Foto de convivio 5-10-2013
Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista e antigo aluno da Escola Agrícola, de Santo Tirso
É agora, por esta altura, com os dias outonais a decrescerem e o acentuado amarelecimento das latadas e das árvores de folha caduca, que esses tons nostálgicos mais se destacam na paisagem, - Por issso, talvez não seja por mero acaso, que, todos os anos, os antigos alunos da Escola Agrícola Conde S. Bento, ali se dirigem para o seu tradicional almoço de convívio anual, do 5 de Outubro – Como deixou de ser feriado, antecipa-se ou adia-se para o domingo seguinte. Desta vez, veio mesmo a propósito, amanhã é domingo. Embora residindo em Lisboa, também conto lá estar.
“Têxtil Café” – No coração da cidade para convier,
recordar e promover os têxteis
Este espaço temático tem apenas um ano de existência mas já deu provas de maturidade e de bons projetos. Além de dispor de um retiro ajardinado nas traseiras, onde fizemos a entrevista, distribui-se pelo hall da entrada e de uma sala que ostenta um velho tear. É intenção da gerência transformá-lo como que num museu etnográfico de visitas, servindo ao tempo de convívio e de lazer e permitindo contar a história dos têxteis de Santo Tirso e do vale do Ave. Pois, como é do conhecimento público, embora já não tendo as antigas fábricas, há que recordar esse passado riquíssimo da indústria têxtil.
É justamente o que ali pretende concretizar o gerente do Têxtil Café, com a exposição permanente de fotografias e antigos artefactos, promovendo vários eventos e iniciativas, relacionadas com as mais recentes novidades da moda, na área das confeções, dando a possibilidade às empresas de ali exporem e anunciarem os seus últimos modelos ou coleções – Pois está confiante de que, apesar da crise que, atualmente, atravessam os vários sectores de atividade, existem empresas muito competitivas, considerando estarem reunidas as condições para que a industria têxtil nesta zona volte a recuperar.
Ora, foi justamente esta a impressão que tivemos, quando nos apercebemos da sua existência, por altura da Festa das Rosas, na Escola Agrícola, na qualidade de antigo aluno, mas também como jornalista observador e atento, ao fazermos um giro pela cidade, não querendo deixar de conhecer o que nos pareceu, logo à entrada, a avaliar pelo espaço e decoração, mesas, cadeiras, balcão, manequins, e até o facto das paredes não terem sido cobertas e ostentarem o granito de outros tempos, sim, desde logo, termos ficado convictos de estarmos em presença de um sítio diferente, bastante mais atrativo e original que os dos vulgares bares e cafés – Parabéns à gerência de Moreira, com os desejos sinceros dos maiores êxitos e felicidades.
ANTIGAS FÁBRICAS DE TÊXTÉIS - NÃO RESISTIRAM À GLOBALIZAÇÃO LIBERAL
Natural de Santo Tirso, antigo operário da Fábrica Teles - de fiação e tecidos, que chegou a ser a maior empregadora da região, com algumas centenas de operários, encerrou na década de noventa, tal como muitas outras neste concelho e noutros pontos do país. A sua experiência não lhe serve de nada – Apresentou-se numa fábrica alemã existente no concelho de Famalicão, gostaram do seu desempenho mas alegaram que não o empregavam derivado à idade. Casado, ele e a sua mulher, ambos desempregados. Apesar disso, não vê o país muito degradado e não tem nada contra as lojas dos chineses mas reconhece que, “se os governantes apostassem mais no nosso país, havia mais atividade. Só que, “hoje em dia, não se importam pelas nossas coisas. Nós, os portugueses, temos ideias mas só que ninguém aposta em nós, porque nós somos pequeninos” - remata.
Antiga fábrica de tecelagem Malhado – Triste imagem de um
país abandonado – Quem nos acode? - Se não fosse o risco de desabamento - e essa situação parece frequente - talvez valesse a pena deixar que os aristas murais ali dessem vazão à sua liberdade - Em vez de ficar, como a Fábrica Teles, uma "Nave Cultural", poderia passar a chamar-se de" Nave Fantasmal"
As fábricas das principais marcas, desde o vestuário aos eletrodomésticos, transferiram-se para aquele país asiático e Índia – Quer em Portugal, quer no resto da Europa, à exceção da Alemanha, que soube defender a sua industria pesada e aproveitar-se do Euro a seu favor, o desemprego não mais parou de galopar.. Tanto mais que, a par da deslocalização das fábricas, a grande maioria dos produtos que as mesmas passaram a produzir nem sequer são vendidos por europeus mas através de milhares de lojas orientais.
Criada uma geração de novos ricos e milionários chineses, como se não bastasse esse duro golpe, ainda por cima são esses senhores que vêm tomar conta do património do Estado, agudizando ainda mais a situação de trabalho precário e a crise económica e social – Face a esta afronta, quem nos acode?... Onde estão os governantes que, em vez de se envolverem em esquemas corruptos, defendam o seu povo?... Em parte alguma. Quem ascende ao poder é quem controla os media e elege os seus servidores, manipulando e desinformado a opinião pública…. Até quando esta afronta?!....Será que já nem sequer haverá ânimo para a indignação ou prefere-se o suicídio, a morte lenta e o deixa andar?!...
FÁBRICA TELES – TRANSFORMADA EM “NAVE CULTURAL”
Nem tudo está perdido – Enquanto a antiga
fábrica do Malhado, mais lembra um esqueleto fantasmal de que propriamente um enorme
armazém, que, antes de ser encerrado dava
emprego a mais de meio milhar de
empregos, já a antiga fábrica Teles, aquela que foi das maiores fábricas do Norte,
passou a ter nova utilidade, graças a um projeto de reabilitação, dividido em
três fases “
A primeira começou em 2008, com a entrada em
funcionamento da Incubadora de Santo Tirso, que acolhe actualmente 12 pequenas
empresas de base tecnológica", seguiram-se depois as outras duas fases, já
concluídas, destinadas a diversas
atividades culturais: concertos, exposições, eventos sociais e
técnico-científicos, bem como a alojar o
Centro Interpretativo da Indústria Têxtil.
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