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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

ESCRITOR VIRGÍLIO FERREIRA, FAZIA HOJE 96 ANOS SE FOSSE VIVO – PARTIU PARA A ETERNIDADE AOS 80 ANOS, NO DIA 1 DE MARÇO DE 1996

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.VIRGÍLIO FERREIRA - É um dos maiores  vultos da literartura portuguesa - Se fosse vivo, completaria 96 anos . Quis, porém, o destino, que partisse para a eternidade aos 80 anos, no dia 1 de Março de 1996, na sua casa de campo, em Fontanelas.  

Tive o prazer de ser um dos seus amigos. Desde que, nos princípios dos anos 80, me desloquei a sua casa, por razões de ordem profissional, em dia do seu aniversário, fiquei de tal maneira impressionado pelas palavras do escritor, no pano intelectual e da sua escrita, que, praticamente, todos os anos, passei também a ser uma das poucas visitas  que, o autor de Manhã Submersa, recebia em sua casa. Tenho ainda nos meus arquivos vários registos gravados e algumas fotografias, que guardo com muito gosto - duas das quais aqui publico.
Já lhe dediquei uma postagem, neste blogue.VERGÍLIO FERREIRA - E O QUE O AUTOR DE "O CÂNTICO FINAL PENSAVA SOBRE A MORTE Todavia, quero também, hoje aqui lembrá-lo e evocar a sua memória. Era do signo aquário e, coelho, do signo chinês – Curiosamente, do mesmo signo, ocidental e chinês de José Mourinho.



BIOGRAFIA - EXCERTO
Às 15 horas do dia 28 de Janeiro, sexta-feira, de 1916, em Melo, concelho de Gouveia, nasce Virgílio António Ferreira, filho de António Augusto Ferreira e Josefa Ferreira.
Em 1920, os pais de Vergílio Ferreira emigram para os Estados Unidos, deixando-o, com seus irmãos, ao cuidado de suas tias maternas. Esta dolorosa separação é descrita em Nitido Nulo. A neve - que virá a ser um dos elementos fundamentais do seu imaginário romanesco é o pano de fundo da infância e adolescência passadas na zona da Serra da Estrela.
Aos 10 anos, após uma peregrinação a Lourdes, entra no seminário do Fundão, que frequentará durante seis anos. Esta vivência será o tema central de Manhã Submersa.




Em 1932, deixa o seminário e acaba o Curso Liceal no Liceu da Guarda. Começa a dedicar-se à poesia. Entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, continuando a dedicar-se à poesia, nunca publicada, salvo alguns versos lembrados em Conta-Corrente e, em 1939, escreve o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe. Licenciou-se em Filologia Clássica em 1940. Conclui o Estágio no Liceu D.João III (1942), em Coimbra. Começa a leccionar em Faro. Publica o ensaio "Teria Camões lido Platão?" e, durante as férias, em Melo, escreve "Onde Tudo Foi Morrendo". Em 1944, passa a leccionar no Liceu de Bragança, publica "Onde Tudo Foi Morrendo" e escreve Vagão "J". Na sua vida de professor liceal, há dois monumentos fundamentais: a sua estada em Évora (1945-1958) - que entrará para o nosso imaginário através de Aparição - e a sua vinda para Lisboa (1959), onde ensinou no Liceu Camões até à sua reforma.

A primeira fase do seu percurso romanesco, agora retirada da edição da Obra Completa enquadra-se no neo-realismo então vigente. Ainda assim, Vagão J (1946) opera já uma pequena revolução sem consequências: o movimento neo-realista passou-lhe ao lado, e o autor, perante a incompreensão da crítica, recuou e só viria a reincidir muito mais tarde.

Com Mudança (1949) começa Vergílio Ferreira a conquistar a sua voz própria. Aliás, em maior rigor, dever-se-ia dizer que é a voz própria que começa a conquistar o seu autor. De facto, Mudança estava arquitectado para ser um romance neo-realista exemplar - e em muitos aspectos é-o; mas é também outra coisa, que posteriormente se veio a interpretar como sendo a deslocação do neo-realismo para o existencialismo. Tal deslocação ter-se-lhe-á imposto inconscientemente no processo de escrita, sobretudo no tratamento do tempo e da figura da infância. Na velocidade do tempo que estrutura o romance - e que decorre do modo de representação neo-realista: materialismo histórico e materialismo dialéctico, a figura da infância enquanto queda para o passado e queda tanto mais desamparada quanto esse passado não é apenas uma memória mas sobretudo o sem fundo que fecha e vela o próprio sentido do nosso trânsito pelo tempo, a figura da infância introduz a desaceleração que toda a hipótese de um sentido arqueológico introduz. Não significa isso que essa atenção ao mais original solucione os problemas de sentido - ela desloca apenas as coordenadas da procura. Mas com esse movimento transforma-se também o modo de representação..Vergilio Ferreira - Vida e Obra...Vergílio Ferreira - Wikipédia, a enciclopédia livre


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ALGUNS DOS PENSAMENTOS DE VIRGÍLIO FERREIRA
Quanto custa amadurecer. Felizes daqueles que amadurecem cedo. Coitados daqueles que amadurecem cedo. Quando é a altura de amadurecerem já estão podres.
Conta-Corrente 5
Um grande livro não é bem o tema e personagens e situações e escrita e tom e tudo o mais que se quiser: é o que sobra disso tudo e se não identifica com nada disso. E todavia tal grande livro é mesmo tudo isso com que se identifica.
Conta-Corrente 5
Amanhã é dos loucos de hoje, diz Pessoa. E dos loucos de amanhã? Se é depois de amanhã, os tipos com juízo nunca mais têm uma oportunidade. E serão loucos sem amanhã nenhum.
Conta-Corrente 5 .

Um comentário:

Luis de Raziel disse...

Obrigado pelo comentário -ou pela pergunta - O autor deste blogue é Luís de Raziel - Qualquer semelhança com a realidade é pura especulação heteronomística.