Aqui, na imobilidade da pedra, sob a
vasta unidade do Universo,
onde o corpo ascende das pétreas
cúpulas à consagração da Terra!
Aqui, sob arcadas que desafiam leis do equilíbrio e da gravidade!
O dia tem a limpidez dos amplos
espaços, como livro aberto!
Aqui, abro meus braços, rendido à
atmosfera pura e unificada!
Habitando o esplendor de uma morada
imaterial e desnudada!
Absorto no silencio da minha
intimidade e das minhas preces,
na miragem de um sonho transparente,
tangível e imaculado!
Completamente tranquilo e liberto de
quaisquer estranhos ruídos!
E dos gritos urgentes das sirenes que
tornam a cidade num inferno!
Maciço dos Tambores, aldeia de Chãs
- V. N. de Foz Côa
O tempo é de
recolhimento e solidariedade de que dispersão e egoísmos – É o que tenho
procurado fazer e recomendo para dias e noites de maior segurança e
tranquilidade, como parecem manifestar estas ovelhinhas, altivas, amorosas,
obedientes e curiosas, depois de, ao fim da tarde, regressarem ao curral
emparedado do pastor José Júlio, da minha aldeia –
Nos dias em que apascentava, mais de uma centena de ovelhas, por vales, encostas e ladeiras – Uma vida inteira, sem gozo de férias, feriados e dias santos, dedicada inteiramente a guardar gado, desde o romper da alvorada até quase ao crepúsculo, com os chocalhos das badanas e carneiros a tilintarem com os coro das cotovias, da poupa ou do cuco – Mas o peso da idade, não perdoa - Já teve que vender parte dele –
A
pastorícia, também já vai desaparecendo com a galopante desertificação do
chamado Portugal profundo. - Longe vão os tempos em que existiam vários
rebanhos de gado, os pastores até dormiam nas suas cabanas e eu ia levar a
marmita do almoço ao nosso pastor Dias de canseiras e de sacrifícios, mas
saudáveis e felizes
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