Aqui, na imobilidade da pedra, sob a
vasta unidade do Universo, onde o corpo ascende das pétreas
cúpulas à consagração da Terra! Aqui, sob arcadas que desafiam leis do equilíbrio e da gravidade! O dia tem a limpidez dos amplos
espaços, como livro aberto! Aqui, abro meus braços, rendido à
atmosfera pura e unificada! Habitando o esplendor de uma morada
imaterial e desnudada! Absorto no silencio da minha
intimidade e das minhas preces, na miragem de um sonho transparente,
tangível e imaculado! Completamente tranquilo e liberto de
quaisquer estranhos ruídos!
E dos gritos urgentes das sirenes que
tornam a cidade num inferno! Maciço dos Tambores, aldeia de Chãs
- V. N. de Foz Côa
O tempo é de
recolhimento e solidariedade de que dispersão e egoísmos – É o que tenho
procurado fazer e recomendo para dias e noites de maior segurança e
tranquilidade, como parecem manifestar estas ovelhinhas, altivas, amorosas,
obedientes e curiosas, depois de, ao fim da tarde, regressarem ao curral
emparedado do pastor José Júlio, da minha aldeia –
Nos dias em
que apascentava, mais de uma centena de ovelhas, por vales, encostas e ladeiras
– Uma vida inteira, sem gozo de férias, feriados e dias santos, dedicada
inteiramente a guardar gado, desde o romper da alvorada até quase ao
crepúsculo, com os chocalhos das badanas e carneiros a tilintarem com os coro
das cotovias, da poupa ou do cuco – Mas o peso da idade, não perdoa - Já teve
que vender parte dele –
Agora, tem
apenas umas poucas ovelhas, com que vai matando saudades e recolhendo algum
leite e fazer uns queijos para consumo caseiro, tal como fazia na minha
adolescência a minha saudosa mãe, com o nosso gado na Quinta do Muro,
sobranceira ao vale maravilha da Ribeira Centeeira - a extensão mais bela do
Graben de Longróiva - , depois do gado descer da penedia dos Tambores,
freguesia de Chãs e recolher ao curral da Quinta, antigo castro, aproveitado
para uma casa de campo, agora em ruínas.
A
pastorícia, também já vai desaparecendo com a galopante desertificação do
chamado Portugal profundo. - Longe vão os tempos em que existiam vários
rebanhos de gado, os pastores até dormiam nas suas cabanas e eu ia levar a
marmita do almoço ao nosso pastor Dias de canseiras e de sacrifícios, mas
saudáveis e felizes
FALECEU O
POETA INVISUAL MANUEL PIRES DANIEL - Covid apaga a voz do autor de “O Coração
Acordado”, entre muitas outras obras literárias - Natural de Meda, residente,
desde há vários anos, em V.N. de Foz Côa - Advogado, escritor, jornalista,
poeta, dramaturgo, autor de 40 peças de teatro, nomeadamente para crianças, 20
das quais ainda inéditas - Espírito solidário e associativo, de sensibilidade
relevante, em associações de solidariedade social, nomeadamente no Lar da Santa
Casa da Misericórdia e na Associação Humanitária dos bombeiros de Foz Côa na
qual foi seu Presidente da Assembleia Geral, 20 anos, desde 1979 a 1999.
Profundo
estudioso, um homem de cultura, tendo dedicado muitos anos da sua vida à função
pública e à vida autárquica, cujos olhos, desde há alguns anos, tinham deixado
de ver a luz do dia, despediu-se da vida,–aos 86 anos - Faleceu no Hospital da
Guarda, onde havia sido internado, há cerca de 15 dias, donde partirá, esta amanhã,
diretamente para o cemitério de Vila Nova de Foz Côa, cujo funeral está
previsto para as 11 horas. O meu abraço solidário e amigo à sua esposa, filhos
e netos -
Uma vida intensa e multifacetada, pautada pela dedicação mas também pela descrição. Desde, há alguns anos, vinha debatendo-se com extremas limitações da sua vista, por ter ficado completamente cego, no entanto, nem por isso, dentro do que lhe era possível e com apoio amigo da família, lá ia compondo os seus versos e editando livros. Em cujos poemas perpassa o que de melhor têm a poesia portuguesa - Dominando com mestria os mais diversos géneros poéticos e neles se expressando, a par de um profundo sentimento de religiosidade, o amor à terra, à natureza, aos espaços que lhe são queridos, suas inquietações e interrogações, sobre a efemeridade da vida e o destino do Homem
Na poesia de Manuel Pires Daniel, não há jogo de palavras mas palavras que vêm do coração, que brotam naturalmente, como água da melhor fonte, que corre das entranhas do xisto ou do granito da nossa terra.
Um coração de poeta, muito admirado e querido, cuja sua obra intelectual, se estende em todos os géneros literários, perfeitas maravilhas de naturalidade , de graça, finura e sensibilidade, que encanta, sorri e toca profundamente quem glosa a sua poesia ou a sua prosa.
Os seus belos versos faziam parte das tradicionais celebrações evocativas nos Templos do Sol , onde tivemos a alegria e o prazer de contar com a sua amável presença, por várias vezes, sendo a última no Equinócio do Outono, dia 22 de Setembro 2020, onde foram lidos poemas de sua autoria e o homenageámos. - Ele que também, até, já havia participado na homenagem, que prestámos, na Pedra dos Poetas, Fernando Assis Pacheco, cuja imagem aqui recordamos - Justamente no mesmo local, onde o então jornalista e poeta, erguera os braços, um mês antes da sua morte, aquando de uma reportagem no Vale do Côa.
Manuel Daniel, disse naquele antiquíssimo e sagrado altar: " Continuamos a ser perseguidores das preocupações que ocuparam os homens primitivos”: “E aqui estamos: a interrogarmo-nos a nós próprios, a saber quem somos, o que queremos! O que fazemos!...” Palavras do poeta invisual, jornalista, advogado e dramaturgo, Manuel Daniel, na sua expressiva alocução, em resposta ao poemas lidos e aos elogios preferidos na auspiciosa manhã do primeiro dia do Outono, no maciço granítico do planalto dos Tambores e Mancheia, onde termina a meseta ibérica, com os seus monumentais e majestosos penhascos e enigmáticos megalíticos, seus ancestrais postos de observação astronómica e locais de culto.
VIEMOS AQUI ESPREITAR A HISTÓRIA –
“Este, meus amigos, é um ato de iminente cultura popular! Isto é um modo de sentir, aquilo que, de mais vivo e mais puro existe na Terra e pode ser compreendido por todos os homens! “ – Começou por sublinhar, Manuel Daniel - Poeta, dramaturgo, jornalista e advogado, homem culto e humanista, talento multifacetado e de rara sensibilidade, autor de uma vasta obra literária, natural de Meda, concelho limítrofe do termo desta aldeia, figura muito querida e prestigiada na nossa região, atualmente invisual, residente em V.N. de Foz Côa, desde há vários anos, ondecasou, exerceu advocacia e continuou a dedicar-se à causa pública.
“Viemos aqui espreitar a história! Viemos aqui procurar um contato com aquelesque já viveram aqui a sua vida e gastaramaqui as suas preocupações!... E, sobretudo, interrogaram-se, como ainda hoje nos interrogamos por quatro grandes pilares: o ESPAÇO, AVIDA E O ALÉM!
O Espaço, continua a ser uma grande preocupação do homem de hoje!.... E logo nesta altura, nos alvores da inteligência, quando o homem começou a ter conhecimento de si próprio, nessa altura o espaço foi a sua grande preocupação: onde estava, nesse Universo, nesse bocado do Mundo!
O tempo!... Também o homem, dos primeiros tempos, dos primeiros alvores do mundo , teve a preocupação do tempo.
O que se está aqui a passar, como medidor do tempo e da história, é um aparelho da própria naturalidade de tudo o que existe!... É uma máquina de verificar o tempo!
O tempo, realmente, tem sido uma luta constante do homem através dos séculos!... Através dessa contagem, o homem consegue desvenda muitos dos seus mistérios, quer nas suas viagens interplanetárias!.... Nas suas relações com os astros, com tudo… com o tempo!
O que é o tempo?!.... Nós somos uma fração do tempo ou somos uma partícula invisíveldesse tempo?...~
A VIDA!... o Homem, teve sempre a preocupação do que é a vida!.. E o que é a vida?.....É aquilo que nós somos! Aquilo que nos foi dado e o além!
Já é outra preocupação do homem! Tal qual como hoje!
O além existe?... Onde começa!....Onde acaba!... Quem está Aquele que é o Senhor do Além!... Onde está esse Senhor?!... Todos o procuramos!... Todos!.... Uns de uma maneira, outros de outra!... Uns chegam, até, ao fim da sua possível procura!... Outros sonham com ela, sem saberem como!
Este, é de facto, ummomento de interrogação para nós!
Continuamos a ser perseguidores dessas preocupações que ocuparam os homens primitivos: aqueles que conseguiram dará conta de si mesmos, através dos seus pensamentos reflexivos!
E aqui estamos: aqui estamos a interrogarmo-nos a nós próprios, a saber quem somos, o que queremos! O que fazemos!... As perguntas continuam a ser as mesmas desde sempre: o que quer dizer que o homem se repete constantemente a si próprio!
Meus amigos:
Estamos aqui numa confraternização cultural, que é muito útil paratodos e que nem tem principio nem tem fim !
Por aqui passaram. Certamente, grandes homens através destes séculos!
Pergunta-me, às vezes, o amigo Jorge Trabulo Marques, se o Miguel Torga, terá passado por aqui?... Terá andado nestes fraguedos!....
Eu aposto que sim, porque, uma vez em conversa com ele, ele me dizia que conhecia Foz Côa, melhor do que eu!....
Como caçador de perdizes, ele percorria lugares aparentemente inóspitos, como este!... Mas este é um lugar muito especial!... Há aqui forças quenós desconhecemos!
Esta orografia é de uma riqueza maravilhosa!... Exemplar!... E nos cá estamos para contemplar neste pequeno espaço! Aquilo que o homem tem de melhor! … E, certamente, muitos mistérios, que nós adivinhamos! Certamente sentimentos mas não sabemos explicar!
Há aqui um mistério da Divindade!... Um mistério do Homem! E um mistério da vida!...
Pois bem, que a continuemos!...Ainterrogação faz parte da nossa maneira de ser!...
Os poetas, serão, talvez, as pessoas que conseguirão examinar!.. Explicar!... Refletir!....
Como diz um escritor italiano, Giovanni Papin , os poetas são os felinos do futuro! Porque são dos tais que dão uns passos à frente dos seus irmãos!... Mas, eles conseguem, de facto, ser uma espécie de profetas, e, através dos eus pensamentos, fazer com que o mundo fque um pouco mais iluminado! E seja mais felize os homens mais irmãos!
Muito obrigado
O paisagista
inspirado, por genuíno temperamento de artista, que soube conservar e realçar
todo o encanto da graça virginal da alma campesina e do realismo forte destas
terras; o panteísta nato que extasia e enche de ternura, de empolgante enlevo e
emocionante saudade, o espírito de quem o lê, sulcado por emoções, lavradas por
suave harmonia e o doce e inebriante perfume de terra virgem, plena de
misticismo e de mistérios sedutores e fecundos
O autor dos
maravilhosos espectáculos rurais e da natureza envolvente, que mais terão
impressionado a retina dos seus olhos, enquanto a mesma não foi toldada pelas
trevas do fatalismo cruel da cegueira, mas que, mesmo assim, tão minuciosamente
continuava a desenvolver, entremeando-os de episódios encantadores e de uma
saudável originalidades bem genuína
Em boa
verdade, Manuel Daniel, conquanto não tenha almejado a notoriedade de Miguel
Torga, com quem privou, sim, com o filho mais ilustre de São Martinho de Anta,
inveterado calcorreador e peregrino por vales profundos, montes de vertigem, de
perfis e recortes alcantilados e xistosos ou de natureza rochosa, trepando por
penedias graníticas deslavadas e cinzentas, sim, levado por irresistível
curiosidade de descoberta, imbuída por irrecusáveis amores e tentadoras paixões
cinegéticas, sim, embora mais dado a uma outra contemplação mais serena e menos
aventurosa, do que a do inconformista e viajante por brasis e distantes
paragens, há, no entanto, entre ambos os poetas, grandes afinidades humanistas
e de inquietude sociais nos mesmos palcos agrestes das terras beirãs e
transmontanas, na cosmologia geográfica e transcendental de um mundo rural de
injustiça e dureza, mas também de encanto, de misticismo e sublimidade
Manuel J.
Pires Daniel, nasceu em Vila de Meda (hoje cidade) em 18 de Novembro de 1934.
Sem dúvida, um admirável exemplo de labor e de tenacidade, de apaixonado pelas
letras e de sentido e dedicação ao bem comum. Mal concluiu a instrução
primária, ei-lo a fazer-se à vida - Tinha então onze anos. Era ainda uma criança
mas já tinha que começar a pensar no futuro. Tem sido uma vida intensa e
preenchida.
A partir dos
20 anos de idade , propôs-se e fez os exames do ensino secundário e frequentou,
como voluntário, o curso de 1973-1978 da Faculdade de Direito da Universidade
de Coimbra, por onde veio a ser licenciado.
A par de
vários livros de poesia, colaborações de artigos e poemas na imprensa regional
e nacional, bem como em jornais brasileiros, prefácios e a coordenação em
várias obras, é também autor de 40 peças de teatro, nomeadamente para crianças,
20 das quais ainda inéditas. Muitos dos seus poemas foram lidos por Carmem
Dolores e Manuel Lereno, aos microfones da extinta Emissora Nacional, em “
Música e Sonho”, de autoria de Miguel Trigueiros – Considerado, na época, o
programa radiofónico mais prestigiado - Mesmo assim objeto de exame censório,
tal como atestam os arquivos.
Mas não
menos relevantes são as letras que vêm a ser musicadas e gravadas em discos e
cassetes, Interpretadas por Ramiro Marques, em EP nas canções “Amor de Mãe” e
“Amor de Pai”, pela Imavox, em 1974 – E, também, anos mais tarde, as letras
para um “Missa da Paz” e coletâneas temáticas sobre “Natal e Avós” E, com
música de Carlos Pedro, as “Bolas de Sabão”, “Ciganos”, “Silêncio” e outros pomas.
Manuel
Daniel, depois de breves passagens por Pombal, S. João da Pesqueira e Reguengos
de Monsaraz , em 1971, fixou-se na cidade de Vila Nova de Foz Côa, que adotou
de alma e coração, Grande devotado à vida municipal e ao estudo e divulgação do
património cultural e histórico das nossas gentes, personalidade bem conhecida
no nosso concelho e na região. Tendo o município fozcoense, do qual foi
Presidente da Assembleia Municipal, durante 12 anos, e, durante 23, na
qualidade de provedor da Santa Casa da Misericórdia, lhe atribuído o “ Diploma
de Mérito” - Distinção inteiramente merecida e aprovada por unanimidade.
Indubitavelmente,
se há homens que dedicam a sua vida à causa pública, com total entrega,
honestidade, inteligência e dedicação, Manuel Daniel, é um desses raros
exemplos – Sim, então num tempo em que vão escasseando exemplos dignos de
referência: ele pode olhar para o seu passado, com orgulho e de cabeça erguida
- Numa longa carreira, com desempenhos nas tesourarias e repartições de Finanças
da Meda, Pombal, S. João da Pesqueira, Reguengos de Monsaraz, Vila Nova de Foz
Côa e Guarda, culminando como dirigente superior da Direção Geral do Tesouro,
no Ministério das Finanças, onde foi responsável pelos serviços técnicos e
financeiros das Tesourarias da fazenda Pública.
A par da sua
vida profissional, foi ao mesmo tempo desenvolvendo o gosto pela literatura –
Lendo as obras dos melhores autores, escrevendo poemas, contos e peças infantis
e manifestando o seu apego ao jornalismo: iniciou a suas primeiras
colaborações, em 1954, em “Luz da Beira”, jornal de Meda, a sua terra natal,
que ajudaria também a fundar, colaboração que manteve durante 20 anos, creio
que até à sua extinção. Nesse recuados anos, estendeu ainda o seu contributo
jornalístico aos jornais a ”Palavra”, de Reguengos de Monsaraz – 1964-1968. Em
Moura, colabora com a “Planície”- 1961- 1962. Posteriormente, já com residência
em Foz Côa, publica vários artigos na “Coavisão” edição do município. Foi
colaborador da “Capital” e um dos mais considerados e ativos colaboradores do
jornal “O Fozcoense”
Manuel
Daniel, era casado com Alice Daniel, pai de dois filhos: do Dr. João Paulo
Daniel, o guitarrista do extinto grupo Requiem Pelos Vivos, bem como Eng.Pedro
Daniel, dinâmico agente cultural na C. Municipal de N. de Foz Côa.
Lemos alguns
do seus versos numa das celebrações do Equinócio da Primavera, em Março de
2012, nos Templos do Sol, aldeia de Chãs, de V. Nova de Foz Côa
O único
poeta português, cuja obra é inspirada nos antigos poetas da cultura japonesa ,
para além da que já traduziu para a nossa língua portuguesa
Do Poema
O problema
não é
meter o
mundo no poema; alimentá-lo
de luz,
planetas, vegetação. Nem
tão-pouco
enriquecê-lo,
ornamentá-lo
com palavras
delicadas, abertas
ao amor e à
morte, ao sol, ao vício,
aos corpos
nus dos amantes —
o problema é
torná-lo habitável, indispensável
a quem seja
mais pobre, a quem esteja
mais só
do que as
palavras
acompanhadas
no poema.
Casimiro de
Brito, in "Canto Adolescente
.
REGRESSO À LUZ
Eu não sei se a luz na infância é uma casa ou uma coisa. Um brinquedo ou um lugar onde se acolhem as primeiras sementes do exílio. Sei que minha filha se senta nela, nessa luz menina. São sentinela uma da outra. E regresso à luz que foi minha, gentil e se partiu. Regresso à luz branca do mar à luz macia dos poços da noite ao fogo efémero que afagou as fendas do corpo. Saltam peixes, precipitam-se no ar com suas bocas sedentas de luz — a minha também. Apodrecem restos de ouvidos que me ouvem cantar. E já não sei brincando com a filha se a luz é memória ou domicílio
.
Nasceu no
Algarve, em 14 de Janeiro de 1938, onde estudou (depois em Londres) e viveu até
1968. Depois de uns anos na Alemanha passou a viver em Lisboa. Teve várias
profissões mas actualmente dedica-se exclusivamente à literatura –
“Por dentro
da palavra correm os rios de uma poética que foi, cada vez mais, procurando o
essencial. Casimiro de Brito, autor de Poemas da Solidão Imperfeita (primeiro
livro, 1957), faz um percurso que o aproxima da filosofia oriental (Poemas
Orientais, 1963, já disso são testemunho). O encontro do escritor nascido no
Algarve (Loulé, 1938) com o mundo da "cultura orientalista"
intensifica-se entretanto em obras como Na Via do Mestre (2000). Traduzido em
várias línguas, dedicou-se também à tradução de poesia japonesa. Poeta, ficcionista
e ensaísta, passou pela Poesia-61 mas conquistou uma voz própria" -
InEntrevista - Poetas Visitados - Casimiro de Brito .
Em criança,
o poeta passava vários dias na casa dos avós, na serra do Algarve, que
"não eram letrados, mas possuíam uma biblioteca oral fascinante".
Havia o hábito de se juntarem à noite, na hora da ceia, à lareira e as
histórias iam-se contando, sendo partilhadas por todos. Esse hábito da infância
cravou-se-lhe na memória, determinando-lhe uma orientação poética contaminada
pelo mundo e pela presença das coisas, fortemente enraizada na concretude e
sensorialidade do mundo" - In Casimiro de Brito - Agulha - Revista de
Cultura
Temas das
guerras e o flagelo do nuclear não passaram despercebidos na poesia de Casimiro
de Brito:Jardins de Guerra (1966) Vietname - Em Nome da Liberdade (1967) ,
entre outros.E .. Nagasaki e Hiroxima, através de: “exemplar espectáculo/ onde
somos a bala e o corpo baleado e/ lavoura do crime e o crime/ com raiva
gritado” - In “Vietname: outra maneira”, de Casimiro de Brito –
“As
civilizações foram atrofiando o homem que entretanto se afastou do primitivo
das manifestações primordiais.O homem não tem importância nenhuma, o bichinho
que nós somos é uma parte mínima do conjunto das coisas que existem no
universo. Tem particularidades e uma delas, terrível, luminosa, é a capacidade
de criar deuses e leis. (...) os poetas devem ter obsessão de que transportam
em si o mundo. Não é uma coisa boa nem má, são eles que possuem o dom da
palavra - Nuuma entrevista dada a Maria Augusta Silva, editada no livro Poetas
Visitados, da qual tomamos a liberdade de transcrever alguns excertos,
Entrevista
registada, em Junho 2019, no dia das comemorações do 85ª aniversários dos Bombeiros
Voluntários de B. N. de Foz Côa, concelho a que pertence a freguesia de Santa
Comba, sua terra natural, onde lhe foi atribuído o Certificado de Benemérito
No salão Nobre dos B.V. de Foz Côa
Jorge Trabulo marques - Jornalista
O empresário português, Mário Martins, justifica o seu sucesso, com a expressão, que costuma
dizer aos jovens: se homem acredita,
consegue vencer! – O que é preciso é acreditar – Gosta de França, país onde
logrou subir na vida e está confiante de que poderá superar os desafios sociais,
que se lhe deparam- Há dois anos,
quando me concedeu esta entrevista, eram as manifestações selvagens dos chamados
coletes amarelos - Agora, são os que afligem toda a Humanidade
Começou com um camião usado - Hoje é proprietário de uma frota de 320, a MRTI,
empresa de transportes internacionais, com mais de duas centenas de trabalhadores, com sede em
Pavillons-sous-Bois, arredores de Paris e com agências em Lyon e em Parafita, . Matozinhos –
Exemplo de sucesso mas também de espirito generosidade e dedicação, no campo social e associativo, tanto em França
como na sua pátria
Natural de Santa Comba, Vila N de
Foz Côa, desde há 46 anos em Paris, não esquece a origem humilde do seu torrão natal, sendo um dos principais
apoiantes e dinamizadores da festa anual de Nª Srª dos Remédios, entre outros
apoios sociais e associativos – Nomeadamente, aos Bombeiros Voluntários de Vila
Nova de Foz Côa, de que também é um dos associados.
Com o Diploma de Benemérito
Emigrou para França, com
os pais, aos 10 anos, em 1974, onde pode estudar até aos 21 anos, após o que,
dois anos depois, com ajuda de um empréstimo
dos seus pais, comprou o primeiro camião, criando a empresa de camionagem, MIRT, que hoje conta
com uma frota de 320 camiões –
Declarou-me, numa breve entrevista, por ocasião
das comemorações do 85ª aniversário da
Associação Humanitária dos Bombeiros de Vila Nova de Foz Côa, em Junho de 2019,
onde foi distinguido pelos vários apoios
prestados a esta instituição.
Escrevia eu então: Mário Marins, emigrante português de sucesso, em França, onde logrou,
com saber, esforço e experiência, ser proprietário e gerente de uma das
mais importante empresas de transportes: natural de Santa Comba, distinto filho
desta freguesia, exemplo de generosidade e dedicação, à sua aldeia e a muitas
obras de solidariedade, a quem foi entregue o certificado de benemérito pela
valiosa oferta de apreciável quantidade de fardamento e de equipamento, tão
necessário ao desempenho dos soldados da paz desta Humanitária Associação - Depois teve lugar um caloroso almoço-convívio, a que nos referimos em