Coa junto à foz do Maçoeime - Aqui há vestígios com mais 70 mil anos |
"Vale do Côa
Património Mundial da UNESCO -Inscrito na Lista da Unesco
como Património da Humanidade em 1998, o Vale do Côa é considerado
“o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre”. O sítio
arqueológico divide-se em dois eixos fluviais principais: 30 quilómetros ao
longo do rio Côa – Faia, Penascosa, Quinta da Barca, Ribeira de Piscos, Canada
do Inferno – e 15 quilómetros pelas margens do rio Douro – Fonte Fireira,
Broeira, Foz do Côa, Vermelhosa, Vale de José Esteves, Vale de Cabrões".
"Arte gravada na pedra - Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa
apresenta mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais
de 70 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas,
executadas há cerca de 25.000 anos. http://www.centerofportugal.com/pt/vale-do-coa/
O Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), que
assinala 22 anos, em Agosto, tem vindo a conhecer novo impulso, quer na
proteção dos núcleos das gravuras, que passaram de novo a contar com atenta
vigilância, depois de algumas gravuras terem sido vandalizadas nos Picos, com a
nova gestão liderada por Nuno Navarro, passou a assumir novos compromissos, tanto
a nível das visitas turísticas, escavações e outros trabalhos de campo, como por
uma maior valorização do património natural envolvente das gravuras – E os resultados
são realmente surpreendentes.
Arqueóloga Carla Magalhães |
Agora já há vestígios acima dos 30 mil anos - Aos 70 mil |
Quinta da Cardina - Ao fundo ficam as escavaçoes |
Uma equipa multidisciplinar colocou a descoberto, no
Vale do Côa, provas que mostram “com clareza” que o homem de Neandertal ocupou de
forma continuada aquele território antes da chegada do ‘homo sapiens sapiens’.
A presença continuada do homem de Neandertal, em
acampamento ao ar livre, no Vale do Côa, ficou comprovada com este registo
arqueológico, composto para sondagens arqueológicas, o que torna este sítio
único na Europa”, disse esta segunda-feira à Lusa o arqueólogo Thierry Aubry,
um dos especialistas da Fundação Côa Parque envolvidos na investigação.
Escavações - Côa - Fariseu |
Para o investigadores, ao longo das várias camadas evidenciadas nas sondagens arqueológicas feitas no lugar do Salto do Boi/Cardina, é possível perceber que o homem de Neandertal e o ‘homo sapiens sapiens’ ocuparam o mesmo sítio durante milhares de anos, de forma contínua, o que permite comparar o seu modo de vida e dar um contexto à arte rupestre do Côa.
Depois de se percorrer cerca de 25 quilómetros por
estradas sinuosas, chega-se ao sítio arqueológico do Salto do Boi/Cardina, nas
proximidades da aldeia de Chãs, onde foi descoberta, através de um conjunto de
sondagens, esta “novidade para a arqueologia”.
Côa - Fariseu |
No lugar do Salto do Boi, com o rio Côa a seus pés,
arqueólogos e outros técnicos escavaram ao longo dos últimos dois meses mais de
cinco de metros em profundidade, para chegar à conclusão de que parte dos
vestígios encontrados pertence à época da ocupação dos Neandertais (350.000 a
35.000 a.C.).
“Até agora, sabíamos que os últimos Neandertais
ocuparam o Vale do Côa no período entre 60.000 e 35.000 a.C.. No entanto, no
fim desta última campanha ultrapassamos aos cinco metros de profundidade onde
foram encontrados vestígios de ocupações mais antigas e sucessivas dos sítios
pelos Neandertais”, vincou o arqueólogo.
Segundo Thierry Aubry, no interior da Península
Ibérica há pouco sítios arqueológicos datados do Paleolítico Médio, e o que se
conhece são ocupações únicas e não continuadas.
Neste lugar, temos dezenas de níveis que mostram uma
ocupação contínua dos caçadores-recoletores do Côa que conseguimos demonstrar
com o estudo do material recolhido. É possível descodificar a transição entre
os últimos Neandertais e os primeiros homens modernos [os artistas do Vale do
Côa] que ocuparam a Península Ibérica”, enfatizou o arqueólogo.
Neste momento, segundo o arqueólogo, há “dados
arqueológicos que vão permitir estabelecer que os artistas do Côa chegam a este
lugar, após uma longa tradição de ocupação humana com mais de 90 mil anos no
sítio do Salto do Boi/Cardina”.
Nestas escavações, a ideia não era a de encontrar
peças bonitas, mas sim informação que nos permitisse perceber como as pessoas
viviam, o que faziam, por onde passaram ou o efetivo do grupo nestas paragens”,
indicam os investigadores envolvidos nos estudos arqueológicos do Vale do Côa.
Agora, o desafio que se coloca aos investigadores é
perceber o porquê de os Neandertais e seus descendentes escolherem o território
do Côa para perpetuar a sua arte rupestre e continuar as escavações de forma
mais abrangente.
O núcleo duro desta equipa de investigadores é
composto pelos quadros da Fundação Côa Parque, aos quais se juntam elementos de
diversas universidades.
Uma luta que não foi inglória |
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