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segunda-feira, 1 de maio de 2017

LIBERDADE DE EXPRESSÃO É UM DIREITO CONSAGRADO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA:NINGUÉM ME DEMOVERÁ DE EXPRESSAR A OPINIÃO –AMEAÇAS DE AGRESSÕES,PORQUÊ?


Se é um dos que quer participar connosco na celebração do Equinócio da Primavera, consulte o post anterior - Não perca - Também lá estaremos; não faça caso: este assunto talvez não lhe diga nada; é apenas um desabafo.


.Ainda há quem esteja muito mal habituado a que outras pessoas pensem de maneira diferente e exprimam livremente as suas opiniões. Até parece que estamos no tempo da velha senhora. Por essa altura, muitos dos meus artigos, que enviava de São Tomé para uma revista angolana – a Semana Ilustrada – foram alvo da censura. Enfim, lá tínhamos que nos conformar e procurar escrever de forma a que o texto pudesse passar sob o seu crivo apertado dos censores e contornar a situação. Mas o 25 de Abril correu com essa gente e apagou com esse malfadado espírito fascista e inquisitorial.
E a esperança de todos os democratas é que esses tempos de amedrontamento, obscurantismo e de afronta, jamais regressem e nos voltem a importunar, a cercear a liberdade de exprimirmos os nossos pontos de vista ou nossos sentimentos.
No entanto, há ainda quem pense como antigamente. E, pelos vistos, são pessoas que nasceram depois da revolução. Desconhecem o que significa a verdadeira liberdade e a repressão. Não passaram por essa rude experiência e não estiveram nos calabouços da PIDE, ou foram sovados brutalmente pelos seus verdugos, como eu e muitos anti-fascistas, chegaram a ser.
O mais surpreendente de tudo é que as ameaças partem de um pequeno grupo da minha aldeia. Não gostaram de algumas coisas que escrevi a propósito da situação da Adega Cooperativa e do Solstício do Verão. Ao que parece, com ligações à a anterior direcção daquela instituição cooperativa, mas só; por agora fico-me por aqui. E ameaçam querer agredir-me. Se não concordam com alguma coisa, que o expressem abertamente no espaço destinado aos comentários. Eu não me importarei de editar a sua opinião, como de resto, tenho sempre feito com outros comentários.
Um bom amigo (também da minha aldeia, sim há lá gente muito boa, podem ir à vontade) disse-me que tivesse cuidado. “É pá!... O que é que tu escreveste no blogue que os gajos querem dar-te uma tareia. Eles andam atrás de ti...São quatro!... Põem-te à tabela!... Deixa-te disso!...Para que é que estás a maçar-te e perder o teu tempo com essas coisas?!... Se te apanham nas fragas, sozinho, dão cabo de ti!...Depois não te queixes!..."
Agradeci-lhe o aviso mas respondi-lhe que não tinha nada a temer, porque, tudo o que tenho escrito, corresponde à verdade – Pode ser subjectiva, é certo, mas é a minha opinião.Não insultei ninguém nem escrevi nada que fosse com o objectivo de caluniar ou atacar quer quem fosse. Mas a crítica é livre: é os blogues vieram permitir que toda a gente (que não tem acesso aos jornais) pudesse fazer as suas criticas e dizer o que pensa. De forma construtiva, é o que procurei fazer. Este blogue, em principio, tem por objectivo promover os Templos do Sol, pelo que não desejaria desvirtua-lo da orientação que lhe tracei inicialmente, mas, no fundo, o que agora aqui me traz, tem a ver justamente com os últimos textos que aqui publiquei - Melhor fora que não tivesse que o fazer, o que não poderei é deixar de exprimir a minha repulsa por tais ameaças.
É sabido que a verdade é muito incómoda para certos espíritos tacanhos e mesquinhos – Mas o que é se há-de fazer?!... Vamos ter que agir e pensar como eles?!.. E meter a cabeça debaixo da areia. Obviamente que não. Na minha vida profissional, tive oportunidade de entrevistar as mais variadas figuras públicas, aprendi a gostar do jornalismo: correm-se alguns riscos, é certo, mas vale a pena. Por mim, poderão dizer o que quiserem – ou até não me receberem em sua casa, tal fora o exemplo de que me apercebi, quando estive na minha aldeia, da última vez, ao querer dar conta da celebração do Equinócio a determinada pessoa (pois eu resido na capital) – sim, poderão dizer o que quiserem, baptizarem-me de todos os nomes que lhes der na real gana, conquanto, não me venham agredir – Pois, se o fizerem, não deixarei de me defender, com o que estiver ao meu alcance. Mas jamais me furtarei a exprimir livremente o que penso.
Não deixei de escrever e de publicar o que tinha a publicar, mesmo quando alguns colonos - já depois do 25 de Abril - me colocaram uma forca de corda pendurada sobre sobre a minha porta (ainda tenho a fotografia); pois não queriam que eu escrevesse sobre o direito daquele povo poder livrar-se do jugo colonial e ascender à independência, pelo que me fizeram várias ameaças de morte.
Por duas vezes, furaram os pneus do meu carro à navalhada, (ao ponto de ter que o estacionar junto à sentinela do palácio do governador), agrediram-me barbaramente.Pior do que isso, quando uma multidão furiosa de colonos invadiu aquele palácio para exercerem coacção e insultarem o então coronel Pires Veloso(hoje general), ao verem-me, ali nas imediações, passei eu a ser o mau da fita e das suas frustrações, correram todos imediatamente atrás de mim, como loucos, para me lincharem. Como se eu tivesse alguma culpa do novo curso da história. É sempre assim: em qualquer lado, o jornalista é o primeiro a ser a vítima da ira da plebe. Passaram a descarregar todo o seu ódio sobre mim. Eram milhares a apedrejarem-me e a espalharem-se por todas as ruas para me apanharem. Ainda fui atingido com uma pedra na cabeça, que me provocou um ferimento grave. Por pouco não me mataram e fui esmagado. Por sorte, consegui entrar numa escada e lograr um esconderijo, num telhado, até ao anoitecer, com a cabeça e o rosto ensanguentado, sem poder tratar-me do ferimento.
Depois tive que me refugiar quinze dias no mato, em casa de um santomense amigo. A população daquelas ilhas, considera-me ainda hoje um dos seus: sim, direi mesmo, um do seus heróis; digo-o sem falsa modéstia - e até pelas viagens arriscadas em pirogas a que me aventurei no mar em demanda das raízes do seu passado.Por tudo isso, sei, pois, quanto aquele povo ainda continua a ter por mim um grande respeito e admiração. As gentes daquelas maravilhosas ilhas, que eu ainda tanto amo - como se fosse a minha segunda pátria - . onde vivi doze anos da minha juventude.
Mas, lá diz o velho ditado: santos da casa não fazem milagres e, mais do que isso, é onde a incompreensão grassa, a má língua cedo faz sementeira e onde o reconhecimento é sempre tardio. Espero - desejo, sinceramente - que não me seja vedada a possibilidade de poder circular livremente na minha aldeia, quando agora lá voltar para celebrar a entrada da Primavera. Não vamos fazer festa, pois, reservá-la-emos para o Solstício. Mas lá estaremos (os elementos da comissão e quem nos quiser acompanhar) para saudarmos a mais bela estação do ano - Ainda estou em Lisboa. Mas já estou desejoso de respirar aqueles ares perfumes, inebriar-me com aqueles perfumes silvestres e não hesitarei em lá regressar. Era o que faltava!... . Bem me bastaram aqueles conturbados tempos
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