Luís Ángel Oitaven Rodrigues, faleceu na madrugada da passada segunda-feira, no IPO, 2023-02-06, onde se encontrava em tratamento – Nasceu em 1955-01-24 . Completara 68 anos, no passado dia 24 de Janeiro .O seu corpo, partirá, nesta sexta-feira daquele Hospital para o crematório de Alcabideche, onde deverá ser cremado por volta das 16 horas - À sua familia, com quem também tive o prazer de conviver as minhas mais sentidas condolências
Nota - (atualização desta noticia - 10-02-2023 - Tivémos oportunidade de nos associarmos ao velório, que teve lugar numa das salas daquele crematório, que reuniu, além dos familares, mais próximos, também um expressivo grupo de pessoas amigas, que ali foram prestar a sua sentida homenagem e confortar os seus entes queridos.
Em 2015, Luís Oitaven Rodrigues, que desempenhou as funções de secretário no Departamento da Agricultura na Embaixada de Espanha, durante vários anos, viu-se forçado a ir para a reforma, quando este departamento foi encerrado - E a ter que ir residir em Cárceres para não perder direitos sociais, nomeadamente o subsídio de desemprego – Sim, tendo partido com profunda mágoa, ao ter que se separar do lar, do convívio familiar e dos seus gatos, que também tanto amava e com os quais partilhava as longas horas de pincel na mão voltado para as suas telas, onde a inspiração ia brotando espontaneamente.
Porém, lá teve que deixar a sua casa, nem resignado nem vencido mas encorajado, visto que foi sempre um exemplo de tenacidade e de nunca cruzar os braços, face aos problemas de saúde, que, por várias vezes, teve de enfrentar.
Pintor e escultor nas horas de silêncio e de lazer – Um autodidata, que nos confessava dialogar com o silêncio das pedras que esculpia ou das telas que pintava. Dizendo-nos que ia procurar um sítio que fosse isolado, que lhe permitisse realizar plenamente o seu trabalho artístico, tirando o máximo partido do exilio forçado.
Estando já de algum modo habituado ao diálogo silencioso com as suas telas ou quando as pedras lhe lançam o convite para as apanhar nas encostas dos montes ou montanhas, no leito dos rios e na margem das praias ou arribas, sim, de modo a passarem de matéria inerte e formas vivas e esculturais, confessava-se preparado para a nova fase da sua vid
“Para mim é o voltar de uma página: sinto mágoa ter que partir mas, por outro lado, sinto que tenho muita força A minha vida sempre foi um pouco solitária. No casamento, não quer dizer que não seja feliz, mas sempre gostei do silêncio e do isolamento – Confessava-nos, momentos antes do jantar de despedida, que ia ter no lugar por baixo de um toldo no pequeno quintal de sua casa – Que é mais jardim de que outra coisa e o retiro acolhedor para dialogar com as pedras que esculpe,
“Eu sou um autodidata, tanto na pintura como na escultura. É a minha maneira de me expressar e de transmitir ao mundo as minhas emoções Desde pequeno, sempre gostei de desenho. Cada peça que eu faço, custa-me desfazer dela. Quanto ao valor da minha arte, não sei. Quanto me perguntam o preço, eu não sei dizer. A arte deve ser vendida àquelas pessoas que realmente a apreciem.” – Confessou-nos, na intimidade do seu lar, junto dos que são mais queridos: a esposa, filha e filho, nora, os seus quadros, esculturas
Entretanto, após algum tempo, voltaria a Lisboa e ao seu antigo lar, rodeado do carinho da esposa e demais familiares - Quase uma vida ao serviço de Espanha - Tal como a de seu pai - Um galego, que não conheceu outra profissão que não a de servir a coroa espanhola na Embaixada em Portugal - Porém,, num tempo em que a precarização laboral se institucionaliza, em que fazer 12 horas seguidas passa a ser uma rotina e não uma exceção, em que pessoas passam a ser meros números estatísticos e todos os valores, desde a dedicação, ao esforço e à fidelidade, já não bastam para garantir o pão de cada dia, que dizer ou então que perguntar: - Que mal maior virá a seguir ou ainda estará para acontecer?!...
Seu sogro, de nacionalidade portuguesa, pai de sua mulher, também poderia ter sido um próspero construtor cível, se o Estado Novo, lhe tivesse pago as obras que lhe encomendou, pois construi-as e não lhas pagou, além das perseguições políticas da PIDE, que lhe moveu – Nado e criado, em Lisboa, vê-se obrigado a ter que abandonar o lar (mulher e os dois filhos) e partir para Espanha, onde o espera uma espécie de longo exílio.
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