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domingo, 31 de março de 2019

Viagens ao fundo da pré-história em dias de Primavera, à superfície ou através do interior da terra às famosas Grutas de Pech Merle ou nas cavernas no vale de Vézère, em França – Por cá e ao ar livre nas margens do maravilhoso Vale do Côa, considerado “o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre”., Património da Humanidade


Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 

Para os amantes da arte pré-histórica, em conhecerem o património que nos legaram os nossos mais ancestrais artistas, aqui lhe deixo algumas sugestões,  nestes dias de sol primaveril: ir a   França ou por cá nas margens do Vale do Côa






Vale do Côa Património Mundial da UNESCO

O Vale do Côa é considerado “o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre”. Aventure-se pelas belíssimas paisagens que emolduram o rio Côa e venha conhecer a arte primitiva da Humanidade!


Se não puder viajar para França, aproveite para se descocar ao Museu do Côa ou a visitar os núcleos de Gravuras da Penascosa ou dos Piscos – Património da Humanidade 


O Vale do Côa é considerado “o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre”. Aventure-se pelas belíssimas paisagens que emolduram o rio Côa e venha conhecer a arte primitiva da Humanidade!
Inscrito na Lista da Unesco como Património da Humanidade em 1998, o Vale do Côa é considerado “o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre”. O sítio arqueológico divide-se em dois eixos fluviais principais: 30 quilómetros ao longo do rio Côa – Faia, Penascosa, Quinta da Barca, Ribeira de Piscos, Canada do Inferno – e 15 quilómetros pelas margens do rio Douro – Fonte Fireira, Broeira, Foz do Côa, Vermelhosa, Vale de José Esteves, Vale de Cabrões.


Arte gravada na pedra

Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa apresenta mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 70 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 25.000 anos. http://www.centerofportugal.com/pt/vale-do-coa/





Pech Merle – a Gruta reabriu ontem,  dia 30 de março a domingo, até 3 de novembro  - Para a conservação dos desenhos, o número de visitantes é limitado a 700 pessoas por dia
Pech Merle é um dos maiores monumentos da arte pré-histórica e deve estar perto do topo da sua lista de locais a visitar. Ele apresenta algumas das mais antigas obras de arte em uma caverna aberta ao público: os famosos cavalos malhados têm 29.000 anos de idade. Esta é uma caverna companheira para Cougnac ; eles são da mesma época e a obra de arte é semelhante. Ambas as cavernas podem ser visitadas no mesmo dia e estão a cerca de uma hora de distância. Pech Merle é de cerca de 1,5 horas ao norte de Toulouse e cerca de 1,5 horas a sudeste de Les Eyzies.


Pech Merle é uma grande caverna e tem muitos espaços abertos com boa iluminação. O passeio dura uma hora e se concentra em obras de arte e formações geológicas, por isso satisfaz os dois tipos de visitantes. Há gravuras e desenhos de cavalos, mamutes e muitos outros animais. Existem também algumas boas figuras humanas, que são raras na arte rupestre. A mais famosa é a figura do "homem morto" com linhas parecidas com lanças, semelhantes às de Cougnac.

Há também um pequeno museu mostrando alguns dos artefatos que foram escavados lá e em outras cavernas, juntamente com uma introdução à arte e à vida paleolítica. Há também representações de alguns desenhos de animais que não são mostrados no passeio.


Somente visitas guiadas, limitadas a 700 pessoas por dia, são aceitas reservas. As excursões inglesas não são oferecidas todos os dias, portanto, verifique o link da reserva em seu site. Em julho e agosto, você deve fazer uma reserva.

Esta caverna não é muito árdua, mas há algumas escadas até a caverna, algumas escadas na caverna e o chão na caverna é irregular ou úmido em alguns lugares. Clique aqui para ver mais informações sobre os requisitos físicos do passeiohttp://www.prehistorictourist.com/pech-merle


Arte rupestre pré-histórica na Dordonha


Cavernas no vale de Vézère da Dordonha contêm algumas das mais antigas obras de arte conhecidas pelo homem. Robin McKie aproveita a visita tanto abaixo como acima do solo


Em algum momento da pré-história remota, cerca de 12 mil anos atrás, um grupo de homens e mulheres - não mais que meia dúzia, acreditam os cientistas - rastejou para o labirinto da caverna de Rouffignac, no vale de Vézère, na Dordonha. Uma vez no recesso mais profundo, deitavam-se de costas e, à luz de velas bruxuleantes, começavam a pintar no teto de pedra a três metros de altura. Mais de 60 imagens de mamutes, cavalos e íbex foram descritas, cada animal representado em linhas simples e confiantes que revelam um talento artístico surpreendente.

Este é o Grande Teto de Rouffignac, uma das mais antigas e belas galerias de arte do mundo. Nós temos poucas pistas sobre quem a criou, embora tenha sido provavelmente o trabalho dos Cro-Magnons, os primeiros membros do Homo sapiens a se estabelecerem na Europa 45.000 anos atrás e os sobreviventes da Idade do Gelo que mais tarde agarraram o continente. Também não sabemos por que esses artistas escolheram um local tão inacessível para exibir sua genialidade - embora felizmente possa ser facilmente alcançado hoje em dia. Um pequeno trem elétrico vai da entrada de Rouffignac até o Grande Teto, cujo piso foi abaixado para permitir que os visitantes contemplem suas maravilhas. 

É uma experiência impressionante, uma das muitas que podem ser encontradas neste local notável. Nos 25 km do vale do Vézère, entre Montignac e Les Eyzies, há 15 cavernas - incluindo Rouffignac, Lascaux e outras - que foram classificadas como Patrimônio Mundial da Unesco por causa de sua arte pré-histórica. Se você quer entender as mentes de nossos antepassados ​​e apreciar o papel fundamental que a arte tem desempenhado em nossa evolução - questões levantadas pela excelente exposição do Museu Britânico, Ice Age Art , que termina em 2 de junho - então o Vézère é para você. https://www.theguardian.com/travel/2013/may/26/prehistoric-cave-art-dordogne




terça-feira, 26 de março de 2019

Entrevista a Lady Laura há 37 anos – Recordando a Mãe de Roberto Carlos, que acompanhava sempre o seu amado “menino” que “assobiava e cantava desde um aninho". - Uma das raras entrevista, em Lisboa, pouco depois de entrevistar o seu filho, momentos antes de ambos tomarem o avião, no aeroporto de Lisboa, de regresso ao Brasil - Clike e ouça uma das raras entrevistas que deu em sua vida- . Faleceu em 17 Abril de 2010 , aos 96 anos

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

LADY LAURA -A MÃE DE ROBERTO CARLOS, JÁ NÃO FAZ PARTE DOS VIVOS  - FALECEU  NO DIA 17 DE ABRIL DE 2010 - HÁ NOVE ANOS - Deixo-lhe aqui a voz de uma mulher extremosa e  dedicada ao seu amado filho, de uma mãe simples mas carinhosa, que, no Brasil, o acompanhava nas  suas digressões mas de forma discreta.
















Entrevista a Lady Laura, que me concedeu  em 1982   - Foi há 37 anos, em Lisboa, pouco depois de entrevistar o seu filho, momentos antes de ambos tomarem o avião, no aeroporto de Lisboa, de regresso ao Brasil - Clike e ouça uma das raras entrevistas que deu em sua vida- . Faleceu em 17 Abril de 2010 , aos 96 anos –



Clike e ouça a voz de Lady Laura

LADY LAURA – DEVOTA DE Nª SENHORA DE FÁTIMA – TENDO-SE DESLOCADO AO SANTUÁRIO - Realizando um sonho

Esta era uma das noticias de sua morte - 17/04/2010 Morre aos 96 anos Lady Laura, mãe do cantor Roberto Carlos  - Ela estava internada há 17 dias no Hospital Copa D´Or, na Zona Sul. Causa foi infecção pulmonar. Cantor está em turnê nos Estados Unidos. http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/04/morre-aos-96-anos-lady-laura-mae-do-cantor-roberto-carlos.html

A tristeza do Rei no adeus a Lady Laura Ao som da música composta em sua homenagem pelo filho famoso, a mãe de Roberto Carlos foi sepultada diante de amigos e familiares no dia em que o cantor completou 69 anos

Roberto Carlos chegou ao Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, para o sepultamento de sua mãe, Laura Moreira Braga, 97 anos. O Rei foi recebido por centenas de pessoas que entoavam Jesus Cristo, canção composta em parceria com Erasmo Carlos, em 1970. Bastante abatido, Roberto acenou para os fãs e chegou a esboçar um sorriso. O único. Durante o tempo em que passou no cemitério, cerca de uma hora, ele chorou copiosamente. Atendendo a um pedido da mãe, não houve velório. “Não gosto desse tipo de cerimônia, acho muito triste e eu não sou triste. Quando Jesus me chamar, vou tranquila. Não é preciso nada disso”, costumava dizer aos amigos íntimos Lalá, como gostava de ser chamada.  http://revistaquem.globo.com/Revista/Quem/0,,EMI134718-8214,00-A+TRISTEZA+DO+REI+NO+ADEUS+A+LADY+LAURA.html


O MAIS POPULAR ARTISTA DA MÚSICA BRASILEIRA 


Entrevista a Roberto Carlos, três anos depois do Canecão, caracterizado de palhaço: "Isso para mim era uma coisa nova!..




Roberto Carlos, o artista latino-americano que teve mais discos vendidos  no mundo  - Um dos músicos brasileiros de maior sucesso, com canções como "Emoções", "A Montanha" e "Calhambeque", vai atuar em Portugal, nos dias 14 e 16 de Maio, em concertos no Meo Arena, Lisboa, e no Multiusos de Gondomar, Porto - Oportunidade para aqui recordar as palavras carinhosas de  sua mãe, que lhe ouvi de viva voz, tal como se fosse ainda para o menino que acalentasse ao peito ou  acarinhasse nos seus braços.  - Clike no segundo vídeo e ouça Lady Laura

Oportunidade também para lembrarmos um exemplo raro de talento e empatia popular «Segundo a ABPD, Roberto Carlos é o artista solo com mais álbuns vendidos na história da música popular brasileira. Seus discos já venderam mais de 120 milhões de cópias e bateram recordes de vendagem - em 1994 chegou a marca de 70 milhões de discos vendidos - incluindo gravações em espanhol, inglês e italiano, em diversos países. Tendo realizado milhares de shows em centenas de cidades no Brasil e no exterior, sua popularidade o tornou conhecido no Brasil e na América Latina como O Rei, contando com um dos maiores fã-clubes do mundo»Roberto Carlos

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Imagens da WEB




Afinal, a primeira entrevista de Lady Laura, mãe de Roberto Carlos, que faleceu em  17 Abril de 2010 , aos 96 anos – ocorreu, em 1982, em Portugal,  pouco antes de tomar o avião, no aeroporto de Lisboa, de regresso ao Brasil, com o seu filho, após vários espetáculos em Lisboa, Portimão e Porto  - Sim, no termo da sua primeira viagem a  Portugal  - Por certo - quando falou à Revista CONTIGO - já não se lembraria do breve diálogo que teve com o inesperado repórter que se lhe dirigiu com um  pequeno gravador na mão, depois de ter entrevistado Roberto Carlos, cujo registo, num dias destes, conto igualmente recordar

Portanto, não foi no Brasil, em 2004 - no dia das mães, por ocasião dos 45 anos da carreira artística de Rei da música popular brasileira, mas muito antes   - Depois de tantos anos decorridos de um diálogo, tão imprevisto e casual, que nem sequer chegara a ouvir ou a ver publicado, de facto, não era fácil recordar-se - Mas foi divulgada no programa radiofónico Ora Hora! - da então Rádio Comercial - RDP, apresentado por Luís Pereira de Sousa

Daí que  não se recordasse - quando declarou   - através de um telefonema - feito para sua casa pela  Revista CONTIGO -  "Olha, jamais dei entrevista. Durante toda a carreira do meu menino, essa certamente será a primeira e a única. Não que eu não goste da imprensa, ao contrário, vocês sempre me tratam com muito carinho. É que não sou celebridade, famoso é o meu filho. Então vamos lá", concorda ela, que quebra o silêncio no ano em que seu caçula completa 45 anos de carreira Excerto de Entrevista de Lady Laura a Contigo........A primeira entrevista de Lady Laura - portal clube do rei .. .

A  entrevista, registada num pequeno gravador de cassetes áudio,  num ambiente movimentado, mas a sua voz é perfeitamente audível e o que mais importa   é o registo de uma memória - A voz inesquecível da mulher mais importante na vida do maior ídolo da música brasileira da atualidade. 

Existem muitas imagens mas, pelos vistos,  não há testemunhos da sua voz no mundo da WEB – Isto porque,  Laura Moreira Braga, nascida em Mimoso do Sul, 10 de Abril de 1914 e falecida no  Rio de Janeiro, a 17 de Abril de 2010), sim, mais conhecida por Lady Laura (título de uma composição de Roberto Carlos/Erasmo Carlos), não gostava de dar  nas vistas.

Aliás, isso mesmo  me declarou, quando lhe disse que a sua presença tinha passado despercebida dos jornalistas. Porém, quis um feliz acaso que, depois de ter gravada uma breve entrevista ao seu filho, pudesse também, ato contínuo registar  as palavras de sua mãe. E, curiosamente, tudo podia ter ficado reduzido a umas curtas declarações, quando, quase logo no começo de suas tão carinhosas expressões, lhe colocava uma pergunta que por certo não fazia parte dos pensamentos do seu coração.


JTM – Recorde-me um pouco da sua infância. Ele era muito alegre quando era miúdo? 
Lady Laura – Muito alegrinho. Gostava muito de cantar! 
JTM – Fez-lhe alguma partida?.."  - . Ora, esta pergunta, ia deitando tudo a perder. – Sua resposta: Lady laura - Agora eu vou deixar um beijo muito carinhoso, um abraço saudoso a todo esse Povo aqui de Portugal”  

Mas vá lá que (para quem também não contava fazer esta entrevista) depois lá acertei noutras perguntas que emocionavam mais o seu coração.- JTM – Dona Laura. Mais uma pergunta: no Brasil acompanha o seu filho? Já alguma vez sofreu com a saúde dele, com a vida dele?" - Lady laura. Ah, sempre! Quando ele viaja eu fico muito preocupada!...”

Bom, vale a pena recordarem-se as suas palavras, mais adiante em texto,  ou através do vídeo, que aqui edito. De uma mulher simples,  de origem humilde mas com uma grande generosidade e nobreza de carácter. 

A CANÇÃO DE MUITO  AMOR E TERNURA DE UM FILHO PARA UMA MÃE MUITO DEDICADA E AMOROSA


"A canção ‘Lady Laura’, composta pelo Rei em 1976, em momento de solidão num hotel de Nova York, se tornou uma das que mais fazem sucesso fora do Brasil

Apesar de lúcida, Lady Laura vivia sob os cuidados de duas empregadas e só saía aos domingos para assistir à missa na Igreja Nossa Senhora do Brasil.

Foi Lady Laura, que era devota de Nossa Senhora, Cosme e Damião e São Judas Tadeu, quem passou a forte religiosidade para o cantor. Ela era uma das pessoas que mais incentivaram a carreira artística de Roberto Carlos.

Na gravação da canção ‘Lady Laura’, em 1978, Roberto chorou no estúdio e a música foi repetida várias vezes. A mãe nunca abandonou o filho desde o dia em que Roberto cantou pela primeira vez no rádio, aos 9 anos, em Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo.

Roberto também homenageou a mãe em seus iates. No início dos anos 80, após o lançamento da música, o cantor batizou sua embarcação de Lady Laur
a.
 G1 - Morre aos 96 anos Lady Laura, mãe do cantor Roberto



Lady Laura - Compositor: Roberto Carlos/Erasmo Carlos
Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
E na hora do meu desespero
Gritar por você
Te pedir que me abrace
E me leve de volta pra casa
Que me conte uma história bonita
E me faça dormir

Só queria ouvir sua voz.
Me dizendo sorrindo:
Aproveite o seu tempo
Você ainda é um menino


LADY LAURA – DEVOTA DE Nª SENHORA DE FÁTIMA – TENDO-SE DESLOCADO AO SANTUÁRIO - Realizando um sonho



JTM- É a mãe de Roberto Carlos: acompanha o seu filho?
Lady Laura – Sempre. Mas para o exterior foi a primeira vez.… Sempre no Brasil.
JTM – Nunca tinha vindo a Portugal?
Lady Laura - Não. Não sei porque não pude vir noutra época em que ele veio; agora então já realizei meu sonho. Que era vir aqui conhecer vocês. Conhecer Portugal,  terra linda! Maravilhosa!

JTM – Está satisfeita?
Lady Laura – Já saudosíssima!...
JTM – Esteve em Fátima?
Lady Laura – Estive. Que maravilha!...Adorei!
JTM – É religiosa…
Lady Laura: Tenho comigo imagens religiosas para o pessoal do Brasil.
JTM  Quando Roberto Carlos, era Robertinho, criança, dizem que gostaria que fosse médico ou padre.
Lady laura: - Gostaria mas depois aceitei a sua carreira artística.
JTM – Como é que vê a carreira dele, como cantor?
Lady Laura – Vejo, normalmente... porque  ele cantava desde um aninho, que ele assobiava e cantava.

JTM – Recordo-me um pouco da sua infância. Ele era muito alegre quando era miúdo?
Lady Laura – Muito alegrinho. Gostava muito de cantar!
JTM – Fez-lhe alguma partida?...
Lady Laura - Agora eu vou deixar um beijo muito carinhoso, um abraço saudoso a todo esse Povo aqui de Portugal. E vou com muita saudades de vocês. Pretendendo voltar cá brevemente. Deus quer que eu volte. Não é se Deus quiser: Deus quer que eu volte. 

JTM – Dona Laura. Mais uma pergunta: no Brasil acompanha o seu filho? Já alguma vez sofreu com a saúde dele, com a vida dele?
Lady Laura. Ah, sempre! Quando ele viaja eu fico muito preocupada!...
JTM – Qual foi o maior prazer que lhe deu até hoje.?
Lady Laura – São tantos!... Que eu não vou especificar!
JTM – Qual a canção que gosta mais de ouvir do seu filho?
Layd Laura – Ah, Lady Lauara!!... Lady laura!...
JTM – Claro que é dedicada à mãe. Ele é um filho amoroso!
Lady laura – Muito amoroso! Muito carinhoso!

A MÃE ENSINOU OS PRIMEIROS ACÓRDÃOS DE VIOLA AO FILHO -  DEPOIS SEGUIU-LHE OS PASSOS PARA O RESTO DA VIDA – Por isso,  quando fala dele é sempre com palavras de muito carinho, como se fosse ainda o menino que teve nos seus braços

Lady Laura, na entrevista que mais tarde concederia à Revista CONTIGO,  entre outras declarações, disse que Roberto Carlos começou a aprender a tocar violão e piano ainda na infância. – “Como eu tocava violão, mostrei para os meus filhos as primeiras posições e ensinei-lhes notas como o lá maior, o fá menor e assim por diante. A partir daí, o talento natural do Roberto se impôs e ele buscou se aprimorar. Logo estava estudando piano no Conservatório de Cachoeiro.

 MÃE, MESTRA E COMPANHEIRA

JTM – Fala muito consigo.?
Lady Laura – Muito! Muito! Quando ele vem  para o exterior ele liga todas as noites.
JTM – Mas a sua infância  foi difícil.. Quando era novo, a família teve dificuldades?
Lady laura – Não!... Família simples!...  Mas não faltava nada!
JTM – Esteve para ir para o seminário!
Lady laura -  (sorrindo) Esteve…
JTM – E andou lá algum tempo!
Lady Laura – Ele estudou num colégio religioso. No Colégio Cristo Rei.  Lá em Cachoeiro.
JTM – Ah… então não andou no seminário. Foi em Cachoeiro que ele cantou a primeira vez.
Lady Laura – Sim, foi em Cachoeiro.
JTM – Qual foi a primeira sensação que teve na altura em que apareceu em casa a anunciar-lhes que tinha cantado na rádio?
 Lady Laura – Ah, eu fiquei tão emocionada, que fiquei chorando de emoção, quando o ouvi a primeira vez no radio…
JTM – E acreditou logo que ele tinha um futuro artístico?
Lady Laura – Acreditei. Sempre acreditei nele, sempre!
JTM – As relações com o pai, também são amistosas…
Lady Laura –  Também. Amistosas! Amistosas!...
JTM – É uma mãe, extremamente feliz…
Lady Laura – Muito, muito feliz, graças a Deus!..
JTM – Em relação ao futuro dele: acho que ele agora vive divorciado, não é?
Lady laura – Ele divorciou mas está muito bem com a família!... Com a filha!... Têm estado sempre juntos!... Se dá muito bem com a esposa!... Muito bem…
  
"Não gosto de aparecer… gosto sempre de passar despercebida".
JTM – Sabemos que andou por Lisboa a fazer compras: fez muitas compras?... O que é que leva de Lisboa?...
Lady Laura – Muitas!... Levo muitas lembranças de Lisboa, de Fátima, do Porto!... A mala está cheia!!...
JTM – Você sabe que passou um pouco anonimamente… Os jornalistas não a entrevistaram!...
Lady laura – Ah! Eu não gosto, não gosto!...
JTM – Gosta de passar despercebidamente.
Daly Laura – Não gosto de aparecer… gosto sempre de passar despercebida.
JTM – Gosta de sofrer e de viver, o seu filho… E têm-lhe dado  mais alegrias de que… Só lhe têm dado alegrias, não é?
Lady Laura – Só alegrias!... Só alegrias, graças a Deus….

O PRATO E AS CORES PREFERIDAS DE ROBERTO CARLOS

JTM – Quanto a comida, qual é o prato favorito de Roberto Carlos?
Lady laura – Até é uma coisa muito interessante…Ele sempre gostou muito, lá no Brasil, só de arrozinho, com feijão, bananinha e ovinho frito. 
JTM – E no vestuário, ele tem algum gosto especial?
Lady Laura – bem ele gosta muito do azul claro. Branco. Vermelho!
JTM – Não é dorminhoco!… Homem para ficar muito na cama!…
Lady Laura – Ele não é!... Porque ele dorme até muito pouco… Porque ele vai dormir sempre na madrugada!... Porque ele ficou compondo!... Quando ele não está compondo, está viajando!...

JTM – Nunca a preocupou a popularidade que ele tem: o facto de ser incomodado, de não ter privacidade na rua?...
Lady Laura – Não!... A gente gostaria que ele tivesse mais um pouco de liberdade. Então eu fico com penhinha dele!... Porque ele não tem liberdade de sair sozinho, de passear! De ir a um cinema!... A uma festa!.... Mas ele aceita isso e eu também!…. E agradeço a Deus!... Sinal de que ele é muito querido!.. Por isso, vão procura-lo!...

UMA CARTA DE CORAÇÃO 
JTM – Já lhe escreveu algum dia uma carta muito linda?!...
Dady Laura – Já!...
JTM – Como é que foi?...
Lady Laura – Na primeira vez que ele viajou… Eu tenho a carta guardada!..
JTM – O que é que dizia, mais ou menos?
Lady Laura – Muitas saudades!...  Dizia que eu fosse ficar com ele!... Foi quando se separou de mim, e foi para São Paulo!...
JTM – Agora, vive consigo?...
Lady Laura – Agora estamos juntos.
JTM – Ele tem  momentos de  angústia, de isolamento?...De preocupação
Lady Laura – Não é bem momentos de angústia… Momentos de preocupação!... Ele é muito preocupado!... Com as coisas, com as pessoas!... Comigo mesmo!... Muito preocupado.

JTM – Muito obrigado, Dona Laura. Muitas felicidades! Gostei imenso de a ouvir. Até um dia.
Lady laura - (despedindo-se  com um beijinho) … De nada. Não tenho nada que agradecer. Felicidades.... Como é o seu nome? JTM – Jorge. Jorge Marques.

BIOGRAFIA - "Laura Moreira Braga (Mimoso do Sul, 10 de abril de 1914 — Rio de Janeiro, 17 de abril de 2010), também conhecida como Lady Laura, foi uma costureira brasileira. Ela é a mãe do cantor Roberto Carlos.  Laura Moreira Braga nasceu na cidade de Mimoso do Sul, interior do Estado do Espírito Santo. Casada com o relojoeiro Robertino Braga, também nascido em Mimoso, trabalhou muitos anos como costureira e morava em Mimoso com o marido. Alguns anos depois de casados e já com três filhos, o casal se mudou para Cachoeiro de Itapemirim, também no Espírito Santo, onde nasceu Roberto Carlos, o último filho do casal.  Laura teve quatro filhos: Roberto Carlos, Lauro Roberto, Carlos Alberto e Norma. Ela tocava violão na adolescência. Foi ela quem, em 1954, matriculou seu caçula, Roberto Carlos, no Conservatório de Música de Cachoeiro, onde o garoto aprendeu seus primeiros acordes musicais. Ela queria que ele fosse médico, mas ele com apenas 9 anos, já cantava nas rádios capixabas e decidiu ser cantor. Muito católica, Laura Moreira Braga era devota de Nossa Senhora de Fátima e também de São Judas Tadeu.  Em 17 de abril de 2010 Laura morreu aos 96 anos, devido a uma pneumonia, dois dias antes de seu filho Roberto completar 69 anos de idade. Apesar de ter se tornado conhecida no Brasil em virtude da canção "Lady Laura" e, a despeito do grande sucesso do filho, ela sempre teve uma vida muito discreta. Laura Moreira Braga –


ROBERTO CARLOS  - 

Nenhum artista brasileiro é mais conhecido e reverenciado que o cantor Roberto Carlos! O maior nome da música brasileira é reconhecido mundialmente e arrasta fãs em todas as partes do planeta.

Roberto Carlos foi 22 vezes vencedor do Troféu Imprensa, sendo indicado várias vezes, seis vezes venceu o Grammy Latino e mais três indicações, quatro vezes vencedor do Troféu Internet, três vezes vencedor do Troféu Roquete Pinto, três vezes venceu Festival de Viña Del Mar, 01 Grammy Awards, 01 Prêmio Faz Diferença de O Globo, duas vezes melhores do ano, Prêmio Multishow de Música brasileira entre muitas outras.
Nascido em Cachoeiro do Itapemirim em 19 de abril de 1941 o capixaba Roberto Carlos Braga é, sem dúvidas, o ícone do século na música nacional.
Filho de um relojoeiro – Robertino Braga e da dona de casa e costureira Laura Moreira Braga o menino Roberto cresceu em um ambiente familiar tradicional e tranquilo. Aos seis anos de idade, em sua terra natal, Roberto sofreu um acidente vindo a perder parte da perna.
Desde então usa uma prótese que o ajuda a se locomover, mas é perceptível que ele tem dificuldades para isso. Ainda criança Roberto Carlos, chamado carinhosamente de Zunga, começou a aprender com a mãe a tocar piano e violão.
Foi neste período que em um conservatório de música deu seus primeiros passos. Sempre muito modesto Roberto, ainda criança, cantou pela primeira vez numa rádio, recebendo incentivo da mãe. Ao ganhar em primeiro lugar o prêmio concedido foi um punhado de balas doces. MAIS PORMENORES EM  https://biografiaresumida.com.br/biografia-roberto-carlos-cantor/

Roberto Carlos Braga OMC (Cachoeiro de Itapemirim, 19 de abril de 1941) é um cantor, compositor e empresário brasileiro.
Embora tivesse iniciado a carreira sob influência do samba-canção e da bossa nova, no início da década de 1960, Roberto mudou seu repertório para o rock. Com composições próprias, geralmente feitas em parceria com o amigo Erasmo Carlos, e versões de sucessos do então recente gênero musical, fundando as bases para o primeiro movimento de rock feito no Brasil. Com a fama, estrelou ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa um programa na TV Record chamado Jovem Guarda, que daria nome ao primeiro movimento musical do rock brasileiro. Além da carreira musical, estrelou filmes inspirados na fórmula lançada pelos Beatles - como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" e "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora – Excerto de https://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Carlos

domingo, 24 de março de 2019

POETA HERBERTO HELDER – DEIXOU-NOS HÁ 4 ANOS MAS OS SEUS VERSOS CONTINUAM PERENES NA POESIA PORTUGUESA “ o poeta que nunca se deixou capturar”


"AOS AMIGOS

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
-Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.


Herberto Helder 

Homenageado, na Primavera de 2014, nos Templos do Sol, com a leitura de "Agora até as Musas Mudas Cantam a Primavera"  E no dia seguinte à sua morte, em  24 de Março de 2015, junto ao altar sacrificial da Pedra da Cabeleira de Nª Srª, lendo alguns dos seus poemas   - Hoje queremos de novo aqui recordar aquela que foi considerada  a voz mais fulgurante da poesia portuguesa- Reproduzindo alguns excertos da postagem, que então editámos. 


De facto, “Não há na poesia portuguesa pós-Pessoa nenhum poeta que tenha exercido um tal poder de atracção e gerado tantos epígonos. E nenhum mais absolutamente impossível de imitar com proveito.

Quem leu desprevenidamente esses primeiros livros de Herberto, nos anos 60 e 70, há-de ter experimentado essa sensação de que a poesia só podia ser aquilo. Foi sempre esse o maior e mais estranho dom de Herberto Helder: convencer-nos (ainda que injustamente) de que escreve directamente em poesia, como se a poesia fosse a sua língua materna, e todos os outros poetas se limitassem a traduções mais ou menos conseguidas de um idioma perdido de que só ele detinha a chave.


Nada poderia estar mais longe desta pós-modernidade culta, enfadada, cínica e céptica, do que o entendimento que Herberto tinha da poesia.”- Escrevia o jornal PÚBLICO, no  dia da sua mortehttps://www.publico.pt/2015/03/24/culturaipsilon/noticia/morreu-herberto-helder-a-voz-mais-fulgurante-da-poesia-portuguesa-1690151

Genial, misterioso, visionário, trabalhador incansável das metáforas e dos símbolos, Herberto Helder morreu de ataque cardíaco na noite de segunda-feira. Deixou pronto novo livro, que sairá em brevhttps://observador.pt/especiais/herberto-helder-morreu-o-poeta-que-nunca-se-deixou-capturar/


Herberto Hélder, de seu nome  completo Herberto Hélder Luís Bernardes de Oliveira, natural do Funchal (23 de Nov. 1930)  de ascendência judaica, considerado o "maior poeta português vivo da segunda metade do século XX" até à data da sua morte, faleceu ontem, aos 84 anos, e sua casa, mas só hoje foi possível confirmar o óbito.

Avesso a entrevistas, optou por levar uma vida discreta, tendo recusado o Prémio Pessoa  -  A Morte Sem Mestre, pelos vistos, livro premonitório, editado, em junho do ano passado,  pela Porto Editora, pondo assim fim a um longo percurso com a Assírio e Alvim, 

"Herberto Helder foi um poeta poderoso, a sua obra foi um centro de atracção e um horizonte em relação ao qual todos os seus contemporâneos tiveram de se situar. Como antes tinha acontecido com Fernando Pessoa, também houve um 'efeito Herberto Helder', diz ao PÚBLICO o crítico António Guerreiro.Morreu o poeta Herberto Helder

"Em 1948, Herberto Helder matricula-se em Direito mas cedo abandona esse curso para se inscrever em Filologia Românica, que frequenta durante três anos. Ao longo da vida colaborou em diversos periódicos como A Briosa, Re-nhau-nhau, Búzio, Folhas de Poesia, Graal, Cadernos do Meio-dia, Pirâmide, Távola Redonda, Jornal de Letras e Artes. Em 1969 foi director literário da editorial Estampa. Viajou pela Bélgica, Holanda, Dinamarca e em 1971 partiu para África onde fez uma série de reportagens para a revista Notícias.

Em 1994, foi-lhe atribuído o Prémio Pessoa pela sua obra que, segundo o júri, iluminava a língua portuguesa. Herberto Helder, no entanto, recusou a distinção, uma dos mais importantes atribuídas em Portugal. Herberto Hélder sempre se quis manter um poeta oculto e por isso pediu ao júri que não o anunciassem como vencedor e que dessem o prémio a outro".





Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora -- Video registado na véspera do Equinócio da Primavera, 19 de Março de 2014, com a leitura de poemas de Friedrich Holderlin e Herberto Hélder --

“Onde aguardas por mim, espécie de ar transparente
para levantar as mãos? onde te pões sobre a minha palavra,
espécie de boca recolhida no começo?
E é tão certo o dia que se elabora.
Então eu beijo, de grau a degrau, a escadaria daquele corpo.
E não chames mais por mim,
pensamento agachado nas ogivas da noite.
É primavera. Arde além rodeada pelo sal,
por inúmeras laranjas.
Hoje descubro as grandes razões da loucura,
os dias que nunca se cortarão como hastes sazonadas.
Há lugares onde esperar a primavera
como tendo na alma o corpo todo nu.
Apagaram-se as luzes: é o tempo sôfrego
que principia. – É preciso cantar como se alguém
soubesse como cantar.
Herberto Helder  – Excerto do poema Agora até as musas mudas cantam a primavera


Café Expresso  no Largo da Misericórdia – A última boa tertúlia dos cafés de Lisboa: de Herberto Hélder, Sebastião Alba, Manuel da Fonseca, Luís Pignatell, António Assunção, Baptista Bastos, Firmino Mendes, Pepe, Júlio Pinto; Janita e o Vitorino Salomé – poetas, atores, escritores, jornalistas ou simples cidadãos anónimos – Além do Snack-Bar Expresso, da Trindade Coelho, só o Botequim, no Largo da Graça de Natália Correia – Este noturno e pela madrugada, aquele mais diurno e pela tarde


Foi junto ao Balcão do Snack-Bar Expresso, que, pela primeira vez, tive ocasião de falar com Herberto Hélder e Manuel da Fonseca. Já lá vão uns anos mas tenho esse agradável encontro ainda bem presente na memória – Mas o tempo muda muita coisa e, também, nem  o ambiente, nem quem o frequentava, é o mesmo – Além de que a  idade não perdoa –  Alguns, já nem vivos são.   Por outro lado, a nova lei do arrendamento urbano, veio dar uma enorme facada ao centro histórico lisboeta, e o Largo da Trindade, mais conhecido por Largo da Misericórdia, creio que também já sofreu o seu abalo "misericordioso" .  Livraria Olisipo com ordem de despejo Até porque Esta cidade não é para velhos ... Largo Trindade Coelho.

DE JORNALISTA A PERSONAGEM DE AVENTURAS DO MAR


Ia à procura de histórias do  autor de Cerro Maior e Rosa dos Ventos (entre outras obras de contos, poesia e romances, natural de Santiago de Cacém)  para a Rádio Comercial e eu é que acabo por ter de contar as minhas aventuras do mar. 

Deparo-me com o poeta dos Passos em Volta e um pequeno mas animado grupo de intelectuais – Alguns dos presentes, já os conhecia e, inclusivamente,  entrevistado noutras circunstâncias – E também houve quem, conhecendo-me, não fosse de meias palavras: em vez de querer saber ao que ali me levava, com um pequeno gravador na mão (por razões profissionais), queria era que lhes falasse das minhas aventuras marítimas – ou, não haverá, nas veias de cada português, também um pouco de mar dos Lusíadas de Camões ou  da Mensagem de  Pessoa? – e dissesse, sem rodeios,  para que todos ouvissem:

FOI EM LISBOA, NA TERTÚLIA DO SNACK-BAR EXPRESSO QUE PESSOALMENTE O CONHECI - Aqui está o navegador solitário! O homem das Canoas, em São Tomé” 
Foi junto ao Balcão do Snack-Bar Expresso, que, pela primeira vez, tive ocasião de falar com Herberto Hélder e Manuel da Fonseca. 
 "Aqui está o navegador solitário! O homem das Canoas, em São Tomé” –  Foi deste modo que me cumprimentou, mal ali entrei. Foi assim que pela primeira vez dialogámos. Levando-me a falar das minhas aventuras, no que, aliás, sempre gostei de recordar.  
Pelo que depreendi,  já me conhecia da minha habitual colaboração na “Semana Ilustrada, de Luanda”, revista na qual havia relatado, em cinco capítulos, a minha primeira aventura marítima, a bordo de uma frágil piroga de S. Tomé ao Príncipe –De cujas aventuras me refiro no meu sitehttp://www.odisseiasnosmares.com/2012/02/cao-grande-em-sao-tome-grande-escalada.html Por isso,  em vez de querer saber ao que ali me levava (no que ele não ia colaborar, dado ser avesso a entr
evistas) queria era que  falasse das tais aventuras marítimas – Até porque, além daquele revista, também, em Portugal, quer a RTP, quer o Século Ilustrado, o Jornal Novo e o Diário Popular (em quatro suplementos) se haviam referido às minhas odisseias nos mares do Golfo da Guiné.


Pois, nessa tarde, lá se foi a entrevista, que tencionava fazer , a Manuel da Fonseca, para outro dia – Conquanto, por várias vezes, ali voltasse e me sentasse em torno dos tertulianos, e até os fotografasse – (foi pena, num dia em que não estava lá o Herberto, julgo que não iria ser desmancha prazer dos seus amigos), a bem dizer, as razões da minhas idas aquele bar, eram mais de  carácter  casual ou profissional de que propriamente para me integrar nos seus conciliábulos. Não era que não os apreciasse, mas para isso já tinha a minha habitual frequência no botequim da Natália Correia. No largo da Graça, bem mais abrangente e versátil. 
Uns tempos depois, deu-me o prazer de me receber em sua casa em Cascais, mas de gravador off. Mais uma vez a conversa descamba para as aventuras do mar, tendo, então, aproveitado para lhe oferecer uma fotografia dessas minhas proezas marítimas, cujo gesto apreciou. 

Já me haviam dito que ele não gostava de dar entrevistas mas que era um excelente conversador. E lá tinha e tem as suas razões ..Herberto Helder (Não digam a ninguém)... "Meu Deus faz com que eu seja sempre um poeta obscuro .Por isso, também não quis enveredar  por essa via, preferindo o diálogo espontâneo e o do convívio. 

Não se pode querer tudo. Hemingway também não gostava de dar entrevistas. E, quando um fotógrafo, quis fotografá-lo, contra a sua vontade, não hesitou em atirar-lhe o uísque do copo à cara. E, sempre que ali o encontrei – nas várias vezes que passei a frequentar o “Expresso” para tomar um café, comer uma sopa ao balcão (muito boas, por sinal) ou uma refeição (económica)  na zona do restaurante,  aproveitava a oportunidade de dialogar mas, sobretudo, para ser mais um observador de que interveniente. A bem dizer, ali sentia-me mais na pele de jornalista de que o participante na  referida tertúlia. 

Esse duplo sentimento tive-o no Botequim da Natália Correia. Era outro género de tertúlia. No Bar Expresso, o convívio, era mais restrito e decorria, normalmente,  pela tarde a diante, confinando-se praticamente  ao balcão  ou junto às duas mesas da entrada, logo ali à  porta. Enquanto, que, no Largo da Graça, embora, em área geral, não fosse maior, havia mais espaço - Estava lá a Natália -Bastava a presença dela, com a sua corte de admiradoras e admiradores para dar outro fulgor e transformar, cada noite numa festa ou centro de  polémicas e controversas.  De resto, foi através de algumas sugestões da autora da Mátria, que acabaria  por fazer uma série de entrevistas para o semanário Tal & Qual, sobre a primeira relação sexual, nomeadamente, o pintor Carlos Botelho e Amália Rodrigues, entre outras figuras, a  que me refiro em: Natália Correia e "O Botequim da Liberdade" .....romance no sheraton lisboa hotel ea fuga da casa da amália



 
 
De facto, os anos 80, constituem para mim, os anos dos meus encontros com os maiores nomes das artes e letras portuguesas – Mas não só: com personagens das mais diversas atividades, desde os mais sonantes nomes do crime, até aos mais ilustres poetas, escritores, músicos, atores, políticos, cantores – Gente anónima e mui diferenciada. Guardo, ainda, muito desses registos gravados em cassetes. Pena não ter feito também fotografias, salvo Vergílio Ferreira, Mário Cesariny, Lídia Jorge, Jorge Amado e António Ramos Rosa (pouco mais) porém, quando se trabalha numa estação de rádio (na então Rádio Comercial-RDP)  a preocupação principal do repórter é a do som. –  E essa faceta também me deu imenso  prazer. Tal como agora, quando  recordo as gravações. Bom, mas fiz algumas fotografias na tertúlia do Bar Expresso, duas das quais  aproveito para aqui editar.


Naquele dia não estava lá  Herberto Hélder ,Armando Baptista-Bastos   Manuel da Fonseca  António Assunção  Júlio Pinto Janita Salomé  Vitorino Salomé Luís Pignatelli  Zetho Cunha Gonçalves  - . Entre outros notáveis frequentadores mas estavam lá outros assíduos. Nomeadamente, os poetas Luís Carlos Patraquim  Firmino Mendes  Sebastião Alba   

Excerto do post editado neste site - Expresso no Largo da Misericórdia – A última boa tertúlia

Biografia - Excerto  (...) "Em 1954, data da publicação do seu primeiro poema em Coimbra, regressa à Madeira onde trabalha como meteorologista, seguindo depois para a ilha de Porto Santo. Quando em 1955 regressa a Lisboa, frequenta o grupo do Café Gelo, de que fazem parte nomes como Mário Cesariny, Luiz Pacheco, António José Forte, João Vieira e Hélder Macedo. Durante esse período trabalha como propagandista de produtos farmacêuticos e redactor de publicidade, vivendo com rendimentos baixos. Três anos mais tarde, em 1958, publica o seu primeiro livro, O Amor em Visita. Durante os anos que se seguiram vive em França, Holanda e Bélgica, países nos quais exerce profissões pobres e marginais, tais como: operário no arrefecimento de lingotes de ferro numa forja, criado numa cervejaria, cortador de legumes numa casa de sopas, empacotador de aparas de papéis e policopista. Em Antuérpia, viveu na clandestinidade e foi guia dos marinheiros no sub mundo da prostituição.

Repatriado em 1960, torna-se encarregado das bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian, percorrendo as vilas e aldeias do Baixo Alentejo, Beira Alta e Ribatejo. Nos dois anos seguintes publica os livros A Colher na BocaPoemacto e Lugar. Em 1963 começa a trabalhar para a Emissora Nacional com redactor de noticiário internacional, período durante o qual vive em Lisboa. Ainda nesse mesmo ano publica Os Passos em Volta e produz A máquina de emaranhar paisagens. Em 1964 trabalha nos serviços mecanográficos de uma fábrica de louça, datando desse ano a sua participação na organização da revista Poesia Experimental. Nesse ano reedita ainda Os Passos em Volta, escreve «Comunicação Académica» e publica Electronicolírica.

Em 1966 participa na co-organização do segundo número da revista Poesia Experimental e no ano seguinte publica Húmus, Retrato em Movimento e Ofício Cantante. Data de 1968 a sua participação na publicação de um livro sobre o Marquês de Sade, o que o leva a ser envolvido num processo judicial no qual foi condenado. Porém, devido às repercussões deste episódio consegue obter suspensão de pena, facto este que não conseguiu evitar que fosse despedido da Rádio e da Televisão portuguesas. Refugia-se na publicidade e, posteriormente, numa editora onde desempenha o cargo de co-gerente e director literário. Ainda nesse ano publica os livros Apresentação do Rosto, que foi suspenso pela censura, O Bebedor Nocturno e ainda Kodak e Cinco Canções Lacunares. - Excerto de Herberto Helder (Biografia) - CITI