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domingo, 17 de abril de 2022

Dia de Páscoa - Memórias do Tempo Pascal - Em Foz Côa e Chãs - Com a "Prece ao Senhor Bom Jesus, Senhor dos Passos", de Manuel Daniel - Alguns rostos, já partiram para a eternidade. Procissão em Foz Côa ao Senhor Bom Jesus, Senhor dos Passos, e, na aldeia de Chãs, a da Ressurreição

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista

Recordações da Procissão em Foz Côa ao Senhor Bom Jesus, Senhor dos Passos, e, na aldeia de Chãs, a da Ressurreição

Celebrou-se hoje, o dia de Páscoa no mundo católico –  Trata-se de uma festa movel, que ocorre, entre os dias 22 de março e 25 de abril, depois da primeira Lua cheia do equinócio

Este ano, ocorreu em 17 de Abril, e num tempo, em que milhões de corações vivem as suas vidas confrontados com a angústia e o pesadelo da guerra – Deus queira, que, as preces de todos quantos, neste dia, evocaram a proteção divina, sejam escutados e que a paz regresse aos seus lares e as suas vidas possam prossiguir em harmonia e tranquilidade - Pois a vida, é um verdadeiro milagre de Deus e a ninguém assiste o direito de a decepar.


Imagem de Pedro Daniel  -Abril 2022


Aqui evoco, este dia, com um belo poema do saudoso poeta, Manuel Daniel - Advogado, poeta, dramaturgo, escritor e jornalista, falecido, em janeiro de 2021, vitima da Covid
Manuel J. Pires Daniel, nasceu em Vila de Meda (hoje cidade) em 18 de Novembro de 1934. Sem dúvida, um admirável exemplo de labor e de tenacidade, de apaixonado pelas letras e de sentido e dedicação ao bem comum

PRECE AO SENHOR BOM JESUS

Ó Senhor Bom Jesus, Senhor dos Passos,

que vês, compadecido, a nossa vida.

Nossa vida é de sonhos e fracassos,

andamos pelo mundo de olhos baços,

rastejando na dor e na fadiga.

De Pedro Daniel







Na Tua procissão vai toda a gente,

implorando em silêncio o Teu perdão.

O Teu perdão suplica um penitente,

e este outro, mais aqui, amargamente,

chora por um momento de ilusão.


Tua imagem de mágoa e sofrimento

anda sempre connosco, em cada dia.

Em cada dia ela nos dá alento,

à esperança moribunda dá sustento

e troca a dor mais funda em alegria.

De Pedro Daniel








A Tua cruz pesada nos conforta,

da cor do fel amargo que trazemos.

Trazemos quando a alma, quase morta,

nem do mal nem do bem se não importa,

e mais mortos que vivos parecemos.


Tua coroa de espinhos, meu Senhor,

sinto-a cravada em mim, no coração.

No coração que às vezes, com amor,

espalha ódios e semeia a dor,

em vez de paz, sorrisos e perdão.


O Teu vestido roxo, de tristeza,

é um fiel espelho do que eu faço.

Do que eu faço nas horas de incerteza,

em que tudo é banal e sem beleza,

em que só há neblinas e cansaço.


A corda que te prende na cintura

atrai-me à Vida Nova que nos dás.

Que nos dás, numa oferta de ventura,

uma vez que esta vida só perdura

quando é construída sobre a Paz.


Ó Senhor Bom Jesus, meu Bom Senhor,

que aceitaste morrer por esta gente,

esta gente Te pede com fervor

que sejas sempre dela protector,

seus passos conduzindo eternamente.

1981 - MANUEL DANIEL

Do livro "Coração Acordado"

Advogado, escritor, poeta, estudioso, um homem de cultura, tendo dedicado muitos anos da sua vida à função pública e à vida autárquica. A par de vários livros de poesia, colaborações de artigos e poemas na imprensa regional e nacional, bem como em jornais brasileiros, prefácios e a coordenação em várias obras, é também autor de 40 peças de teatro, nomeadamente para crianças, 20 das quais ainda inéditas. Muitos dos seus poemas foram lidos por Carmem Dolores e Manuel Lereno, aos microfones da extinta Emissora Nacional, em “ Música e Sonho”, de autoria de Miguel Trigueiros – Considerado, na época, o programa radiofónico mais prestigiado - Mesmo assim objectode exame censório, tal como atestam os arquivos.   

Mais pormenores da sua biografia em https://manueldaniel.com/


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