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quarta-feira, 23 de maio de 2012

SOLSTÍCIO DO VERÃO 20 de Junho, 2012 – A Celebrar nos Templos do Sol, com homenagem à memória do Prof. Agostinho da Silva - O filósofo, investigador, poeta e ensaísta, que moldou a sua infância e adolescência nesta região .

VAMOS FESTEJAR O SOLSTÍCIO DO VERÃO SEGUINDO A HORA UNIVERSAL - 23.09 DO DIA 20 DE JUNHO

Este é nosso Stoneheng  - "O Stoneheng Português" - Acreditamos que, se o Prof. Agostinho da Silva, fosse vivo e soubesse da sua existência, não deixaria de lá ir . A sabedoria é aliada da curiosidade. Os megálitos não têm a monumentalidade dos  famosos calendários do condado de Wiltshire, na Inglaterra, mas  ganham no esplendor da imagem e da singularidade e beleza da paisagem. Não se situam em nenhuma planície monótona. Próximos de uma muralha castreja, a curta distância uns dos outros, estão alinhados  com os Solstícios de Inverno e de Verão  - e  também aos Equinócios da Primavera e Outono - Os nossos longínquos antepassados não  dispunham dos relógios da actualidade para marcar as horas, mas a sua íntima ligação à Terra e ao Cosmos, permitia-lhes conhecer o movimento aparente ou real dos astros. Ergueram gigantescos calendários solares (com tecnologias que ainda hoje nos intrigam), os quais lhes permitiam saber o dia exacto da entrada das Estações. Se é um estudioso ou curioso pela astronomia ou astro-arqueologia e gosta de saber como  viviam esses remotos povos que nos precederam, ou se é apenas um admirador da obra que nos legou Agostinho da Silva, então venha ter connosco e deposite lá (na pedra dos poetas) nem que seja um simples ramo de oliveira  e  não falte à nossa celebração do dia maior do ano, no maciço dos Tambores-Mancheia.



Não perca  os pormenores do fundamento da nossa homenagem, mais adiante neste post.e outros pormenores na postagem seguinte - SOLSTÍCIO DO VERÃO , 20 DE JUNHO, AO PÔR DO SOL CO...

 
Imagem à direita recolhida da WEB

20 DE JUNHO - AO PÔR DO SOL - 20.00- 2045 - COM CORTEJO DRUIDA DESDE O ADRO DA ALDEIA, PELAS 18.30

OS TEMPOS SÃO DE VACAS MAGRAS MAS VAMOS SAUDAR A ENTRADA DO VERÃO - HOMENAGEANDO  UM DOS  HUMANISTAS E FILÓSOFOS CONTEMPORÂNEOS, MAIS DISTINTOS  DO PAÍS E DA NOSSA REGIÃO - PROF. AGOSTINHO DA SILVA
 
  O acto evocativo decorrerá, entra as 20.00 e as 20.45, junto à Pedra do Solstício, ,seguida da uma singela cerimónia na Pedra dos Poetas (onde Fernando Assis Pacheco ergueu os braços, um mês antes da sua morte) em homenagem à memória do Prof. Agostinho da Silva, com a leitura de textos e poemas de sua autoria. Porém , de uma coisa estamos certo: vamos lá estar e, apesar de coincidir com a semana do são futebol europeu (esperemos é que não seja na hora em que a nossa selecção joga, mas isso também era sinal, de que ainda nos mantínhamos na competição. E não deixaríamos de apelar ao Abençoado Luminoso Astro Rei para que lhe concedesse aos briosos atletas o brilho indispensável para os inspirar na defesa  da camisola das quinas.

O Verão entra oficialmente no dia 20 de Junho, às 23.09, mas, duas horas antes, o sol ao pousar sobre o ocaso,  na margem oposta ao maciço dos Tambores-Mancheia, na silhueta da cordilheira que  amplamente se abre para lá do magnifico vale da Ribeira Centieira, ficará com os seus raios, em perfeito alinhamento com o eixo imaginário do imponente megálito, que toma justamente a mesma esfericidade da terra e do grande leão dos céus, proporcionando uma imagem de invulgar .esplendor e misticismo

De facto, os  tempos são pouco propensos a folias.  Em todo o caso, mesmo que de forma modesta, é nosso desejo não quebrar a tradição das festividades naquele que já é conhecido como o Stoneheng Português.  E acreditamos que também da parte do pequeno grupo de voluntariosas boas vontades,  que, nas celebrações dos equinócios e dos Solstícios, se tem empenhado entusiasticamente para saudar os dias mais emblemáticos dos ciclos das estações. Da parte do Presidente do município, Eng. Gustavo Duarte, do qual sempre contámos com todo empenho e  apoio, e a quem propusemos, algo quase  semelhante ao programa  das comosgonias do  ano passado,  que foi francamente um  êxito (de resto, iniciativa da própria Câmara)  foi-nos dito que seria melhor o adiarmos para 2013. E, de facto, é compreensível que o município gira com sabedoria as verbas que dispõe. Aceitámos a sugestão. No entanto, logo lhe transmitimos que, pelo menos, uma cerimónia simples, não íamos deixar de fazer - E é nessa base que nos propusemos organizar mais este evento. E já nos confirmou o seu apoio.



 











Aguardamos também a posição da Junta de Freguesia, que o ano passado se associou com uma ceia a condizer. Porém, e sem com isto querermos impor a nossa opinião, acreditamos, que, embora o envolvimento da população  já fosse maior, numa aldeia onde quase nada acontece - e até a festa da padroeira, está a esmorecer - assiste-nos o dever cívico  (nós que fizemos a descoberta dos alinhamentos e temos promovido as festividades, inicialmente até com encargos pessoais) de não a deixar morrer.

Não falte –  A sua presença é importante para não esquecermos por completo as tradições mais antigas dos nossos ancestrais.  Isso também lhe diz respeito a si, seja ou não da aldeia ou do concelho. A imagem  do momento solsticial  e a beleza que se abre naqueles vastos espaços, deixá-lo-á verdadeiramente encantado e rendido ao espírito e às energias telúricas do local. 
 


EM MEMÓRIA DE UM PENSADOR GENEROSO E DISTINTO

O pensador que tinha tanto de pagão como de religioso. E que certamente se deslumbraria se tivesse tido oportunidade de ter constatado, que, não muito longe da sua aldeia Barca d'Alva, onde não nasceu mas forjou a sua sensibilidade e se fez rapaz, os homens da pré-história haviam erguido Templos do Sol para celebrarem as estações do ano.  E talvez mais do que isso: visse nesses locais os mais longínquos sinais do seu pensamento e da sua doutrina mística e libertária – Do tempo em que não havia governos, mas, em que a Natureza, era a Mãe  de Todos, a Mãe Comum – Todos colhiam os seus frutos, os rios não tinham guarda-rios e as costas marítimas não  eram patrulhadas por polícias à cata de multas de pescadores à linha ou em pequenas barcas; a caça era permitida a todos e não apenas a quem pague avultadas taxas em coutadas ou áreas de reserva. – Antes não havia nações, nem havia fiscalização sobre os oceanos; os povos não conheciam fronteiras. Podiam partir à aventura, que os  maiores desafios só poderiam advir   ou do confronto com os animais selvagens ou das  adversidades climatéricas  e as dificuldades em vencer o relevo. Podiam  abrigar-se ou construir a sua cabana onde quisessem. Apanhar os frutos onde os houvesse. E apontar o arco de flecha em qualquer encosta ou planície.  

Hoje as terras têm donos, a comida e as casas não são para todos. Comprar uma casa não está ao alcance de qualquer um.  Se for um dos que depende do seu salário e ousar comprá-la,  fica a pagá-la o resto da vida, correndo o risco de, em qualquer momento,  perdendo o emprego, ficar sem a casa e sem trabalho. Visto que,  para se pagar uma prestação - ou mesmo renda -  são precisos já dois salários. Na grande cidade, para onde todos fogem, a muitos só é já permitido dormir  no desvão de uma escada, na soleira de uma porta, num canto húmido e fedorento, coberto de alguns restos de cartão Porque, nos meios rurais,  as populações estão envelhecidas e  votadas ao abandono, as aldeias condenadas ao desaparecimento  - Pois também já não compensa trabalhar as terras: os produtos vêm dos países, que nos enviaram milhões para serem  gastos nas estradas (fora os desviados em jipes de  topo de gama ou de alta cilindrada), que esses mesmos "generosos subsidiários" agora usam  para nos exportarem os produtos, que eles não querem  - Mas nunca perdendo: 

Capitalismo, bem sucedido, raramente perde, só engorda e amontoa. E, também, porque, a maior fatia dos ganhos, reverte imediatamente para os bolsos dos  intermediários ou dos grandes Senhores dos Pingos Doces e outra "famélga". Já não há  terras baldias. Andam para ai a falar dessa história, mas só se for para alargar ainda mais o espaço dos grandes latifundiários e eles se divertirem aos fins-de-semana aos tiros aos pardais - sim, porque, caça mediana ou grossa, já pertence ao passado. As terras que se encontram  abandonadas, estão improdutivas e já nem sequer os coelhos as procuram, pois os incendiários (que também lucram) encarregam-se de as esterilizar 

Os próprios Estados desfazem-se do seu melhor património a favor de meia dúzia de gananciosos felizardos. A educação familiar e instrução académica   é voltada para um ilusório sucesso materialista. Quem não tiver canudos ou bons padrinhos, está condenado a trabalhar a troco de uns trocados, que não dão para nada. E é se arranjar trabalho. O homem divorciou-se da natureza e já não está preparado para sobreviver senão através do vil metal. Quem tem muito vive bem, quem ganha mal ou não tem nada, está desgraçado: poderá ter os dias contados. 

 Os homens da idade da pedra, poderiam até meter-se nos buracos  e fazer deles o seu esconderijo ou abrigo permanente - e habitá-los, enquanto quisessem. Hoje, nem nos canos de esgotos: a menos que seja para os reclusos se escaparem da cadeia.  Eles não viveram em nenhum paraíso terrestre, (pois a sobrevivência, exige sempre algum esforço) mas era um tempo da plena liberdade, em que não havia governos nem governados - E  lá se foram safando. Sim, de facto, Agostinho da Silva, já nos deixou, há alguns anos - todavia, parece que ainda foi ontem - O seu pensamento e a sua imagem vão perdurar, porque se firmavam no que de mais probo e genuíno, caracteriza a lucidez e a clarividência dos homens honrados  e proféticos, que abdicam de privilégios e se entregam, de alma e coração, a despertar consciências e apontar caminhos rectos e sinceros ao  bem comum.   


Imagem da Pedra dos Poetas - onde decorrerá a Homenagem

O autor da "Vida de Francisco de Assis (livro que faz parte da minha biblioteca, entre outros do mesmo autor, que tive o prazer de entrevistar) já não continua a escrever os seus bons livros ou a dar-nos o prazer da  sua palavra  visionária e experiente, em entrevistas ou através das  suas "conversas "vadias"na RTP , que o popularizaram - eu diria que o canibalizaram, pois também a sociedade que ele condenava, o sugou . No entanto, as suas obras continuam a ser procuradas e lidas, não por  gestores obcecados pela soma dos cifrões ou por adeptos da cultura Yuppie ou  metrossexuais, ávidos de emoções a saldo ou por atacado, mas pelas mentes que buscam dar um sentido mais profundo às suas vidas.


Diria mesmo que as suas dissertações,  têm quase o poder bíblico: tão cedo, dificilmente serão arrumadas nas prateleiras. Falam a linguagem dos visionários. Dos Deuses Universais!  - O seu pensamento, antecipou-se à terrível crise que atravessamos, aos falsos valores que varrem o mundo de lés a lés, onde predomina o egoísmo, a corrupção e as gritantes injustiças sociais. A bem dizer, não morre, aquele que  "viveu para a ideia e pela ideia, não é mais existente, para o que se soube desprender da ilusão, o que lhe fere os ouvidos e os olhos do que o puro entender que apenas se lhe apresenta em pensamento; e tanto mais alto subiremos quando menos considerarmos a morte como um enigma ou um fantasma, quanto mais a olharmos como uma forma entre as formas"

 
Agostinho da Silva, ele, o  filósofo, que dedicou toda a sua vida à liberdade do homem e do espírito. Ele que  preconizava a restauração de uma nova humanidade capaz de viver plenamente "na sua integridade uma inteira vida; não despedaçada pela angústia" dos cifrões e  da chamada lei dos mercados, geradora de  desigualdades extremas e  que atira milhões de seres humanos à condição de verdadeiros escravos ou farrapos de vida – Sim, Agostinho da Silva, ele o criador das utopias concretas, assentes na tolerância, no amor e na solidariedade, capazes permitirem ao homem a  superação das oposições "criança-adulto", "ignorante-sábio", "homem-mulher" - De sermos capazes de restauramos a criança em nós e de a coroarmos de Imperador. Sim, o regresso à inocência, a  um tempo em que todos eram felizes a seu modo, "ninguém mandava, embora se ouvisse,como é de aceitar, a experiência dos mais velhos, e não assim tão velhos, porque se vivia pouco. Mulheres e crianças não tinham estatuto de subordinação, e ninguém aparecia a defender direitos de propriedade" - O Quinto Império de que  ele falava  não era o império das multinacionais ou dos países  imperialistas que  esmagam e subjugam outras nações,  através dos mais sórdidos  golpes e estratagemas financeiros, mas o império da generosidade, da tolerância, da espiritualidade e  da fraternidade.  E não o da exploração e da opressão "..Ele dizia - e dizia bem -  que "os espíritos nasceram para ser livres e que a liberdade se confunde, na sua forma mais perfeita, com a razão e a justiça." - E  para onde caminha, actualmente, a razão da existência de milhões e milhões de seres humanos?!... Para a condição de servos e de escravos ou de condenados a morrerem sem mitigar a fome".

 Agostinho da Silva  nasceu no Porto mas cresceu em Barca d'Alva. É autor  de mais de meia centena de livros - E, dos seus pensamentos, muitos mais livros e artigos ou teses, têm sido escritos  - Continua perfeitamente actual e para além do nosso tempo.- Não foi o solitário Fernando Pessoa da Mensagem - Mas foi ainda mais longe. Fez tudo o que Pessoa fez, pois, além de poetizar e de teorizar, fez da sua palavra, da sua sensibilidade e força de carácter,  intervenção cívica, directa e activa.


"Apenas dois anos depois de entrar para o ensino público, o professor é exonerado, por se recusar a assinar a Lei Cabral. Um documento onde tinha que jurar não pertencer a nenhuma sociedade secreta. Para além de Agostinho, só houve mais duas pessoas a dizer não: Fernando Pessoa e Norton de Matos.
Desempregado, Agostinho da Silva começa a dar aulas no ensino privado e explicações particulares. Mário Soares, mestre Lagoa Henriques, Manuel Vinhas, os irmãos Lima de Faria foram apenas alguns dos seus pupilos"


(...) "Cansado de Portugal, Agostinho parte para o Brasil, onde deu continuidade à sua «missão» de divulgador cultural.-  No outro lado do Atlântico, participou na fundação de universidades e centros de estudo, sobretudo fora dos centros urbanos: a Universidade Federal de Paraíba, a Federal de Santa Catarina, a Universidade de Brasília, o Centro de Estudos Africanos e Orientais da Universidade Federal da Baía."

(...)  A chegada da ditadura ao Brasil, traz Agostinho de regresso a Portugal, em 1969. Agostinho da Silva, um homem transparente -






 "COMBATER A OPRESSÃO" -  FLAGELO MAIOR QUE O PRÓPRIO CANCRO:  ESTE VAI MATANDO SILENCIOSAMENTE; A OPRESSÃO MATA DE QUALQUER FORMA.
 
"Combater a Opressão É certamente admirável o homem que se opõe a todas as espécies de opressão, porque sente que só assim se conseguirá realizar a sua vida, só assim ela estará de acordo com o espírito do mundo; constitui-lhe suficiente imperativo para que arrisque a tranquilidade e bordeje a própria morte o pensamento de que os espíritos nasceram para ser livres e que a liberdade se confunde, na sua forma mais perfeita, com a razão e a justiça, com o bem; a existência passou a ser para ele o meio que um deus benevolente colocou ao seu dispor para conseguir, pelo que lhe toca, deixar uma centelha onde até aí apenas a treva se cerrara; é um esforço de indivíduo que reconheceu o caminho a seguir e que deliberadamente por ele marcha sem que o esmoreçam obstáculos ou o intimide a ameaça; afinal o poderíamos ver como a alma que busca, após uma luta de que a não interessam nem dificuldades nem extensão". - Agostinho da Silva






2 comentários:

António Gallobar disse...

Olá

Adorei conhecer este espaço Peregrino dos Mares e Montes, muito sugestivo de facto, muitos parabéns voltarei com tempo para ler com mais calma.

Peregrino dos Mares e Montes disse...

Muito obrigado pelo seu amável comentário - Só agora me apercebi . Espero que um dia nos dê o prazer da sua visita.