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sexta-feira, 25 de junho de 2010

MIGUEL TORGA ,ASSIS PACHECO E O ALPINISTA BRUNO CARVALHO, EVOCADOS NOS MÍTICOS LUGARES ONDE ACABA A MESETA IBÉRICA E COMEÇA O DOURO: OS TEMPLOS DO SOL














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Músicos, "sacerdotes e sacerdotisas druídas" - em torno da Pedra do Sol e junto ao círculo votivo - sobre o qual se colocou ( como símbolo sacrificial) um borrego do pastor dos Tambores , o José Júlio - a quem se voltou a devolver, cheio de tenra vida e sem amarras.











TARDE MARAVILHOSA DO SOLSTÍCIO DE VERÃOOs contrafortes do maciço da Mancheia e dos Tambores, em Chãs, sobranceiros ao fertilíssimo vale da Ribeira Centieira, uma vez mais foram o cenário majestoso para receber o dia maior do ano, invocar rituais antigos e saudar aqueles que, inspirados pelo sol e pelas musas, se notabilizaram pelos seus versos - E, até, aos que perderam a vida nas mais altas montanhas da Terra - Lugares de fascinação e de pendor bíblico, onde os gelos ou as rochas mais se aproximam do esplendor do sol e dos céus - - Inacessíveis ao comum dos mortais - Mas que, atraem e cativam aqueles que tudo arriscam para alcançarem alguns momentos de glória nesses supremos tronos dos deuses. Um dos corpos que lá jazem, coberto pelas neves eternas, desde 31 de Outubro de 2006, é o do alpinista português, Bruno Carvalho

partiu para os Himalaias para escalar uma das maiores montanhas da Terra, confiante de que ele e os companheiros, liderados pelo alpinista João Garcia, formavam uma equipa coesa e partilhavam dos mesmos objectivos - Mas não foi isso que aconteceu: perdeu lá a vida e, sobre a sua morte, existe algo obscuro, de descoordenado que permanece por esclarecer .
Death on Shishapangma

Já o recordamos, no ano seguinte à sua morte, na celebração do Solstício do Verão, junto à Pedra do Sol. Desta vez foi junto ao pequeno "Altar dos Poetas! "- Na "Pedra de Fernando Assis Pacheco - A
par de dois grandes poetas e escritores - Veja os pormenores, neste post, mais adiante.
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O ex- Presidente da Assembleia Municipal, Dr. Manuel J. Pires Daniel e o actual Presidente da Câmara de Foz Côa, Eng. Gustavo Duarte, seguindo atentamente os últimos instantes do alinhamento sagrado


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A LEMBRAR OUTROS ERAS E OUTROS TEMPOS...

Depois da observação dos últimos raios solares, junto à pedra do Solstício, que, mais uma vez, se traduziria em momentos, verdadeiramente sublimes e de profunda ancestralidade e misticismo, seguiu-se a romagem à pedra, que o escritor, o poeta e jornalista, Fernando Assis Pacheco, elegeu para ali se despedir daqueles largos espaços e misteriosas fragas.

Foi em meados de Outubro de 1995 – Ocorreu no termo de um trabalho jornalístico ao Vale do Côa. Faleceria a 30 de Novembro – A pedra passou a ter o seu nome e, todos os anos, ali é recordado com a leitura de poemas de sua autoria, oportunidade que, a Comissão das Celebrações, simultaneamente, aproveita para prestar homenagem a todos os poetas mortos, com a deposição das coroas de flores do cortejo druida.


Porém, desta vez, aos poemas lidos e acordes musicais, a singela cerimónia foi surpreendentemente enriquecida, com um comovente improviso do ex-presidente da Assembleia Municipal, Manuel J. Pires Daniel, também ele uma personalidade de cultura, muito bem informada do nosso património, dos nossos valores, possuidor de uma grande sensibilidade poética, que nos deu o prazer e a honra de se associar ao referido acto. As suas palavras, muito sentidas, muito belas, foram escutadas por todos os presentes, com particular atenção. Realçou a beleza, a singularidades e relação geológica destes lugares, bem como enalteceu a figura e a obra de Fernando Assis Pacheco. Recordou também Miguel Torga – Afinal, ficamos a saber que, o autor dos Contos da Montanha, conhecia melhor os Tambores e o nosso concelho e o da Meda, que muitos dos que por aqui vivem! Pois, ao seu espírito contemplativo, associava também o gosto pela caça. Torga, não se quedava apenas pela mera contemplação dos espaços; gostava de andarilhar.

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Fernando Asiss Pacheco BIOGRAFIA


FERNANDO ASSIS PACHECO, TINHA RAZÃO COM A SUA PERGUNTA – MIGUEL TORGA, JÁ TINHA ANDARILHADO POR ALI….

“Jorge!..Aqui também esteve o Torga?!.. “ - Perguntava-me, Fernando Assis Pacheco, naquele já distante fim de tarde, em que o acompanhei pela Pedra da Cabeleira de Nossa Senhora e ao Monte do Castro do Curral da Pedra. Ele estava muito feliz e, pelos vistos, queria saber se o autor dos Novos Contos da Montanha, também teria partilhado daquele mesmo encantamento e felicidade, ali pelos monumentais penhascos dos Tambores e Mancheia. Eu disse-lhe: “Não me consta… Acho que não…Aqui, nestes sítios, é ainda o reino do granito” Mas, afinal, Fernando Assis Pacheco, lá tinha as suas razões para fazer a tal pergunta. Miguel Torga, também contemplara aqueles enigmáticos penedos e largos horizontes. Contei o episódio, na cerimónia, da romagem à “Pedra do Fernando Assis, e a reposta às minhas dúvidas, fora gentilmente dada pelo poeta e advogado, Manuel Pires Daniel

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Nós estamos aqui onde acaba a meseta ibérica: quem estudar um bocadinho de geografia sabe que, ao cair este barranco ali à frente, termina a chamada Meseta ibérica – Aqui há um grande casamento geológico entre o xisto e o granito, que separam a província da Beira Alta e o Douro profundo, que é um Douro maravilhoso: esta paisagem, esta riqueza, é tudo o que há de melhor!... É um lugar muito especial. Nós ainda não sabemos ao certo as riquezas morais, intelectuais, artísticas que se podem aqui desenterrar. Por isso, vale a pena aqui prestar homenagem à natureza: a natureza para mim é uma obra magnífica. E o louvor ao sol também não é nada do outro mundo, que devemos estranhar . Pois todas as religiões prestaram homenagem ao sol; alguns adoraram-no… “ Palavras oportunas e belas de Manuel Joaquim Pires Daniel, proferidas, na pedra do poeta Fernando Assis Pacheco, naquela que seria a última cerimónia das celebração do dia maior do ano. Sem dúvida, o corolário de uma tarde magnífica, brilhante e ensolarada, assinalada por música de inspiração celta, por um grupo de gaiteiros mirandês - os “Anda Camino” - e por acordes de viola de arco, pelo actor João Canto e Castro – E também de uma tarde propiciadora para algumas revelações espantosas, que estava longe de imaginar, por parte do um dos homens mais cultos do nosso concelho.

HEMINGAWAY E TORGA - A MESMA PAIXÃO PELA CAÇA- O AUTOR DAS VERDES COLINAS DE ÁFRICA, INSPIROU-SE NAS EXPERIÊNCIAS DAS SUAS CAÇADAS NAQUELE CONTINENTE - E, EM MIGUEL TORGA, ALÉM DO "CAÇADOR", NOS "NOVOS CONTOS DA MONTANHA", RESPIRA-SE MUITO ENVOLVIMENTO E ATMOSFERA NA SUA OBRA LITERÁRIA, EXTRAÍDA DO SEU DOURO MARAVILHOSO , DE TRÁS-OS-MONTES E DE OUTRAS DEAMBULAÇÕES PELA BEIRA TRANSMONTANA. DESCONHECÍAMOS, NO ENTANTO, QUE O MONTE DOS TAMBORES, NÃO LHE ERA ESTRANHO.

O autor de “Os Bichos”, da "Criação do Mundo", "Um Reino Maravilhoso", entre outros títulos, gostava de andar pelos vales, subir e descer os penhascos e embrenhar-se pelas giestas e outros matos: quer no tempo da caça quer no defeso. “Algumas vezes, nos montes da sua região. Quando ali trabalhava, chegava da caça e dava consulta com a roupa com sangue que trazia dos montes” - Lê-se na sua biografia. - E, pelos vistos, a mesma paixão levá-lo-ia a distanciar-se para outros redondezas – E a ter esta visão peculiar das pessoas e destas terras: “A autoridade emana da força interior que cada qual traz do berço. Dum berço que oficialmente vai de Vila Real a Montalegre, de Vinhais a Bragança, de Bragança a Miranda, de Miranda a Freixo, de Freixo à Barca de Alva, da Barca à Régua e da Régua novamente a Vila Real, mas a que pertencem Foz Côa, Meda, Moimenta e Lamego - toda a vertente esquerda do Doiro até aos contrafortes do Montemuro, carne administrativamente enxertada num corpo alheio, que através do Côa, do Távora, do Torto, do Varosa e do Balsemão desagua na grande veia cava materna as lágrimas do exílio.

Um mundo! Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu, como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.”. Miguel Torga - Wikipédia.

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MONTE DOS TAMBORES - ALTAR DOS ÍDOLOS




Estranhos morros, que, à primeira vista, mais lembram terra de ninguém, parda e erma paisagem de um qualquer pedaço lunar. Porém, estamos certos de que não haverá ninguém que, ao pisar o milenar musgo ressequido destas tisnadas fragas, ao inebriar-se com os seus bálsamos, as subtis fragrâncias que evoluem das giestas, das ervas e pedras, volvendo o olhar em torno dos vastos horizontes que se rasgam por largos espaços, fique indiferente ao telúrico pulsar, à cósmica configuração e representação divina, que ressalta em cada fraguedo ou ermo penhasco - Este é, pois, o fim de um extenso reino terrestre (conhecido pela meseta ibérica) que atravessa a fronteira de Espanha e vem perder-se aqui, numa autêntica fortaleza amuralha, apontada a Norte, configurando a proa de um autêntico navio fantasma, recheado na sua coberta e nalguns dos seus flancos, das mais caprichosas formas rochosas, mas absolutamente bloqueado pela acção poderosíssima dos sedimentos xistosos, metamórficos que, as convulsões mais fundas e primevas do interior da terra, trouxeram à superfície, com a nudez dos seus mais alcantilados montes e fundos vales, onde a acção modeladora dos milénios e o trabalho hercúleo do homem, tem feito verdadeiras obras primas! - Esse é o Douro vinhateiro, o Reino Maravilhoso, mitificado e idolatrado pelas raízes e vivência, observação e sensibilidade excepcional de Miguel Torga. E esta é, também, uma das fronteiras naturais, onde dois mundos geográficos e geológicos, confluem, cada qual cioso das suas riquezas , das suas peculiaridades e maravilhas!
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MOMENTOS DE POESIA NO ALTAR DOS POETAS - A "PEDRA FERNANDO ASSIS PACHECO"
O sol já se havia posto, o céu mantinha-se de um azul violáceo e as sombras já pairavam nos distantes horizontes, nomeadamente a leste. A poente, ainda permaneciam alguns tons da despedida do astro solar. - Sem dúvida, o momento era de uma extrema beleza, quietude e serenidade - Parece que nem a mais leve aragem corria. Os odores das giestas, das palhas , das ervas e do mato rasteiro, que o Inverno chuvoso fizera despontar e crescer, rescindiam como que a sabores adocicados e sensualizados.

O ambiente era realmente pagão e ao mesmo tempo, suave e quente, etéreo e espiritualizado. - Sem dúvida, nada mais adequado para se evocar a memória daqueles que, em suas vidas, foram tocados pelas musas e verteram para a escrita toda a beleza da sua inspiração -
e, logo ali, evocados em torno de um pequeno altar rochoso, erguido a uns escassos palmos a resvés da terra e, por sinal, num ponto predominante dos vastos espaços que por ali se estendem.

Como já dissemos, foram lidos poemas de Fernando Assis Pacheco, por Jorge Carvalho e tocados alguns acordes de viola de arco por João Canto e Castro. E também se ouviram alguns sons do grupo de gaiteiros Anda Camino. Ao músico e actor, Canto e Castro, caberia ainda a dupla tarefa de ler o poema dedicado ao Bruno Carvalho, de autoria de um seu antigo amigo e companheiro, o João Franzaão Couvaneiro. VIAGENS VERTICAIS: "Bruno Carvalho: um até sempre.

MANUEL PIRES DANIEL - UM MAGO DE BEM FALAR, DE SENSIBILIDADE E APEGO A ESTAS TERRAS E ÀS SUAS GENTES

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A surpresa maior estava, porém, reservada para o termo da cerimónia - Conforme atrás referimos, um dos homens bons do nosso concelho, uma personalidade culta, erudita, muito respeitada e muito querida pelas populações, sim, quando o Dr. Manuel Joaquim Pires Daniel, acede ao nosso convite e aos vários presentes que imediatamente o pressionavam, pois bem, dir-se-ia que a simbólica solenidade, ia como que completar um dos mais belos momentos, antes que as sombras da noite pairassem completamente a toda a volta.


Na verdade, quem é que deixaria de estar atento a tão esclarecida e oportuna alocução?!... - Sim, acreditamos - tal é o seu dom da palavra - , que, se o espírito de Torga e de Assis Pacheco - e até de outro Assis, o apóstolo -, todos eles em viagem pelo além, ali passassem, naqueles breves momentos, não só não teriam parado, como, no final, também se associado às palmas que ali se ouviram.


OBRIGADO, Dr. Manuel Pires Daniel


Obrigado, pelo seu especial carinho a estas terras e às suas gente. - Pois até me parece que as suas palavras me soam ainda aos meus ouvidos - pela forma, religiosa, comovente, espontânea, como se expressou. Sim, foi muito oportuna e expressiva, aquela sua alusão ao maravilhoso “hino ao sol de São Francisco de Assis. O apóstolo que amava as flores, que amava a própria morte, que amava os animais: o irmão lobo, a irmã morte – Cantou o sol como o terá cantado aqui Assis Pacheco. Como o terá feito aqui o Jorge Marques. De maneira que agradeço muito a vossa atenção, porque me sinto muito honrado por estar num lugar onde esteve um autêntico poeta da nossa pátria”


Caro e distinto Amigo: nós é que lhe ficamos imensamente reconhecidos. Lemos com muito prazer o artigo que publicou na anterior edição do Foscoense, o belo “Cântico do Irmão Sol” de São Francisco de Assis e as elogiosas referências que fez ao evento e às nossas iniciativas. Muito obrigado por tudo.






UM AGRADECIMENTO, MUITO ESPECIAL, AO PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,ENG. GUSTAVO DUARTE, À PRESIDENTE DA JUNTA DE FREGUESIA DE CHÃS, DR. TERESA MARQUES, AO EX-PRESIDENTE ANTÓNIO LOURENÇO E AMÉLIA LOURENÇO- ENTRE OUTROS

Obrigado Sr. Presidente, Eng. Gustavo Duarte: pois, não só nos honrou com a sua presença, como pelo estimulo da sua preciosa ajuda, sem a qual não teríamos levado, ali, os “Anda Camino” e “Os Toca A Cantar“, a quem também muito agradecemos.
Bem como a todos que nos deram a sua colaboração – designadamente, a Presidente da Junta de Freguesia, Teresa Duarte Marques, assim como ao ex-presidente, António Lourenço e sua esposa, Amélia Lourenço - cujo apoio tem sido fundamental
- E aos demais elementos da comissão, sempre prestáveis, Silvério Baltazar e Fernando Baltazar.

E, como não podia deixar de ser aos nossos amigos, da Quinta Calcaterra, que igualmente nos têm dado o seu apoio e a todos os participantes no cortejo.Não querendo esquecer, naturalmente, o José Alípio Gonçalves, natural desta aldeia mas residente na Touça - que, todos os anos, ali vem recordar os difíceis tempos em, que, seu pai - e até ele - em criança - andavam por ali a cavar ou arar com o macho, as poucas nesgas de terra que, sobejam, naquela íngreme vertente fragosa da Mancheia.

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MARIA MARGARIDA BARROS - A ESPECIALISTA EM GEOTERAPIA, QUE FOI DE LISBOA AO MONTE DOS TAMBORES PARA ALI FALAR DE UMA CIÊNCIA MILENAR

A Dra.Maria Margarida Barros, acredita que o planeta Terra possui todas as energias vitais de que necessitamos. Não duvidamos da sua opinião. Sim, os animais fazem uso da terra com sabedoria, percebem como podem manter a saúde com a energia positiva que a terra possui: os tempos modernos fazem desviar as atenções humanas desse saudável equilibro e, em vez da serenidade e da paz, cultivam o egoísmo, semeiam o ódio e a violência.

Precisamos de estar em sintonia com o Universo para obtermos um equilíbrio perfeito da mente, corpo e espírito. E, por certo, era em busca dessa harmonia que os antigos povos, que habitaram estes lugares, ali terão festejado e cultuado o Grande Criador da Vida – O Divino Deus-Sol - E, no fundo, foi a palavra que, a Dra. Margarida Barros, ali nos transmitiu.

Para quem percorreu várias centenas de quilómetros, lamentamos não lhe termos concedido mais tempo - Pois, pelo que depreendemos, muito teria para nos expor. Só que, como terá compreendido, havia que gerir aquele precioso fim de tarde. A cerimónia, junto da Pedra do Sol ou Pedra do Solstício, começou às 20 horas- Tínhamos à nossa frente 45 minutos de Luz - é o tempo que habitualmente reservamos à leitura de poemas, palestras e actuações musicais - Pois, às 20.43, o sol começa a pousar no horizonte, na cordilheira oposta ao vale, lá para os lados da Fontelonga, e, a partir desse instante, há que estar de olhos postos naquele esplendoroso momento mágico - o alinhamento sagrado solsticial! - Que ali pudemos contemplar, tal como o terão observado os olhos extasiados dos antigos povos e civilizações que por ali passaram.

Mesmo assim, as palavras da especialista em geoterapia, foram uma nota significativa e muito bem recebidas pela assistência- Pois vieram também ao encontro da ancestralidade que os participantes e os promotores, eu próprio, a Comissão das Celebrações, o povo da aldeia, ali desejam recuperar com os contributos e opiniões de vários saberes..


A SOBREVIVÊNCIA DO HOMEM PRIMITIVO ESTAVA INTIMAMENTE LIGADA À NATUREZA E AOS CICLOS DAS ESTAÇÕES.. 

Não se pretende professar ou defender qualquer tipo de credo ou religião, mas celebrar a Natureza, os ciclos das estações do ano e fazer-se luz sobre um passado, que, estamos certos, não é propriamente de um tempo de trevas mas de muitas coisas fantásticas: cuja herança, é dever cívico desvendar, preservar e celebrar! - para maior encantamento e fidelidade às suas origens, das actuais e futuras gerações....









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Os povos, que ali viveram, nas vertentes rochosas e nas quebradas do alto daquele planalto, é certo que não dispuseram dos calendários actuais, mas, nem por isso, é nossa convicção, deixaram de associar as variações periódicas do clima ao movimento aparente do sol e, por isso, de balizar essa declinação com enormes estruturas de pedra - Muitos desses alinhamentos ainda perduram em várias partes do mundo - dois desses monumentos, estão ali à observação de quem os queira admirar.
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NOITE DE CONVÍVIO SAOJOANINA - MAS JÁ LÁ VAI O TEMPO EM QUE, NO ADRO DA IGREJA, SE CANTAVA E DANÇAVA À VOLTA DE UM PINHEIRO ARRANCADO NO PINHAL DA RAPOSA, AO SOM DO REALEJO E, À NOITE, EM TORNO DA FOGUEIRA

Agora, comeu-se sardinha assada e bifanas, dançou-se ao saber de música popularziada pelas Tvs, mas, de facto, embora a noite lembrasse bem o pino do Estio, a tradição perdeu-se; já não é a mesma coisa de outros tempos.

 
Apesar disso, qual a aldeia, em Portugal, onde o nascer ou o pôr-do-sol, onde, o divino esplendoroso, a imagem sagrada que gera a luz e a vida, é sinónimo de revisitação de tempos ancestrais e, ainda por cima, o centro dos antiquíssimos ritos e atenções pagãs?!..

Com muito esforço, e a boa vontade de muitos poucos, lá se vai fazendo, desde há uns anos a esta parte, a celebração ao Leão dos Céus. Sem grandes pretensões, mas certos de que, dia virá, em que (talvez correndo o risco de alguma dessacralização), os poucos que hoje somos , se transformem em multidões.

Por volta das dez da noite, e até perto das duas da manhã, cumpriu-se o programa final no adro da igreja . Nas cidades, e em certas vilas, envereda-se pelas marchas populares ou coretos - ao longo do mês de Junho - Sim, este continua a ser, de facto, - para as populações do Hemisfério Norte - o mês mais esperado e desejado no cair de cada uma das doze folhas do calendário. Não obstante o desgaste e a influência exercida pelos mais diferentes credos, a reverência, a idiolatria ao rubro disco solar, continua, desde tempos imemoriais, presente na mente de todos os homens! - É o grande símbolo da vida, o esplendor máximo, que contempla, une e aproxima todos os povos - O Grande Invictus da Humanidade..


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HOMENAGEM À CORAGEM E AO AMOR PELO ESPLENDOR DA NATUREZA - NUM DOS LUGARES IMACULADOS DA TERRA..Ele adorava a natureza - Actualidade - Correio da Manhã.















O TEMPO PODE REDUZIR A MORTE EM CINZAS MAS JAMAIS SE APAGARÁ NA MEMÓRIA DOS QUE O CHORARAM E SE ENLUTARAM


Jorge Carvalho, não conseguiu conter as lágrimas quando, o actor João Canto e Castro, lhe passou o violino para a mão e leu uns versos de autoria de um grande amigo e companheiro, do malogrado alpinista Bruno Carvalho. Que fomos extrair de
VIAGENS VERTICAIS: "Bruno Carvalho: um até sempre..

O CORPO REPOUSA NAS NEVES ETERNAS DE UMA DAS MAIS ALTAS MONTANHAS DA TERRA. POR VIA DE UM ACIDENTE, ATÉ HOJE, MAL EXPLICADO PELO PRINCIPAL RESPONSÁVEL DA EXPEDIÇÃO E DO BANCO QUE A FINANCIOU:João Garcia.e.milenium bcp..Shisha Pangma - SIC Online - Blogs
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"SONHO E MORTE DE BRUNO CARVALHO" - EDITORIAL DA REVISTA CAMPISMO E MONTANHISMO


"Sonho e Morte de Bruno".

"Há dias, por razões institucionais, recebi na Federação o pai do Bruno.
Pouco tempo depois da morte do Bruno estive para desmentir inverdades que o chefe da expedição do alto do seu pedestal atirou para a imprensa, mas contive-me pois poderia estar a suscitar questões que a morte, nas circunstâncias trágicas como foi a do Bruno, sou obrigado a dizer o que penso, já que as pessoas que deveriam de elucidar o circunstancialismo fatídico da morte do Bruno não o fizeram até hoje. Por imperativo moral, quero neste editorial prestar por parte da Federação que presido uma singela homenagem ao Montanheiro que morreu cumprindo um sonho.

Bruno.

O teu corpo repousa na montanha, para a paz daqueles que te amam.
(...) Paz à tua alma (excerto)

O alpinista Bruno Carvalho foi homenageado pela segunda vez, na presença de seu pai, Jorge Carvalho, no Maciço dos Tambores - Morreu ao descer do chamando "Trono dos Deuses" - Abandonado pelo líder da expedição que não respeitou as suas justas aspirações e optou por não acompanhar a sua progressão ou ao menos tê-lo ao alcance da vista: fez a sua escalada e esteve-se nas tintas para o companheiro que seguia um pouco mais atrasado. Peço-lhes desculpa se estou a ser injusto mas este é o meu sentimento e não o vou ocultar. Contudo, desde já me pontifico a publicar (neste blogue) qualquer comentário ou esclarecimento que queiram acrescentar - seja quem for.

E vou imediatamente ao que gostaria de aproveitar para dizer ao principal responsável da fatídica expedição: - Na verdade, João Garcia, fala de um lamentável erro - mas o maior erro (julgo eu) foi e continua a ser o seu extremado individualismo!

Lamenta a perda de um amigo" mas, ao mesmo tempo, descalça a bota, dizendo que "não é a primeira vez que um alpinista morre e o alpinismo continua" - Mas que grande novidade! ."A tragédia aconteceu por uma sucessão de erros que cometemos e não adianta ficar procurando respostas agora” - Sim, Garcia, nestas coisas, não costuma perder muito tempo e passa logo a outra. Segundo ele, só duas coisas mudaram em sua vida depois do acidente: “A vontade de escalar continuou. O que mudou foi que fiquei famoso em Portugal e ganhei um aspecto mais feioso”, O que não disse é que, a partir daí, a parada bancária também aumentou!



Quando se confunde o contacto com uma natureza selvagem mas bela, elevada à brancura imaculada das nuvens e do azul puro dos céus, bem como o espírito de superação com as adversidades do meio ambiente, a uma prova de contra-relógio, recordes com fins meramente egoístas e comerciais, relegando e desprezando sentimentos de solidariedade, algo há de perverso na prática desportiva daquele que já foi considerado o mais arrojado, épico e nobre desafio nas mais altas e inóspitas montanhas da Terra.



Pelo que se vê, na mente de João Garcia o que prevalece é a competição: - é mostrar que ele é o maior dentre os maiores a escalar montanhas ! - Afirma que a escalada "é um desporto colectivo até ao último acampamento, é individual daí até ao cume. Nessa altura, cada um está por si" - Claro que, cada um tem que caminhar com as suas pernas, carregar a mochila, pegar na sua picareta e agarrar-se com os seus braços e fazer valer a sua técnica, resistência e habilidade!

Pois é: - mas o alpinismo não é nenhuma prova de contra-relógio, para se saber quem é o primeiro a cortar a meta É certo que a nível individual também já se vai praticando esse despique. Mas, seja como for, nada deverá substituir-se aos fraternos laços de companheirismo e de solidariedade humana.


Bruno Carvalho, com os seus 31 anos, era considerado o mais expansivo e optimista da expedição. Além dos Himalaias, já havia pisado os cumes das ilhas Britânicas e dos Andes" . O herói da montanha acreditava que ele e os seus companheiros conseguiam "ir e voltar sãos e salvos, que todos os cinco cheguemos ao cume…” Infelizmente enganou-se: - foi abandonado e a sorte não esteve ao seu lado.Shisha Pangma - SIC Online.


A ESSÊNCIA DO VERDADEIRO ALPINISMO NÃO É A COMPETIÇÃO MAS O PRAZER E O DESFRUTE DA MONTANHA

"Nesses momentos experimenta-se a verdadeira essência humana. Quando o objetivo é alcançado a recompensa é uma incrível sensação de bem estar, impossível de ser descrita por palavras. A necessidade que temos por aventuras leva milhares ao redor do mundo a praticar montanhismo, de pessoas simples a reis. Ao contrário do que muitos pensam, o montanhismo é uma atividade nobre, enriquecedora, e que proporciona o surgimento de grandes amizades e o auto-conhecimento. Graças a necessidade de aventura e curiosidade exploratória, o ser humano evoluiu, e mais que nunca, o homem urbano precisa ter algum tipo de ligação com suas origens naturais, além de desafios, e isso corre em nossas veias, em algumas pessoas com mais intensidade"..Montanhar - Montanhismo.

O desporto alpino é admirável e continuará a ser uma das modalidades de alto risco - João Garcia merece consideração e respeito por esse facto - Mas deve compreender que, o homem, mesmo desafiando corajosamente as suas quase inacessíveis alturas, é menos que um cristal de neve efémero perante a sua grandeza. Mas que tem em si a centelha da vida, que é talvez de todos o maior milagre da Natureza.

O respeito pela vida humana - do companheiro ou do peregrino que segue pelo mesmo trilho - deve estar acima do espírito de conquista e de todas as ambições de mero egoísmo e de vaidade.Aliás, felizmente, muitas destas imagens o documentam. Vão em fila, cada um com o seu ritmo mas não longe dos olhos uns dos outros e como que irmanados por um sentimento comum e caminheiro de minúsculas formigas
que não despegam da margem do precipício e do seu vertiginoso carreir
o.Figuras Emblemáticas do Montanhismo: Reinhold Messner ...The Quest for all 14 8000 Meter Peaks Summits: 8000 meter peaks


NEGÓCIO LUCRATIVO PARA OS QUE BUSCAM PROMOÇÃO E OS QUE SE SERVEM DELES


"Vindo aos milhares do mundo inteiro, principalmente dos países desenvolvidos, esses homens e mulheres enfrentam a grande altitude, com um custo alto, tanto financeiro como físico, num punhado de picos – sempre os mesmos – a começar com o Everest. (...) “O aumento acelerado, desde a década de 1980, do culto do desempenho e de um individualismo exacerbado nos submete a um tipo de imposição social, uma pressão à autor-realização. As pessoas buscam tornar-se heróis ordinários nas expedições".Everest, um negócio lucrativo - Le Monde ....... Dilema Ético na Montanha
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" A atitude na escalada do Everest está novamente detestável”, disse Hillary ao diário “New Zealand Herald”. “Minha expedição nunca haveria deixado um homem morrer sob uma rocha. Isso nunca ocorreria, seria uma catástrofe de nosso ponto de vista...Encerra-se o circo trágico do Everest - AltaMontanha.c

A BANALIZAÇÃO E DESSACRALIZAÇÃO DO EVAREST
-Veja como funciona a escalada do Monte Everest


“Cinquenta anos atrás, vencer 8850 metros do Monte Evarest era um desafio para poucos. Desde que em 1953 o neozelandês Edmund Hillary e o nepalês Tensing Norgay chegaram pela primeira vez ao cume, "os recordistas passaram a ser alpinistas com dificuldades físicas". "Só no ano 2006, segundo estimativas da página web mounteverest.net, 500 pessoas subiram o cume do Everest, elevando o número de ascensões 3000. Agora já ascendem a 4000.

Em 1998, a equipe de uma instituição de protecção à natureza, "retirou 1,2 toneladas de dejectos" dos dois primeiros acampamentos do Everst. Para evitar tal poluição, o governo nepalês agora exige aos alpinistas ( além de uns largos milhares para a licença) um depósito de US$ 4 mil, que é reembolsado se eles trouxerem de volta a mesma quantidade de equipamento e suprimentos que levaram

 
O MAIS EXACERBADO INDIVIDUALISMO A QUERER DAR LIÇÕES À EQUIPA LIDERADA POR CARLOS QUEIROZ

E andou Garcia a querer dar lições de moral ao colectivo nacional de Cristiano Ronaldo!..- O que o egoísmo exacerbado do alpinista João Garcia, não fez pelo Bruno Carvalho, fez a generosidade e a abnegação de um casal brasileiro, de alpinistas, para lhe salvarem a vida - Que desistiram da sua escalada ao Evarest para o socorrerem .
Veja 23/06/99..

Longe vão os tempos heróicos das escaladas em busca da descoberta e por razões cientificas; o risco tornou-se, na actualidade, um bem consumível - e os bancos sabem porquê:Alpinista português João Garcia vale seis milhões de euros Mesmo assim ainda há os que desafiam o impossível : - aAlpinista amputado alcança o topo do mundo. Nepalês o mais velho a escalar monte Everest até já os miúdos de 13 anos, por via da fama, se atrevem a ir ao Evarest - Alpinista de 13 anos subiu o Everest - João Garcia, receando talvez ser desconsiderado ou diminuído na sua vaidade, não gostou que o rapaz tivesse cometido tal ousadia e veio para os media a criticar a aventura. .

MAS QUE ADMIRAÇÃO JOÃO GARCIA NÃO SE PREOCUPAR COM O CORPO DO MALOGRADO COMPANHEIRO: SE ELE NÃO ARRISCA A VIDA PELOS VIVOS, QUANTO MAIS PELOS MORTOS !...

"
Mantenho a minha convicção: não se arrisca uma vida para trazer um corpo, que era o que estava aqui em causa. Nós podíamos congelar. Íamos ficar mutilados para satisfazer uma família? E não é bem uma família, porque eu falei com a mãe do Bruno e ela disse-me: “João, o Bruno está onde sempre quis estar”. A mulher dele diz o mesmo. O pai, que via o Bruno de ano a ano, é que está a fazer alarido e eu não vou discutir as reais motivações dele. A verdade é que nós não tínhamos capacidade"

 
ESCALADA DE JOÃO GARCIA AO SHISHAPANGMA - COM GROSSOS RABOS DE FORA..." STOP PRESS, STOP PRESS "

Diz o jornalista que acompanhou a expedição
(corroborado por Garcia - autor da Mais Alta Solidão )que, Bruno Carvalho, morreu no dia 31 de Outubro "terça-feira à tarde na sequência de uma queda".Shisha Pangma - SIC Online - Blogs. Porém, a notícia só foi divulgada para o acampamento base a meio da manhã do dia 1 de Novembro, hora local - "A comunicação rádio, às 10 da manhã (1 Novembro) caiu que nem “uma bomba” diz o jornalista da SIC, Aurélio Faria -

Mas então porquê esse silêncio?!..Por que razão se dá a notícia, dando a expedição como bem sucedida e depois se pede para se corrigir a noticia: STOP PRESS, STOP PRESS" - Sim, é o que ressalta em Death on Shishapangma publicado no Evarest News - Certamente é porque existirá algo que terá sido ocultado e que não corresponderá ao que foi declarado aos órgãos de comunicação social portugueses. É pelos menos a impressão com que ficamos. Ou será que se optou por dar uma notícia sem primeiro ter-se a certeza de confirmada a informação recolhida?!...blog da expedição.
De facto, pairam
lacunas e contradições graves, que suscitam muitas interrogações e que carecem de ser esclarecidas morte do Alpinista Bruno Carvalho e a falta de apoio dos companheiros -. - Escalada de violência para João Garcia Alguns dos blogs onde o comportamento de João Garcia é questionado - Contamos voltar ao assunto - Entendemos que o abandono de Bruno carvalho, é um caso grave, que devia ser objectivo de investigação policial - Vamos aprofundar o assunto em próximas postagens.

Jorge Trabulo Marques
Jornalista
(Comissão da Carteira Profissional de Jornalista)

Um comentário:

Analuka disse...

Beijos alados e solares!!!