Falam os Hospitais:
Tossi, tossi, pulmões desfeitos,
Em vielas lôbregas sem ar!
Nos dormitórios faltam leitos...
Tossi, pulmões, nos largos peitos,
Tossi, que a Morte quer jantar!
Em vielas lôbregas sem ar!
Nos dormitórios faltam leitos...
Tossi, pulmões, nos largos peitos,
Tossi, que a Morte quer jantar!
Morrei de fome, no abandono,
Mendigos trôpegos, senis...
E invejai, não o rei no trono,
Mas os cães grandes que têm dono
E as feras más que têm covis!...
13/10/2016 Portugal tem maior incidência de tuberculose do que o resto da Europa ...
Mendigos trôpegos, senis...
E invejai, não o rei no trono,
Mas os cães grandes que têm dono
E as feras más que têm covis!...
13/10/2016 Portugal tem maior incidência de tuberculose do que o resto da Europa ...
COM OS MELHORES NEGÓCIOS NAS MÃOS ALHEIAS - E O INTERIOR DE PORTUGAL, QUEIMADO E DESPOVOADO – O QUE RESTA AOS PORTUGUESES?
"Crianças rotas, sem abrigo...
A enxerga é pobre e a roupa é leve...
Quarto sem luz, mesa sem trigo...
Quem é que bate no meu postigo?
- A Neve!
A enxerga é pobre e a roupa é leve...
Quarto sem luz, mesa sem trigo...
Quem é que bate no meu postigo?
- A Neve!
A usura rouba a luz e o ar
E o negro pão que a gente come...
Inverno vil... Parou o tear...
Quem vez sentar-se no meu lar?
- A Fome!!~
16/05/2017 Quase 2,6 milhões de portugueses em risco de pobreza
E o negro pão que a gente come...
Inverno vil... Parou o tear...
Quem vez sentar-se no meu lar?
- A Fome!!~
16/05/2017 Quase 2,6 milhões de portugueses em risco de pobreza
LEMBRANDO A OBRA E A CORAGEM DO POETA GUERRA JUNQUEIRO - EM TEMPO DE VENDILHÕES E TRAIDORES DA PÁTRIA - Diz em Finis Patrie, que depois de Nun'Álvares, um herói e um santo, foi uma sucessão de intrigantes mesquinhos, de maus doidos, ou de egoístas vulgares. A grande herança do herói esmagou os seus descendentes
Falam Condenados:
"Faminto, nu, sem mãe,
sem leito,
Roubei um pão.
Quem vai além de farda e de grã-cruz ao peito?
- Um ladrão!
Roubei um pão.
Quem vai além de farda e de grã-cruz ao peito?
- Um ladrão!
Todos os crimes da
Desgraça
Em mim reúno.
Quem vai além tirado a parelhas de raça?
- Um gatuno!""
Em mim reúno.
Quem vai além tirado a parelhas de raça?
- Um gatuno!""
HORAS DE LUTA. HORAS DE COMBATE – GUERRA JUNQUEIRO
"Depois de caçar tiranos
Vamos caçar borboletas!"“A sociedade portuguesa está organizada para o mal. Não é já o mal esporádico e fortuito, em casos isolados que rapidamente se combatem. Não; é o mal colectivo, o mal em norma de vida, o mal em sistema de governo. Os poderes funcionam deliberadamente, com um fim: produzir o mal. Porquê e para quê? Porque o mal são eles e querem conservar-se. Um regímen corrupto só na corrupção subsiste. Mantém-se na corrupção, como alguns bacilos na porcaria. O seu ódio ao bem é fundamental e orgânico.
A filosofia da vida dum tal regime é a filosofia do porco: devorar” [ibidem]
"Então o povo que deixa prostituir a consciência, roubar os direitos, vilipendiar a história, o povo cobarde que não defende a honra, quer defender a camisa?
Que lha levem, com o último pão, os últimos andrajos! Que ruja de frio, que estoire de fome! A fome é como o fogo: abrasa e depura. Os que aviltam gozando, só se regeneram sofrendo. Não venham libras, venham desastres. Sobre a nossa infâmia chovam calamidades e tormentos" [ibidem]
Guerra Junqueiro, in Horas de Luta (Livraria Lello) e Horas de Combate(Livraria Chardron) https://portuga-coruche.blogs.sapo.pt/534908.html
(...) Uma Voz na Treva:
Já Deus, coveiro de colossos,
Ó Portugal, ó maldição!,
Dia e noite martela a tumba onde os teus ossos
Na cripta do silêncio eterno dormirão!
Dia e noite martela a tumba onde os teus ossos
Na cripta do silêncio eterno dormirão!
Com fúria doida, ó vento, escarvas
Na poeira triste.... Em vão, em vão!
Tudo é morto! Na terra há unicamente larvas,
E a luz que fosforeja ainda é podridão!
Na poeira triste.... Em vão, em vão!
Tudo é morto! Na terra há unicamente larvas,
E a luz que fosforeja ainda é podridão!
Mas que castelo sobranceiro
Ao mar profundo erguendo estão?...
É reduto d'heróis, que em transe derradeiro
Querem bater-se com as feras bravas
..«Lei dos despejos» de Cristas continua a agravar rendas mento das rendas desgasta famílias, afirma Associação dos Inquilinos… Rendas altas, inquilinos sem direitos, despejos O LIBERALISMO SELVAGEM – SEM IDEAIS - SÓ OLHA AOS CIFRÕES - Os casinos, a banca, os seguros, os hospitais privados, a EDP, a empresa mais lucrativa nacional, em mãos alheias - Quando algum realizador português, pretender realizar um filme, dificilmente encontrará apoio de nenhuma fundação ou empresa sob orientação do ultraliberalismo global
Em 29/11/2011 - a dívida de Angola a Portugal totalizava 1,04 mil milhões de euros, anunciou o ministro das Finanças angolano, citado hoje pela agência - Nunca mais de falou - Angola dívida a Portugal soma eur1,04 mil milhões - Expresso.pt
A Fundação tem recrutado para a sua Administração gente oriunda da vida política e "banqueiros" (melhor seria dizer gestores bancários): Isabel Mota, Teresa Gouveia, Marçal Grilo, André Gonçalves Pereira, Artur Santos Silva, Diogo Lucena, Rui Vilar. Nenhum destes gestores tem a menor sensibilidade ou currículo académico na área cultural." Gulbenkian- uma nota - Crítico
ALGUMA VEZ ISTO ACONTECERIA COM AZEREDO PERDIGÃO VIVO? -
Entrevista que me concedeu um homem dedicado e honrado
Fundação Gulbenkian vai sair do negócio do petróleo. Quem são os chineses que querem comprar o petróleo da Gulbenkian ..... Gulbenkian prepara-se para abandonar negócio do petróleo > TVI2
Ó raça triste, ó raça espúria
De miseráveis sem valor!
Sob o azorrague e sob a injúria,
É de comédia a vossa fúria,
É de entremez a vossa dor!
De miseráveis sem valor!
Sob o azorrague e sob a injúria,
É de comédia a vossa fúria,
É de entremez a vossa dor!
Vergonha ignóbil! O que importa
Contra um Leopardo a indignação,
Se consentis que à vossa porta
A Liberdade seja morta,
Estrangulada por um cão?!
Contra um Leopardo a indignação,
Se consentis que à vossa porta
A Liberdade seja morta,
Estrangulada por um cão?!
Que admira enfim que uma pantera
De garras d’aço e olhar sombrio
Coma, num bom jantar de fera,
Um povo podre, que tolera
Os dentes maus dum cão vadio?!
De garras d’aço e olhar sombrio
Coma, num bom jantar de fera,
Um povo podre, que tolera
Os dentes maus dum cão vadio?!
Pois esse povo agonizante,
Quando revive para a história,
E vai, frenético e radiante,
Saudar a estátua do gigante
Cantor da sua eterna glória,
E vai, frenético e radiante,
Saudar a estátua do gigante
Cantor da sua eterna glória,
Deita
a fugir, (como é fictícia
Vossa
bravura, homens venais!)
Vendo
um corcunda, que imundícia!
E
um rei d'espadas (de polícia)
Com quatro esbirros, nada
mais!..
E ousais falar, bocas impuras,
Em glória, em honra, em pátria, em Deus!
E ousais erguer das sepulturas
Nossas hercúleas armaduras,
Chatins! chatins! pigmeus! pigmeus!
Em glória, em honra, em pátria, em Deus!
E ousais erguer das sepulturas
Nossas hercúleas armaduras,
Chatins! chatins! pigmeus! pigmeus!
A RESTAURAÇÃO
DA BAIXA LISBOETA - Onde já se torna difícil encontrar uma ementa da cozinha portuguesa
E certamente o mesmo estará acontecer no Porto e noutras cidades.
Se o português quiser estabelecer-se, debate-se com mil dificuldades. Não lhe
resta outra solução que ficar no desemprego ou arrumador de carros.Se quiser
emigrar para Angola, tem de fazer sociedade tipo cambalacho, com mafiosos
locais, de outro modo não se safa.
E, aqui, em Portugal, é capaz de haver esquemas semelhantes (com mafiosos no
poder local ou central) para privilegiar negócios estrangeiros.
Instalam-se por todo o lado e vão deixando os mercados tradicionais às moscas.
(...)
Dizei, portões, dizei, cevados,
Que resta enfim da nossa glória?
Que é da altivez? - Jogou-se aos dados...
Que é do estandarte? - Ei-lo em bocados...
Que é da nação? - Morreu na história!
Do imenso império
extraordinário
Só aos ladrões ficou defeso
O espaço triste e necessário
Onde o Bretão erga um Calvário
E cuspa, rindo, o seu desprezo!
E o povo? Inerte. E o rei? À caça.
Quem é que impera? O Deus Milhão...
Ah! Como é bom em tumba escassa,
Longe do Sol que vê tal raça,
Dormir, dormir na escuridão!...
Mas nem no túmulo cativos,
Dormimos bem!... Repouso atroz!...
Porque, ante os lances aflitivos,
Nós afinal somos os vivos,
E os mortos pútridos sois vós!
Sois vós os mortos ambulantes,
Tristes autómatos de pé,
Articulando por instantes,
Ocas palavras vacilantes,
Gritos sem dor, juras sem fé!
Lobos, abutres, corvos, hienas,
Panteras, linces e chacais,
Monstros vorazes de gangrenas,
Lúculos ímpios das obscenas
Larvadas carnes sepulcrais;
A RESTAURAÇÃO
DA BAIXA LISBOETA - Onde já se torna difícil encontrar uma ementa da cozinha portuguesa
E certamente o mesmo estará acontecer no Porto e noutras cidades.
Se o português quiser estabelecer-se, debate-se com mil dificuldades. Não lhe
resta outra solução que ficar no desemprego ou arrumador de carros.
Se quiser
emigrar para Angola, tem de fazer sociedade tipo cambalacho, com mafiosos
locais, de outro modo não se safa.
E, aqui, em Portugal, é capaz de haver esquemas semelhantes (com mafiosos no
poder local ou central) para privilegiar negócios estrangeiros.
Instalam-se por todo o lado e vão deixando os mercados tradicionais às moscas.
(...)
Dizei, portões, dizei, cevados,
Que resta enfim da nossa glória?
Que é da altivez? - Jogou-se aos dados...
Que é do estandarte? - Ei-lo em bocados...
Que é da nação? - Morreu na história!
Dizei, portões, dizei, cevados,
Que resta enfim da nossa glória?
Que é da altivez? - Jogou-se aos dados...
Que é do estandarte? - Ei-lo em bocados...
Que é da nação? - Morreu na história!
Do imenso império
extraordinário
Só aos ladrões ficou defeso
O espaço triste e necessário
Onde o Bretão erga um Calvário
E cuspa, rindo, o seu desprezo!
Só aos ladrões ficou defeso
O espaço triste e necessário
Onde o Bretão erga um Calvário
E cuspa, rindo, o seu desprezo!
E o povo? Inerte. E o rei? À caça.
Quem é que impera? O Deus Milhão...
Ah! Como é bom em tumba escassa,
Longe do Sol que vê tal raça,
Dormir, dormir na escuridão!...
Quem é que impera? O Deus Milhão...
Ah! Como é bom em tumba escassa,
Longe do Sol que vê tal raça,
Dormir, dormir na escuridão!...
Mas nem no túmulo cativos,
Dormimos bem!... Repouso atroz!...
Porque, ante os lances aflitivos,
Nós afinal somos os vivos,
E os mortos pútridos sois vós!
Dormimos bem!... Repouso atroz!...
Porque, ante os lances aflitivos,
Nós afinal somos os vivos,
E os mortos pútridos sois vós!
Sois vós os mortos ambulantes,
Tristes autómatos de pé,
Articulando por instantes,
Ocas palavras vacilantes,
Gritos sem dor, juras sem fé!
Tristes autómatos de pé,
Articulando por instantes,
Ocas palavras vacilantes,
Gritos sem dor, juras sem fé!
Lobos, abutres, corvos, hienas,
Panteras, linces e chacais,
Monstros vorazes de gangrenas,
Lúculos ímpios das obscenas
Larvadas carnes sepulcrais;
Panteras, linces e chacais,
Monstros vorazes de gangrenas,
Lúculos ímpios das obscenas
Larvadas carnes sepulcrais;
-Quase 6.700 empresas foram à falência em Portugal em 2012 M Liga dos Chineses em Portugal anuncia apoio a Cavaco Silva - Destak
Vinde em tropel, em chusma, em bando,
Vinde às centenas e aos milhões,
Para o banquete miserando
Dum povo morto, fermentando
Numa estrumeira d'abjecções!
Monturo d'almas!... Excrementos
De tal baixeja e vilania,
Que nos esgotos mais nojentos
Fariam volvos truculentos
Ânsias de peste e d'agonia!
-Quase 6.700 empresas foram à falência em Portugal em 2012 M Liga dos Chineses em Portugal anuncia apoio a Cavaco Silva - Destak
Vinde em tropel, em chusma, em bando,
Vinde às centenas e aos milhões,
Para o banquete miserando
Dum povo morto, fermentando
Numa estrumeira d'abjecções!
Monturo d'almas!... Excrementos
De tal baixeja e vilania,
Que nos esgotos mais nojentos
Fariam volvos truculentos
Ânsias de peste e d'agonia!
De tal baixeja e vilania,
Que nos esgotos mais nojentos
Fariam volvos truculentos
Ânsias de peste e d'agonia!
Quem paga a factura - Não é o Catroga nem o Mexia mas o Pagode. Luz mais cara a cada três meses
Quem paga a factura - Não é o Catroga nem o Mexia mas o Pagode. Luz mais cara a cada três meses
Catroga vai ganhar eur 45 mil por mês.....Catroga: "Se representasse o Estado não teria aceite...eduardo. por apenas 45 mil pentelhos por mês....Um salário desta natureza é mais ou menos pornográfico".....
Monturo d'almas!... Excrementos
De tal baixeja e vilania,
Que nos esgotos mais nojentos
Fariam volvos truculentos
Ânsias de peste e d'agonia!
De tal baixeja e vilania,
Que nos esgotos mais nojentos
Fariam volvos truculentos
Ânsias de peste e d'agonia!
Não há latrina que suporte
Tão baixo e cínico jantar!
Seu cheiro pútrido é tão forte,
Que a campa, estômago da Morte,
Era capaz de o vomitar!
Tão baixo e cínico jantar!
Seu cheiro pútrido é tão forte,
Que a campa, estômago da Morte,
Era capaz de o vomitar!
Famílias vão ter a eletricidade mais cara da Europa....Electricidade vai ficar mais cara?...Um milhão de clientes com terceiro aumento... Consumidor já paga custos da supervisão dos serviços de gás e
Vede lá, pois, corvos funéreos,
Que orgia opípara de rei!
Goelas sinistras de Tibérios,
Roucos glutões de cemitérios,
Comei! comei! comei! comei!
Que orgia opípara de rei!
Goelas sinistras de Tibérios,
Roucos glutões de cemitérios,
Comei! comei! comei! comei!
O garfo e a faca, o dente e a presa,
Cravai, cravai nesse festim!
Comei, limpai de todo a mesa!
Que nem suspeita d'impureza
Dessas carcaças reste enfim!
Cravai, cravai nesse festim!
Comei, limpai de todo a mesa!
Que nem suspeita d'impureza
Dessas carcaças reste enfim!
E em vez da raça digerida
Por ventre podres d'urubus,
Que dê a terra erva homicida,
Com mais nobreza para a vida,
Com mais direito ao ar e à luz!
Por ventre podres d'urubus,
Que dê a terra erva homicida,
Com mais nobreza para a vida,
Com mais direito ao ar e à luz!
E, por padrões assinalados
De tantas glórias imortais,
Basta que o ferro dos arados
Encontre um dia entre os silvados
Blocos dos nossos pedestais!
De tantas glórias imortais,
Basta que o ferro dos arados
Encontre um dia entre os silvados
Blocos dos nossos pedestais!
A PROPÓSITO DO ULTIMATUM
À Inglaterra
(Fragmento)
Ó cínica Inglaterra, ó bêbeda impudente,
Que tens levado, tu, ao negro e à escravidão?
Chitas e hipocrisia, evangelho e aguardente,
Repartindo por todo o escuro continente
A mortalha de Cristo em tangas d'algodão.
Que tens levado, tu, ao negro e à escravidão?
Chitas e hipocrisia, evangelho e aguardente,
Repartindo por todo o escuro continente
A mortalha de Cristo em tangas d'algodão.
Vendes o amor ao metro e a caridade às jardas,
E trocas o teu Deus a borracha e marfim,
Reduzindo-lhe o lenho a c'ronhas d'espingardas,
Convertendo-lhe o sangue em pólvora e bombardass,
Transformando-lhe o sangue em aguarrás e em gim!
E trocas o teu Deus a borracha e marfim,
Reduzindo-lhe o lenho a c'ronhas d'espingardas,
Convertendo-lhe o sangue em pólvora e bombardass,
Transformando-lhe o sangue em aguarrás e em gim!
Se é verdade ser o povo que faz os governos, não é menos verdade que a
fraqueza dos príncipes e ministros, entibia as energias dos povos. Éramos a
mesma gente quando, levados pela mão de Pombal, contínhamos em respeito essa
própia Inglaterra que, umas dezenas de anos depois, nos dava Beresford como
procônsul.- Guerra Junqueiro - Finis Patriae - Nautilus-FIS-UC-PT
FALTAM-NOS HOMENS DESTE TÊMPERA
Abílio Manuel Guerra
Junqueiro nasceu em Freixo de Espada à Cinta a 17 de setembro de 1850. Fez os
estudos os preparatórios no Liceu de Bragança e frequentou o curso de Teologia
da Universidade de Coimbra durante dois anos. Compreendendo que não tinha vocação
para a vida religiosa, transferiu-se para o curso de Direito daquela
universidade, concluindo-o em 1873. Ainda durante o curso de Direito, começou a
manifestar notável talento poético, sendo considerado um dos nomes mais
promissores da nova geração de poetas portugueses da época. Em 1868, publicou o
opúsculoO Aristarco Português e a obra Baptismo de Amor. Sendo
antimonárquico, manifestou as suas ideias republicanas em 1873, publicando o
poemeto À Hespanha Livre, em que celebrou a proclamação da república espanhola. Em 1874,
publicou A Morte de D. João, obra que obteve um enorme sucesso, recebendo
apreciações críticas de escritores de grande renome como Camilo Castelo Branco
e Joaquim Pedro de Oliveira Martins. Em Coimbra, começou a sua carreira
literária promissora como redator do jornal literário A Folha. Transferindo-se
posteriormente para Lisboa, foi colaborador de jornais políticos e artísticos,
como o jornal A Lanterna Mágica. Entrou para o funcionalismo público e tornou-se
secretário-geral do governador civil dos distritos de Angra do Heroísmo e de
Viana do Castelo. Em 1878, foi eleito deputado pelo círculo de Macedo de
Cavaleiros, nunca deixando de se dedicar, entretanto, à literatura. Publicou,
em 1879, a obra A musa em Férias, que reúne grande parte das suas poesias. Faleceu em Lisboa a 7 de julho
de 1923.
Guerra Junqueiro teve
um papel extremamente importante no cenário cultural de Portugal. Foi
classificado o "Victor Hugo português" devido à sua importância e foi
considerado, por muitos, o maior poeta social português do século XIX. Recebeu
o reconhecimento de escritores contemporâneos importantes, como Eça de Queirós,
que o considerou "o grande poeta da Península", como Sampaio Bruno,
que viu nele o maior poeta da contemporaneidade, e como Teixeira de Pascoais,
que o classificou "um poeta genial". Fernando Pessoa também
manifestou a sua admiração por Guerra Junqueiro, classificando Pátria uma obra
"superior aos Lusíadas". Da mesma forma, Miguel de
Unamuno, escritor espanhol, também considerou-o "um dos maiores poetas do
mundo".
A sua obra poética
aborda temas sociais que refletem o panorama da sociedade portuguesa dos finais
do século XIX e do início do século XX. O anticlericalismo e o ataque à
burguesia corrupta são temas marcantes da obra de Guerra Junqueiro, que
apresenta um profundo descontentamento com a decadência de Portugal e com
postura do rei Dom Carlos e de toda a dinastia Bragança face ao destino do
país. Considerava que Portugal estava entregue a uma monarquia que indiferente
ao desenvolvimento do país, e desprovida de moral, porquanto entregue aos
interesses ingleses. Junqueiro considerava, portanto, que o país havia entrado
numa decadência moral e que só poderia se reerguer quando conseguisse redefinir
a sua própria identidade, através da revolução moral.
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