a abertura de nossa Semana Santa e carrega, em si, a síntese do que celebramos como católicos: acolhemos e exaltamos a soberania e a majestade de Cristo, nosso Messias. Mas a sua realeza se dá não como no mundo. Cristo é Rei, soberano, que mostra seu poder no trono da Cruz, apagando toda mancha do pecado, e ressurgindo glorioso, pela nossa salvação.
Importante notarmos que em nossa vida espiritual podemos fazer o mesmo que os judeus fizeram, caso não compreendamos a lógica da realeza de Cristo: aclamá-lo com Rei e Senhor, e ao mesmo tempo, pelas nossas atitudes, crucificarmos a Jesus e afastarmos de nós qualquer menção à Cruz e conversão de vida. Vida e obras devem concordar!
Além disso, vale destacar que os Ramos que levamos às nossas casas não podem se tornar, para nós, objetos de superstição. Os Ramos servem para nos recordar a dinâmica de Jesus Cristo, Rei e crucificado. São, sim, um poderoso sacramental em nossas vidas, levando a bênção para nossos lares, porém, os Ramos só serão bênção se ousarmos entronizar, em nossos corações e vidas, o Cristo Rei, tal e qual celebramos na liturgia deste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor.
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