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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Equinócio do Outono – Celebrado, no Monte dos Tambores, em Chãs – Foz Côa - junto ao altar sacrificial de antiquíssimo calendário – O dia amanheceu cinzento, mesmo assim os raios solares ainda atravessaram a graciosa gruta de um dos mais belos observatórios astronómicos pré-históricos – Pena aldeia ter estado de luto por um dos seus amados e admirados filhos.




Celebração do Outono 2016 – Nos Templos do Sol  - Com momentos de poesia e de raro esplendor


Celebrado o Equinócio 2016, ao nascer do sol, junto ao altar sacrificial do Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira de Nª Srª, com os raios solares a atravessarem a sua  graciosa gruta, em forma de semi-arco, com sensivelmente  2,5 m de comprimento por 70 e pico cm de altura,  em recinto amuralhado, situado no planalto  do Monte dos Tambores, sobranceiro ao fertilíssimo vale maravilha da Ribeira da Centeeira,  arredores da aldeia de Chãs, concelho de V.N. de Foz Côa, com alguns sons de didgeridoo, entoados por José Lebreiro, que antederam e terminaram momentos de esplendor e de poesia, com a leitura do “Poema  ao Sol” de Faró Armenófis. “O Outono”, de Manuel Daniel” e as “As Nuvens Passam”, de Maria de Assunção Carqueja, esposa do Prof. Adriano Vasco Rodrigues, o primeiro investigador a classificar este espantoso monumento megalítico, assim como um dos poemas do livro “O Alvor do Mundo, de António Ramos Rosa, sonorizados neste vídeo com  sons típicos dos Andes


A manhã amanheceu, com um céu mais cinzento de que luminoso, como que a mostrar  a sua roupagem de que estava a despedir-se do Verãoe que o Outono dava entrada, no entanto, na hora precisa, eis que uma clareira de abre a oriente para nos saudar com um brilho auspicioso, purificador, energético e reconfortante, sentíamos que tinha valido a pena, levantarmos cedinho e ali estarmos

  Num dia em que, a aldeia estava de luto pela morte de um dos seus amados filhos -  Todavia, embora sem a alegria  e participação de anteriores celebrações, nomeadamente sem a colaboração do nosso prezado amigo, António Lourenço, justamente por ter  sido justamente no seu lar que o sentimento de dor e de  perda, mais se fizera sentir



Repetiu-se, pois, uma vez mais, de forma singela e desprendida, a tradição que pretende recuperar antiquíssimos rituais, esquecidos no tempo, dos homens, que viviam e se abrigavam nas cavernas dos penhascos de granito, que ali se erguem como inexpugnáveis  e cinzentas muralhas encasteladas, cujas vidas dependiam exclusivamente dos ciclos da Natureza, que cultuavam e celebravam, nos seus observatórios astronómicos e locais de culto – Eram os adoradores do Sol, o Deus Mais Antigo da Terra, fonte da vida de todas as formas existentes nos mares e à superfície  do nosso planeta.

Uma vez mais um grande Bem- haja e um caloroso abraço ao nosso amigo José Lebreiro e à  Foz Côa Friends Associação



"POEMA AO SOL" - Amenófis IV

" Tu és belo no céu... oh! Sol vivo!

Quando te levantas a leste
enches todas as terras com tua beleza,
porque és belo, és grande e brilhas acima da Terra.
Teus raios beijam os povos e tuas criações.
Tu és deus e nos seduziste a todos.
Tu nos impuseste os liames de teu amor,
e, ainda que longe, teus raios atingem a Terra
e, ainda que alto, teus passos marcam o dia.

Dás alento e fazes viver tudo o que criaste;
quando a criança nasce lhe dás a palavra
e crias tudo o de que ela precisa para viver.
E para terminar tuas obras, criaste as estações:
o frio no inverno e o calor no verão.
Criaste o céu longe e alto para por ele subir
e observar tua criação.
Vives mergulhado no teu brilho fulgurante,
oh Sol! Que te levantas
e que desapareces para voltar.


20 de Junho 2015 

Bendito sejas tu, que sobes no céu
e que fazes brilhar o horizonte !
Bendito sejas tu, deus sublime da paz !

Sol, quando te levantas no céu em todas as manhãs
em tua beleza incomparável acima da Terra,
beijas com amor todos os povos que criaste.
Tu és deus, tu és Rá !
Estás longe, mas teus raios fertilizam o sulco do arado
e germinam as plantas depois que beijas a terra.
Tu nos deste o inverno refrescante
e o verão que nos traz o fruto e a vida.

E os camponeses, que colhem os alimento dos homens,
levantam as mãos para ti...
rezam quando te levantas, ao deixares o leito noturno. "



 OUTONO 

A Natureza
já adivinha
que na tristeza f
Fica sozinha.

Neste momento
andam cantigas
soltas ao vento
 por raparigas.

Cachos doirados,
vindima feita.
Sonhos dobrados,
finda a colheita.

Manuel Daniel - In A Porta do Labirinto



Do Livro O Alvor do Mundo


Não chamarei destino à vegetal facilidade
de uma respiração como o leque de um estuário
porque  a confiança que se levanta
em clara consonância com a ondulação do dia
 Em translúcidas arcadas a luz celebra o mar
e o mar arqueia a sua felina juba
de ondulante monotonia voluptuosa
Há frutos sobre os muros e as plácidas nuvens
derramam sobre a terra cálida um aroma branco
Vai fluindo nas veias do sono o luminoso sémen
que vem do fundo azul da matriz da terra
O dinamismo  combina-se com uma paz placentária
e o solo é um firmamento de órgãos de trémulos insectos
O  mais insignificante ganha um lento sentido
porque a pupila nasce para o alvor do mundo
As palavras surgem com as suas proas verdes e onduladas
para sagrar a imputrescível corola do dia

António Ramos Rosa
31 de Maio de 1993


AS NUVENS PASSAM

Sonhei ir ver as folhas coloridas,
com pincéis d'um Outono criativo ...
. . . ver no jardim as que estão caídas
e pintalgar a relva, verde vivo ...

Ao evocar imagens conhecidas
ao sonho dei calor e incentivo ...
Sem ver as nuvens mais escurecidas
nas quais meu sonho, sim, ficou cativo.

Sonhei com um Natal dentro de casa,
entre nuvens, um Sol que não abrasa,
mas a brasa do amor dentro de mim.

As nuvens passam ... outro dia vem
e nós iremos ver - eu creio bem –
um bonito Outono no jardim.

As Nuvens passam... de Maria Assunção Carqueja 




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