Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Autor da descoberta - Organizador e coordenador do evento)
O Equinócio da Primavera 2017, ocorreu, hoje, dia 20, às 10h29min.TMG – Instante esse que marcava o início da Primavera no Hemisfério Norte. Os dias vão a partir de agora a ser maiores que as noites, por 92,79 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Junho às 05h24min. Nós celebrámo-lo, de uma forma singela mas de profundo significado mistifico astronómico e histórico, momentos depois de se levantar no alto das colinas e ladeiras do Rio Coa - do Vale Sagrado - No altar sacrificial da Pedra da cabeleira de Nª Srª
Havia noticias que diziam que a Primavera ia entrar nebulosa e fria, e até com possibilidades de chuva ou de aguaceiros, poderá ser amanhã ou depois, mas por estas bandas, ainda não foi hoje
Mas por acaso até foi essa a ideia que me turbou o pensamento, ao
levantar-me da cama e ao espreitar pela janela, à seis da manhã- De facto, quando sai de casa e vi a aldeia, imersa
em nevoeiro, quase me apeteceu rogar umas pragas à a S. pedro ou à meteorologia pela partida, que parecia
querer despontar-me
O objetivo
destes eventos, não visa promover
qualquer espécie de culto ou de sacrifício, como talvez os povos, que se
abrigavam por estas penedias, o terão feito, mas tão somente o de recuperar, o que, esses ancestrais costume ou rituais, teriam de
mais belo, energético, sagrado e purificador: o estreitamento com as maravilhas
concedias pela Mãe-natureza, de que a sociedade atual, tanto se tem divorciado,
em favor do supérfluo, do superficial e do
ruidoso
LÁ ESTIVEMOS PARA RECEBER AS ENERGIAS BENFAZEJAS E PURIFICADORAS DO LENDÁRIO E EGÍPCIO OLHO DE HORUS - Não como mero amuleto de tatuagem ou de trazer ao peito, como sucede na atualidade mas vivificantemente coroado de raios de luz e de esplendor


Referem estudiosos que OS EGÍPCIOS utilizavam vários amuletos protetores, tanto em vida quanto em suas múmias. Entre os mais antigos encontra-se o Olho Uedjat que já aparece no Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) e é um dos mais comuns em todos os períodos da história egípcia. Ele simbolizava o olho direito do falcão, isto é, de Hórus, - Pois bem, o mais certo é os egípcios - berço de uma das mais avançadas civilizações - terem herdado esse conhecimento de outras civilizações ainda mais rciadas.
VALEU A PENA LEVANTAR CEDINHO
LÁ ESTIVEMOS PARA RECEBER AS ENERGIAS BENFAZEJAS E PURIFICADORAS DO LENDÁRIO E EGÍPCIO OLHO DE HORUS - Não como mero amuleto de tatuagem ou de trazer ao peito, como sucede na atualidade mas vivificantemente coroado de raios de luz e de esplendor
Referem estudiosos que OS EGÍPCIOS utilizavam vários amuletos protetores, tanto em vida quanto em suas múmias. Entre os mais antigos encontra-se o Olho Uedjat que já aparece no Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) e é um dos mais comuns em todos os períodos da história egípcia. Ele simbolizava o olho direito do falcão, isto é, de Hórus, - Pois bem, o mais certo é os egípcios - berço de uma das mais avançadas civilizações - terem herdado esse conhecimento de outras civilizações ainda mais rciadas.
VALEU A PENA LEVANTAR CEDINHO

Levantei-me cedinho para estar, a tempo e horas, no
local, porque o relógio do tempo não
pára, e, os antigos calendários solares, não precisam de ser substituídos,
mantem-se inalteráveis na sua perene e pétrea
monumentalidade – De saco na mão, com o Didjeridu, o equipamento fotográfico, várias túnicas para eventuais visitantes, que as quisessem
envergar – Ao contrário da maioria das celebrações
anteriores, desta vez caminhava sozinho, e, quando me plantei,
envergando uma das túnicas, frente ao altar sacrificial do imponente enigmático bloco granítico, cada
vez mais me mentalizava de que ia cumprir
o programa, sem mais ninguém, mas pouco depois, lá apareciam os mais dedicados participantes
e colaboradores habituais:
António Lourenço, ex-autarca da freguesia, o homem
que, ao longo de mais de 30 anos, mudaria, no bom sentido da palavra, completamente
a face da aldeia, desde o ´saneamento, ao abastecimento de água e de eletricidade,
entre tantas outras valiosas obras e melhoramentos.
– É o atual Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros voluntários de V. N. de Foz Côa, onde têm desempenhado um excelente trabalho de reconhecido louvor e mérito – Natural do vizinho concelho de Meda, casou nesta minha aldeia, com a prof. Amélia Lourenço (outra das pessoas voluntariosas a lavar as túnicas ou a prestar-nos a sua colaboração no que for preciso), pois, sim senhor, embora quase sobre a hora, mas ainda assim a tempo de se associar, ele que até já havia cortado algumas silvas no recinto, num dos dias anteriores, ali estava a parar a sua carinha para vir ao meu encontro – Tal como sucederia com outros amigos e colaboradores habituais, que não têm faltado
O Prof.
José Lebreiro, natural de Foz Côa, um dos cofundadores da Foz Côa Friends - Associação e também, um dos seus principais dinamizadores: uma homem de cultura e de sensibilidade,
que durante vários anos, ligado à Universidade de Coimbra, um coração magnânimo,
voluntarioso e sensível, sempre muito empenhado nas mais diversas questões
culturais do concelho – Acompanhá-lo, também o inconfundível José Andrade, uma
figura também muito dedicada e voluntariosa, um talentoso fadista, grande
animador e conversador – E também uma quase enciclopédia de histórias do que
observa e retém a sua memória.
Poucos mas de espírito muito alegre e participativo – Prevejo, que, um dia chegará, em que o local será visitado por muita gente: oxalá não em jeito de romaria, como acontece em tudo quanto é demasiado publicitado mas ao mesmo tempo dessacralizado – Certamente, no dia em que, alguma televisão estrangeira, de expressão internacional ou produção cinematográfico, souber dar a devida importância às maravilhas pré-históricas, existentes os Tambores, Quebradas Mamcheia

Na qualidade de coordenador e organizador das várias festividades, já ali juntamos várias
centenas de participantes, já ali, levámos até grupos de ballet e promovemos
várias manifestações artísticas, já ali se fizeram reportagens televisivas
(SIC;TVI e RTP ) em direto e gravadas, nos primeiro eventos, , pois, mas, como
se sabe, em Portugal, de um modo geral, a cultura continua a ser um parente
pobre – E, como já não é novidade, deixou de interessar. Se calhar, ainda bem:
valem mais pouco de muitos e ruidosos – E os momentos, que pude desfrutar com os três
amigos, talvez não fosse possível na confusão de muita gente.

No Outono,
como é o horário do Verão, não custa tanto, mas por esta altura as manhãs,
costumam ainda ser um bocado frescotas e pouco motivadoras para festas ao nascer do sol – A celebração do solstício, como ocorre ao pôr-do-sol, é mais participada - , Naturalmente, não deixaremos de a organizar.
CELEBRÁMOS O EQUINÓCIO DA PRIMAVERA COM POEMAS DE MÁRIO CESARINY do livro “Primavera Autónoma das Estradas" e de "A Porta do Labirinto" de MANUEL DANIEL - Tudo começou com a recordação da visita que Fernando Assis Pacheco, o poeta, jornalista e escritor, aqui fizera um mês antes da sua morte

Um dos objetivos destas nossas iniciativas, tem sido também prestarmos homenagem a poetas e escritores: a ideia surgiu-nos na pedra, a que demos o nome de o Alltar dos Poetas, batizado com esta designação pelo facto de ali ter erguido os braços o poeta , escritor e jornalista, Fernando Assis Pacheco, um mês antes da sua morte, no regresso a Lisboa, depois de ter ido ao vale do Côa a fazer uma reportagem para a revista Visão -
Convidei-o a dar ali um asseio para visitar aquele local: nomeadamente a Pedra da
Cabeleira e o Castro do Curral da Pedra: - também gostaria de o ter levado ao
Castelo Velho, Cova da Moura e fazer uma incursão por outros locais do maciço
dos Tambores, onde há muita curiosidade para ver, mas a o fim da tarde desse
dia, galopava e ele ainda tinha pela frente uma viagem muito longa. Mesmo
assim, ainda deambulou por ali um bocado: ao retomarmos o caminho de regresso,
sugeri-lhe para se despedir com um breve ritual, subindo para uma pedra, que
parecia mesmo talhada para altar e ali prenunciar umas palavrinhas, que eu lhe transmitira,
voltando-se ao mesmo tempo para todos os quadrantes: assim fez, partindo dali
radiante e entusiasmado pelos agradáveis e reconfortantes mementos que ali
passou – Mas, pelos vistos, naquele dia, o gesto acabaria pro ser premonitório,
dado ter falecido um mês depois.
Em sua homenagem, e em sua memória, a pedra passou
a ter um significado especial -
Precisamente, no mesmo dia em que tomei conhecimento da sua morte, gravaria as
iniciais do seu nome, entre um pequeno triangulo – Pois tem sido, nessa pedra -
especialmente na celebração do solstício do Verão, - que se têm recordado e prestado várias homenagens - No entanto, também o fazemos na Pedra da
Cabeleira de Nª Sra ou mesmo em ambos os locais, se o homenageado for vivo e
estiver presente: - Entre outras figuras, foi o caso do poeta, Manuel Daniel, na
pose da fotografia, com que aqui recordamos a sua presença – Por razões de
saúde – particularmente da sua vista – tem podido ali voltar – Mas nós achamos que
continua a ser merecedor da nossa distinção – Eis, pois, a razão pela qual, de
vez em quando, ali gostamos de ler alguns do seus belos poemas, tal como hoje
sucedeu, simultaneamente com a leitura
de alguns poema de Mário Cesariny, a que me referi noi post anterior.
CELEBRÁMOS O EQUINÓCIO DA PRIMAVERA COM POEMAS DE MÁRIO CESARINY do livro “Primavera Autónoma das Estradas" e de "A Porta do Labirinto" de MANUEL DANIEL - Tudo começou com a recordação da visita que Fernando Assis Pacheco, o poeta, jornalista e escritor, aqui fizera um mês antes da sua morte
Celebração do Solstício do Verão |
Um dos objetivos destas nossas iniciativas, tem sido também prestarmos homenagem a poetas e escritores: a ideia surgiu-nos na pedra, a que demos o nome de o Alltar dos Poetas, batizado com esta designação pelo facto de ali ter erguido os braços o poeta , escritor e jornalista, Fernando Assis Pacheco, um mês antes da sua morte, no regresso a Lisboa, depois de ter ido ao vale do Côa a fazer uma reportagem para a revista Visão -

MULTIFACETADA – ADVOGADO, POETA, ESCRITOR, DRAMATURGO E O HOMEM AO SERVIÇO DA CAUSA PÚBLICA


Mas não menos relevantes
são as letras que vêm a ser musicadas e gravadas em discos e cassetes -
Interpretadas por Ramiro Marques, em EP nas
canções “Amor de Mãe” e “Amor de Pai”, pela Imavox, em 1974 – E,
também, anos mais tarde, as letras para um “Missa da Paz” e coletâneas temáticas
sobre “Natal e Avós” E, com música de Carlos Pedro, as “Bolas de
Sabão”, “Ciganos”, “Silêncio” e outros poemas.
“No fundo, com tudo isto, nós queremos interrogar o Universo para saber quem somos e o que fazemos aqui. Em todo este esforço à volta da contemplação do sol, do fenómeno da vida e dos movimentos dos astros, em tudo isto há uma interrogação latente: que é o homem que se está a perguntar a si mesmo, quem é ele e o que faz sobre a terra. Queremos saber através destas celebrações, ainda que o não pensemos, a nossa total identidade" - Palavas de do poeta Manuel Pires Daniel, pronunciadas na celebração do solstício do Verão, em 2011
"Nos dias de Equinócio ou de Solstício, tenho sempre uma lembrança especial da sua pessoa, pelo exemplo que resuma do seu esforço no sentido de valorizar o observatório milenar que descobriu e vai revelando persistentemente no Santuário Rupestre dos Tambores, nas Chãs.
Lamento
não possuir capacidade visual para poder acompanhar as suas iniciativas, e
não deixo de me sentir reconhecido pelo trabalho que vem desenvolvendo por um importante valor histórico das nossas terras.
A HOMENAGEM A MÁRIO CESARINY - FOI TAMBÉM O TRIBUTO A UM BOM AMIGO
Jorge Trabulo Marques - Mário Cesariny |
Tive oportunidade de ser amigo de Mário Cesariny de Vasconcelos, de ter partilhado com ele variadíssimos e inesquecíveis momentos de agradável convívio; daí o duplo prazer, quer pela admiração da sua personagem como da sua obra, com que, juntamente com o poeta Manuel Daniel, associámos a poesia de ambos à celebração do Equinócio da Primavera
"Passados dez anos, sobre a sua morte - "é uma voz
que ainda ecoa" e o seu surrealismo uma revolta que ainda não perdeu o
sentido” - Entre os amigos mais chegados, a sua presença continua tão forte quanto
antes. Como naqueles tempos passados em redor de uma mesa de café a falar de
literatura, de política, de arte, de tudo. Sempre certeiro, Cesariny chegava e
com uma palavra era capaz de mudar a temperatura de uma sala, sobretudo de
pensar fora da caixa porque ele nunca soube o que era estar dentro dela.
Isso — essa ânsia de liberdade noutro Portugal — trouxe-lhe muitos
problemas, mas também fez com que se tornasse autor de uma das obras mais
importantes do modernismo português. E não só literário, mas também pictórico.
Porque a poesia e a pintura andaram sempre de mãos dadas com Cesariny — faziam
parte dele. E assim diz quem o conheceu” - .Diz num interessante artigo, Rita Cipriano, publicado no Observador – Do qual
extraímos este breve exerto.
Em Junho, noutro dos calendários pré-históricos, celebrámos o Solstício do Verão
Registo de véspera - Ao nascer do Sol, em Stnohenge - Ao pôr do Sol - Nos Tambores

Nobilíssima Visão; Um Auto para Jerusalém,
entre outros títulos poéticos
A importante exposição, composta por um
acervo de 30 obras de sua autoria, cedidas da coleção da Fundação
Cupertino de Miranda, a instituição mais representativa do surrealismo
português
Mário Cesariny era único em tudo, inimitável e inigualável – A
personalidade dos santos e os heróis não é fácil de compreender pelo
comum dos mortais, porém, Cesariny nem era uma coisa nem outra – Mas
assumidamente espontâneo e natural, excecional e conscientemente
artista, deliberadamente libertário, contestatário à ditadura
salazarista, corajosa e desinibidamente homossexual. Nunca se coligou a qualquer
partido senão a dar expressão aos ideais do manifesto surrealista André
Breton, um dos seus mestres da Académie de la Grande Chaumière, em
Paris, “cuja influência o levaria a participar na criação, no mesmo ano, do
Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com figuras como António Pedro, José
Augusto França, Cândido Costa Pinto, Vespeira, João Moniz Pereira e Alexandre
O´Neill, que reuniam na Pastelaria Mexicana. Este grupo surgiu como forma de
protesto libertário contra o regime salazarista e contra o neo-realismo”
Não se importando, pois, de estar-se nas tintas, de fazer tábua rasa das
ficções sociais burguesas e dos seus hipócritas bons costumes, tendo chegado a
ser preso e perseguido, quer em Portugal, quer mesmo na conservadora
Inglaterra, com humilhantes apresentações e
interrogatórios por não abdicar da sua liberdade do
pensamento das suas ideias, sensibilidade artística e genuína
humana e maneira de ser
CESARINY ADMIRAVA O ESPÍRITO AVENTUREIRO
DAS MINHAS ARRISCADAS TRAVESSIAS EM FRÁGEIS PIROGAS E EU ADMIRAVA-O POR SER UM
POETA DE CORPO E ESPÍRITO INTEIRO - http://www.odisseiasnosmares.com/2012/10/28-dia-grandes-vagas-alterosas-entravam.html
E também apreciava os meus apontamentos insólitos de reportagens e entrevistas na extinta Rádio Comercial RDP - Um dia haveria de ser ele a substituir o repórter com a empregada de Natália Correia, deslindando segredos, de almoços e jantares, no lendário Botequim e em sua casa e outras revelações - Quem haveria de imaginar tão inesperado acaso!
Mário Cesariny – Diálogo surrealista, 1991 - com a criada cabo-verdiana, da poetiza Natália Correia, em noite das marchas de Santo António, sobre ratos e ratazanas que comem mãozinha de criancinhas e outras surpreendes revelações - Em memórias de um repórter - Ao lado do poeta e pintor, e na mira do apontamento espontâneo de reportagens para Rádio Comercial, quando questionava algumas das pessoas que assistiam ao desfile, eis que surge o diálogo mais inesperado e insólito, que ali poderia esperar.
E também apreciava os meus apontamentos insólitos de reportagens e entrevistas na extinta Rádio Comercial RDP - Um dia haveria de ser ele a substituir o repórter com a empregada de Natália Correia, deslindando segredos, de almoços e jantares, no lendário Botequim e em sua casa e outras revelações - Quem haveria de imaginar tão inesperado acaso!





Nesse aspeto, ele não fazia concessões –
Sim, o gosto de surpreender e ser-se surpreendido, um ato
poético, artístico e espontâneo, por aquilo que fazia e criava –
Cesariny era avesso às entrevistas combinadas mas adepto e apaixonado do
diálogo informal e espontâneo. E até sucedia, por vezes, que, ao cruzar-me com
ele na rua, ao perguntar-lhe se me podia dizer alguns versos para o meu
gravador, me respondia: “desculpa, Jorge; mas neste momento não ando com versos
na cabeça, não posso perder tempo contigo:
Conheci-o, casualmente, pela primeira vez, nos finais
dos anos 70, numa discoteca Gay, no Príncipe Real, denominada Rokambole, próximo
da Faculdade de Ciências– Tinha ali ido fazer uma reportagem para a
Rádio Comercial sobre a estreia de um espetáculo de travesti, e, enquanto
assistia às hilariantes pantominas dos atores, quis um feliz caso
que estivesse sentado no mesmo sofá ao seu lado: às tantas, e, como
nestes ambientes informais e descontraídos, quando as pessoas estão sentadas
lado a lado, o diálogo geralmente acontece, sou eu que, lhe lanço esta
pergunta:


Jorge Trabulo Marques - Mário Cesariny |
Naquela altura, eu conhecia mal os poetas e escritores portugueses de vista, uma vez ter passado 12 anos fora de Portugal. Por isso, quando, um dia, ao fim da tarde, ao cruzar-me com ele à saída do metro nos Restauradores - donde pretendia caminhar até lá cima ao Marquês de Pombal e dali dirigir-me à Rádio Comercial-RDP, na mira de registar alguns apontamentos de reportagem (naquele tempo ainda trabalhava a recibo verde), é que não resisti a cumprimenta-lo, dizendo-lhe: “Já sei que é o poeta Mário Cesariny!- Ele corresponde-me com um amável sorriso, com uma pergunta: então e onde vai?... Vou para a Rádio Comercial!” – Falámos uns breves momentos, dizendo-lhe que um dia gostaria de lhe gravar alguns poemas e de conversar consigo. E, na verdade, muitas haveriam de ser as vezes que nos encontramos; em cafés ou numa das esplanadas dos restauradores, onde também gostava de se sentar, sim, em variadíssimas circunstâncias, tendo mesmo chegado a convidar-me a visitar a sua oficina e a conhecer as suas irmãs, em sua casa.


Em Cesariny, tanto no poeta como no
pintor, não havia fingimento ou artificialismos imaginativos mas
espontaneidade, uma constante ânsia de revelação, um profundo sentimento de
liberdade, de espírito de descoberta de fantasia ou do insólito, de
transgressão à vulgaridade, tal como as crianças olham as estrelas, estendendo
a mão para lhe tocar, também em Cesariny havia como que o desejo de as poder
alcançar, buscando e amando os aspetos mais sedutores, contrastantes e
misteriosos da vida, tanto nas criaturas humanas como no ambiente que o
rodeava.
No dia
seguinte à sua morte, ainda sob a emoção da sua partida para a eternidade, não
resisti a escrever uns verso de invocação e já de saudade, que publiquei num
poste de outro dos meus sites, em Templos do Sol, do qual aqui transcrevo esta
passagem, a que dei o título de
Os poetas não morrem! – E Cesariny é um deles!... Ler em os poetas não morrem... mário cesariny - é um deles!
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