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segunda-feira, 12 de maio de 2025

Ao Poeta Manuel Alegre -Em dia de Aniversário –Parabéns pelos seus 89 em prol da solidariedade e da justiça A singular homenagem e os poemas na Voz do Poeta da Liberdade e de João Canto e Castro, do consagrado músico e imitador. Com os votos, de dias tranquilos e felizes e de que jamais retorne ou chegue. O domínio dos novos ditadores e falsos profetas arvorados em libertadores, senão apenas no desejo porfiado de encherem ainda mais os bolsos


                                          Jorge Trabulo Marques     Jornalista 


Manuel Alegre nasceu, em Águeda, no dia 12 de Maio de 1936  - Aniversário, quase a coincidir com a com abertura da  5ª. edição do Prémio Literário Manuel Alegre, . Uma iniciativa promovida pela Associação Académica de Coimbra  -Concurso de escrita dirigido a estudantes do ensino superior.

O objetivo é homenagear a obra cultural e crítica do autor , valorizando simultaneamente a literatura portuguesa e oferecendo uma oportunidade para jovens autores se afirmarem no meio profissional.
O vencedor do concurso literário vai receber 2 mil euros, as candidaturas começaram no 1 de Maio.
e o anúncio do vencedor  está agendado para o dia 24 Setemb
ro.





Portugal do império colonial, que já foi, exaltado por Camões pelo rasgo aventureiro dos seus feitos, mas também o das mágoas, misérias e desterros das suas gentes,  afinal, o Portugal nos dias que passam, o que é?...Como defini-lo?  Aprisionado que está pela  chamada lei dos mercados, que em  vez de promoverem o bem coletivo, cega e obsessivamente  engrossam os cofres dos mais ricos e poderosos, sim, este é o Portugal tiranizado dos dias de hoje,  reduzido à condição  de um simples bairro  e da corda na garanta do desemprego, dos baixos salários e da precariedade laboral.  

A hora grave que passa, impõe-se libertar o país das garras do liberalismo selvagem  - E, como? ... Por mais bem intencionados que sejam  os discursos políticos, por mais radical ou progressista que seja o sentido das revoluções, só através do espírito  messiânico  da arte - do talento ou do génio de  escritores, músicos e poetas -  que toquem e despertem, verdadeiramente,  a alma de um Povo, é possível encontrar novos caminhos de liberdade, de justiça social e de evasão.

Manuel Alegre, insatisfeito com a situação que Portugal atravessa, transformou-a em belos poemas: belos na sua componente estética e lúdica  mas não destituídos de ironia e de alarme, 

RESGATE - Há qualquer coisa aqui   de que não gosto....  - CASSANDRA E A TROIKA  - Então Cassandra pareceu na rua...




Todos os grandes poetas são o barómetro da vida, da terra, do país e do mundo em que vivem - Como profetas e visionários que são, têm o dom de antever os desastres iminentes do seu tempo e, do mesmo modo, exaltar ou temperar o ânimo  das horas de declínio ou crepusculares e de trevas da sua pátria. Porque, só eles, participantes ativos na grande aventura coletiva, imbuídos de uma renovada consciência social, são capazes de, sob as ruínas e o caos, com a ironia  e ou a lírica  dos  seus versos, edificaram  uma nova sociedade.


Manuel Alegre é um desses poetas: poeta completo, na verdadeira aceção do termo. Ele não é dos que verseja ou faz quadras pelo simples prazer de juntar uns quantos versos e os fazer rimar – A sua poesia é muito sofrida, sentida e vivida – É ao mesmo tempo um apelo ao pensamento e ao sentimento. De libertação e de ousadia. Passado, presente e futuro. De feitos e adversidades, de perturbações, mágoas e alegrias.  

 Quem a percorrer, encontrará de tudo. É como que o retrato dos dias que se vão vivendo. Uma espécie de meteorologia emocional e social. Nos seus versos há variadíssimos motivos de inspiração, que, tanto  impelem ao desassossego, como  à mais inesperada emoção - Vasta temática em que o seu autor  é ao mesmo tempo o observador e o ativo interveniente: reflexo de um viajante na sua pátria, mesmo quando a ditadura o força a exilar-se em terras de Argélia, mesmo lá longe, sente-a de perto, está no seu posto, qual sentinela vigilante. 

Manuel Alegre, o  poeta mas também o ficcionista e o politico para o qual a palavra, tanto pode ser um hino de amor como o Canto às Armas, o combate pela liberdade e pela justiça social.

Ele sabe, com certeza,  que, Portugal, conquanto não esteja sob o açaime da  mordaça ditatorial do salazarismo, está em vias de já nem sequer  ser um pais soberano mas um simples bairro a ocidente da Europa da Srª Ângela Merkel, governada pelo liberalismo mais desumano e despudorado, sob o garrote de impiedosos FMIs e troikanos. 

Tal como declarou, em entrevista à jornalista da Antena 1 Susana Barros, após a apresentação do  “Bairro Ocidental” “Este livro nasceu desse sentimento de perturbação, de mágoa e ao mesmo tempo de rebeldia. Eu não me resigno que o meu país seja apenas um bairro ocidental”, disse .. Lamentando que que a crise e os acontecimentos subsequentes tenham transformado o país numa espécie de bairro ocidental.Manuel Alegre afirma que Portugal é hoje uma freguesia da Europa

ARTE DE PONTARIA 
Invadiram os séculos que estão dentro de nós
invadiram a língua o canto o ritmo
antes fossem exércitos fardados
antes as botas de um invasor visível
não estes missionários da nossa fé
com os seus mercados sobre os nossos ombros
e os seus discursos de sílabas pontiagudas
para gente de espinha de curvar.
Quando eles falam o céu fica cinzento
E há um rasto de cinza e desamparo.
Apetece pegar no poema
E disparar.

Manuel Alegre nasceu em 1936 e estudou na Faculdade de Direito de Coimbra, onde participou activamente nas lutas académicas. Cumpriu o serviço militar  na guerra colonial em Angola. Nessa altura, foi preso pela polícia política (PIDE) por se revoltar contra a guerra. Após o regresso exilou-se no norte de África, em Argel, onde desenvolveu actividades contra o regime de Salazar. Em 1974 regressou definitivamente a Portugal, demonstrando, nos vários cargos governamentais que tem desempenhado ao longo dos anos, uma  intervenção fiel aos ideais da Liberdade.


 A sua poesia foi e é um hino à Liberdade e, talvez seja por isso que é lembrada por muitos resistentes que lutaram contra a ditadura. É considerado o poeta mais cantado pelos músicos portugueses, designadamente Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Luís Cília, Manuel Freire, António Portugal, José Niza, António Bernardino, Alain Oulman, Amália Rodrigues, Janita Salomé e João Braga”. Cantar a Liberdade - Manuel Alegre -




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