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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Baptista-Bastos – Confissões do Jornalista e escritor nos anos 80 - - Considerado um dos maiores prosadores portugueses contemporâneos

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista


Armando Baptista-Bastos nasceu em Lisboa a em 27 de Fevereiro de 1934. Frequentou a escola de Artes Decorativas António Arroyo e o Liceu Francês. – Faleceu em Lisboa, 9 de Maio de 2017

Baptista-Bastos foi "um brilhante polemista, um homem de esquerda, acentuadamente, de esquerda sempre, se teve filiação partidária foi algo muito longínqua, era um combatente", "O 25 de Abril de 1974, tenho a certeza, foi a maior alegria da vida do Baptista-Bastos", afirmou Mário Zambujal, em declarações ao Público, por ocasião da sua morte.

Entre os seus títulos literários, Zambujal citou os romances "A Colina Cristal" e "No Interior da Tua Ausência", referindo que Baptista-Bastos "escreveu até ao fim, até que a doença o dominou"
.
Entre outros meios de comunicação social, Baptista-Bastos trabalhou nos jornais República, O Século, Diário Popular, onde, na década de 1960, manteve a rubrica semanal "Letra de Repórter".

Em fevereiro de 1962, Baptista-Bastos vai com Fernando Lopes durante um mês para a Ericeira, para fazer a adaptação do romance Domingo à tarde, de Fernando Namora. Foi lá que escreveu a primeira versão do seu primeiro livro de ficção, O Secreto Adeus, uma crítica ao jornalismo que existia na altura. A associação a Fernando Lopes levaria ainda Baptista-Bastos a colaborar com o realizador no primeiro filme da autoria deste, Belarmino, obra-chave do Cinema Novo Português, como autor da entrevista a Belarmino Fragoso.[4]

Proibido de colaborar na RTP por ordem direta do director do Secretariado Nacional de Informação, César Moreira Baptista, ficou mais uma vez no desemprego, passando sazonalmente pela redação da Agence France Press, em Lisboa. Pouco tempo depois, entrou para o jornal República. No entanto, resolveu aceitar o convite de Raúl Solnado, que então procurava lançar-se como ator no Brasil, e que tinha sido contratado pela TV Rio, e acompanhá-lo na qualidade de seu secretário. Por coincidência, quando o jornalista chegou ao Brasil deu-se o golpe militar contra o presidente Goulart, fazendo Batista-Bastos a cobertura dos acontecimentos subsequentes, redigindo notícias para o jornal República, que nunca chegarão a ser publicadas, por impedimento da censura.

Volvidos oito meses, de regresso a Portugal, Baptista-Bastos regressa ao República, mas não por muito tempo, pois é convidado para integrar o Diário Popular. Neste matutino irá permanecer por cerca de duas décadas,[5] mais precisamente, 23 anos, desde 1965 até 1988, ficando para sempre associado a este jornal, onde assinou centenas de peças, entre reportagens, entrevistas e crónicas. Foi também aí que teve oportunidade de viajar e escrever sobre Portugal e muitos outros países europeus, americanos, africanos, e contactar e entrevistar inúmeras personalidades, da política, à cultura e ao desporto, mas sem deixar de revelar a opinião e o sentimento do povo anónimo.[1]

Fez ainda parte das redações do Europeu, de João Soares Louro, e de O Diário, bem como das revistas Almanaque, Gazeta Musical e Todas as Artes, Época e Sábado.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Inaugurada a 1ª Exposição da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, no Museu do Côa e no Centro Cultural de Foz Côa, até 30 de julho. "Foi uma abertura em grande e o programa promete! A Festa da Amendoeira em Flor espera por si até 5 de março" - Diz o Presidente do Município João Paulo Sousa

 Jorge Trabulo Marques  - Jornalista - Imagens de Arlindo Homem 



.V. Nova de Foz Côa recebeu, a meio da tarde de domingo, o Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, na inauguração da exposição Dark Safari, da CACE (coleção de arte contemporânea do estado)



A exposição “Dark Safari”, consta de uma mostra com mais de 40 obras de autores portugueses e estrangeiros – E o Museu do Côa, é a primeira etapa na circulação da referida coleção..
Com obras de Andy Warhol, Fernão Cruz, Helena Almeida, Hugo Canoilas, Jimmie Durham, João Fonte Santa, Joaquim Rodrigo, Kiluanji Kia Henda, Luís Lázaro Matos, On Kawara, Tiago Alexandre e Tiago Baptista, entre outros artistas, “Dark Safari” ficará patente em dois polos, no Museu do Côa e no Centro Cultural de Foz Côa, até 30 de julho.
O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, disse que a exposição “Dark Safari”, dá início à circulação da CACE por todo o território nacional, garantindo que o programa anual de aquisições cumpre a sua função principal, que é a de “colocar a arte em fruição pública, em linha com a estratégia de democratização do acesso à cultura, uma prioridade do Governo”.

“A escolha de Foz Côa para acolher esta primeira grande exposição da CACE tem especial simbolismo: acontece num território de baixa densidade, distante das áreas metropolitanas, e, além do mais, é muito enriquecedor apresentar o trabalho de artistas contemporâneos num espaço que os coloca em diálogo com as primeiras manifestações artísticas do Homem, daquilo a que hoje poderíamos chamar de ‘arte pública'”, indicou o governante.

Segundo a curadora da CACE, Sandra Vieira Jürgens, esta exposição resulta de uma parceria entre a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), a Fundação Côa Parque e o município de Foz Côa, sendo a primeira de um novo ciclo de exposições que será realizado até 2024 por vários espaços culturais do norte, centro e sul do país.

A exposição “Dark Safari” conta com curadoria dos artistas Sara & André e Manuel João Vieira.
“A grande maioria das peças que vai estar exposta foi adquirida pela Comissão de Aquisição de Arte Contemporânea em 2020 e 2021”, indicou a curadora da CACE.

A CACE é uma coleção de natureza pública, iniciada pelo Estado em 1976, através da antiga secretaria de Estado da Cultura e composta por obras realizadas em diversos suportes (pintura, desenho, gravura, fotografia, escultura, vídeo, instalação), na sua maioria, mas não exclusivamente de artistas portugueses.

Tutelada pelo Ministério da Cultura, através da DGPC, a CACE encontra-se depositada e disponível em instituições como a Fundação de Serralves, a Fundação do Centro Cultural de Belém, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, o Centro de Arte Contemporânea de Coimbra e o Museu de Aveiro, entre muitas outras.

Tendo permanecido durante muito tempo uma coleção paralisada, sem novas aquisições, e fechada em depósito, na maioria dos casos, a CACE foi reativada em 2019, no âmbito de uma política pública de arte contemporânea que privilegia a criação artística nacional e a sua fruição em todo o território.

O Governo aprovou em 16 de setembro a aquisição de 73 obras de arte de 64 artistas, em 2022, no valor de 800 mil euros, que tinha sido anunciado como teto para este ano.

Entre as obras propostas para aquisição encontram-se trabalhos de Alice dos Reis, Ana Hatherly, Ana Mata, André Guedes, António Caramelo, Carlos Bunga, Catarina Lopes Vicente, Délio Jasse, Edgar Martins, Isabel Cordovil, Jonathan Uliel Saldanha, Leonor Antunes (autora da peça mais cara da lista, “Tapete”, no valor de 64 mil euros), Manuela Marques, Maria Lino, Nástio Mosquito, Paulo Catrica e Rita GT, entre outros artistas.

Em Foz Côa, a exposição “Dark Safari” sucede à mostra “Graças Morais: Mapas da Terra e do Tempo”, que foi a mais visitada de sempre desde a existência do Museu do Côa (2010), atingindo 37.000 visitantes, “um número recorde”, como afirmou a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho. – Noticia de PT BEIRAS



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Vila Nova de Foz Côa- Concelho onde as amendoeiras em flor florescem no Inverno, dão cor e alegria aos frios campos e fazem bela poesia no coração dos poetas - Orlando Marçal e Manuel Daniel - Dois desses vários exemplos poéticos

 Jorge Trabulo Marques – Jornalista e filho destas terras  do concelho de Vila Nova de Foz Côa

O concelho de Vila Nova de Foz Ca, embora bem longe do Mediterrâneo,  faz parte da zona da chamada terra quente e do douro vinhateiro, caraterizado por um micro-clima  que não sente os rigores das invernias de outras terras do distrito da Guarda, a que pertence, onde a Primavera é como que antecipada pelo maravilhoso espetáculo da floração das amendoeiras, que  fazem sonhar os enamorados e poetas e  também são o encanto das gentes da lavoura  e de todos quantos por aqui vivem ou visitam estas terras 
"Nessa manhã olímpica e radiosa,
com sol iluminando altos montes.
firmei enlevos divinais, insontes,
mais belos que a epopeia gloriosa!
Cantava em mim, qual arpa misteriosa,
a natureza em flor: e a voz das fontes,
fendendo a vastidão dos horizontes,
erguia a melopeia harmoniosa.

Que lindo sonho - d'etereal noivado,
almas fruindo a mesma claridade,
embalando um grande amor sem igual...

Um filho no teu colo, outro a meu lado,
abrindo os olhos para a imensidade...
- Bendita sejas sempre, oh meu ideal!
"
De Orlando Marçal - "Mocidade - Natural de V. N. de Foz Côa

A UMA AMEDOEIRA – POEMA DE MANUEL PIRES DANIEL

Porque hás-de ser teimosa, amendoeira,
cobrindo-te de flores, de branco e rosa,
se nada nos conduz tanta canseira?
Vale a pena insistir e ser teimosa?!

Vê bem....O lavrador, desesperado,
não tem compensação para os produtos,
e já não te dá mais cuidado,
nem retira dos ramos os teus frutos.

Pelos vistos, não tens qualquer valia.
P'la amêndoa que nos dás ninguém dá nada.
Se eu fosse a ti, para o ano não floria...
Ficava muda e queda, ensimesmada....

E só tal não faria, se um sinal
nos desse alguma esperança renascida
que fizesse alegrar o amendoal!
e te desse razões para estar florida.

Manuel Pires Daniel 



Na rota da 39 edição das  amendoeira em flor  no concelho de Foz Côa – Também floresce no planalto e nas ladeiras daquela que já foi vila e sede de concelho entre 1298 e 1855. Era constituído pelas freguesias da vila e de Castelo Melhor. Tinha, em 1801, 1 206 habitantes –Atualmente, esta freguesia, com uma área de 54,51 km² de área, apenas conta com 386 habitantes – Também aqui a desertificação vai galopando no chamado país profundo  - Atualmente, esta freguesia, com uma área de 54,51 km² de área, apenas conta com 386 habitantes – Também aqui a desertificação vai galopando no chamado país profundo  -

A 39ª edição da quinzena, a decorrer entre 21 de fevereiro e 8 de março, além de proporcionar aqui vive a tradicional festa da natureza florida, que antecipa a Primavera, é também motivo de atração para os milhares de visitantes que aqui acorrem – Em qualquer das 17 freguesias do concelho de Vila Nova de foz Côa, é possivel admirar encantadores panorâmicas  de amendoeiras floridas  
.Por sua vez, além dos diversos eventos programados, o município tem outros atrativos como o impressionante Museu do Côa, os patrimónios mundiais do Vale do Côa e do Douro Vinhateiro, sem esquecer a gastronomia e o “terroir” de alguns dos melhores vinhos do mundo.
 Refere  o historial do município, que “Almendra, topónimo nitidamente árabe, quererá dizer-nos que teve, em certo período da história, fixação daquela gente infiel aos ideais cristãos? Qual o topónimo da terra antes da presumível influencia árabe? Talvez nunca o saibamos!
As origens de Almendra devem remontar à Idade do Ferro. O que é hoje a área envolvente da Igreja Matriz, deve ter-se constituído como núcleo fortificado no I milénio antes de Cristo. Numa área para Norte da mesma Igreja, no denominado «Chão do Morgado», consta ali ter existido um castelo ou fortificação que muitos dizem ser medieval ou tardo-medieval (a exemplo do castelo de Foz Côa). Muitos vestígios de pedra de aparelho, fragmentos de tégula, imbrices e dolium, certificam ali a existência de uma provável «Villa Romana» senão de uma «vicus». Outros vestígios de Villae romanas ou simples casais encontram-se espalhados pelo termo de Almendra.

(...)Em 960, o Castelo de Almendra pertencia a D. Chama ou Châmoa que o entregou à Condessa Mumadona, sua tia, fundadora do convento vimaranense. No século seguinte, em 1059, o castelo de Almendra continuava ainda a pertencer ao mesmo mosteiro. Nos fins do século XII muda de proprietário, surgindo, em 1183, entre os bens da Ordem Militar do Pereiro, numa Bula do Papa Lúcio III.No século seguinte, por volta de 1270, Almendra já era vila e foi doada a D. Gil Martins, pai de D. Martim Gil, mais tarde alferes-mor de D. Dinis.

O estatuto de vila não constituiu na época um título pacífico, uma vez que, quase de imediato, em 1298, o concelho de Castelo Rodrigo irá contestar a sua autonomia, em virtude de a considerar parte integrante do seu termo. Segue-se um período de conflito entre Castelo Rodrigo e D. Gil Martins, que irão recorrer alternadamente das sentenças do monarca. Finalmente, em 1312, Castelo Rodrigo obtém uma sentença favorável que lhe permitiu englobar de novo Almendra no seu termo. A integração no termo de Castelo Rodrigo durará, no entanto, apenas algumas décadas, pois ainda no século XIV retomará a sua condição de concelho. Em 1358, D. Pedro I confirma-o, acto repetido por D. Fernando em 1367 ao ratificar os foros e privilégios Almendrenses. O mesmo monarca, pouco depois, em 1370, reintegrará Almendra no concelho de Castelo Rodrigo, mas denominando-a, contudo, de julgado, o que pelo menos indica a existência de jurisdição própria ainda que sob juiz de nomeação régia.- Rferencias obtidas do site da Câmara Municipal de V. Nova de Foz Côa, a cujo concelho pertence


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Foz Côa – E as festividades da Amendoeira em Flor – De 17 a 5 de Março 2023 – Capital de 2 Patrimónios da Humanidade Alto Douro Vinhateiro e o Vale do Côa

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Tal como é reconhecido “as suas  paisagens naturais tocam os céus com a sua beleza em que os rios Douro e Côa desenham um quadro pitoresco único e onde a vinha, a oliveira e a amendoeira são as figuras principais neste quadro.  Nestes territórios ocupados desde tempos imemoriais, pode-se admirar um legado patrimonial que percorre todas as idades do Homem”

Pudendo, não perca a oportunidade de poder assistir ou mesmo participar nas
festividades da Amendoeira em Flor no concelho de Vila Nova de Foz Côa,  as mais emblemáticas da floração das amendoeiras

As festividades, vão decorrer nos fins de semana entre 17 de fevereiro e 05 de março de 2023, uma iniciativa que já conta com mais de 40 anos de existência.


O pavilhão da EXPOCÔA será transformado num acolhedor e confortável salão de festas no período da noite, para receber artistas locais e nacionais. Neste recinto haverá, ainda, restauração, venda de produtos locais, bares e muita animação”, vincou o autarca.

O programa das festividades elaborado para 2023 apresenta um cartaz variado com espetáculos tais como Fernando Mendes (17 de fevereiro), Diogo Piçarra (18 de fevereiro), Zé Amaro (03 de março) e Nininho Vaz Maia (04 de março).


“Apostamos num cartaz de festas diversificado e eclético destinado aos mais diversos públicos”, explicou Pedro Duarte.

O desfile etnográfico que junta as freguesias e associações deste concelho fecha as festividades, sendo considerado pela autarquia “a cereja no topo do bolo”, porque toda a comunidade se junta à iniciativa. O desfile está agendado para o dia 05 de março.

Para além da festa, o município de Foz Côa oferece aos visitantes história, cultura, natureza, tradições, gastronomia e vinhos, a que se alia uma vasta programação cultural e de animação num território onde as primeiras flores da amendoeira começaram a “rebentar” e a transformar a paisagem deste rincão duriense. 

https://tras-os-montes.eu/2023/01/31/foz-coa-vai-investir-250-mil-euros-nas-festividades-da-amendoeira-em-flor/

Pintor-escultor, Luís Oitavem Rodrigues – O Adeus do Luso-galego, que durante quase uma vida serviu a Embaixada de Espanha, em Lisboa, deixou-nos, após doença prolongada no IPO - Pintor e escultor nas horas de silêncio e de lazer, rodeado pelo carinho familiar e dos seus gatos.

Jorge Trabulo Marques - Jornalista 

Admirável coragem de um extraordinário pintor luso-galego - Luís Ángel Oitaven Rodrigues, sofreu um  AVC em Fevereiro, 2016, mas graças à sua tenacidade e ao seu amor pelas artes - desenho, escultura e pintura - conseguiu superar a sua enfermidade: embora com a mão direita imobilizada passou a esquerdino e pôde continuar a criar obras primas - A que nos referimos em  https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2016/12/admiravel-coragem-de-um-extraordinario.html



Luís Ángel Oitaven Rodrigues, faleceu na madrugada da passada segunda-feira, no IPO, 2023-02-06, onde se encontrava em tratamento – Nasceu em 1955-01-24 . Completara 68 anos, no passado dia 24 de Janeiro .O seu corpo, partirá, nesta sexta-feira daquele Hospital para o crematório de Alcabideche, onde deverá ser  cremado por volta das 16 horas - À sua familia, com quem também tive o prazer de conviver as minhas mais sentidas condolências 

Nota - (atualização desta noticia - 10-02-2023 - Tivémos oportunidade de nos associarmos ao velório, que teve lugar numa das salas  daquele  crematório, que reuniu, além dos familares, mais próximos, também um expressivo grupo de pessoas amigas, que ali foram prestar a sua sentida homenagem e confortar os seus entes queridos.

Em 2015, Luís Oitaven Rodrigues, que  desempenhou as funções de secretário no Departamento da Agricultura na Embaixada de Espanha, durante vários anos, viu-se forçado a ir para a reforma, quando este departamento foi encerrado -  E a ter que ir residir em Cárceres para não perder direitos sociais, nomeadamente o subsídio de desemprego – Sim, tendo partido com profunda mágoa, ao ter que se separar do lar, do convívio familiar e dos seus gatos, que também tanto amava e com os quais partilhava as longas horas de pincel na mão voltado para as suas telas, onde a inspiração ia brotando espontaneamente.

Porém, lá teve que deixar a sua casa, nem resignado nem vencido mas encorajado, visto que foi sempre um exemplo de tenacidade e de nunca cruzar os braços, face aos problemas de saúde, que, por várias vezes, teve de enfrentar. 




Pintor e escultor nas horas de silêncio e de lazer – Um autodidata, que nos confessava dialogar com o silêncio das pedras que esculpia ou das telas que pintava. Dizendo-nos que ia procurar um sítio que fosse isolado, que lhe permitisse realizar plenamente o seu trabalho artístico, tirando o máximo partido do exilio forçado.

Estando já de algum modo habituado ao diálogo silencioso com as suas telas ou quando as pedras lhe lançam o convite para as apanhar nas encostas dos montes ou montanhas, no leito dos rios e  na margem das praias ou arribas, sim, de modo a passarem de matéria inerte e  formas vivas  e esculturais, confessava-se  preparado para a nova fase da sua vid

 “Para mim é o voltar de uma página: sinto mágoa ter que partir mas, por outro lado, sinto que tenho muita força  A minha vida sempre foi um pouco solitária. No casamento, não quer dizer que não seja feliz, mas sempre gostei do silêncio e do isolamento –  Confessava-nos, momentos antes do jantar de despedida, que ia ter no lugar por baixo de um toldo  no pequeno quintal de sua casa – Que é mais jardim de que outra coisa e o retiro acolhedor  para dialogar com as pedras que esculpe,


 “Eu sou um autodidata, tanto na pintura como na escultura. É a minha maneira de  me expressar e de transmitir ao mundo as minhas emoções  Desde pequeno, sempre gostei de desenho. Cada peça que eu faço, custa-me desfazer dela. Quanto ao valor da minha arte, não sei. Quanto me perguntam o preço,  eu não sei dizer. A arte deve ser vendida àquelas pessoas que realmente a apreciem.” – Confessou-nos, na intimidade do seu lar, junto dos que são mais queridos: a esposa, filha e filho, nora, os seus quadros, esculturas  


Entretanto, após algum tempo, voltaria a Lisboa e ao seu antigo lar, rodeado do carinho da esposa e demais familiares - Quase uma vida  ao serviço de Espanha  - Tal como a de seu pai  - Um galego, que não conheceu outra profissão que não  a de servir a coroa espanhola na Embaixada em Portugal -  Porém,, num  tempo em que a precarização laboral se institucionaliza, em que fazer 12 horas seguidas passa a ser uma rotina e não uma exceção, em que  pessoas passam a ser meros números estatísticos  e todos os valores, desde a dedicação, ao esforço  e à fidelidade, já não bastam  para garantir o pão de cada dia, que dizer ou então que  perguntar:  - Que mal maior virá a seguir ou  ainda estará para acontecer?!...

Seu sogro, de nacionalidade  portuguesa, pai de sua mulher, também poderia ter sido um próspero construtor cível, se o Estado Novo,  lhe tivesse pago as obras que lhe encomendou, pois construi-as  e  não lhas pagou, além das perseguições políticas da PIDE, que lhe moveu – Nado e criado, em Lisboa, vê-se obrigado a ter que abandonar o lar (mulher e os dois filhos) e partir para Espanha, onde o espera  uma espécie de longo exílio.