Jorge Trabulo Marques - Jornalista - - Video coma reportagem sonoroa de há 49 anos -
Sim, completam-se à meia noite de 31 de Dezembro de 2023, a bonita soma de 49 anos, sobre a última festa da passagem do ano, na era colonial – Era bem mais novo e bem mais sonhador - Dias para dar largas às alegrias e se esquecerem as agruras da vida. Tem sido assim, no dobrar do calendário, quando um ano acaba outro começa: é o renovar das esperanças. A vida tem que se alimentada de ilusões, senão tornava-se insuportável-
Eu nesse dia fiz de operador de som e de locutor. A vida foi-me muito dificil nos primeiros anos nas roças, como empregado de mato, mas agora, embora em regime precário, tinha outro estatuto
Em S. Tomé, a passagem do ano, a bem dizer, até era o grande acontecimento dos 12 meses - Não havia outra data mais desejada - Não havia televisão de canal aberto - salvo a telescola, que, segundo me recordo, era em circuito fechado, pelo que a rádio era a grande rainha da informação, a estar sempre nos maiores acontecimentos - Fechava os olhos a muita coisa, pois assim lhe impunham as leis da censura, mas nas festas de cortar a fita, no futebol ou nos espetáculos musicais, nunca faltava. - E, obviamente, que, sendo assim, não podia deixar de fazer a cobertura à passagem do ano 73-74.
O Povo Santomense tinha também outras formas de se divertir – Por exemplo, o costume de, ao nascer do sol, muita gente acorrer às praias, penso que ainda hoje o faz – Nomeadamente, no Pantufo e na praia de S. Pedro, na Baía Ana de Chaves -
Muitos aproveitavam para ir dar o seu mergulho e dar largas à sua folia. Fiz a reportagem de algumas dessas festas para a revista Semana Ilustrada. Aliás, em Portugal, há também quem faça o mesmo: não enjeite testar a sua saúde na água gelada do Inverno
– Uma das Praias, já famosa, pelos banhos do fim do ano, é a de Carcavelos, no estuário do Tejo. Mas, em S, Tomé e Principie, como as ilhas se situam no Equador, as águas estão sempre quentes, os banhos, em qualquer altura do ano, são sempre um regalo, um agradável convite a devassar a água cristalina das ondas.
A antiga igreja matriz das Chãs, que antes de 1758, se chamava capela de S. Caetano, era o único edifício histórico desta freguesia, que, no “Tombo da Comenda de Santa Maria de Longrouva, de 1773, aparece com a denominação de Chanes e, posteriormente, com a designação de Chans de Longroiva
O Padre António Pereira Amante, por sinal um sacerdote muito dedicado às suas paróquias, com residência em Longroiva, embora possuído de boa fé, errou na sua avaliação, pensando que a população da aldeia iria crescer, mas passou-se precisamente o contrário: a emigração, sobretudo para França, redundou num descrente despovoamento e enorme desertificação.
Quis fazer o mesmo a outra histórica igreja, à de Muxagata, de que
também era pároco, mas ali contou com
maior resistência do povo e não levou por diante a moda do cimento armado, que então se substituía
às antigas construções de xisto e de granito.
Nessa altura, encontrava-me em S. Tomé – Se ali estivesse teria também
sido solidário com a posição tomada por as pessoas que discordaram dessa nova
obra, entre as quais, o meu tio Antoninho Anjo, com a sua residência ao lado da antiga igreja,
que, por tão desconsolado, vim mais
tarde a saber, por sua esposa, a minha Tia Ana, que jurou não entrar na nova
igreja enquanto fosse vivo, e era um fervoroso católico.
Em 1972, a estrutura granítica da velha igreja apresentava uma solidez razoável
aquando do seu derrube. Pena que não se ter evitado a sua destruição e levantado
um novo templo noutro local – Refere Joaquim Manuel Trabulo, no seu livro CHÃS DE FOZ CÔA – A SUA HISTÓRIA E A SUA GENTE
O campanário, de dois sinos, era tipo
único no concelho de Foz Côa. A talha
barroca do altar-mor era muito semelhante à igreja de Numão. O sacrário,
considerado uma relíquia, foi reparado a
aproveitado na nova igreja mas já sem a beleza e o enquadramento que tinha
dantes.
Atrofiou-se o adro e derrubou-se o mítico negrilho , tão
necessários nas tardes calmosas
da Primavera e do Verão, à sombra do qual a gente das Chãs se acolhia e convivia. A
povoação teria ficado, por certo, bem mais
enriquecida e mais airosa
A talha barroca do altar-mor era
muito semelhante à igreja de Numão.
O sacrário, considerado uma relíquia, foi reparado e aproveitado na nova
igreja mas sem a beleza e o enquadramento que tinha dantes
Com que ansiedade, na minha adolescência, esperávamos a noite e o dia de
Natal. De véspera, faziam-se as filhoses de centeio, a que chamavam bolas de
azeite. E depois da ceia, lá se ia a saltitar e dançar à roda da fogueira no
adro da antiga igreja
A festa de Natal era calorosamente vivida com outro encanto: havia três
escolas de crianças e hoje não há nenhuma: sem eletricidade, saneamento e água
canalizada, que tinha de se ir buscar de cântaro à fonte ou em aguadeiras nos
machos ou burros mas a aldeia estava com todas as casas habitadas.
Hoje há mais casas de que habitantes, pelo que não tarda a ficar uma
quinta, como sucede noutras aldeias do Portugal do interior profundo: o que
ainda vai valendo é o regresso dos emigrantes no mês de Agosto para matarem saudades
do seu torrão natal e se associarem à celebração da Festa de Nª Srª de
Assunção, já que a do Padroeiro, São Caetano,
que era celebrado uma semana antes, caiu praticamente no esquecimento.
Naqueles dias, a vida do campo, era realmente mais difícil de que hoje,
visto não existir qualquer trator senão os chamados carros de bois: eram os
animais das cortes que puxavam os arados e se cava a terra. A lavoura dependia totalmente da mão direta humana
No entanto, quer as festas da Páscoa, como as de Agosto, a do Padroeiro
e de Nª Srª de Assunção, como as festas do Natal, eram calorosamente vividas –
Não direi que não continuem a ser assinaladas com grande entusiasmo e participaçao, mas, só o facto
de, naquela altura, haver mais população, dava outro colorido e outra alegria ao povo.
O que vale ainda são os emigrantes, já que, quem vive do campo, senão fosse o vinho generoso era quase trabalhar para aquecer. Mas quem é que quer deixar morrer a tradição?!... Com muito esforço e a carolice de uns poucos, os chamados mordomos, lá se vai fazendo todos os anos. Porém, o momento alto o dia, foi a procissão solene, que percorreu as ruas da aldeia, desde a igreja à capela e desta de volta à igreja -E, naturalmente, o sermão atentamente escutado, proferido pelo Cónego Manuel, filho desta freguesia. Obviamente que a festa continua na noite de 15 e ainda nos dias 16 e 17 - E, pelos vistos, promete, já que motivos de diversão não faltam no programa - Aqui ficam, por agora, alguns vídeos e imagens.
Neste sagrado dia da Natividade, aproveito para transcrever um dos belos poemas, inseridos no Espírito Natalício, de Manuel Daniel com os votos amigos amigos de um Feliz Natal, junto dos que lhe são queridos e desejando que a deficiência visual, que tão profundamente o afecta, recupere e não se agrave
Noite de Natal
O Céu não estava estrelado
mas uma estrela luzia,
Num barraco desprezado
estavam José e Maria.
Num monte distanciado
A branca neve caía.
Mas no negrume fechado
De repente se fez dia.
Uma criança chorava
quando a luz se refectia
num espaço onde ecoava
um cântico de alegria,
cântico que reboava
numa perfeita harmonia
enquanto José Louvava
e aos céus agradecia.
Era um mistério sagrado
o que ali acontecia.
Um pastor admirado,
cantava, dançava e ria.
O próprio tempo, abismado
em dois tempos se repartia.
E sobre palhas deitado O Deus menino dormia.
.
Manuel Daniel – do Livro Chão de Areia
CANTIGAS DO PERÍODO NATALÍCIO DA MINHA ALDEIA
Só na antiga memória de quem a cantou e viveu
Inda agora aqui cheguei,
E mal pus o pé na escada,
Logo o meu coração disse,
Aqui mora gente honrada
Coro
Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá!
Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá!
Esta casa é caiada,
Forrada de papelão,
Os senhores que moram nela,
Têm belo coração!
Levanta-se daí senhora,
Desse banco de cortiça,
Ai, venha dar-nos as janeiras,
Ai, ou morcelas ou chouriças!
Já se acabaram as festas
Agora vêm os Reis,
Vede lã por vossas casas,
Se lá tendes que nos “deis!”
Coro
Nasceu a alegria,
Não pode haver mais,
Que nasceu Jesus!
Bendito sejas!
Versos extraídos do livro - CHÃS DE FOZ CÔA – A SUA HISTÓRIA E A SUA GENTE – De Joaquim Trabulo
Um recente estudo que cobriu o ano de 2022, efetuado nas escolas básicas e secundárias, revela que mais de 84% da população são-tomense não tem uma alimentação saudável e equilibrada. Segundo Inês Serrano, do projeto Menutric, este dado é alarmante.– Noticia veiculada, em Novembro passado, pela RFI
Projeto social da igreja católica para crianças em situação de risco, financiado pela cooperação portuguesa que nasceu de "um sonho" de Dom Manuel António, que tinha desde a sua chegada: "Criar condições para essas crianças que estavam acolhidas em condições precárias". Um novo lar para meninos de rua e crianças rejeitadas pelas famílias
Na altura da sua inauguração, confessou que “as crianças da Casa dos Pequeninos são o retrato de um país com problemas sociais. Algumas são órfãs, outras foram abandonadas pelos familiares por serem fruto de uma relação extraconjugal ou de uma gravidez indesejada.
"Essas situações têm a ver com a pobreza que vivemos aqui”, considera Dom Manuel António. O bispo fala em "situações de alcoolismo e famílias desestruturadas” e explica que "estas crianças precisam de ser acolhidas e apoiadas no seu crescimento” .
Sons de violino e de viola d' arco com momentos de poesia - foi este o programa agendado para a celebração do Equinócio do Outono 2015, que, teve, como convidado especial, Dom Manuel dos Santos, Bispo da Diocese de São Tomé e Príncipe, recitados pelo próprio e por José Lebreiro, António Lourenço e Tomé Janeiro - Pormenores e videos em https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2015/12/celebracao-do-solsticio-de-inverno-22.html
O autor do poema “Os Meninos da Minha Rua", Bispo da diocese de STP, de 2006 -2022, que agora lançou um novo Livro – “O que é ser católico?” uma breve exposição sobre a Fé Católica com respostas às “seitas” - já havia reconhecido que “a pobreza continua a ver-se por todo o lado. Continuo a ver o meu povo sofrer com a pobreza” - Preocupação expressa, em entrevista à VATICAN NEWS, em Maio de 2018, por D. Manuel António dos Santos
Um Parque Escolar em São Tomé " - O maior sonho do Bispo D. Manuel A. Santos – Confessou numa entrevista que me concedeu em S. Tomé, em Agosto de 2015
“Porque sou Católico?” - Titulo da sua mais recenete obra - Uma breve exposição sobre a Fé Católica com respostas às “seitas”
D. Manuel António Mendes dos Santos. atual pároco de Tavira, desde a Páscoa do ano passado, depois dos seus livros de poesia, “Momentos de Verde e Mar”, e “Aqui Onde Estou Os Sonhos São Verdes, apresentou, no passado dia 30 de Novembro, a obra intitulada “O que é ser católico?” - Livro, em que o devotado sacerdote, nos fala de uma sociedade que ainda se identifica como católica, mas que na sua maioria não conhece os seus fundamentos e as verdades da fé começam a tornar-se subjetivas.
Foi também noticiado pela Fundação Histórico-Cultural Oureana, que, D. Manuel António Mendes dos Santo, Capelão Geral da Real Irmandade da Ordem de São Miguel da Ala, na sua passagem por Fátima, apresentou mais um livro da sua autoria e desta vez uma obra muito esclarecedora sobre os princípios fundamentais da Fé Católica e com respostas bíblicas a muitas dúvidas levantadas pelas seitas religiosas que proliferam na nossa sociedade para confusão e engano dos fieis.
Neste livro de 48 páginas com ilustrações, o Capelão Geral da Real Irmandade da Ordem de São Miguel da Ala, explica os Sacramentos, a importância da Bíblia como palavra de Deus e desmistifica crenças populares, bruxedo, magia e as crenças nos sonhos.
Para D. Manuel António é importante que os Católicos tenham pleno conhecimento das verdades fundamentais da Igreja a que fazem e que saibam o que é da Fé e o que é da superstição para termos uma vivência plena na Fé
AS CRIANÇAS ABANDONADAS JÁ TÊM UM LAR - Mas há outras necessidades que urge satisfazer - Na página do Facebook da Casa dos Meninos da Rua, é dito que "necessitamos de um Mini-bus para transportar estas crianças à escola e para outras actividades ligadas ao seu desenvolvimento humano e espiritual. O Mini--bus custa, em preço de fábrica, 28.235,00 Euros, a que temos de juntar 2.500,00 euros para
D. Manuel António Mendes dos Santos, sem dúvida, um olhar atento e uma voz amiga do povo são-tomense, um “veterano” de África e destas ilhas, - Bispo diocesano de São Tomé e Príncipe, desde sua nomeação em 1 de Dezembro de 2006, pelo Papa Bento XVI
Demitiu-se, em Julho de 2022, depois de 15 anos à frente da diocese de STP. Na conferência, então proferida, deu a conhecer as razões da sua demissão que, conforme explicou, se prendem com o cansaço depois de 15 anos à frente dessa Diocese. - Garantiu que renunciou ao cargo por causa do cansaço: “chegou ao momento em que me sentia profundamente cansado com dificuldade para continuar lutando”.
O presépio natalício, vulgarmente conhecido pelo “Passo”, é uma das referências culturais mais antigas da Ilha de São Tomé, criada desde o tempo colonial – Feitos com pauzinhos cortados de andala com o machim (das folhas de palmeiras) e vergas de canas de bambu, enfeitadas com algumas flores da floresta, imitando pequenas ermidas ou a igreja da Sé, construídas junto às modestas cubatas à beira da estrada, sobretudo à medida que se deixava a cidade, a capital e se penetrava no interior da Ilha, alumiadas por tochas de óleo de palma em pedaços de mamão, iluminando a Noite de Natal - Que se prolongavam durante a quadra natalícia
DOM MANUEL DOS SANTOS– ORIUNDO DE UMA HUMILDE FAMÍLIA BEIRÂ, O5º DE 9 FILHOS – “TODOS VIVOS!- GRAÇAS A DEUS”
D. Manuel António Mendes dos Santos, bispo diocesano de São Tomé e Príncipe, desde 1 de Dezembro de 2006, que faz parte da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe.
Sacerdote claretiano desde 1985, um olhar atento e uma voz amiga do povo são-tomense, um “veterano” de África e destas ilhas, que já conhece desde Dezembro de 1993 .
Natural da Beira Alta, da pequena aldeia de São Joaninho, concelho de Castro Daire, distrito de Viseu. De origem humilde, o 5º de uma família de nove irmãos, ainda vivos.