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terça-feira, 17 de julho de 2018

Vale do Côa - Descobertos vestigios de mais de 70 mil anos - A juntarem-se à fabulosa história de milhares de gravuras a céu aberto- Escavações arqueológicas junto ao supé das ladeiras da Quinta da Cardina, junto às mais belas cascatas do Rio Côa, comprovam que homem de Neandertal ocupou Vale do Côa de forma continuada

Jorge Trabulo Marques - Jornalista e Investigador


Coa junto à foz do Maçoeime - Aqui há vestígios com mais 70 mil anos

"Vale do Côa Património Mundial da UNESCO  -Inscrito na Lista da Unesco como Património da Humanidade em 1998, o Vale do Côa é considerado “o mais importante sítio com arte rupestre paleolítica de ar livre”. O sítio arqueológico divide-se em dois eixos fluviais principais: 30 quilómetros ao longo do rio Côa – Faia, Penascosa, Quinta da Barca, Ribeira de Piscos, Canada do Inferno – e 15 quilómetros pelas margens do rio Douro – Fonte Fireira, Broeira, Foz do Côa, Vermelhosa, Vale de José Esteves, Vale de Cabrões".

"Arte gravada na pedra  - Como uma imensa galeria ao ar livre, o Vale do Côa apresenta mais de mil rochas com manifestações rupestres, identificadas em mais de 70 sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 25.000 anos. http://www.centerofportugal.com/pt/vale-do-coa/



O Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), que assinala 22 anos, em Agosto, tem vindo a conhecer novo impulso, quer na proteção dos núcleos das gravuras, que passaram de novo a contar com atenta vigilância, depois de algumas gravuras terem sido vandalizadas nos Picos, com a nova gestão liderada por Nuno Navarro, passou a assumir novos compromissos, tanto a nível das visitas turísticas, escavações e outros trabalhos de campo, como por uma maior valorização do património natural envolvente das gravuras – E os resultados são realmente surpreendentes.



Arqueóloga Carla Magalhães
Agora já há vestígios acima dos 30 mil anos - Aos 70 mil
Uma boa noticia, que, todavia, já era do meu conhecimento, em Junho passado - A Carla Magalhães, um dos poucos rostos que ainda se mantem desde as primeiras investigações no Vale do Côa, disse-me, quando agora revistei o Museu do Vale do Côa, no mês passado, que, no sítio da Cardina, propriedade do Prof. Fernando Baltazar, natural de Chãs, mas no termo de Tomadias, Santa Comba, as escavações puseram a descoberto patamares de 70 mil anos AC - Sem dúvida, uma boa noticia e um excelente trabalho arqueológico


Quinta da Cardina - Ao fundo ficam as escavaçoes
Aqui fica, pois, a boa nova divulgada pela Lusa -  - "Uma equipa multidisciplinar colocou a descoberto, no Vale do Côa, provas que mostram "com clareza" que o homem de Neandertal ocupou de forma continuada aquele território.




Uma equipa multidisciplinar colocou a descoberto, no Vale do Côa, provas que mostram “com clareza” que o homem de Neandertal ocupou de forma continuada aquele território antes da chegada do ‘homo sapiens sapiens’.


A presença continuada do homem de Neandertal, em acampamento ao ar livre, no Vale do Côa, ficou comprovada com este registo arqueológico, composto para sondagens arqueológicas, o que torna este sítio único na Europa”, disse esta segunda-feira à Lusa o arqueólogo Thierry Aubry, um dos especialistas da Fundação Côa Parque envolvidos na investigação.


Escavações - Côa - Fariseu
Depois de se percorrer cerca de 25 quilómetros por estradas sinuosas, chega-se ao sítio arqueológico do Salto do Boi/Cardina, nas proximidades da aldeia de Chãs, onde foi descoberta, através de um conjunto de sondagens, esta “novidade para a arqueologia”.




Para o investigadores, ao longo das várias camadas evidenciadas nas sondagens arqueológicas feitas no lugar do Salto do Boi/Cardina, é possível perceber que o homem de Neandertal e o ‘homo sapiens sapiens’ ocuparam o mesmo sítio durante milhares de anos, de forma contínua, o que permite comparar o seu modo de vida e dar um contexto à arte rupestre do Côa. 


Depois de se percorrer cerca de 25 quilómetros por estradas sinuosas, chega-se ao sítio arqueológico do Salto do Boi/Cardina, nas proximidades da aldeia de Chãs, onde foi descoberta, através de um conjunto de sondagens, esta “novidade para a arqueologia”.



Côa - Fariseu
Para os investigadores, ao longo das várias camadas evidenciadas nas sondagens arqueológicas feitas no lugar do Salto do Boi/Cardina, é possível perceber que o homem de Neandertal e o ‘homo sapiens sapiens’ ocuparam o mesmo sítio durante milhares de anos, de forma contínua, o que permite comparar o seu modo de vida e dar um contexto à arte rupestre do Côa. 


No lugar do Salto do Boi, com o rio Côa a seus pés, arqueólogos e outros técnicos escavaram ao longo dos últimos dois meses mais de cinco de metros em profundidade, para chegar à conclusão de que parte dos vestígios encontrados pertence à época da ocupação dos Neandertais (350.000 a 35.000 a.C.).


“Até agora, sabíamos que os últimos Neandertais ocuparam o Vale do Côa no período entre 60.000 e 35.000 a.C.. No entanto, no fim desta última campanha ultrapassamos aos cinco metros de profundidade onde foram encontrados vestígios de ocupações mais antigas e sucessivas dos sítios pelos Neandertais”, vincou o arqueólogo.


Segundo Thierry Aubry, no interior da Península Ibérica há pouco sítios arqueológicos datados do Paleolítico Médio, e o que se conhece são ocupações únicas e não continuadas.


Neste lugar, temos dezenas de níveis que mostram uma ocupação contínua dos caçadores-recoletores do Côa que conseguimos demonstrar com o estudo do material recolhido. É possível descodificar a transição entre os últimos Neandertais e os primeiros homens modernos [os artistas do Vale do Côa] que ocuparam a Península Ibérica”, enfatizou o arqueólogo.


Neste momento, segundo o arqueólogo, há “dados arqueológicos que vão permitir estabelecer que os artistas do Côa chegam a este lugar, após uma longa tradição de ocupação humana com mais de 90 mil anos no sítio do Salto do Boi/Cardina”.


Nestas escavações, a ideia não era a de encontrar peças bonitas, mas sim informação que nos permitisse perceber como as pessoas viviam, o que faziam, por onde passaram ou o efetivo do grupo nestas paragens”, indicam os investigadores envolvidos nos estudos arqueológicos do Vale do Côa.


Agora, o desafio que se coloca aos investigadores é perceber o porquê de os Neandertais e seus descendentes escolherem o território do Côa para perpetuar a sua arte rupestre e continuar as escavações de forma mais abrangente.


O núcleo duro desta equipa de investigadores é composto pelos quadros da Fundação Côa Parque, aos quais se juntam elementos de diversas universidades.


Uma luta que não foi inglória
O projeto de escavações no sítio do Salto do Boi/Cardina conta com o financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia e a cooperação das universidades de Coimbra, Barcelona e Lisboa. Lusa – Noticia citada pelo OBSERVADOR


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