Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador
Meus Parabéns – Aos arqueológos e técnicos auxiliares. Aos Jovens da Escola Secundária Adão Carrapatoso de Foz Côa e seus professores, que estiveram unidos numa luta e objetivo comum: defender um dos maiores tesouros da Humanidade -
Aida Carvalho, Presidente da Fundação Côa Parque – entidade gestora do Museu do Côa e Parque Arqueológico do Vale do Côa – continua empenhada nas continuidade das escavações, designadamente no sítio de arte paleolítico do Fariseu [rocha 9] e na Cardina-Salto do Boi, onde foi evidenciada uma ocupação pelo Homem de Neanderthal desde 100.000 anos.
Em recentes declarações à imprensa, diz que após 27 anos, o plano de demolição de ensecadeiras no rio Côa avançam - A remoção das ensecadeiras que ficaram da suspensão da barragem no Côa é aguardada há décadas. Será o maior projeto em Portugal para repor a conectividade fluvial, de 50 quilómetros ao longo do rio., após a suspensão da construção da barragem em 1995.
António Lourenço, que recentemente deixou a Presidência da Associação Umanitária dos Bombeiros de V. Nova de Foz Côa, dias depois foi recebido por Aida Carvalho, Presidente da Fundação Côa Parque, à qual ofereceu um livro de memórias da instituição a que presidiu durante 20 anos, oportunidade para uma troca de opiniões de proteção do património arquológico paisagístico do concelho e da região.
Estive também na primeira linha da sua defesa, com vários artigos no jornal Ecoa e até colaborando na descoberta de outras gravuras e vestígios na companhia de Adriano Ferreira e de seu filho
Em 10 de agosto de 1996, o então primeiro governo de António Guterres
inaugurava formalmente, o primeiro parque arqueológico português, assegurando
uma virtual proteção legal ao que já então constituía o complexo de arte
rupestre do Vale do Côa.
.
A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como
Património da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO)
Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa apresenta mais de 1.200
rochas, distribuídas por 20 mil hectares de terreno com manifestações
rupestres, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há mais de
25.000 anos, e distribuídas por quatro concelhos: Vila Nova de Foz Côa,
Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel e Mêda
De acordo com a responsável, o PAVC e a Fundação souberam adaptar-se às novas procuras, diversificando as modalidades de visitação: viatura todo-o-terreno, caiaques, passeios a cavalo e, recentemente, através da embarcação eletrosolar.
“Depositámos uma grande esperança na retoma turística, porque acreditamos que existe um enorme potencial de crescimento na procura dos produtos turísticos com base em valores culturais como as ‘Gravura do Côa’”, afirmou.
Já em declarações à Lusa, o antigo diretor do PAVC, António Martinho Batista, disse que, após a revelação pública dos achados rupestres do Vale Côa, em novembro de 1994, a aceleração da história, nascida de um inusitado mediatismo em que se contrapunham a salvação das gravuras rupestres frente à construção de uma barragem no Baixo Côa, levou à identificação de um vasto grupo de sítios, na sua maioria com arte paleolítica, o que desde logo passou a ser uma das grandes descobertas arqueológicas mundiais, em finais do milénio.
Após estas relevantes descobertas, e reconhecidas em todo o mundo, rapidamente também a barragem em construção no Baixo Côa passou à história, em finais de 1995, o que implicou mais tarde a concessão de uma grossa indemnização à empresa construtora.
“Depois desta fase, a sociedade civil e os movimentos de massas que então nasceram, impuseram aos governos uma paragem reflexiva nas políticas expansionistas com base no betão e nas grandes obras que pouco tinham em conta as necessidades de uma população cada vez mais envelhecida, num interior cada vez mais desertificado”, recordou o arqueólogo
Martinho Batista, lembrou que os primeiros dez anos foram de “brasa”, com inesquecíveis nas batalhas do património que levaram o nome do Vale Côa e do país a todos os cantos do planeta.
Para o arqueólogo, no todo, o PAVC e o Museu do Côa constituem um projeto consolidado e assim deverá continuar nos próximos anos, sem sobressaltos de maior.
“Basta que se continue a gerir bem o que foi conquistado nos últimos 25 anos”, vincou.
Por seu lado, o também arqueólogo João Zilhão, outro nome incontornável ligado à criação do PACV, ex-diretor do antigo Instituto Português de Arqueologia, primeiro diretor do parque, que foi responsável pela elaboração do processo de candidatura à classificação de Património Mundial, garantiu à Lusa que não há hoje qualquer dúvida sobre o grande significado científico e valor patrimonial da arte rupestre do Vale do Côa.
“Há 25 anos, discutia-se sobre a importância que ela podia ter, ou não, para o desenvolvimento da região”, sublinhou.
“Hoje, chegamos a Vila Nova de Foz Côa e a primeira coisa que vemos são os cartazes do município e de outras entidades proclamando com orgulho que Foz Côa é o único concelho do país com dois monumentos do património mundial, o Douro vinhateiro e a sua arte paleolítica. Acho que isso diz tudo sobre o quão de bom senso foi a decisão de abandonar o projeto de construção da barragem
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