EXCERTO DE UMA EMISSÃO, NA
QUAL CHEGUEI A COLABORAR COMO ASSISTENTE DE REALIZAÇÃO - Jorge Trabulo Marques
O prazer de fazer rádio - Era assim, Luís Filipe Barros e o seu programa, Rock em Stock: comunicativo,
espontâneo, bem humorado, inteligente e participativo. Uma referência inesquecível para fãs, bandas
musicais, discográficas e também para
quem, como eu com ele participou, como
assistente de realização, durante alguns meses, do qual tenho o gosto de aqui
recordar, alguns dos momentos de uma das habituais emissões, que guardo no meu vasto arquivo
sonoro de inúmeras entrevistas e
apontamentos de reportagem, que pude realizar como repórter da RDP - Rádio
Comercial
Rock em Stock, sem dúvida, um dos programais
mais carismáticos e históricos da rádio
em Portugal - Seu autor e realizador,
Luís Filipe Barros, considerado um ícone da rádio dos anos 80: um nome
incontornável do meio radiofónico nacional e, tal como tem sido reconhecido,
“o grande impulsionador e divulgador de
novos projetos musicais, nacionais e internacionais. Foi ainda um dos grandes
impulsionadores do “boom” do rock português, no início dos anos 80, ao passar
bandas até então algo desconhecidas, como Xutos & Pontapés, UHF, GNR,
Roxigénio ou Rui Veloso.
Rock em Stock, foi para o
ar, pela primeira vez, em dia 9 de Abril
de 1979 na antena FM Stereo da Rádio Comercial. Era o início de uma história
que, até Junho de 1993 – com uma longa interrupção pelo meio – se faria de
nomes como os GNR, Rui Veloso, Ultravox, Devo, AC-DC, Metallica, Ramones, Sex
Pistols, entre outras das bandas que “passaram” pelo programa da tarde da
Comercial.
“Após o primeiro final do
programa, em 1982, fez durante um ano o “Café com Leite”, também na Rádio
Comercial. Em 1984, abraça o “Ondas Luisianas”. O ano de 1987 seria o do
renascimento do “Rock em Stock”, programa que lidera até 1993, data em que a
Rádio Comercial foi vendida. Depois de uma passagem pela Antena 3, é nomeado
director-adjunto de programas da RDP, mas em 1995, volta a assumir o microfone
para fazer “O Sol da meia noite”, já na Antena 1. Em 2004, LFB reassume o
comando do “Ondas Luisianas“, programa repleto de pop, rock dos anos 80, e que
“tem captado um público fiel na internet”, diz o radialista.”
“Luís Filipe Barros é
considerado um ícone da rádio dos anos 80, sendo que o seu percurso profissionais
vai muito para além do “Rock em Stock”. Após o primeiro final do programa, em
1982, fez durante um ano o “Café com Leite”, também na Rádio Comercial. Em
1984, abraça o “Ondas Luisianas”. O ano de 1987 seria o do renascimento do
“Rock em Stock”, programa que lidera até 1993, data em que a Rádio Comercial
foi vendida. Depois de uma passagem pela Antena 3, é nomeado director-adjunto
de programas da RDP, mas em 1995, volta a assumir o microfone para fazer “O Sol
da meia noite”, já na Antena 1. Em 2004, LFB reassume o comando do “Ondas
Luisianas“, programa repleto de pop, rock dos anos 80, e que “tem captado
um público fiel na internet”, diz o radialista. Luis
Filipe Barros: "Eu fazia o 'Rock em Stock' para mim" - JPN
9 de abril 2009 - Rock em
Stock Foi no dia 9 de
Abril de 1979 que Luís Filipe Barros deu, pela primeira vez, a voz ao “Rock em
Stock”, na antena FM Stereo da Rádio Comercial. Era o início de uma história
que, até Junho de 1993 – com uma longa interrupção pelo meio – se faria de
nomes como os GNR, Rui Veloso, Ultravox, Devo, AC-DC, Metallica, Ramones, Sex
Pistols, entre outras das bandas que “passaram” pelo programa da tarde da
Comercial.
“Hoje ouço emissões do Rock em Stock dessa
altura. As pessoas diziam:”éh pá , olha o ‘Berros’, porque falava alto e muito
depressa”, começa por recordar Luís Filipe Barros,
Facilmente
reconhecível pela forma frenética como comunicava, o radialista privilegiava a
música mais recente de artistas e grupos pouco conhecidos por cá, acompanhando
tudo o que se passava no estrangeiro, nomeadamente o movimento Punk, a New
Wave, o Glam Rock, ou o Electro Pop.
As entrevistas a
algumas das grandes figuras da cena musical da época eram outro dos cartões de
visita do programa:”Tenho o Peter Gabriel, da primeira vez que veio a Portugal,
o Ian Gillan sem os Deep Purple, os Spandau Ballet, os Devo”, lembra LFB.
Um programa
“inesquecível” para fãs e bandas
Certo é que o
programa marcou
uma geração e uma nova forma de fazer rádio. E foi capaz de influenciar, de
alguma forma, o trabalho de alguns radialistas da actualidade, como João Porto
ou Miguel Chagas.
Miguel Chagas
considera Luís Filipe Barros, “um mestre. A força, garra, dinamismo e entrega
com que ele apresentava e apresenta os seus programas são impares. Foram muitas
horas de ouvido colado ao rádio para ouvir ‘o maior’ no ‘Rock em Stock’, no
‘Lança Chamas’ e no ‘Ondas Luísianas’… Até ao dia em que perdi as estribeiras e
vim assistir ao programa ao vivo. Sim, estive ao vivo no ‘Rock em Stock’.
Lindo!”, recorda o locutor da rádio M80.
No caso de João
Porto, a experiência foi mais próxima:”foi num sábado desses longínquos anos 80
que fui visitar o Barros e pedir-lhe para assistir ao programa. E lá estive a
assistir e a ajudar com os discos, já que ao sábado ele não tinha assistente de
programa. Foi, por isso, uma visita que nunca mais esqueci e gostei tanto que
lhe pedi se podia ir no sábado seguinte. A resposta foi sim. E daí em diante,
durante cerca de dois anos, quase todos os sábados, lá estava o João Porto na
Sampaio e Pina”, recorda João Porto.
Miguel Chagas
destaca a forma de locução adoptada por LFB aos comandos do programa. “Porque
numa altura em que os locutores/DJs de rádio eram “cinzentos”, ele mostrou que
existe uma paleta de cores que se podem e devem usar na locução, na música, no
estar frente ao ouvinte”.
Uma forma de estar
que acabou por influenciar João Porto. “Essa experiência no ‘Rock em Stock’
funcionou como uma espécie de estágio para mim e lá aprendi muito do como se
fazia a rádio na altura”, acrescenta o locutor da RFM.
Dos microfones do
estúdio para os do palco, Rui Reininho, vocalista dos GNR, resume em poucas
palavras o “legado” do “Rock em Stock”. “Nem nós nem ele (Luís Filipe Barros)
caímos, e isso é muito bom”. https://jpn.up.pt/2009/04/09/rock-em-stock-o-rock-chegou-a-radio-ha-30-anos/
Luís Filipe Barros é considerado um ícone
da rádio dos anos 80, sendo qeu o seu percurso profissionai vai muito para além
do “Rock em Stock”. Após o primeiro final do programa, em 1982, fez durante um
ano o “Café com Leite”, também na Rádio Comercial. Em 1984, abraça o “Ondas
Luisianas”. O ano de 1987 seria o do renascimento do “Rock em Stock”, programa
que lidera até 1993, data em que a Rádio Comercial foi vendida. Depois de uma
passagem pela Antena 3, é nomeado director-adjunto de programas da RDP, mas em
1995, volta a assumir o microfone para fazer “O Sol da meia noite”, já na
Antena 1. Em 2004, LFB reassume o comando do “Ondas
Luisianas“, programa repleto de pop, rock dos anos 80, e que “tem captado
um público fiel na internet”, diz o radialista.
Luis Filipe
Barros: "Eu fazia o 'Rock em Stock' para mim"852
Divulgou o rock
português como nunca antes o tinham feito, marcando toda uma geração. Em
entrevista ao JPN, Luis Filipe Barros recorda a experiência do "Rock Em
Stock".
JPN: O “Rock em Stock” divulgava o que de mais recente
existia a nível internacional, mas também passou muito rock português. Foi isso
que distinguiu o programa??
LFB: Eu fiz a primeira experiência com o
Rui Veloso e os UHF. Um ano depois de termos começado, e as pessoas começarem a
notar na música no programa, começaram a aparecer mais bandas entusiasmadas, ao
ver que estávamos a apoiar essas duas bandas e os resultados tinham sido bons.
Depois começaram a mandar maquetes e mais maquetes. Ao principio, tínhamos tudo
sob controlo. Mas depois começaram a aparecer muitas bandas. Depois também
apareceu o Júlio Isidro também na onda média a passar as bandas que a gente não
queria, mas indicava: “é melhor ir falar com o Júlio”. Ele tinha um programa na
altura, que tinha muito mais força que nós, que era o “Passeio dos Alegres”, ao
domingo. As bandas que eram rejeitadas no “Rock em Stock” iam ter com ele
É verdade que muitas bandas, quando lançavam um novo
disco ou single, colocavam um autocolante a dizer que tinham estado no “top” do
“Rock em Stock”?
Pois, isso começou com os estrangeiros
principalmente. Deve ter passado também com as portuguesas.Com as bandas
estrangeiras, as editoras das lojas de discos punham o sticker na altura
a dizer primeiro lugar no Rock em Stock. A venda estava garantida.
Era algo com muito impacto…
Não havia mercado em Portugal. Primeiro,
não havia programas dirigidos a jovens. Apareceu o “Rock em Stock” nessa
altura. De repente, as pessoas passaram a tomar conhecimento com as bandas lá
de fora. Começou a haver um negócio, uma nova indústria em Portugal. Com o
“Rock em Stock”, aumentou-se a venda de aparelhos FM e gira-discos. Depois
vieram os jornais de música. E começaram os concertos. Notava-se que havia um
público para tudo isto. E tudo foi iniciado por nós, sem pensarmos nisso. Então
começaram a vir bandas a Portugal
Então o que levou o Luís a terminar com o programa em
1982?
Eram muitas pressões, que era uma coisa
que não estávamos habituados. Depois apareciam-me quinhentas bandas a pedir
para passar a música. E dessas, só gostava de uma. As editoras, ao verem que o
programa tinha sucesso, queriam que a sua música passasse. Essa foi uma das
razões para eu terminar com o programa em 1982. A pressão era tanta, tanta,
tanta, que eu disse “esperem aí que eu já vou tratar do vosso assunto”:
Acaba-se com o programa.
Então o que o Luís fez depois desta primeira paragem
do programa Rock em Stock
Estive durante um ano no programa de rádio
matinal “Café Com Leite”, também na Rádio Comercial. Depois voltei com uma hora
à tarde, com outro programa que era as “Ondas Luisianas”, com música rock.
Depois da meia noite até à uma, era as “Ondas Luisianas” versão da noite, com
música electro pop, com os Depeche Mode , os The Cure – que tinham abandonado
aquela fase mais gótica -, o Bryan Adams, o Bruce Springsteen que na altura
(1984) apareceu com o “Born in USA”, os U2, etc. Depois juntei as duas horas à
noite, e fundi o hard-rock com a electro pop.
Eu acho que era a evolução na altura. O Rock
em Stock já tinha ficado para trás. A New Wave já tinha acabado praticamente,
por volta de 1982, 1983.
E depois, quando surgiu então a oportunidade de voltar
ao programa “Rock em Stock”?
Quando começa a rebentar nos EUA, o Glam
Rock em 1987. Dos Gun´s Roses até aos Nirvana. Foi aí que eu apostei na música
mais dura. Se as pessoas julgavam que o regresso do “Rock em Stock” seria à
base dos êxitos mais antigos, ou à procura desses êxitos para continuar no
programa… Não, surpreendi as pessoas e dei um passo em frente para a música
mais dura. Qual era a rádio que passava às quatro da tarde Anthrax, Metallica
ou Guns´s Roses? Não havia programa da tarde em Portugal, ou no mundo que
passasse esse tipo de música. Foi um risco que corri, mas foi uma aposta ganha.
Fui buscar uma nova adolescência ao programa na altura. [risos]
Porquê a escolha de um ritmo frenético para a
apresentação do programa , que lhe valeu o apelido de “Berros”?
Eu fui muito influenciado pela rádio
inglesa na altura. Quando era adolescente ouvia a rádio Caroline. Foi a
primeira estação pirata que houve no mundo e que transmitia a música que a BBC
não transmitia, que era a única estação que havia em Inglaterra. Era uma
estação que era feita num barco com uns disc-jockeys, uns locutores que falavam
muito depressa a imitar os americanos. E eu ouvia essa estação em Portugal no
rádio a pilhas.A forma como eles falavam influenciou-me bastante.
O programa tinha um alinhamento fixo com orientações
específicas?
Nenhum. Por exemplo, a gente hoje vê que a
banda tal é conhecida através deste single e do outro. E em Portugal, as
pessoas só conheciam outras músicas que eram as músicas que e passava. Porque
eu escolhia. Eu nunca seguia as orientações das editoras. Por isso é que
passava várias músicas de bandas que são só conhecidas em Portugal, enquanto o
êxito dessa banda lá fora, em França, Inglaterra, Holanda, Suíça ou EUA, foi
outra música. Depois, eu era capaz de tocar a mesma música quatro vezes numa
hora. Porque era o prazer que eu tinha. Eu estava-me borrifando para que as
pessoas dissessem que eu estava a apertar com aquela música e a tentar
influenciar. Não, eu fazia o programa para mim. Se pensasse que havia gente do
outro lado a ouvir o programa, eu acho que não era capaz de fazer metade do que
fiz.
Então dominava o desconhecido para o ouvinte, quando
começava o programa?
Bem, eu começava o programa com a música
da semana, escolhida por mim. Depois dali para a frente, era como nas
discotecas. Eu não tinha uma pré-lista. Levava cerca de 60 álbuns e tocava na
altura o que me dava na cabeça.
Em todos esses anos de “Rock em Stock”, o Luís deve
ter certamente histórias engraçadas para partilhar…
Sim.Lembro-me de ter recusado dar uma
entrevista aos Supertramp. Porque eles não queriam dar entrevistas a ninguém em
Portugal a não ser ao programa. De maneira que eu não quis dar a entrevista em
solidariedade com os jornalistas portugueses. É chato. Eles eram também
percursores do nosso trabalho [risos].
Qual o balanço que faz dos 30 anos deste programa?
Nestes trinta anos, pareço um Paul
McCartney, quando falam dos Beatles de há 40 ou 50 anos, com as devidas
distâncias, claro [risos]. Mas é agradável saber que fizemos um programa que
valeu a pena e que ficou na memória de muita gente. Luis Filipe Barros: "Eu fazia o
'Rock em Stock' para mim" - JPN
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