Jorge Trabulo Marques - Jornalista e Investigador
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Coa junto à foz do Maçoeime - Aqui há vestígios com mais 70 mil anos |
"Vale do Côa
Património Mundial da UNESCO -Inscrito na Lista da Unesco
como Património da Humanidade em 1998, o Vale do Côa é considerado
“o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre”. O sítio
arqueológico divide-se em dois eixos fluviais principais: 30 quilómetros ao
longo do rio Côa – Faia, Penascosa, Quinta da Barca, Ribeira de Piscos, Canada
do Inferno – e 15 quilómetros pelas margens do rio Douro – Fonte Fireira,
Broeira, Foz do Côa, Vermelhosa, Vale de José Esteves, Vale de Cabrões".
"Arte gravada na pedra - Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa
apresenta mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais
de 70 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas,
executadas há cerca de 25.000 anos. http://www.centerofportugal.com/pt/vale-do-coa/
O Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), que
assinala 22 anos, em Agosto, tem vindo a conhecer novo impulso, quer na
proteção dos núcleos das gravuras, que passaram de novo a contar com atenta
vigilância, depois de algumas gravuras terem sido vandalizadas nos Picos, com a
nova gestão liderada por Nuno Navarro, passou a assumir novos compromissos, tanto
a nível das visitas turísticas, escavações e outros trabalhos de campo, como por
uma maior valorização do património natural envolvente das gravuras – E os resultados
são realmente surpreendentes.
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Arqueóloga Carla Magalhães |
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Agora já há vestígios acima dos 30 mil anos - Aos 70 mil |
Uma boa noticia, que, todavia,
já era do meu conhecimento, em Junho passado - A Carla Magalhães,
um dos poucos rostos que ainda se mantem desde as primeiras investigações no
Vale do Côa, disse-me, quando agora revistei o Museu do Vale do Côa, no mês
passado, que, no sítio da Cardina, propriedade do Prof. Fernando Baltazar,
natural de Chãs, mas no termo de Tomadias, Santa Comba, as escavações puseram a
descoberto patamares de 70 mil anos AC - Sem dúvida, uma boa noticia e um
excelente trabalho arqueológico
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Quinta da Cardina - Ao fundo ficam as escavaçoes |
Aqui fica, pois, a boa nova divulgada pela Lusa - - "Uma equipa multidisciplinar colocou
a descoberto, no Vale do Côa, provas que mostram "com clareza" que o
homem de Neandertal ocupou de forma continuada aquele território.

Uma equipa multidisciplinar colocou a descoberto, no
Vale do Côa, provas que mostram “com clareza” que o homem de Neandertal ocupou de
forma continuada aquele território antes da chegada do ‘homo sapiens sapiens’.

A presença continuada do homem de Neandertal, em
acampamento ao ar livre, no Vale do Côa, ficou comprovada com este registo
arqueológico, composto para sondagens arqueológicas, o que torna este sítio
único na Europa”, disse esta segunda-feira à Lusa o arqueólogo Thierry Aubry,
um dos especialistas da Fundação Côa Parque envolvidos na investigação.
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Escavações - Côa - Fariseu |
Depois de se percorrer cerca de 25 quilómetros por
estradas sinuosas, chega-se ao sítio arqueológico do Salto do Boi/Cardina, nas
proximidades da aldeia de Chãs, onde foi descoberta, através de um conjunto de
sondagens, esta “novidade para a arqueologia”.
Para o investigadores, ao longo das várias camadas
evidenciadas nas sondagens arqueológicas feitas no lugar do Salto do
Boi/Cardina, é possível perceber que o homem de Neandertal e o ‘homo sapiens
sapiens’ ocuparam o mesmo sítio durante milhares de anos, de forma contínua, o
que permite comparar o seu modo de vida e dar um contexto à arte rupestre do
Côa.
Depois de se percorrer cerca de 25 quilómetros por
estradas sinuosas, chega-se ao sítio arqueológico do Salto do Boi/Cardina, nas
proximidades da aldeia de Chãs, onde foi descoberta, através de um conjunto de
sondagens, esta “novidade para a arqueologia”.
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Côa - Fariseu |
Para os investigadores, ao longo das várias camadas
evidenciadas nas sondagens arqueológicas feitas no lugar do Salto do
Boi/Cardina, é possível perceber que o homem de Neandertal e o ‘homo sapiens
sapiens’ ocuparam o mesmo sítio durante milhares de anos, de forma contínua, o
que permite comparar o seu modo de vida e dar um contexto à arte rupestre do
Côa.
No lugar do Salto do Boi, com o rio Côa a seus pés,
arqueólogos e outros técnicos escavaram ao longo dos últimos dois meses mais de
cinco de metros em profundidade, para chegar à conclusão de que parte dos
vestígios encontrados pertence à época da ocupação dos Neandertais (350.000 a
35.000 a.C.).
“Até agora, sabíamos que os últimos Neandertais
ocuparam o Vale do Côa no período entre 60.000 e 35.000 a.C.. No entanto, no
fim desta última campanha ultrapassamos aos cinco metros de profundidade onde
foram encontrados vestígios de ocupações mais antigas e sucessivas dos sítios
pelos Neandertais”, vincou o arqueólogo.
Segundo Thierry Aubry, no interior da Península
Ibérica há pouco sítios arqueológicos datados do Paleolítico Médio, e o que se
conhece são ocupações únicas e não continuadas.
Neste lugar, temos dezenas de níveis que mostram uma
ocupação contínua dos caçadores-recoletores do Côa que conseguimos demonstrar
com o estudo do material recolhido. É possível descodificar a transição entre
os últimos Neandertais e os primeiros homens modernos [os artistas do Vale do
Côa] que ocuparam a Península Ibérica”, enfatizou o arqueólogo.
Neste momento, segundo o arqueólogo, há “dados
arqueológicos que vão permitir estabelecer que os artistas do Côa chegam a este
lugar, após uma longa tradição de ocupação humana com mais de 90 mil anos no
sítio do Salto do Boi/Cardina”.
Nestas escavações, a ideia não era a de encontrar
peças bonitas, mas sim informação que nos permitisse perceber como as pessoas
viviam, o que faziam, por onde passaram ou o efetivo do grupo nestas paragens”,
indicam os investigadores envolvidos nos estudos arqueológicos do Vale do Côa.
Agora, o desafio que se coloca aos investigadores é
perceber o porquê de os Neandertais e seus descendentes escolherem o território
do Côa para perpetuar a sua arte rupestre e continuar as escavações de forma
mais abrangente.
O núcleo duro desta equipa de investigadores é
composto pelos quadros da Fundação Côa Parque, aos quais se juntam elementos de
diversas universidades.
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Uma luta que não foi inglória |
O projeto de escavações no sítio do Salto do
Boi/Cardina conta com o financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia e
a cooperação das universidades de Coimbra, Barcelona e Lisboa. Lusa – Noticia citada pelo OBSERVADOR
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