Solstício do Verão 2013 - Pedra do Sol Chãs Véspera
Este vídeo foi gravado ontem ao pôr do Sol
A entrada oficial do Verão - pela Hora Universal - não foi esplendorosa - Pelo menos nesta região, onde raramente chove; a tarde esteve brusca e ainda houve ameaça de alguma chuva, que infelizmente nem sequer deu para assentar a poeira dos caminhos, mas o bastante para não proporcionar a celebração que mais se desejava.
As condições atmosféricas, logo pela manhã, não eram convidativas. Em todo o caso, houve quem não desistisse, vindo de Salamanca, de Coimbra e Espanha, confiante de que, o Deus Sol, haveria de mostrar o seu brilho.
E, de facto, naqueles instantes em que os raios solares, deveriam ficar alinhados com a Pedra do Solstício, dir-se-ia que houve uma aberta milagrosa, brindando os participantes com uma imagem surpreendentemente bela e mágica - Sim, não esteve muita gente, mas os poucos que estiveram, valeram por muitos: vibraram de entusiasmo e foram contemplados com um pouco de tudo: com o elemento água, a chuva, que havia caído antes de se iniciar o cortejo; com o elemento fogo purificador (através do incenso ali queimado), o ar puríssimo que ali se respira através daqueles magníficos espaços, o pulsar das energias telúricas do elemento terra, que ali se recebem daqueles lugares sagrados, tão majestosamente plenos de misticismo, ancestralidade, onde a beleza agreste dos fraguedos do granito se harmoniza com a fertilidade do vale sobranceiro ou das encostas xistosas e aparentemente quase nuas da outra margem, que se abrem como um vasto e magnífico panorama bíblico
PEDRAS QUE NÃO SÃO APENAS PEDRAS - TÊM HISTÓRIA E TRANSMITEM ENERGIA - SITUAM-SE EM LUGARES ESPECIAIS DA TERRA, TAL COMO O TRIÂNGULO DE FÁTIMA, SÃO LOCAIS DE CURA -
Os calendários solares, ali existentes, fazem parte dos chamados alinhamentos sagrados, com a mesma orientação de muitas igrejas da antiguidade, ou, recuando ainda mais no tempo, tal como outros observatórios pré-históricos, que ainda perduram em várias partes do mundo - São locais de cura, atravessados por linhas ou energias geodésicas especiais, que os saberes e a experiência de antigas civilizações, que viviam em estreita ligação com a Natureza, escolheram para seu benefício próprio e, ali, se dirigirem às suas divindades. De referir que as duas vertentes do vale são atravessadas pela falha sísmica do “graben" de Longroiva, nome de antiga vila de origem celta ,a que a freguesia de Chãs, já pertenceu, e onde existe uma das mais antigas estâncias termais do país.
TOM GRAVES, AUTOR DO LIVRO AGULHAS DE PEDRA – A ACUMPUCLTURA DA TERRA – JÁ ESTEVE NOS TEMPLOS DO SOL
Foi há quatro anos. Deslocou-se da Austrália, expressamente para estudar os dois alinhamentos. E concluiu que ambos os monumentos se se situam em sítios para onde convergem vários veios de água. Graves, defende que os lugares sagrados são centros para os quais muitas das linhas de água convergem umas com as outras e também com os centros padrões de linhas acima do solo, à semelhança do que acontece com as artérias do corpo humano.
A Galiza e mail'o Alto Douro - Manuel Luís Núnez, que se fez acompanhar de sua esposa Paz Sotelo, naturais de Vigo e a residirem em Salamanca, prometeram voltar. Muito à maneira extrovertida e alegre das suas origens, ali estiveram de alma e coração, como que a ir ao encontro do passado ibérico mais remoto, que une ambas as regiões do norte e nordeste de Portugal, à cultura celta. - Na imagem ao centro e à direita, Luís Núnez, com António Lourenço e o gaiteiro de Miranda do Douro, o António José, em amena confraternização, saboreando um delicioso generoso - Maurício Lobreiro, na imagem ao lado de Sotelo - outro dos entusiastas e animadores, que ali deu largas à sua sensibilidade e à sua alegria. - Sem dúvida, os nossos amigos do Foz Côa Friends Associação -, a quem agradecemos encarecidamente a divulgação desta nossa festinha, sempre na primeira linha e muito bem representados em prol dos nosso património cultural.
Depois da cerimónia evocativa na Pedra do Solstício, seguiu-se um aperitivo do Vinho do Porto, uns metros acima do local, oferecido por António Lourenço, que tomou a iniciativa de surpreender os visitantes e serviu de pretexto para mais um agradável e amistoso convívio, após o que todos se dirigiram, em romagem à Pedra dos Poetas, para ali ser prestada homenagem ao Prof. Agostinho da Silva, com uma alocução da vida e obra de um dos mais carismáticos pensadores portugueses do século XX, com raízes profundas nesta região, proferida pelo Vereador da Cultura, João Paulo Donas Botto, que, já depois do pôr do sol e naquele recolhimento a condizer, foi atentamente escutada por todos - Do facto, contamos ainda aqui dar o merecido destaque na próxima postagem, bem como a edição de outras imagens e vídeos.
PASTOR JOSÉ JÚLIO - ÚNICO PASTOR DOS TAMBORES - NA ALDEIA, CHEGOU HAVER MAIS DE UMA DÚZIA.
Pastor José Júlio: actualmente é o único pastor dos Tambores - Houve um tempo em que havia mais de uma dúzia e dormiam nas cabanas. Esse tempo já lá vai. Mesmo assim continua a ser uma vida muito difícil. Tem colaborado, todos os anos: levando o seu rebanho para o recinto da Pedra da Cabeleira, nos Equinócios ou emprestando-nos um borreguinho para o cortejo druida no Solstício do Verão - Desta vez, o borrego, de tão meio era, que rapidamente se tornou numa autêntica mascote. E fosse lá alguém a dizer que ia para a faca!... Não houve nenhum dos sacerdotes ou sacerdotisas que não resistisse à tentação de o pegar ao colo.
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Dr. Albano Chaves, juntamente com sua esposa e o geógrafo António Lázaro da Silva - Também quiseram comungar da celebração do Solstício - Eles a quem se ficou a dever a descoberta e localização do alinhamento sagrado com o Solstício do Inverno. Chaves, que também tem o apelido de Donas Botto, com origens a Muxagata e a Foz Côa, teve como inspirador para a sua vinda aos Templos do Sol, o Prof. Adriano Vasco Rodrigues, o primeiro estudioso a classificar o Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira
Da freguesia de Chãs, não fora a carolice de duas ou três pessoas, a celebração já teria acabado. A aldeia sofre do mesmo estigma dos meios rurais do interior: qualquer dia, ficam apenas os caminhos e as casas sem moradores. As terras, essas, muitas das quais já ao abandono, encarregar-se-ão os incêndios de as devastar. Ausência de vida humana, é o que acontece numa pequena anexa de Longróiva, torrão natal do Agostinho (imagem acima e o centro), sendo ele já o único habitante, autêntico ermita que trocou o bulício de Lisboa pela tranquilidade destes ares. Não falta às nossas celebrações, é um bom amigo e de quem se pode contar. A população envelhece, não há nascimentos e o fantasma da desertificação galopa e ensombra o horizonte. Mas, em representação das Chãs, no cortejo druida, estiveram lá os familiares do nosso saudoso amigo, Arlindo "Moleiro". A Junta de Freguesia, desta vez, não repetiu a louvável iniciativa do ano passado - a ceia sanjoanina - Diz a Drª. Teresa Duarte Marques, que a cozinha anda em obras. Bom, pelo menos marcou presença - Deu-nos esse prazer. Não deixa de ser uma nota digna de registo, tanto mais que já nos garantiu que não será por ela que os acessos ao Santuário da Pedra de Cabeleira de Nossa Senhora e Pedra do Sol, serão alguma vez impedidos e as celebrações deixarão de ser realizadas. Nos meios rurais, onde a politiquice, se sobrepõe aos valores culturais, é quem mais ordena, nunca se sabe. De resto, o Maciço dos Tambores-Mancheia, não é só de um único proprietário - Mas de muitos.
SANTUÁRIO DA PEDRA DA PEDRA DA CABELEIRA - ALINHAMENTO EQUINOCIAL
TAMBORES E OS TEMPLOS DO SOL - A QUEM PERTENCEM: - É UMA ESPÉCIE DE OCEANO SULCADO DE PENHASCOS E FRAGAS - A MAIOR ÁREA É DE UM ÚNICO DONO - MAS NO MESMO CINZENTO OCEANO, HÁ MAIS DE VINTE PROPRIETÁRIOS - POSSUIDORES DE AUTÊNTICAS ILHAS INCRUSTADAS EM COMPLETO ESTADO DE ABANDONO.
Quem sair das antigas portas da aldeia de Chãs, ao fundo do povo e seguir pelo trilho do antigo caminho romano(parte dele, hoje já irreconhecível)depois de passar ao lado do Pombal e as Cortes da Portelinha, vai em direcção ao maciço dos Tambores e das Quebradas - Estes são os dois nomes mais conhecidos. Mas a verdade é que, a zona dos Tambores, é apenas aquela que lhe serve de muralha, a vertente que descai para o Vale da Ribeira da Centieira, voltada a poente. No vasto maciço granítico, onde termina a Meseta Ibérica, há ainda nomes como as Lapas, Mancheia, Pedra da Tigela, Hortas das Fragas, Castelo Velho, Cova da Moira, Tomadia e Curraliças e Pinhal da Raposa. Sobre este assunto, conto pronunciar-me numa próxima postagem - Mas trouxe, entretanto, esta questão a propósito do José Guerra, que partilha os sítios dos Templos do Sol, com a família Marques, e que este ano, ali não não esteve presente. O pai era da freguesia da Horta, mas ele, tal como os irmãos, nasceu nas Chãs. Todos os anos, vinha colocar-se ao lado da Pedra do Sol e participar nas celebrações - Trabalha na construção civil e deu uma queda do alto de um andaime. E teve que ser operado a uma das mãos. Esperemos que já esteja recuperado.
O seu pai, conhecido pelo João da Horta, comprou uma extensa área, que faz termo com a Mancheia, Lapas e Tambores, à Srª Anunciação Rocha, contígua à vasta área do mítico maçon Marques, que chegara a ser, quase o dono desta aldeia. - Mas, a bem dizer, ao falar-se das Fragas dos Tambores, é sinónimo de vida dura e de sofrimento. No tempo em que eram cultivados, foram sempre agrestes e, o pão que por lá se semeava e colhia, era como que fruto do pão que o diabo amassava. Onde o arado do macho não entrava, era à força braçal da lâmina da enxada. O meu pai ainda chegou a lavrar a Fraga Alta, contigua à Mancheia e Curral da Pedra. E lembro-me ainda muito bem de quanto nos custava andar por ali naqueles soalheiros, juncados de granito. Os quatro quilómetros da estrada que vão das Chãs, aos Areais, foram construídos em terrenos que ele próprio doou. O mesmo procedimento teve o seu filho, Júlio Marques, com quem passei agradáveis serões, doando vários acessos, devido ao mau estado de velhos caminhos romanos - Era uma pessoa extraordinária. Éramos primos em segundo grau. A sua esposa, D. Amélia Marques, tinha uma irmã em São Tomé, a enfermeira Alice Nunes. Foi através dela que eu fui para aquelas ilhas - Tendo só voltado, a andarilhar pelos Tambores, doze anos mais tarde. Que eu conheço, tão bem como as minhas mãos, desde a minha adolescência; desde o tempo em que os meus pais eram caseiros, na Quinta do Muro e eu tinha que ir levar a marmita ao pastor Rebaldo. Mas, sobre os lendários Tambores e seus proprietários, farei uma abordagem mais desenvolvida noutro post
O seu pai, conhecido pelo João da Horta, comprou uma extensa área, que faz termo com a Mancheia, Lapas e Tambores, à Srª Anunciação Rocha, contígua à vasta área do mítico maçon Marques, que chegara a ser, quase o dono desta aldeia. - Mas, a bem dizer, ao falar-se das Fragas dos Tambores, é sinónimo de vida dura e de sofrimento. No tempo em que eram cultivados, foram sempre agrestes e, o pão que por lá se semeava e colhia, era como que fruto do pão que o diabo amassava. Onde o arado do macho não entrava, era à força braçal da lâmina da enxada. O meu pai ainda chegou a lavrar a Fraga Alta, contigua à Mancheia e Curral da Pedra. E lembro-me ainda muito bem de quanto nos custava andar por ali naqueles soalheiros, juncados de granito. Os quatro quilómetros da estrada que vão das Chãs, aos Areais, foram construídos em terrenos que ele próprio doou. O mesmo procedimento teve o seu filho, Júlio Marques, com quem passei agradáveis serões, doando vários acessos, devido ao mau estado de velhos caminhos romanos - Era uma pessoa extraordinária. Éramos primos em segundo grau. A sua esposa, D. Amélia Marques, tinha uma irmã em São Tomé, a enfermeira Alice Nunes. Foi através dela que eu fui para aquelas ilhas - Tendo só voltado, a andarilhar pelos Tambores, doze anos mais tarde. Que eu conheço, tão bem como as minhas mãos, desde a minha adolescência; desde o tempo em que os meus pais eram caseiros, na Quinta do Muro e eu tinha que ir levar a marmita ao pastor Rebaldo. Mas, sobre os lendários Tambores e seus proprietários, farei uma abordagem mais desenvolvida noutro post
Amuleto, em osso e ainda em excelente estado de conservação, com mais de 5000 anos, encontrado pelo autor deste site, a cerca de 200 metros do Templo Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, apontado ao nascer do sol dos equinócios - O raro e precioso objecto foi oferecido ao Museu do Vale do Côa, do qual recebemos a informação da referida datação estimada.
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