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terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

A flor da amendoeira perfumada, por Foz Côa e Mêda, branca e rosa, quando lavrada de costas vergadas à rabiça do arado, puxado pelo burro ou macho, ainda fica mais formosa, embleza o campo, a vila e aldeia

 

A flor da amendoeira perfumada, branca e rosa, quando lavrada de costas vergadas à rabiça do arado, puxado pelo burro ou macho, ainda fica mais formosa, embleza o campo, a vila e aldeia! Inebria namorados e poetas do concelho de Foz Côa e Mêda e faz dar saltos e voos às aves e a qualquer passeante ou feiticeira. Assim o diz a poesia de Manuel Daniel e Orlando Marçal, ambos falecidos - Dois belos exemplos poéticos, entre outros, por estas terras nascidos e crescidos



A UMA AMENDOEIRA

Porque hás-de ser teimosa, amendoeira,
cobrindo-te de flores, de branco e rosa,
se a nada nos conduz tanta canseira?
Vale a pena insistir e ser teimosa?!

Vê bem… O lavrador, desesperado,
não tem compensação para os produtos,
e já não te dá mais o seu cuidado,
nem retira dos ramos os seus frutos.



Pelos vistos, não tens qualquer valia.
P´la amêndoa que nos dás ninguém dá nada.
Se eu fosse a ti, para o ano nem floria…
Ficava muda, queda e ensimesmada…

E só tal não faria , se um sinal
nos desse alguma esperança renascida
que fizesse alegrar o amendoal
e te desse razões para estares florida.

- Extraído do Livro A PORTA DO LABIRINTO
Um livro de “poemas, textos e teatro”
De Manuel Daniel



SOMBRA MARAVILHOSA

Floriu no meu pomar essa linda amendoeira,
plantada por meus pais há duas dúzias d'anos,
ao pé da qual verti a lágrima primeira
de vida amargurada em tristes desenganos...

Fica ao fundo do orto, à sombra dum lilás,
que desabrocha agora em pétalas radiosas,
onde já desfiei nos tempos de rapaz
meus segredos cantantes, como qu'esparsas rosas.

Uma viçosa planta de verde engalanada,
onde, li fina flor de imaculados linhos,
quero sentir, febril, haustos de namorada,
envolto em sol doirado e musica de ninhos.



E´ meu altar sagrado, um níveo bem-me-quer,

estrela d'alva e gula em pedregosos trilhos,
onde ei-de acalentar lindos sonhos, mulher,
acarinhando em luz nossos pequenos filhos.

Soluços derramados por ilusão e dor
fui depô-los bem perto, esfolhando-os pelo ar;
ha-de aí reflorir nosso profundo amor,
quando vieres, enfim, iluminar meu lar.

Filhas, quando as tiver, eí-de bordar pra elas
o que outrora, feliz, arrancava à minh'alma,
sob a paz da paisagem e o fulgor das estrelas,
cheio de graça e fé, d'encantadora calma.

Ei-de cantar meus simples versos peregrinos,
a reacender dar-orna e de terna saudade,
ensinando enlevado a esses florões divinos
tudo quanto criei na minha mocidade.

Nossos filhos ditosos! outros lírios em flor,
a aquecer a existência como um sol d'alvorada,
prenderão com mais febre o imorredouro amor
que sinto em nosso peito, oh mulher adorada!

Filhos! lindos miosostia d'olor inebriante,
gotas puras d'orvalho a sanar uma ferida,
arminho doce e bom em caricia constante,
orgulho cordial vibrando em nossa vida ;

alva luz do luar, belos contos de fada,
frescos e botões em flor do nosso beijo o fruto…
não demores teu passo, oh mulher encantada,
de 'corpo altivo e nobre e tranças cor de luto.

Tua alma imaculada, como aurora de neve,
em seus transportes castos de paixão e candura,
espelha-se em meu intimo, a tremer, ao de leve
em ósculos d'amor da meiguice mais pura.



Que tristeza não houve em desditosas eras
de sofrimento amargo e de lutas magoadas,
hoje na dentro de nós risonhas primaveras,
recendentes de brilho e rosas perfumadas.

Outrora, à ténue mancha desta planta em flor,
esforçava o olhar por descobrir a senda,
onde havia nascer o teu divino amor,
de santa de balada ou rainha de lenda.

Vestidinha de branco indo para um noivado,
Semelha aconselhar adoração, constância,
tanto aceita por nós esse tronco sagrado,
nívea pomba da pz, farol da minha infância.

Estrela salvadora e confidente irmã,
bem-dita sejas sempre, oh arvore florida,
que vou saudar alegre, ao romper da manhã,
sombra do meu vergel, sonho da minha vida!

1906


Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa - Deixou a vida o dirigente do futebol português mais titulado do mundo - Em registos de um repórter na inauguração Estádio do Dragão e outros

 
                          Registos do meu arquivo de repóter - Nos principais estádios de Futebol



Jorge Nuno de Lima Pinto daCosta - Deixou a vida o dirigente do futebol português mais titulado do mundo - Em registos de um repórter na inauguração Estádio do Dragão e outros - Foi ele que deu os maiores títulos ao FCP e o grande arranque a José Mourinho, a quem ofereci um amuleto dos Templos do Sol. Foi resistindo às insídias e provocações do truculento e falsário André Villas-Boas, agora arvorado em santinho, criticando o silêncio dos rivais Benfica e Sporting mas faltaram-lhe as forças para vencer o cancro na próstata, que o fez partir a caminho da eternidade, no passado sábado dia 16, aos 87 anos- Pelos vistos, assim estava escrito nas leis inexoráveis do destino

Foi o 31.º Presidente do Futebol Clube do Porto, cargo que ocupou durante 42 anos, entre 1982 e 2024. E o dirigente desportivo mais titulado do mundo.. Como repórter e observador atento, não posso deixar de reconhecer a Pinto da Costa, grande mérito em prol do futebol português e do seu clube

José Mourinho, creio, que jamais esquecerá o quanto lhe deve este clube - e, por sua vez, ele é já uma legenda que o Dragão jamais olvidará Só que, a gratidão, em futebol nem sempre rola como a bola. 
Também é à cabeceada.

Estive a fazer a reportagem no dia da inauguração do Dragão, com o Barcelona, onde os fotografei ao lado um do outro, já que, Pinto da Costa, gostava também de estar perto do relvado e dos jogadores.

Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa, o presidente mais titulado da história do futebol. que, em Abril do ano passado, somava, 2.585 troféus, 23 títulos de campeão nacional, 15 mandatos depois. nasceu no dia 28 de dezembro de 1937 na freguesia da Cedofeita, Porto e morreu a 15 de fevereiro de 2025, na mesma cidade, aos 87 anos. Deixou muitos amigos. Inimigos também.

Estudou no Colégio de Jesuítas das Caldas da Saúde, mas abandonou os estudos após concluir o sétimo ano liceal. Desde cedo ligado ao desporto, ainda jogou pelo Infesta, mas sem grande sucesso.

ANDRÉ VILLAS BOAS - A lata deste malabarista que abandonou o FCP, a meio de uma temporada atraído pelos milhões de um oligarca russo, em 2011

Critica o silêncio dos rivais Benfica e Sporting desde sábado face à morte de Pinto da Costa, ex-presidente do FC Porto, foi criticado no domingo pelo líder dos 'dragões', André Villas-Boas, no regresso da equipa de futebol do Algarve.

ATÉ QUE PONTO VAI O DESPORTIVISMO DESTA LINGUA VIPERINA COM OUTRO MALABARISTA ARMADO EM MILAGREIRO - Acusado de pagar ao ‘Dr. Milagres’ para não tratar jogadores do Benfica
Foi noticia de que "o fisioterapeuta brasileiro Eduardo Santos recusa-se a tratar jogadores do Benfica, apurou o Mais Sport.
Esta decisão do 'Dr. Milagres', assim apelidado pela rapidez e eficácia com que trata lesões complicadas, foi tomada desde os tempos em que trabalhou com o antigo técnico portista André Villas-Boas no Zenit e no Shanghai SIPG.

Na altura foi-lhe solicitado que tratasse de um jogador do Benfica mas Villas-Boas disse-lhe para não o fazer e até se disponibilizou para lhe pagar pelo que deixaria de ganhar. https://www.cmjornal.pt/desporto/futebol/detalhe/dragoes-tem-o-exclusivo-do-dr-milagres



2019- Eduardo Santos, um conhecido fisioterapeuta que se notabilizou no tratamento rápido e eficaz de lesões complicadas, o que lhe valeu o epíteto de ‘Dr. Milagres - . Aos 40 anos, o mineiro de Belo Horizonte tem André Villas-Boas como fã e tornou-se uma das referências da fisioterapia esportiva. Antes de mudar-se para o clube chinês, o Doutor Milagre, como é conhecido, somou passagens por Vitesse, da Holanda, e Zenit, da Rússia. https://footure.com.br/quem-e-doutor-milagre-o-brasileiro-que-recupera-jogadores-em-tempo-recorde/

O QUE ELE OUSOU DIZER DE PINTO DA COSTA .André Villas-Boas:
Últimos anos da direção de Pinto da Costa provocaram a “ruína financeira” do FC Porto, acusa André Villas-Boas

.André Villas-Boas acusa Pinto da Costa de ter escondido, propositadamente, a verdade sobre a multa da UEFA aplicada ao FC do Porto. .Agora, com os sucessivos falhanços, mesmo apoiado por arbitragens duvidosas, nem por isso tem ido longe. E, creio, que dificilmente o conseguirá, em troca da sua língua viperina.

ADORA CORRER ATRÁS DOS MILHÕES André Villas-Boas abandona o Porto para treinar o Chelsea. O Chelsea não abordou o FC Porto sobre André Villas-Boas e para o treinador sair das Antas (...) O facto de os ingleses terem abordado diretamente o treinador português sem darem conhecimento ao FC Porto das suas intenções, abriu as hostilidades no Dragão à abordagem do Chelsea.

2008 - Minhas cartas há 17 anos a JORGE NUNO PINTO DA COSTA . sob o pseudónimo de Jorge Luis de Raziell - Peregrino da Luz Antes de usar as novas tecnologias, optava pela via epistolar .- Dirigi cartas a várias personalidades, entre as quais a Jorge Nuno Pinto da Costa - Não creio que as tenha lido - Foram sempre muito extensas e, por isso, dificilmente as poderia ler.

Porém, esse não era para mim o aspecto essencial: o importante é que eu as tenha escrito e dirigido - E mesmo que não lhas mandasse - como mais das vezes aconteceu - eu sentisse o natural apelo de escrevê-las. Este era, sem dúvida, para mim, o dado mais relevante https://templosdosol-chas-fozcoa.blogspot.com/2008/11/jorge-nuno-pinto-da-costa-espirito.html


 

sábado, 15 de fevereiro de 2025

Carlos Paredes - Entrevista em sua casa em 1987 e a Voz de Amália, em registo inédito -Meu Tributo ao Mestre da Guitarra Portuguesa, em véspera do centenário do seu nascimento - Coímbra em 16-02-1925 - Faleceu em Lisboa, 23 07-2004 - “Não sou um homem da noite… Eu não toco para ganhar a vida… Toco quando sinto vontade de tocar!... Quando isso me dá prazer!.

                                                                Jorge Trabulo Marques


Tal como é reconhecido, Carlos Paredes é um dos mais importantes e influentes músicos portugueses do século XX. Criador de um repertório original que levou ao mais alto nível as possibilidades expressivas da guitarra portuguesa, Carlos Paredes influenciou distintas gerações de músicos nacionais e internacionais, contribuindo para a popularização deste instrumento junto de vastas audiências. O seu legado, pleno de memória e modernidade, ocupa um lugar central no nosso património cultural.


O centenário do nascimento de Carlos Portugueses, é assinalado com vários espectáculos  em Portugal e no estrageiro,  com  início   neste mês de fevereiro, envolvendo concertos, festivais, conferências, exposições, edições de livros e discos -Nomeadamente na Aula Magna da Universidade de Lisboa, no dia 16 de fevereiro de 2025, às 18h e integra o programa Música na Universidade de Lisboa.E em Coimbra, sua cidade natal.   com dois concertos de homenagem no Convento São Francisco, a 15 e 16 de fevereiro

No sábado, o concerto “100Paredes” tem lugar no grande auditório, às 21h30, com Bruno Costa, acompanhado com coro e orquestra comunitária, com mais de 200 intervenientes. No domingo, as guitarras de Ben Chasny e de Norberto Lobo, com roupagem “Six Organs of Admittance & Norberto Lobo”, vão subir ao palco na Sala D. Afonso Henriques, às 18h00


Texto, entrevista e fotos (exceto as de Carlos Paredes) de Jorge Trabulo Marques - Jornalista - O Virtuoso da Guitarra Portuguesa - Uma entre outras das grandes figuras nacionais,que faz parte das minhas memórias, que eu tive a honra e o prazer de entrevistar                       C

Carlos Paredes –  Entrevista 1987 – “Não sou um homem da noite… Eu não toco para ganhar a vida… Toco quando sinto vontade de tocar!... Quando isso me dá prazer!...
Entrevista, com Carlos Paredes, que eu fiz para a RDP – Rádio Comercial, ocorreu em 1987, no ano em que ele foi distinguido pela RDP, Antena 1. pelo seu álbum “Espelho de Som” – Naquela atura, ainda tinha à sua frente, mais 17 anos de vida – Pois, nasceu em Coimbra, 16 de Fevereiro de 1925 e faleceu em Lisboa, 23 de Julho de 2004




Na verdade, falar da guitarra portuguesa é associá-la ao virtuosismo de Carlos Paredes – Considerado “um dos principais responsáveis pela divulgação e popularidade da guitarra portuguesa e grande compositor   Carlos Paredes é um guitarrista que para além das influências dos seus antepassados - pai, avô, e tio, tendo sido o pai, Artur Paredes, o grande mestre da guitarra de Coimbra - mantém um estilo coimbrão, a sua guitarra é de Coimbra, e própria afinação era do Fado de Coimbra. A sua vida em Lisboa marcou-o e inspirou-lhe muitos dos seus temas e composições. Ficou conhecido como O mestre da guitarra portuguesa ou O homem dos mil dedos



“Eu não toco para ganhar a vida… Toco quando sinto vontade de tocar!... Quando isso me dá prazer!...” – Declarou-me, em entrevista, da qual pude recuperar (do meu arquivo) algumas passagens, que tenho a honra e o prazer de aqui recordar, como singela homenagem à sua memória. 


  




JTM – Carlos Paredes, é distinguido pela RDP, Antena 1, pelo seu trabalho. “Espelho de  sons”, como ponto mais alto da sua carreira – O prémio reflete, realmente, o momento mais alto da sua carreira, até hoje, ou houve, de facto, outros trabalhos que lhe deram muito prazer?

Carlos Paredes- Sim, fiz outros  trabalhos que me deram prazer mas a guitarra é um instrumento que está em constante evolução; de maneira que amanhã, não será o que é hoje. O próprio instrumento, em si, vai sugerindo ideias novas.
JTM - A sua busca, parte de pequenas coisas: especialmente da nossa cidade: a cidade de Lisboa, é um motivo de inspiração?
Carlos Paredes -  Sim. As cidades, para um músico popular, são sempre um dos motivos fundamentais de inspiração… Normalmente, a guitarra portuguesa, chamada guitarra inglesa, outrora, no século X VIII, é um instrumento ligado à vida urbana .Em Portugal, há um estilo de guitarra, que foi inspirado na cidade de Lisboa, como há  um outro estilo que foi inspirado na cidade de Coimbra.

JTM – E a sua guitarra, é sobretudo…

Carlos Paredes – Embora eu tenha nascido em Coimbra e embora a minha escola seja a do meu pai, que foi um dos criadores da chamada Escola de Coimbra da guitarra portuguesa -, apesar disso, eu, que vivi a minha infância aqui em Lisboa, sinto-me mais atraído pelos motivos lisboetas

JTM - E os motivos?... Os bairros!....A nossa gente!..
Carlos Paredes –  Sobretudo, as pessoas, o movimento das ruas!... E a presença do Tejo!,,, Como em Coimbra, a presença do Mondego!... Como em Paris, a presença do Sena!... São também motivos de inspiração.

JTM – Carlos Paredes é mais um homem da noite! … ou do dia!... Quais os momentos de maior inspiração?..
Carlos Paredes – Não sou um homem da noite: o chamado homem da noite, corresponde a uma modo de vida que obriga a estará acordado de noite…  É o caso dos atores; dos artistas de casas noturnas: eu não sou propriamente isso; eu sou um cidadão, funcionário público!... Faço a minha vida no emprego!

JTM – Mas, tocar: gosta mais de tocar à noite ou…
Carlos Paredes – Não. Isso depende muito… Eu não toco para ganhar a vida… Toco quando sinto vontade de tocar!... Quando isso me dá prazer!... E, nesse caso, eu não tenho que escolher horas…
JTM – As horas do dia não o influenciam…
Carlos Paredes – Quer dizer: o dia dá à cidade uma fisionomia, a noite dá-lhe outra…De maneira, que, certamente à noite, nós encontramos sugestões diferentes das que encontramos durante o dia… Mas, de uma maneira geral, no meu caso, não obedece a uma escolha determinada…

JTM - É, digamos, mais um trabalho baseado na espontaneidade!...
Carlos Paredes – Sim, pela espontaneidade… Vai-se fazendo música…

Carlos Paredes, tinha em preparação um novo álbum – que só, em 1989, dois anos depois, acabaria por ser editado – Quando o entrevistei, ainda não tinha nome mas viria a chamar-se “Asas sobre o Mundo”

JTM – O seu próximo trabalho, naturalmente que o tem em preparação?..
Carlos Paredes- Sim, está  em preparação… Espero no principio do ano, ter um novo disco, cá fora,,

JTM – Como é que vai chamar-se o novo disco?
Carlos Paredes: Ainda não escolhi o título!.. Ainda não escolhi o título…
JTM – Primeiro faz o trabalho e depois….
Carlos Paredes… Sim… estou a reunir as músicas até conseguir um motivo que consiga ligar todos esses motivos


Filho do famoso compositor e guitarrista, mestre Artur Paredes, neto e bisneto de guitarristas, Gonçalo Paredes e António Paredes começou a estudar guitarra  portuguesa aos quatro anos com o seu pai, embora a mãe preferisse que o filho se dedicasse ao piano; frequenta o Liceu Passos Manuel, começando também a ter aulas de violino na Academia dos Amadores de Música Na sua última entrevista, recorda: "Em pequeno, a minha mãe, coitadita, arranjou-me duas professoras  de violino  e piano   Eram senhoras muito cultas a quem devo a cultura musical que tenho".
Em 1934, a família muda-se para Lisboa, o pai era funcionário do BNU e vem transferido para a capital. Abandona a aprendizagem do violino para se dedicar, sob a orientação do pai, completamente à guitarra. Carlos Paredes fala com saudades   desses tempos: "Neste anos, creio que inventei muita coisa. Criei uma forma de tocar muito própria que é diferente da do meu pai e do meu avô".


Carlos Paredes inicia em 1949 uma colaboração regular num programa de Artur Paredes na Emissora Nacional e termina os estudos secundários num colégio particular. Não chega a concluir o curso liceal e inscreve-se nas aulas de canto da Juventude Musical Portuguesa, tornando-se, em 1949, funcionário administrativo do Hospital de S. José   Em 1958, é preso pela PIDE por fazer oposição a Salazar, é acusado de pertencer ao Partido Comunista Português, do qual era de facto militante, sendo libertado no final de 1959 e expulso da função pública, na sequência de julgamento. Durante este tempo andava de um lado para o outro da cela fingindo tocar música, o que levou os companheiros de prisão a pensar que estaria louco - de facto, o que ele estava a fazer, era compor músicas, na sua cabeça. Quando voltou para o local onde trabalhava no Hospital, uma das ex-colegas, Rosa Semião, recorda-se da mágoa   do guitarrista devido à denúncia de que foi alvo: «Para ele foi uma traição, ter sido denunciado por um colega de trabalho do hospital. E contudo, mais tarde, ao cruzar-se com um dos homens que o denunciou, não deixou de o cumprimentar, revelando uma enorme capacidade de perdoar!» – Excerto de Carlos Paredes – Wikipédia

Carlos Paredes casou por duas vezes, a primeira com Ana Maria Napoleăo Franco Paredes, em 1960, e a segunda com Cecília de Melo.
Carlos Paredes nunca rejeitou a influência que recebeu, tanto da música popular portuguesa como do próprio fado de Coimbra. A renovação e reinvenção da sonoridade da guitarra portuguesa que fez, resultou duma geração de 60 revitalizada por novos conceitos sócio-culturais, onde floresciam as vozes de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Luiz Goes e António Bernardino, bem como a poesia de Manuel Alegre, a guitarra de António Portugal e as violas de Rui Pato e Luis Filipe, em suma, toda uma geraçăo coimbrã que, preservando a riqueza etnomusical que a antecedia, revolucionou a guitarra por dentro e cantou valores que a projectariam inevitavelmente no futuro. Museu do Fado - Personalidades - Carlos Paredes



domingo, 9 de fevereiro de 2025

Vila Nova de Foz Côa XLIII Festa da Amendoeira Em Flor 2025- De 14 de Fev. a 2 de Março - Deseja-se é que o tempo, bastante instável, não venha a perburar as festas e a sua floração. Assim como noutros municípios do Douro Superior, também com programas recheados de eventos, onde aposta na vinha, amendoais e olivais, tem sido bastante ativa , sobretudo Moncorvo, cujas amendoeiras já cobrem de flores muitas colinas., além do vizinho de Mêda.

                                Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 

 

Vem aí  a tradicional festa da flor da amendoeira , um dos mais concorridos eventos, da região duriense, que antecipa o anúncio da Primavera  - O concelho de Foz Côa, é um caso singular nas chamadas terras quentes do Douro, pelo que,  por esta altura,  já muitas das colinas e ladeiras, se cobrem com as suas maravilhosa manchas brancas e cor-de-rosa, como se manchas de uma neve irreal mas perfumada, se tratasse.  . Deseja-se é que o tempo, que, ultimamente tem andado bastante instável, não venha a perburar a sua floração.

Sim, a tradicional festa da amendoeiras em flor, que antecede a entrada da Primavera, decorre de 14 de fevereiro a 2 de março e é de facto o periodo que geralmente promete fazer esquecer os rigores do inverno e nos anuncia dias floridos primaveris, num dos concelhos do distrito da Guarda, já conhecido pela capital de dois Patrimónios da Humanidade e dos espaços das terras quentes do Côa e do Douro.


O programa do certame, que culmina com o Desfile Etnográfico Alegórico nas principais ruas e avenidas da cidade de V. Nova de Foz Côa, ao som da banda filarmómica de Freixo de Numão, uma das raras bandas da região, com participações das 17 freguesias do concelho. promete apresentar um cartaz cultural diversificado, com as olimpíadas Inter-freguesias da Partida da amêndoa, assim como eventos de animação musical variados.

Durante três fins de semana, V. N. de Foz Côa, vai ser pintada de rosa e branco com mais uma edição da Festa da Amendoeira em Flor.

Detentora de 2 patrimónios da Humanidade,  situada na sub-região do Douro, pertencendo à região do Norte e ao distrito da Guarda, todas as suas  freguesias , que abrangem uma área de 398,2 km2, Amendra, Castelo Melhor, Cedovim, Chãs, Custóias, Freixo de Numão, Horta, Mós, Murça, Muxagata, Numão, Santa Comba, Santo Amaro, Sebadelhe, Seixas, Touça, a Festa da Amendoeira em Flor avançam para a quadragésima segunda edição, juntando o tradicional ao inovador, procurando desta forma captar diferentes públicos.



Foz Côa, que, na quase generalidade dos dias do ano, mais lembra uma pacata vila do interior, sim, onde a desertificação avança inexoravelmente, a passos largos, tal como outros concelhos do interior, sim,  à semelhança do triste fadário  que ameaça o chamado país profundo, dir-se-ia, que, em dias festivos,  particularmente nestes próximos fins-de-semana, faz jus ao estatuto de cidade  - Depois, só lá para o mês de Agosto, é que as ruas poderão voltar  a conhecer  tão desusado movimento e alegria.



O concelho de Vila Nova de Foz Côa, capital da amendoeira em flor,  situa-se numa zona de grande interesse arqueológico, onde já foram descobertos e classificados cerca de 195 sítios de importante valor patrimonial. Tais como castelos, castros, igrejas, capelas, pelourinhos, solares, pontes e estradas romanas, que nos revelam a passagem dos vários povos que aqui habitaram e escreveram a história durante séculos.


















Porque hás-de ser teimosa, amendoeira,

cobrindo-te de flores, de branco e rosa,
se a nada nos conduz tanta canseira?
Vale a pena insistir e ser teimosa?!

Vê bem… O lavrador, desesperado,
não tem compensação para os produtos,
e já não te dá mais o seu cuidado,
nem retira dos ramos os seus frutos.


Pelos vistos, não tens qualquer valia.
P´la amêndoa que nos dás ninguém dá nada.
Se eu fosse a ti, para o ano nem floria…
Ficava muda, queda e ensimesmada…


E só tal não faria , se um sinal
nos desse alguma esperança renascida
que fizesse alegrar o amendoal
e te desse razões para estares florida.

- Extraído do Livro A PORTA DO LABIRINTO
Um livro de “poemas, textos e teatro”
De Manuel Daniel