Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Desde 1970 - A Honra e o Prazer de ter entrevistado em sua casa um Homem Valoroso, Generoso e Pacífico - Registo sonoro dividido em dois videos - Mas há outros excertos que não me foi possível ainda recuperar
Foi o décimo-quinto Presidente da República Portuguesa, o segundo após a Revolução de 25 de Abril.Natural de Chaves, 30 de Junho de 2014. Faleceu em Lisboa, aos 77 anos, em 31 de Julho de 2001 - De família numerosa, de onze irmãos (dos quais três vão falecer antes de chegar à idade adulta), muito cedo Francisco da Costa Gomes fica órfão de pai, ainda antes de completar 8 anos. Após terminar a instrução primária, em Chaves, aos 10 anos entra no Colégio Militar, provavelmente falta de posses, para que possa aí prosseguir os estudos, prosseguindo a carreira de armas. Sobre a profissão militar o próprio diria mas tarde: «se pudesse não teria seguido.».
Entrevista - Registo sonoro de uma antiga cassete - De entre as centenas de entrevistas e apontamentos, que ainda guardo no meu extenso arquivo em memórias de um repórter
Tenho pois a honra e o prazer de editar o excerto de uma longa e interessante entrevista, que me concedeu em sua casa, não obstante estar num período de convalescença, por razões de saúde - "Sabe, que ainda ontem tive 40º graus de febre" - Confessava-me
COSTA GOMES - O MILITAR PACIFISTA
O paladino da paz –.Um dos militares mais pacifistas, que, após deixar a Presidência da Republica, não aceita ser chamado a desempenhar qualquer cargo político, optando pelo Conselho Mundial da Paz, como terreno de intervenção, seguindo, atentamente e com preocupação, o recrudescimento das armas convencionais e atómicas das duas grandes potências, que, ao invés de olharem mais para os problemas da saúde e das condições de vida das populações, gastam milhões em armas atómicas e convencionais. –
RETIROU-SE DA POLITICA MILITAR PARA SE DEDICAR À PAZ MUNDIAL
JTM - O Sr. Marechal Costa Gomes é um homem retirado da cena política? É um homem que acompanha atentamente os problemas! Como vê a política: como interveniente ou como observador?
F.C.G. A política nacional vejo-a simplesmente como observador e um observador muito atento, porque, como tenho dedicado a maior do meu tempo, às questões internacionais, sobretudo àquelas que dependem da paz e do desarmamento, e, como isso me leva, muitas vezes, a conferências para fora do país e me obriga a um preparação, quando estou em Portugal, que me faz alhear um pouco da política do dia a dia do nosso país, é claro que eu estou mais a par daquilo que se julga que constitui hoje a política internacional e a situação internacional de propriamente da politica nacional.
JTM - Porquê essa preocupação?
F.C.G - Bom, a preocupação deriva de várias coisas: em primeiro lugar do facto de julgar que nós estamos realmente de baixo da uma ameaça terrível que pode, de um momento para o outro destruir por completo a vida sobre este belo planeta, que é a Terra. É isso. Pode-se dizer que as pessoas mais lúcidas e aquelas que se têm dedicado mais a este assunto, desde 54, desde o rebentamento da primeira bomba atómica, começaram a prever esta situação. Mas, não há dúvida nenhuma, que, durante as duas primeiras décadas, praticamente o assunto da era atómica, foi completamente ignorado, as armas atómicas foram completamente ignoradas! Ninguém sabia nada do que se passava, espacialmente nos países onde a luta começava a ter um cariz de competição muito forte, e, nos anos 70, o mundo começou a ser surpreendido com a ideia de que, já havia nessa altura, armas suficientes para destruir várias vezes a humanidade.
“MAIS DE METADE DOS CIENTISTAS DO MUNDO OCUPADOS EM APERFEIÇOAR MEIOS DE COMBATE” – Em vez de se empenharem com “os problema da fome, do analfabetismo, do meio-ambiente e da saúde
JTM – Acha que ainda há uma grande tensão entre os dois blocos?
F.C.G. Eu julgo que ainda há uma grande tensão mais forte do que aquela que devia existir, porque há uma desconfiança mútua, não só do ponto de vista político, com sob o aspeto militar, que inibe e que faz com que não se possam adiantar e definir determinados assuntos com a lógica, e, sobretudo, com a necessidade que os mesmos impõem. Veja, por exemplo, este facto que agora se deu, ultimamente, insólito: pois, estamos todos à espera que, de um momento para o outro, se possa assinar o acordo que elimine os mísseis intermediários e os mísseis táticos da europa. Pois bem, qual é a atitude que a Nato toma perante esta decisão? É que… sim, senhora …vamos acabar com os mísseis mas temos que reforçar as forças convencionais.
Ora, eu acho que esta atitude é uma atitude absolutamente negativa! O que nós precisamos não é de reforçar as forças convencionais é de reduzir também as forças convencionais! Porque, um dos maiores problemas que existem no Mundo – e sem a redução dos orçamentos militares, se não será possível resolvê-lo – é o problema da fome, é o problema do analfabetismo, é o problema do meio-ambiente, o da saúde, enfim, são uma série de problemas que realmente fazem com que, a maioria da população mundial, dia a dia, veja os seus problemas acrescidos, agudizados e não sinta que há uma luz, que não há uma pequena ação solidária dos países – que os têm, que, no fundo, os têm assegurado – para melhorar esta esta situação.
Ora, esta situação só pode ser melhorada, diminuindo drasticamente as despesas militares, não só o que diz respeito aos orçamentos. Como também no que diz respeito à investigação científica. Porque, hoje, mais de metade dos cientistas no mundo, estão dedicadas a aperfeiçoar armas e aperfeiçoar meios de combate, quando, realmente, a todas as pessoas bem intencionadas, lhes parece que se deviam dedicar as era para o bem-estar da Humanidade, e, portanto, pró melhoramento das condições de vida de todos os Povos.
JTM – Acredita na possibilidade de um novo conflito à escala mundial?
F.C.G. - Acredito! Não porque as pessoas o queiram! Podemos dizer que 90% da população mundial é contra um conflito à escalda mundial - Mas, com o acumular de armas que existem no mundo e, com os pequenos conflitos locais, que ainda não conseguimos debelar e, outros que se podem desenvolver de um momento para o outro, como é, por exemplo, a situação do Golfo Pérsico, pois, uma destas situações, pode, sem querer, levar a um conflito mundial! E isso é extremamente perigoso, porque, as armas que depois se possuem, são de tal maneira potentes e de tal maneira poderosas, que, se elas forem empregues, durante muito tempo, será o tempo suficiente para aniquilar a vida sobre a Terra.
O PERÍODO QUENTE PÓS 25 DE ABRIL
JTM - Outra questão que eu gostaria que o Sr. Marechal recordasse – alguns anos já volvidos sobre aquele período da revolução: um período, naturalmente, muito confusão, como é que a esta distância, o Sr. Marechal. Os recordaria?
F.C.G. – Bom, eu acho que foi realmente um período muito confuso! Muito perturbado! A revolução fez-se, mas, claro, dadas as circunstâncias em que ela teve de se efetuar. Não houve uma preparação, sobretudo para se poder transitar do regime que havia para um outro, onde as liberdades e os direitos humanos, estavam salvaguardas e estavam em plena pujança, e isso deu como resultado, que, houve, de facto, durante os primeiros tempos – no primeiro Governo (em todos os governos mais ou menos provisórios – deficiências muito grandes, que, só o trabalho e só a boa vontade e dedicação de muitos, conseguiram, não digo suprir, mas pelo menos atenuar.
“OTELO TEVE AS SUAS DEFICIÊNCIAS MAS, DE UMA MANEIRA GERAL, FOI UM ELEMENTO POSITIVO E A REVOLUÇÃO DE ABRIL DEVE-LHE MUITO.
Otelo Saraiva de Carvalho, detido a 20 de Junho de 1984 pela Polícia Judiciária, no âmbito deste processo. Da FP, com uma pena de 18 anos .De recordar, que o principal operacional do Movimento das Forças Armadas. nunca assumiu a criação das FP-25 nem a militância no grupo. Do tempo total de pena cumpriu apenas cinco anos. Em entrevista, concedida há Lusa, em 2010, Otelo confessou que, no dia em que recebeu a notícia da criação deste partido revolucionário armado, a encarou com "apreensão e perturbação com a ideia".Otelo: FP-25 foram "choque grande e um prejuízo tota
JTM – Sr. Marechal. Uma das figuras muito conhecidas e, de grande interveniência, na revolução, é Otelo Saraiva de Carvalho, atualmente preso: como é que vê a prisão de Otelo Saraiva de Carvalho?
F.C.G – Eu, como tive ocasião de dizer no Tribunal, só conheço regularmente, a ação do Tenente-Coronel Otelo, quando ele parte ou do Conselho da Revolução
, em que me esteve diretamente subordinado. – No Concelho de Revolução, porque eu era o Presidente do Concelho de Revolução; no COPCON COPCON –, porque o COPOCON estava dependente do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e eu acumulava as funções de Presidente da República e de Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Ora, nesse tempo, eu posso dizer-lhe que, Otelo teve as suas deficiências, mas, de uma maneira geral, foi um elemento positivo e a Revolução de 25 de Abril, deve-lhe muito.
Depois, do 25 de Novembro, praticamente nunca mais tive contactos com Otelo, mas, daquilo que eu conheço, a forma como eu pus o problema no Tribunal, eu julgo que o caráter , a moral e a maneira de ser do Otelo, não são de molde a admitir que ele, direta ou indiretamente, tenha tomado parte em qualquer das ações terroristas.
Era bom que se visse, que se estudasse bem, as ações terroristas, não só a partir de 1974 mas que se vissem bem as ações terroristas, entre 1975 e 1976, porque, realmente, nessa data houve muito terrorismo em Portugal! - Terrorismo absolutamente escusado! Terrorismo que que visava, única e simplesmente, o regulamento do status quo, então estabelecido, em que as pessoas, não hesitara em matar, em destruir, em fazer ações, que realmente todo o mundo hoje as condena, porque, felizmente, o terrorismo hoje está condenado internacionalmente de uma forma absoluta.
JTM – Portanto, em sua opinião, acha injusta a prisão de Otelo?
F.G.C – Não posso dizer que é injusta ou justa. Eu não sei as causas que levaram à prisão de Otelo. Penso que – nisso acredito, acredito na Justiça Portuguesa -, que o juiz que fez o inquérito e que promoveu a sua detenção, tinha as suas razões. Podem não ser razões que não sejam razões suficientemente fortes para justificar a prisão durante tanto tempo de Otelo.
Não há dúvida nenhuma é que, Otelo Saraiva de carvalho, tem, em toda a Europa, uma data de pessoas importantes, sobretudo no campo jurídico, que o apoiam, que o defendem e que estão constantemente a fazer diligências para a sua libertação.
A entrevista, que, honrosamente me concedeu, continuaria com ainda com várias perguntas, desde a sua próxima deslocação a Tóquio, no âmbito das conferências do Conselho Mundial da Paz, assim como de como recordava as funções que desempenhou, em Angola, 1970-72, como comandante-chefe da Região Militar de Angola – Perguntei-lhe, que, tendo também estado, como militar nesta ex-colónia, no meu tempo (1966) se constava que havia quem, dentro do Quartel general, passasse informações do MPLA – Costa Gomes, negou que, de sua parte, alguma vez tivesse tomado essa atitude, não passando de calúnias e de falsidades. Pena não puder reproduzir as suas palavras, visto, no dia seguinte ter ido fazer uma entrevista ao Monsenhor Moreira das Neves, em sua casa, e, inadvertidamente, ao usar a mesma cassete, apagado o resto da entrevista. Contudo, ainda disponho de uma outra entrevista, esta feita no torno de uma conferência, em que ele também participara, que igualmente conto editar oportunamente em vídeo.
Costa Gomes morava na Av. João XXI, próximo do cruzamento da Av. de Roma, em Lisboa. Nessa tarde, que me recebeu, estava sozinho e, curiosamente, os móveis da sala, estavam todos cobertos com lençóis brancos, visto ir para obras, mais parecendo a enfermaria de um hospital. Mesmo assim, teve a gentileza de me receber, já que a entrevista havia sido marcada uns dias atrás e ele não quis faltar ao compromisso. -
Militar sempre preocupado com a paz, de perfil civilista, indo ao pormenor de, sintomática e simbolicamente, restringir o uso da farda apenas às ocasiões em que tal lhe era exigido, é no entanto, na Guerra colonial, de entre os grandes cabos de guerra, o mais renitente em utilizar a força bélica em grandes e pequenas operações, e, paradoxalmente, o que mais êxito teve em termos operacionais e bélicos.
Costa Gomes foi, com uma antecedência assinalável, em 1961, o primeiro chefe militar a defender claramente que a solução para a guerra colonial era política e não militar, não obstante cumpriu com brilhantismo as suas funções como comandante militar da 2.ª Região Militar de Moçambique, entre 1965 e 1969 (primeiro, como segundo-comandante, depois, como comandante) e, seguidamente, como comandante da Região Militar de Angola.
Após o 28 de Setembro de 1974, com o afastamento do general Spínola, Costa Gomes é nomeado para a Presidência da República, onde lhe caberá a difícil missão de conciliador de partes em profunda desavença, com visões radicais do mundo, algumas verdadeiramente inconciliáveis. Levará sobre os seus ombros tudo quanto se irá passar até à crise de 25 de Novembro de 1975, onde lhe coube o papel capital de impedir a radicalização dos conflitos poupando o país a enfrentamentos violentos e uma possível guerra civil. Costa Gomes é considerado um dos principais obreiros da instauração da democracia em Portugal.
«A APRENDIZAGEM DA ARTE DA «PRUDÊNCIA»
“A figura que sai das páginas de Luís Nuno Rodrigues é a de um general renitente. Da obra ressalta, desde logo, que a carreira militar de Costa Gomes deriva não tanto de um gosto pelas armas, mas sobretudo de uma evolução imposta pelas necessidades materiais da família. Do Colégio Militar à Academia Militar, o percurso de Costa Gomes resulta de uma evolução natural imposta pelas condicionantes familiares. A carreira militar não satisfazia em pleno Costa Gomes, que acabou por frequentar a Universidade do Porto, aí concluindo a licenciatura em Ciências Matemáticas (1939-1944). Este facto não o impediu de percorrer, ainda jovem, um extraordinário caminho como militar, ganhando prestígio no meio castrense, não deixando, contudo, de evidenciar uma renitência: a renitência ao uso e ao abuso da violência. Para o futuro marechal Costa Gomes, a violência (a força armada) só devia ser aplicada enquanto fosse útil ao equilíbrio e à paz na sociedade. O uso excessivo da violência, assim como a utilização da violência de forma inútil, eram-lhe repugnantes.
Na lógica do marechal Costa Gomes, cabia aos militares dosear o uso da violência, tendo sempre como fim assegurar os objectivos de ordem e paz social. – Excerto Relações Internacionais (R:I) - O general «renitente»
Marechal Francisco Costa Gomes - Uma das grandes personalidades, militares e cívicas, Membro da Junta de Salvação Nacional desde a madrugada de 26 de Abril, e, como chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas em 30 de Abril de 1974. O primeiro Presidente da República Portuguesa a discursar perante a Assembleia Geral das Nações Unidas - Em Janeiro de 1975 está presente na assinatura do Acordo de Alvor, entre o governo e os movimentos de libertação angolanos, relativo à independência de Angola. Depois de dar posse ao IV Governo Provisório, também chefiado por Vasco Gonçalves (25 de Março de 1975), preside à assinatura, em 11 de Abril de 1975, do primeiro pacto MFA-Partidos.
Declarações inéditas de Francisco Costa Gomes, uma vez que, da longa entrevista, que honrosamente me concedeu, na qualidade de repórter da extinta Rádio Comercial RDP, apenas escassos minutos foram transmitidos. O tema principal da minha deslocação a sua casa, versava sobre questões relacionadas com o armamento atómico e convencional das duas grandes potências e o papel do Marechal na Conferência Mundial da Paz, que, por agora, apenas reproduzo em texto .
E, de facto, foi a propósito destes assuntos, num tempo em que pareciam desanuviar-se algumas tensões, entre os dois blocos, que começaria por fazer as primeiras perguntas. Contudo, outros temas acabariam por ser abordados, nomeadamente, o que pensava do período quente pós 25 de Abril e da prisão de Otelo Saraiva de Carvalho - Conteúdo editado em vídeo. – Porém, é minha intenção, vir a editar, no Youtube, também outra interessante entrevista, sobre este tema
“Francisco da Costa Gomes toma posse como Presidente da República na sequência da renúncia de António de Spínola, a 30 de Setembro de 1974. Em pleno processo revolucionário terá de enfrentar situações de grande complexidade.
Nascido em Chaves, no seio de uma família numerosa, a sua infância é marcada pela morte do pai nas vésperas do seu 8.º aniversário. As dificuldades económicas da família levam a que, terminada a instrução primária, ingresse no Colégio Militar em Lisboa. A solução não lhe agrada, sobretudo devido ao afastamento da família.
Adicionar legenda
Com uma carreira militar brilhante, várias comissões de serviço nas colónias e estágios no Quartel-General da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), acabará por ser convidado, em Agosto de 1958, pelo ministro da Defesa, general Botelho Moniz, para o cargo de subsecretário de Estado do Exército. Começa assim uma carreira política que, depois de várias vicissitudes, o projectará ao mais alto cargo de Estado: a Presidência da República.
(…)Apesar da ambiguidade de que muitos o acusam, todos lhe reconhecem o mérito de ter conseguido evitar a guerra civil.
Ao ocupar a cadeira presidencial, uma das suas primeiras preocupações parece ser a de garantir a estabilidade, apesar da conjuntura revolucionária que se vive. Demonstra-o, primeiro, ao reconduzir Vasco Gonçalves para o cargo de chefe do governo (III Governo Provisório, em 1-10-1974). Depois, durante a viagem que efectua aos EUA onde procura não só estabelecer contactos com vista à cooperação entre os dois países, sobretudo económica, como também tranquilizar a comunidade internacional quanto ao rumo da transição portuguesa” – Excerto de . Biografia completa - Museu da Presidência da República
Jorge Trabulo Marques - Coordenador do evento - Temos videos a editar - Logo que nos for possivel
A manhã e o início
da tarde foi nublada e chuvosa mas depois S. Pedro brindou-nos com momentos de
raro esplendor e beleza, num fraternal e caloroso convívio, abrilhantado pelo
grupo de gaiteiros de Miranda do Douro, Tok d´Gaita – Na vertente do Maciço dos
Tambores, aldeia de Chãs, de foz Côa.
O meu abraço amigo
a todos os participantes e o meu especial agradecimento à presidência do
município foz-coense, João Paulo Sousa, pelo apoio que nos concedeu bem como a
António Lourenço, José lebreiro, Pedro Daniel, entre outras pessoas amigas da
aldeia, do nosso concelho , Foz Côa, da Mêda e de outras
paragens que ali se deslocaram
Este é dos raros lugares da Europa – e talvez do mundo – onde ainda
persistem calendários pré-históricos alinhados com todas as estações do
ano O solstício de 21 de Junho marca o primeiro dia
de verão no hemisfério norte (e de inverno no hemisfério sul), com o maior
número de horas de luz solar do ano.
Em termos
astronómicos, o solstício de verão consiste no momento em que o hemisfério
norte da Terra está mais diretamente virado para o Sol, com os polo norte
inclinado em direção à estrela a cerca de 23,5 graus.
Bem Hajam
Vós Peregrinos dos Templos do Sol - Que Deus vos abençoe a alma e o vosso
coração e vos conceda as graças que mais desejais - Foi uma linda tarde que o
Céu nos concedeu na despedia do primeiro dia do Verão - Quer junto ao altar do
Santuário da Pedra da Cabeleira de Nª Sra. onde aqui vos apresentais, quer
depois no altar da Pedra do Solstício, defronte ao maravilhoso vale da Ribeira
Centeeira com o esplendor dos belos raios solares a despedirem-se do maior dia
do ano!
Aqui, na contemplação destes sagrados espaços
venerados pelos nossos antiquíssimos antepassados
pensativo e rendido aos mistérios de Deus.
sob a infinita e azulina cúpula dos céus
o Universo cintila sob a vasta arcada que me inebria a alma,
se propaga, me transcende os sentidos e me transporta
como que para longínquos confins ou distantes galáxias.
Sim, nunca te canses de vibrar o maravilhoso milagre da vida.
Não desesperes, viva a vida com harmonia e tranquilidade.
Respira em cada noite ou em cada santo dia da tua vida
a sublime e fluída graça que Deus das alturas te ofereceu!
DEUS SEJA LOUVADO - PELA PAZ E
HARMONIA DA HUMANIDADE - O sol ao pôr-se, no dia maior do ano, ao alto do lado
de lá da margem da ribeira Centeeira, que corre de sul para Norte e vai
desaguar ao rio Côa, onde toma o nome de Ribeira dos Piscos, seus raios ficam em
perfeito alinhamento com a crista deste majestoso bloco e uma cova circular -
circulo vocativo das oferendas e sacrifícios - a uns metros a nascente –
O local, conhecido por mão-cheia, Tambores, fica situado na vertente de um
antigo castro nos arredores da aldeia de Chãs, concelho de Vila Nova de Foz Côa
Esta
extraordinária imagem, configurando uma gigantesca esfera terrestre
ou a esplendorosa configuração de um enorme globo solar projetando seus dourados raios, a poente, foi registada, pela primeira vez, cerca das
20.45 horas de 21 de Junho de 2003
A partir do ponto
on o sol então se pôs ( e voltará a pôr-se) começa o Verão e, de
igual modo, a grande estrela-fiel inicia o movimento aparente da sua
declinação para o Hemisfério Sul – E, até atingir esse ponto extremo, no
Solstício do Inverno, distam vários quilómetros: ou seja, desde o ponto do
horizonte, onde ele se vai pôr, em perfeito alinhamento com a crista
do esférico bloco e o centro do pequeno círculo que se encontra cavado, a
alguns metros a oriente, na mesma laje da sua base de apoio.
Ergue-se no perímetro do Parque Arqueológico do Vale do Côa e a curta distância do Santuário Rupestre da Cabeleira de Nossa
Senhora. Visto, perpendicularmente, em direção ao pôr-do-sol no
solstício, assume a forma redonda. Observado, porém, noutro ângulo, deforma-se
e toma a forma de um busto feminino, de perfil a norte e, masculino, de
perfil a sul
Local mágico,
pleno de história e de misticismo, dos tais lugares da terra onde a beleza e o
esplendor solar podem repetir-se à mesma hora e com a mesma imagem
contemplativa de há vários milénios pelos povos que habitaram a área
Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Coordenador do evento
O Solstício de Verão 2023, o dia mais longo do ano para o Hemisfério Norte, o tão desejado tempo de dias ocorre dia 21 de junho às 14h58. - Vai ser celebrado a partir das 18 h 30, desde o adro da igreja da aldeia em direção aos monumentais calendários pré-históricos, com o tradicional cortejo celta, composto por personagens envergando túnicas brancas, representando o papel dos lendários sacerdotes druidas, lembrando os seus antigos rituais ou tradições, ação evocativa esta abrilhantado pelo grupo de Gaiteiros Tok d'gaita de Miranda do Douro.
O evento tem contado com o inestimável apoio da Câmara Municipal de V. N. de Foz Côa, além do que se espera vir a ser prestado pela Junta de Freguesia
O STONEHENGE PORTUGUÊS
A cerimónia decorre no lugar de Quebradas-Tambores, num planalto sobre o Vale da Ribeira de Piscos, em cujo curso se situam alguns dos principais núcleos de gravuras rupestres classificados como Património da Humanidade MARAVILHA DE UM PORTUGAL DE MISTÉRIOS E DE VALIOSA HERANÇA ANCESTRAL- É umas das enormes pedras que os povos da pré-história terão erguido para celebrar o dia maior do ano, cultuar os seus deuses, num dos cruzamentos ou veios da Terra, que os radiestesistas classificam de pontos nodais, com propriedades telúricas, energéticas ou talvez mesmo curativas.
Enquanto em Stonehenge, os neodruídas e milhares de seguidores e de curiosos, se reúnem à volta do famoso círculo de pedras, por trás da famosa Heel Stone, ao nascer do sol, para saudarem a entrada do dia maior do ano, em Portugal, o Verão, é festejado, ao pôr-do-sol, junto a um antigo altar de pedra localizado no patamar da uma impressionante vertente rochosa, numa das faldas de zona castreja, conhecida pelo castro do Curral da Pedra
PROGRAMA - Depois de uma arruada pelas ruas da aldeia, que terá início às 17, 30 horas, pelosTok d'Gaita,seguir-se-á às 18 horas, o cortejo celta, pelo antigo caminho romano, desfilando até ao Maciço dos Tambores, já conhecido pelo planalto dos Templos do Sol, por aqui se situarem alguns dos mais belos calendários solares da humanidade, erguidos pelos povos, que, nos períodos do Neolítico e Calcolítico, por aqui se refugiaram, se abrigaram, de que existem abundantes vestígios, cultuando os seus deuses, festejando e orientando a sua vida, simples e humilde, em estreita ligação com a natureza e o ritmo das estações do ano
Celebração do Equinócio do Outono,em 2019, com a presença dos bisneto de João de Deus António
Ponces de Carvalho, e de sua esposa Filomena e do trineto, o Salvador
Com a primeira paragem no altar sacrificial da Pedra da Cabeleira de Nª Srª e deste santuário rupestre, rumando à Pedra do Solstício, onde, às 20.45, os participantes, poderão testemunhar a passagem dos raios solares sobre a crista do esférico megálito,. justamente no momento em que o sol se despede do maior dia do ano, na margem esquerda da colina sobranceira ao magnifico vale da ribeira centeeira, ao som do grupo de gaiteiros e acordes de violinos, que servirão de acompanhamento a momentos de poesia . Neste lugar, e, por último, na Pedra dos Poetas.
Trata-se de um imponente bloco granítico de forma arredondada, com três metros de diâmetro e a configuração do globo solar e da esfera celeste, que se supõe ter sido posto de observação astronómico e local de culto por antigos povos que habitaram a área -Desde o neolítico e calcolítico, civilizações de que existem abundantes vestígios - Porém, observado de perfil voltado a ponte, o referido monumento assume a estranha forma de um curioso busto humano.
O sol, ao pôr-se a vários quilómetros no horizonte - na margem oposta ao vale, sobranceiro ao monte dos Tambores, estende os seus raios em perfeito alinhamento com a crista de uma gigantesca estrutura megalítica e no mesmo enfiamento de um pequeno círculo cavaco na rocha, proporcionando uma imagem de raro esplendor e significado.
VÁRIOS INVESTIGADORES TÊM-SE DESLOCADO PROPOSITADAMENTE AO LOCAL, ASSISTIDO ÀS CELEBRAÇÕES E PRESTADO OS SEUS CONTRIBUTOS CIENTÍFICOS
Tom Graves, o autor “Agulhas de Pedra, A Acupunctura, da Terra”, que se tem notabilizado pela publicação de obras que procuram dar respostas e abrir novos caminhos para a investigação no campo da radiestesia aplicada à arqueologia, veio da Austrália para ali fazer os seus estudos - O conceituado escritor inglês defende que os lugares sagrados não foram escolhidos, pelos antigos povos, por obra do acaso. Concluiu que são centros para os quais muitas das linhas de água convergem umas com as outras e também com os centros padrões de linhas acima do solo, à semelhança do que acontece com as artérias do corpo humano.
Graves considera que só é possível ir ao encontro das verdadeiras raízes da história e da compreensão dos fenómenos naturais através da chamada linguagem vibratória dos sentidos. “Em toda a parte” - diz o conhecido rediestesista - existe uma interacção entre as pessoas e o lugar – e o lugar também tem as suas escolhas.
Alinhamento sagrado com os Equinócios da Primavera e do Outono
Equinócio do Outono 2019 - Templos do Sol com belos poemas de JOÃO DE DEUS, extraídos do livro CAMPO DE FLORES - Na presença do seu bisneto, António Ponces de Carvalho, e de sua esposa Filomena e do trineto, o Salvador – que nos deram o prazer de os cantar e de os ler
Foi o Prof. Adriano Vasco Rodrigues – Arqueólogo, Etnógrafo e Historiador, 95 anos, que, por motivos de saúde e da sua avançada idade, se fez representar por sua filha e esposo -
Adriano V Rodrigues 2014
Foi o Prof. Adriano Vasco Rodrigues – Arqueólogo, Etnógrafo e Historiador, sim, este prestigiado investigador, o primeiro a debruçar-se sobre o estudo da Pedra da Cabeleira, nos anos 50, que classificou como local de culto ou de sacrifícios - Referência emblemática no distrito da Guarda.
Foi ele quem trouxe à luz do conhecimento científico os primeiros contributos do Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora, a que já nos referimos em artigos anteriores - Sem os quais, dificilmente teríamos sido entusiasmados a desvendar os segredos, que a dita pedra ainda guardavainternacional