Nestes dias
de Festa de Nossa Senhora de Assunção, nem toda a gente presta atenção às notícias
da televisão. Foi o nosso caso: quem nos transmitiu a notícia da agressão ao
Padre Manuel, foi pessoa amiga, domingo à noite, E, pelo que, de
seguida, nos apercebemos, ainda nem toda a gente sabia - E quem soube,
não escondeu, como nós, o seu espanto e indignação por se atentar,
de forma tão covarde e selvática, contra a vida de um sacerdote, tão
pacífico e dedicado ao seu sacerdócio,que poderia estar em Roma, para onde, segundo apurámos, chegou a ser convidado, mas que, como Bom Pastor, preferiu a simplicidade e aproximação do envangelho com o seus paroquianos, numa terra tão próxima do seminário onde se ordenou.
Na verdade, a violência campeia por todo o lado, em todo o Globo. Entra-nos, diariamente, pela televisão, desde os conflitos armados, até ao crime isolado ou organizado - A vida humana parece distuída de sentido e da sua origem sagrada, dos seus valores mais nobres e sobrenaturais, face à ganância dos bens materiais, do egoísmo destemperado e do liberalismo selvagem - Já ninguém escapa à barbárie e à ideologia individualista e cega dos novos tempos.
Cónego
Manuel Jorge Leal Domingues, mais
conhecido por Padre Manuel, foi barbaramente agredido por três desconhecidos,
que o surpreenderam no quinteiro da sua residência em Ferreirim, onde é o pároco desta
mesma freguesia, oficio que exerce a par das suas funções do Secretariado Diocesano
e Cooperação Missionária, de Lamego.
ELE QUE
FALOU DA VIDA E DO SEU SIGNIFICADO COMO UM DOM DE DEUS, COMO DÁDIVA GRATUITA DE
DEUS
Segundo nos foi
revelado por seu irmão, José Leal, a agressão ocorreu pouco depois da
meia-noite do dia 10 de Julho, após a saída do seu colega e antigo aluno, o Padre Peixoto,
natural de Vila Nova de Foz Côa, que nesse dia o tinha ido visitar. Tendo-se
esquecido do comando da fechadura, ao voltar ao portão da garangem, no interior do quinteiro, e já sem a
presença daquele sacerdote, é, então, surpreendido
por três indivíduos encapuçados que se atiraram imediatamente a ele
aos murros e aos pontapés, após lhe terem deferido um violento golpe na cabeça - De
tal monta foram os espancamentos, que, só, horas depois, por volta das cinco
horas, conseguiu recuperar os sentidos e telefonar, pedindo para que fosse
socorrido.
Palavras ditas no expressivo sermão que proferiu na capela da padroeira, a propósito do dogma de Assunção de Maria - Quem, pois, haveria de imaginar que, por um ato selvagem e gratuito, a sua vida correria tão sério risco!... - E, no entanto, com que estoicismo sofre em silêncio, tão iníqua como inqualificável barbaridade!
(Já nos estávamos a retirar, quando, ao ouvirmos-lhe falar do sentido da vida, tais palavras nos fazem suster os passos e registá-las para vídeo, como que por um intuitivo e premonitório alerta ou aviso)
Estupefação, supressa
e choque, estas as palavras com as quais se pode definir a notícia divulgada, pelo
Correio da Manhã e CMTV, acerca do bárbaro ato. Não só por o referido sacerdote, além de ser um dos filhos mais estimados da aldeia de Chãs, como ainda pelo facto de tal agressão não ser do conhecimento público - Mesmo já tendo estado, depois dessa ocorrência, por duas vezes, na sua aldeia: uma para o funeral de um emigrante, e, agora, pela Festa de Nossa Senhora de Assunção, na qual
fora incumbido de proferir o sermão da
padroeira . Não constou, aqui, que tivesse desabafado, tamanha violência sobre a sua integridade física, senão aos seus colegas, aos paroquianos e à Diocese, e ao seu irmão José Leal, o qual, soube-se agora, também se remetera ao silêncio.
É um facto que o
Padre Manuel é já conhecido por ser um pessoa muito recatada e discreta, fora do seu oficio - Que prefere viver as suas alegrias ou tristezas numa espécie de silêncio monástico e introvertido.
– Se bem que amável e dialogante,
gostando do convívio, que foi o que notámos, no dia da festa à noite, numa roda de amigos e com o irmão, junto ao adro da igreja, todavia longe de imaginarmos, que, ainda, há tão pouco tempo, tivesse sido tão cobardemente agredido.
– Se bem que amável e dialogante,
gostando do convívio, que foi o que notámos, no dia da festa à noite, numa roda de amigos e com o irmão, junto ao adro da igreja, todavia longe de imaginarmos, que, ainda, há tão pouco tempo, tivesse sido tão cobardemente agredido.
Diz
o Correio da Manhã TV que ,“O padre Manuel Leal, de 47 anos, foi
espancado quando entrava na garagem da casa paroquial, em Ferreirim.
Ninguém sabe porquê. Já ocorreram há mais de um mês mas ainda estão bem
presentes na memória dos paroquianos de Ferreirim, de Lamego.
Adiantava a mesma notícia
que o Padre, Manuel Leal, de 47 anos, foi atacado por três desconhecidos, quando
entrava na garagem da sua habitação. Passavam poucos minutos da meia noite do
dia 10 de Julho. Os agressores atacaram-no
no escuro, pelo que o sacerdote não teve hipóteses de os reconhecer.
Deram-lhe muitos murros e pontapés, mesmo quando já estava no chão e implorava
para que parassem com as agressões.
Os homens, depois fugiram e deixaram o padre prostrado no chão, quase inanimado. Depois pediu ajuda e foi transportado para o Hospital de Lamego, onde foi assistido. Sofreu ferimentos em todo o corpo mas com maior gravidade na zona da cabeça. Contatado pelo CMTV, o padre não quis gravar declarações. Confirmou o ataque mas garante desconhecer as razões que estiveram na sua origem.
Em Ferreirim, as
pessoas estão em choque e evitam falar do caso. Dizem desconhecer as razões do
ataque e elogiam o comportamento do sacerdote, que também é diretor do Lar de
Idosos - Texto extraído de vídeo do CMTV.
Jorge Trabulo Marques - jornalista
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