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sábado, 24 de dezembro de 2022

A FESTIVIDADE NATALÍCIA - Derivou das celebrações pagãs ligadas ao Solsticio do Inverno - E o Natal de agora, é menos de oração e mais de apelo ao consumismo de que a sensibilizar o coração


  Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 

As celebrações natalícias têm origem muito antes do nascimento de Jesus, estando associadas ao solstício de inverno, com práticas que visavam ajudar ao renascimento do sol, perante o receio do seu desaparecimento - Que este ano ocorreu no dia 21 às 21.h 48,

Na magia do Maciço dos Tambores, tem sido assinalado – Este ano, não o podemos fazer mas recordamos-lhe imagens de uma das celebrações




 O solstício do Inverno, ocorreu no dia 21. O dia em que as sombras da noite são maiores que o a claridade do dia. Uma data, que os povos antigos, associavam à fertilidade e às divindades ligadas ao culto solar. A igreja, no entanto, quis aproveitar-se desta efeméride, como, aliás, o fez com a Páscoa e outras datas, impondo o seu calendário litúrgico e banindo e perseguindo os demais cultos.

Os evangelhos não mencionam a data do nascimento de Jesus. Foi só no século 4 que o papa Júlio 1º estabeleceu o dia 25 de dezembro como o dia de Natal. Era uma tentativa de cristianizar as celebrações pagãs que já eram realizadas nessa época do ano.

O Natal não é apenas uma festa cristã. A celebração tem raízes no feriado judaico de Hanuká (festa de luzes celebrada ao longo de oito dias), nos festivais dos gregos antigos, nas crenças dos druidas (sacerdotes celtas) e nos costumes folclóricos europeus.

No hemisfério Norte, o Natal é uma festa invernal, próximo ao período do solstício de inverno - depois desse período, a luz do sol aumenta e os dias começam, gradativamente, a serem mais longos. Ao longo da história, essa já era uma época de festividade

Nossos antepassados caçadores passavam a maior parte do tempo em ambientes externos. Portanto, as estações do ano e o clima tinham uma importância enorme em suas vidas, a ponto de eles reverenciarem o sol. Povos do norte europeu viam o sol como uma roda que mudava as estações, por exemplo. 

Os romanos também tinham seu festival para marcar o solstício de inverno: a Saturnália (dedicado ao deus Saturno) durava sete dias, a partir de 17 de dezembro. Era um período em que as regras do cotidiano viravam de ponta-cabeça. Homens se vestiam de mulher, e patrões se fantasiavam de servos. O festival também envolvia procissões, decorações nas casas, velas acesas e distribuição de presentes.https://www.bbc.com/portuguese/internacional-42404714




NATAL - O DIA DE SER BOM - Diz o poeta António Gedeão - "...

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros – coitadinhos – nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes. 

Pode ser lido integralmente em https://www.citador.pt/poemas/dia-de-natal-antonio-gedeao

Como o devido respeito para os espíritos bem intencionados, que os há, naturalmente, e  deverão ser mais que os maus,  e mal iria o mundo se assim não fosse, no entanto, penso que não estarei errado se disser que  a quadra natalicia é também  a dos dias da máxima hipocrisia sair à rua.

 .É a face oculta mais cínica do capitalismo corrupto e corruptor. Que é transmitida com os mais inocentes e gentis sorrisos. Ninguém é mau neste dia. Os que são maus, à força de tantos enfeites e alegorias, hinos de amor e de paz que se ouvem por estes dias, sentem-se como que naturalmente impelidos a deixarem de ter remorsos das suas maldades ou patifarias. Se é que alguma vez os tiveram!... E os que são bons, sendo já bons por natureza - sobretudo os pobres de espírito, porque, segundo diz a doutrina bíblica, deles é o reino do céu - sim, então estes nem sequer têm tempo de pensar no mal (e na exploração) que os outros lhe fizeram. Na óptica cristã continuarão a ser os símbolos das mais exemplares virtudes da igreja.


Na verdade, até parece que o Natal funciona como uma espécie de esponja ou detergente: lava todas as máculas do pecado -  Os comerciantes fazem mais uns trocos e os ricos não deixam de ser ricos. E os pobres nem por isso deixarão de continuar a suportar a pobreza





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