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segunda-feira, 12 de abril de 2021

"Os Exilados" - Livro de Manuel Pedroso Marques -Não Esquecem Nada Mas Falam Pouco

Por Jorge Trabulo Marques

"OS EXILADOS” – Por que é que há tantos exilados políticos em Portugal? Por que é que isso aconteceu?”- A resposta  é dada  no livro de autoria do  coronel Manuel Pedroso Marques, lançado, em 2016 sobre a temática do exílio, uma situação marcante na sociedade portuguesa, desde os descobrimentos, mas escassamente abordada, em que os protagonistas desta obra são exilados, deportados, banidos, torturados, refugiados e comuns emigrantes, portugueses, brasileiros, espanhóis, do exílio judeu, do galego e de outros, em diferentes épocas e circunstâncias. No caso de Portugal, salienta-se o quadro estratégico e político responsável pelo elevado número de emigrantes, exilados e estrangeirados, ao longo da nossa história. Também o Brasil e os exilados brasileiros em Portugal merecem especial referência.

 

É referido que não se mitificam sacrifícios, nem valentias. Mas denunciam.se os crimes, as contradições e o ridículo de muitos ditadores

Na parte final da entrevista, que me concedeu na Feira do Livro, em 2016, recordou a crise de 2008, a primeira crise económica, em que, publicamente, as entidades responsáveis, na maioria dos países diz que é uma crise que tem de ser paga pelo contribuintes. É a primeira vez em que isso se diz:

Nas outras, na crise de 29, faliram 10 mil bancos nos EU; suicidaram-se muitos banqueiros e investidores; agora não se suicidou nenhum, não morreu ninguém e também não se prendeu ninguém e alguns deviam estar presos

Destacando o facto de a vida estar a ser financeirizada Essa história de derivados e futuros; comprar um petroleiro cheio de petróleo para vender daqui por sei meses por x … isto, não há petróleo, não há exploração, não há consumo; isto não tem nada a ver com a economia real; tem a ver com a especulação, é uma atividade especulativa

O mundo não pode viver na base da especulação: resumir atividade económica à especulação é dar cabo da atividade económica

Que a globalização tem alguma dimensão, que no passado não tinha, isso é um facto; agora está ordenada ou não, eu penso que está muito desordenada

OS EXILADOS

Declarou-me que não é um livro autobiográfico; nos meus 12 anos de exílio, cronologicamente, eu só falo 14 dias: que é a minha fuga de Portugal para França e o pedido territorial de exílio em França . Como é que isso se passou? É umas peripécias que eu conto no livro. Quanto ao resto, o livro tem uma parte ensaística, que é uma reflexão do que é viver no estrangeiro, durante 12 anos, o que é a autoridade reflete sobre o exilado politico ou emigrante: o olhar do outro que nos diz que nós não somos de lá, que não pertencemos lá, que somos estrangeiros. E o estrangeiro não é de lado nenhum; é um ser que não pertence ali

Portanto, esta parte é um conjunto de reflexões que eu faço e que atingiu muitos cidadãos portugueses e que se refletiu ao longo da nossa história , que começou com os descobrimento; a emigração começou com os portugueses a assaltarem a amurada das caravelas. É a a minha ideia sobre a emigração

O primeiro momento, sobre a emigração foi o das descobertas e, Portugal, é um país de emigrantes: quais são os reflexos na história do pais? Porque é que isso aconteceu? Por que é que há tantos exilados políticos em Portugal? Por que é que isso aconteceu?

Também falo dos outros exilados, dos Judeus da segunda grande guerra, dos espanhóis, do exílio Judeu! Do exílio galego! Porque são formas especiais de exílio, que não são comuns!... Eu falo disso, em que o autor, muitas vezes, vira ator! Porque conta coisas que ele viu, que se passaram com ele e que se passaram com outros.

Na nota introdutória da sua obra, começa também por sublinhar: “Falo do que vivi, falo do que os outros me contaram.

As situações do exílio são singulares. Cada exilado tem o seu exílio como coisa da própria vida. As situações aqui narradas refletem situações materiais e imateriais exteriores com que o mundo interior de cada um conviveu, numa experiência única para a maioria dos exilados.

Falo do meu exílio mas isto não é uma autobiografia . O leitor perceberá quando o autor exilado aparece sob a narrativa e se expõe nela, para ilustrar “o exilio “. Sim, em certo sentido, continuo exilado, porque todos temos alguma estrangeneidade mesmo na terra onde nascemos. É uma simples colocação de diferença e da individualidade do cidadão. Desde a partida de uns para o Egipto, toda a Humanidade tem o seu exílio, e o seu Egipto, simbolicamente. O momento em que o nosso país passa a Europa e o Mundo atravessam aproxima o meu Egipto”.

As situações de exílio descritas não são personalizadas, em regra. Todavia, não poderia deixar de o fazer em alguns casos, especialmente em relação so brasileiros que viveram em Portugal, depois do 25 de Abril. Dos que são mencionados neste livro, a todos conheci pessoalmente e de muitos tenho memória resguardada.

Fala-se de exilados brasileiros, portugueses, espanhóis, russos, judeus, galegos e de outros, em diferentes épocas e também, de Portugueses depois da descolonização do 25 de Abril. Dos proverbiais conflitos entre exilados e políticos parte-se para a narrativa da sua compreensão, chegando a estados psicológicos provenientes de vidas que marcam homens e das ideias que marcaram vidas. Sintetizam-se diferenças entre vários tipos de emigrado por razões de perseguição política e por opção de vida. Tenta-se fornecer alguns dos elementos que julgamos mais responsáveis pela constante histórica da emigração e do exílio dos nossos compatriotas , referindo-se, também, alguns circunstâncias que rodearam os exílios de outras nacionalidades, em especial dos exilados em Portugal e no Brasil” – Excerto do livro OS EXILADOS – Não esquecem nada mas falam pouco – Ensaio sobre factos e memórias.

Manuel Pedroso Marques, nasceu em Lisboa mas tem raízes nos Escalos do Meio, concelho de Pedrógão Grande. , é casado com Maria Antónia Palla Doze anos de exilio - Participou, como capitão, numa ação militar e civil contra a ditadura em 1961. Em Portugal, foi redator, editor, gestor e escreveu sobre temas de Administração, sociais e políticos. Redator da Enciclopédia Delta Larousse, dirigida por António Houaiss, foi editor de três chancelas editoriais no Brasil. Em Portugal foi presidente da RTP, da empresa do Diário Notícias e da Capital, administrador da Bertrand e da Difel, de empresas de publicidade e da Agência Lusa de Notícias.

Em funções militares esteve por duas vezes colocado no gabinete do Chefe do Estado-Maior do Exército, foi assessor militar do Primeiro-Ministro, Mário Soares, e foi instrutor de capitães de Administração Militar nas aulas de Estratégia e Teoria de Administração.
Publicou: Liberdade é também vontade (coautoria), Relações de Poder na Empresa, O Jogo estratégico na Gestão, Tempos difíceis Decisões urgentes, Os Exilados não esquecem nada mas falam pouco.

Escreveu artigos de opinião, sobre temas políticos. Publicou: Relações de Poder na Empresa, em Publicações Europa-América, 1980; O Jogo Estratégico na gestão, Difel 1996: Tempos Difíceis ; Divisões Urgentes, Bnomics, 2010

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