RUI VELOSO – ANOS 80 – MEU
TRIBUTO À VOZ MAIS POPULAR DO NORTE NO
DIA MUNDIAL DA RÁDIO - A BREVE ENTREVISTA QUE ME CONCEDEU MOMENTOS
ANTES DE ATUAR NO ESPETÁCULO DO COLISEU EM LISBOA – “O rock é uma componente essencial
da minha música” – Declarou-me. Mas naquela noite ia tocar quase todas as
baladas dos seus discos, músicas calmas Frisando que “as pessoas têm a mania que as
músicas rápidas é que são as boas, não sei porquê”.
APROVEITO PARA
TRANSCREVER A POSTAGEM, QUE LHE DEDIQUEI, ENTRE OUTRAS NESTE SITE, EM NOVEMBRO
DE 2010
COM ESTE TÍTULO: - PARABÉNS
RUI VELOSO - EM TERRAS INTEIRAS DE PIMBAS, EM QUE TODOS SE IMITAM, CONTINUAS A
SER ÚNICO NA ARTE DE CANTAR E DE SER MÚSICO À
TUA MANEIRA http://www.vida-e-tempos.com/2010/11/parabens-rui-veloso-em-terras-inteiras.html
O Rui Veloso é único no seu género musical e na sua
pessoa. É uma espécie de cometa onde as estrelas se confundem umas com as
outras. É este o panorama sob a abóbada do nosso pequeno firmamento que se
ergue no estreito retângulo à beira-mar plantado. Nasceu a 30 de Julho de 1957,
em Lisboa, mas ainda foi bebé ( com três meses) para o Porto. Não tem nada de
Lisboeta. É um típico tripeiro: no falar e no à-vontade de comunicar: os
lisboetas são mais sisudos e convencidos. Não quer dizer que sejam todos assim:
mas o faduncho triste e a indolência dos mouros do sul têm bastantes
dessemelhanças da garra e vivacidade dos lusitanos ou celtas do Norte. Herda do
signo Leão as melhores qualidades e virtudes. A determinação, o talento e a
generosidade. Simples e ao mesmo tempo nobre de carácter. Completou agora 30
anos de carreira, mas eu desejo-lhe que toque e cante mais trinta. Por muitas
Primaveras bonitas que apetecem viver, mesmo dos dias que "tão depressa
brilham como depressa estão a chover". Que viva ainda por muitas mais. Não
sou um fã da música rock. Mas gosto de o ouvir cantar e apreciei muito o seu
"Chico Fininho," antes de ele ser mais uma "estrela no
céu". Claro, das que verdadeiramente cintilam e brilham!
.
Sem dúvida, no começo dos anos 80, foi uma
grande pedrada nos convencionalismos do charco. Dos convencidos que inovavam
mas repetiam-se e imitavam-se até ao enfado. Era uma música que trazia uma nova
lufada e incarnava simultaneamente uma personagem da nova geração, que,
desiludida, já dos políticos e, para curtir a falta de guita nas algibeiras,
despontava para as "curtes" ou "speeds". Marcou o
começo de um período e um outro estilo. E o pronúncio dos shoppings e dos
grandes centros comerciais que desertificam a cidade, a massificam e
desumanizam ainda mais, os alvores do flagelo dos ácidos que corroem e matam
como a "estricnina". E (com a sua "camponesa")
até do abandono dos campos. Ele meio agarotado meio romântico de um tempo pós
exageros revolucionários, pós mazelas e fascismos da guerra colonial e
prenúncio dos democratismos fingidos e hipócritas. Que parece jamais ter
sarado. Aliás, se agravaram com a peste dos mercado global e dos liberalismo
selvagens. .Que cada vez mais se reflete nos bairros da fome, da merda, da
solidão e da miséria. E que então parecia já rever-se no próprio intérprete.
Que o denunciava meio a sério meio a brincar. Talvez com mais eficácia das
então já estafadas e comprometidas baladas militantes.
Ele também escorreito e magro,
afável e carinhoso, popular e desprendido, simpático e meio matreiro, amigo do
seu amigo mas sempre ele mesmo ("por mais amigos que tenha, sinto-me
sempre sozinho") com o mesmo olhar e sem vaidades. Hoje está um bocadinho
mais cheiinho. Mas é ainda a voz e imagem emblemáticas do eterno Rui das
baladas, canções e músicas inimitáveis! O sentir e as preocupações da juventude
do pós 25 de Abril e das atuais. gerações. Cujas letras e o canto, vão sendo
apreciadas e lembradas pelos que agora - tal como ele - já são pais. Num meio
quase submerso e invadido pelo género pimba, cujo amolecimento
pseudo-romântico, com resquícios de provincianismo piegas parece difícil de
curar, ele aí está, o Rui Veloso, igual a si próprio, ainda a cintilar, tal
como dantes, com a mesma alegria e matriz como principiou, tal como a estrela
da manhã, ao raiar no horizonte. Igual no seu brilho mas sempre o despontar de
uma nova alvorada. Sem porém lograr ocultar as duras realidades sociais da vida
que a matizam. Ele continua a ser a estrela brilhante da noite ou da manhã que
ao mesmo tempo que traz o brilho, alegria; é ainda aquela que é o bordão do pastor
e atenta vigia
Ele continua a ser a estrela brilhante da
noite ou da manhã que ao mesmo tempo que traz o brilho, alegria; é ainda aquela
que é o bordão do pastor e atenta vigia
Com pena
minha, não o tenho acompanhado nos seus concertos mas sei que continua a ser a
mesma pessoa. Romântico, risonho, folgazão e desprendido quanto baste. Já não
há canções de amor capazes de durarem um dia ou uma noite inteira. Curte uma
trip de beijos e depressa fareja outra na esquina. Não vai nos ácidos mas gosta
de um bom Porto doce e fininho. E, tal como o chico, conhece à distância os
tripados da Ribeira. O seu olhar e o sorriso - onde ainda há muita ternura,
bondade e franqueza - não o desmentem. Elevou-se e popularizou-se no panorama
musical português - e até já foi distinguido com uma das mais altas
condecorações -, no entanto, nem por isso o estrelato lhe subiu à cabeça e lhe
modificou a sua maneira de ser. Os egoísmos e a falsa modéstia não moram no
rosto dele. O Rui é do melhor que o nosso Genuíno Povo tem.
.
Conheci-o, pela primeira vez, em 1980.
Como o tempo passa!… Ainda o estou a ver a chegar a uma estação de rádio,
acompanhado do David Ferreira: ia ser entrevistado pelo Júlio Isidro, creio que
no programa da Grafonola Ideal. Depois vi-o no programa televisivo “Febre de
Sábado de Manhã. Por essa altura, tive oportunidade de falar com ele. E também
mais vezes: uma das quais, a poucos dias do seu casamento: encontrei-o, já não
sei a onde e teve a amabilidade de me mostrar a sua nova casa: era para os
lados da Avenida da República. Ainda a estava por mobilar. Mas agora já há uns
anos que não o vejo pessoalmente. Espero que um dia calhe. Para lhe dar um
grande abraço: mas que, desde já, aqui já lhe envio, com os desejos de
mais canções, de boa música e muitas felicidades e alegrias - para ele, para os
que acompanham e os que ouvem e admiram. Que os longínquos astros o continuem a
iluminar e a propiciar muitos amigos e admiradores e que nunca se sinta
sozinho: senão na letra da canção mas não no sentimento, nas suas qualidades
artísticas, nas daqueles que o acompanham, na sua extraordinária sensibilidade
e talento, nada falte ao seu generoso coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário