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Luis de Raziel C
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Vale Cheínho ou
Vale Cheiroso - Devido à sua exposição privilegiada, aqui se fixaram vários
povos, havendo vestígios de ocupação desde o neolítico até à atualidade -
Nomeadamente as ruínas de algumas casas de quintas, como seja, uma antiga casa
senhorial, servida por um antigo caminho romano e abastecida pela água de uma
fonte românica, com lagar de azeite e de vinho, forno rústico, cavalariças e
pombal. A pouco mais de quilómetro e meio da minha aldeia - a que pertencem
também os atuais herdeiros
Uma dia - depois de
devidamente iniciado - poderá ser mais um dos companheiros a visitar o mítico
Solar dos Ventos Uivantes - no recinto do qual - até aos anos 60 - se reuniam
as velhas bruxas das aldeias vizinhas - Já desaparecidas.
O passeio ideal é o noturno.
Mas só o percurso é fascinante!...Às vezes tem-se a sensação de que ainda se
ouvem por lá as vozes e os cânticos dos agitados sabats, em que participei na
minha adolescência.
O passeio ideal é o noturno. Mas só o percurso é fascinante!...Às vezes tem-se a sensação de que ainda se ouvem por lá as vozes e os cânticos dos agitados sabats, em que participei na minha adolescência.
Vivo em Lisboa para mal dos
meus pecados - Não gosto desta cidade mas não tenho outro remédio. Daí a necessidade de
ter que ir até à minha aldeia com alguma regularidade. Preciso de retomar os
meus passeios mensais (noturnos das Sextas) pelos velhos caminhos romanos dos
Abrolhos e do Vale Cheiroso - Ir até ao Solar dos Ventos Uivantes( onde guardo
tantas recordações da minha infância) entrar na Cova da Moura e deambular pela
Fraga Alta, Curva da Ferradura, Castelo Velho, Pinhal da Raposa e peregrinar
por outros sítios místicos e de alto pendor iniciático.
RECORDANDO OUTROS TEMPOS
REUNIAM-SE LÁ DEPOIS DA MEIA NOITE - EM GAROTO TAMBÉM PARTICIPEI NOS RITUAIS - AINDA HOJE GOSTO DE POR LÁ PEREGRINAR DE VEZ EM QUANDO
É um hábito que me vem de
criança: não pelo facto de lá ir a levar a comida ao nosso pastor, pois, essa
tarefa, só a desempenhava para o almoço -, mas porque havia, por lá, naqueles
tempos, um certo culto, que era praticado, noutro ponto dos arredores da minha
aldeia, também ermo e despovoado, pelas filhas do Anjo da Luz. Eram mulheres
solteironas, que se reuniam no recinto de antigo solar. Três eram minhas
conhecidas, outras vinham das aldeias vizinhas. Uma delas ia buscar-me a casa,
sem os meus pais saberem, tendo, por isso, participado alguns dos seus cultos.Vivo
em Lisboa para mal dos meus pecados - Não gosto desta cidade mas não tenho outro remédio. Daí a necessidade de
ter que ir até à minha aldeia com alguma regularidade. Preciso de retomar os
meus passeios mensais (noturnos das Sextas)pelos velhos caminhos romanos dos
Abrolhos e do Vale Cheiroso - Ir até ao Solar dos Ventos Uivantes( onde guardo
tantas recordações da minha infância) entrar na Cova da Moura e deambular pela
Fraga Alta, Curva da Ferradura, Castelo Velho, Pinhal da Raposa e peregrinar
por outros sítios místicos e de alto pendor iniciático.
.Confesso-lhe que nunca me senti impelido a seguir a sua cartilha, nunca
a tomei muito a sério, mas diverti-me imenso com as suas rezas, com os seus
rituais e com a suas estranhas evocações, aprendendo, inclusivamente, a não ter
medo da noite e a saber deslocar-me, rápida e subtilmente, seja em que em ermo
for e na mais densa escuridão. Aliás, ainda não há muito, apostei com um amigo
que era capaz de, eu por carreiros e caminhos, e ele com o seu jipe por uma
estrada sinuosa mas em bom estado, chegar ao termo de um determinado troço de
estrada, primeiro do que ele, e ganhei-lhe a aposta. Daí talvez a razão de me
ficar, para sempre, aquela minha curiosidade para a decifração de uns certos
mistérios. Tendo mesmo, por via disso, já ensaiado, há uns anos, três viagens
sozinho no mar: uma verdadeira maratona de sobrevivência, em circunstâncias bem
peculiares, e que felizmente pude superar. Uma das quais 38 dias . E de uma forma primitiva.
Designação do Sítio: Quinta de Vale Cheiroso
Designação do Sítio: Quinta de Vale Cheiroso
O edifício da
Quinta é uma construção que data do séc. XVIII e foi uma casa de lavoura de
grande fulgor económico, no decorrer do século XIX. Tinha forno de cozer o pão
e ao lado, num dos anexos havia um lagar de vinho, daqueles que tinham tanque e
trave com fuso e peso e que são comuns neste tipo de estruturas. No pombal da
casa, havia uma construção sub-rectangular que se encontra do outro lado da
linha de água, trata-se de um lagar de azeite. Este lagar foi construído no
interior de um edifício feito em pedra. Reparte-se por três compartimentos,
sendo o maior aquele onde se encontravam os elementos necessários ao fabrico do
azeite. Os outros dois destinavam-se a guardar a azeitona antes desta ser
triturada. No compartimento maior conserva-se a moenda
formada por duas mós a rodearem
no interior de uma taça de pedra. A força motriz era produzida por um animal,
uma taça circular e todo o sistema de prensagem constituído por um prelum de
madeira que encaixava na parede, a ara de prensagem circular e o peso da pedra
com o respectivo fuso de ferro. Completava o conjunto as duas tinas de pedra
para onde escorria o mosto oleário. Arqueólogos: Carlos Alberto Brochado de
Almeida/Responsável .
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