Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Passam hoje, 75 anos sobre o dia 27 de Janeiro de 1945, em que as tropas soviéticas descobriram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, o maior da Europa ocupada pela Alemanha nazi e onde foram mortos cerca de 1,1 milhões de pessoas judias, ciganas, poloneses, homossexuais, deficientes, comunistas e outras, durante a II Guerra Mundial. Para que as vítimas não sejam esquecidas, a Organização das Nações Unidas determinou que seria o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Passam hoje, 75 anos sobre o dia 27 de Janeiro de 1945, em que as tropas soviéticas descobriram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, o maior da Europa ocupada pela Alemanha nazi e onde foram mortos cerca de 1,1 milhões de pessoas judias, ciganas, poloneses, homossexuais, deficientes, comunistas e outras, durante a II Guerra Mundial. Para que as vítimas não sejam esquecidas, a Organização das Nações Unidas determinou que seria o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Na sua intervenção, da janela do Palácio
Apostólico, o papa Francisco afirmou que é um dever de memória lembrar o Holocausto: “referindo-se ao genocídio em massa de judeus durante
a II Guerra Mundial. considerando inadmissível a indiferença, ao recordar
os 75 anos da libertação das pessoas detidas no campo de concentração e
extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polónia. https://www.dn.pt/mundo/papa-apela-a-memoria-do-holocausto-contra-a-inadmissivel-indiferenca-11750745.html
Em memória de Ilse Losa
-– (1913-2006) Escritora e
tradutora, de origem alemã, de ascendência judia - Excertos
de uma entrevista, registada por mim nos anos 80
Não foi mais uma das vitimas do regime nazi de Adolfo Hitler, porque logrou escapar-se da gestapo e refugiar-se depois em Portugal, onde viria a casar e a dedicar-se a uma intensa vida literária: de entre os vários livros que publicou, um deles tem por título, o “Mundo em que vivi" - Escrito em 1949 , que fala de uma criança judia que passou parte da sua infância com os avós. Rose vive no tempo da Alemanha Hitleriana e, como é judia, é perseguida pelos nazis. O livro relata a perseguição aos judeus e o nazismo de uma forma inocente, pois é visto aos Olhos de Rose, uma criança.
Não foi mais uma das vitimas do regime nazi de Adolfo Hitler, porque logrou escapar-se da gestapo e refugiar-se depois em Portugal, onde viria a casar e a dedicar-se a uma intensa vida literária: de entre os vários livros que publicou, um deles tem por título, o “Mundo em que vivi" - Escrito em 1949 , que fala de uma criança judia que passou parte da sua infância com os avós. Rose vive no tempo da Alemanha Hitleriana e, como é judia, é perseguida pelos nazis. O livro relata a perseguição aos judeus e o nazismo de uma forma inocente, pois é visto aos Olhos de Rose, uma criança.
O MUNDO EM QUE VIVI
Na entrevista que me concedeu , em meados dos anos 80, aproveito para hoje recordar alguns excertos das suas palavras,
Declarou-me que foi presa por ter escrito, numa carta a uma amiga, que o Hitler era um criminoso. A carta foi intercetada pela Gestapo e foi presa – Como era ainda jovem e bonita, teve a sorte do soldado da Gestapo, três horas depois do interrogatório, a mandar para casa, com a indicação de que, uns dias depois, seria informada do destino que lhe iam dar – Nesse entre-tempo, aproveitou para fugir para Portugal
Declarou-me que foi presa por ter escrito, numa carta a uma amiga, que o Hitler era um criminoso. A carta foi intercetada pela Gestapo e foi presa – Como era ainda jovem e bonita, teve a sorte do soldado da Gestapo, três horas depois do interrogatório, a mandar para casa, com a indicação de que, uns dias depois, seria informada do destino que lhe iam dar – Nesse entre-tempo, aproveitou para fugir para Portugal
Eu respondia:
sou – Não sei bem explicar mas foi talvez uma questão de uma certa
simpatia, porque, de vez em quando, há alguma humanidade num homem da
Gestapo.
Passados três horas, ele mandou-me assinar um papel e disse-me: daqui a seis dias, você terá noticias nossas e vamos ver para onde é que a vamos transportar: nesses dias, deu-me para fugir
Passados três horas, ele mandou-me assinar um papel e disse-me: daqui a seis dias, você terá noticias nossas e vamos ver para onde é que a vamos transportar: nesses dias, deu-me para fugir
Eu vim para
Portugal, porque já cá estava um irmão meu e ele veio para cá porque já
estava cá um Tio, nosso
E foi em Portugal que eu escrevi o livro O MUNDO EM
QUE VIVI, porque eu não escrevo só para crianças. - Ouça os excertos da entrevista neste vídeo
Ilse Lieblich Losa , de seu nome
completo, nasceu em Buer, Melle,
Alemanhana, em 20 de Março de 1913, faleceu na cidade do Porto, em 5 de Janeiro
de 2006, considerada “um dos nomes mais significativos da nossa literatura
juvenil, mas cuja obra se estende ao romance, ao conto e à crónica. Vivia no
Porto desde 1934, ano em que chegou a Portugal, fugindo da ascensão nazi.
No dia seguinte à sua morte, o PÚBLICO,
referia que, “Embora existam precedentes célebres, não é nada vulgar que alguém
consiga tornar-se um autor de reconhecida relevância numa língua com a qual só
contactou já na idade adulta. É esse o caso de Ilse Losa, que poucas palavras
conheceria em português quando a sua condição de judia a obrigou a deixar a
Alemanha e a procurar refúgio no Porto, onde desembarcou em 1934, aos 21 anos.
Do tempo que viveu no seu país natal, desde a infância passada com os avós numa
aldeia próxima de Osnabrück até à sua fuga de uma Alemanha que acabara de levar
os nazis ao poder, deixou-nos um notável testemunho no seu romance de estreia,
O Mundo em que Vivi, escrito já directamente em português e publicado em 1949.
Ficção fortemente autobiográfica, o livro conta a história de uma rapariga
judia, Rose Frankfurter - loura e de olhos azuis, tal como Ilse Losa -, que
escapa in extremis ao horror dos campos de concentração. https://www.publico.pt/2006/01/07/jornal/ilse-losa-19132006-uma-escritora-entre-dois-mundos-57080
Uma das várias obras escritas pela autora – Este livro
conta-nos a
história de uma menina que, na infância, passara a viver com seus avós na
Alemanha dos Kaiser durante a Primeira
Grande Guerra Mundial e depois
com os pais até a eleição de Hitler como Chanceler do Reich.
Uma menina judia perante a contradição dos costumes alemães com a tradição no
seio de uma família a que pertence. Relata-nos, junto com a avó, como admirava
as reuniões aos sábados na Sinagoga, e
perguntava porque as mulheres ficavam separadas dos homens, nas cerimónias
religiosas, também sentia-se fascinada quando liam o rolo e desfraldavam a
bandeira de David na maneira de como era atraída pelas letras hebraicas.
– Excerto O Mundo em Que Vivi – Wikipédia,
BIOGRAFIA - lse Lieblich Losa (Melle-Buer, 20
de março de 1913 — Porto, 6 de janeiro de 2006) foi uma escritora portuguesa de
origem judaica. Nascida na Alemanha, frequentou o liceu em Osnabrück e
Hildesheim e mais tarde um instituto comercial em Hannover. Ameaçada pela
Gestapo de ser enviada para um campo de concentração devido à sua origem
judaica, abandonou o seu país natal em 1930. Deslocou-se primeiro para
Inglaterra onde teve os primeiros contactos com escolas infantis e com os
problemas das crianças. Chegou a Portugal em 1934, tendo-se fixado na cidade do
Porto, onde casou com o arquiteto Arménio Taveira Losa, tendo adquirido a
nacionalidade portuguesa. Em 1943, publicou o seu primeiro livro "O mundo
em que vivi" e desde dessa altura, dedicou a sua vida à tradução e à
literatura infanto-juvenil, tendo sido galardoada em 1984 com o Grande Prémio
Gulbenkian para o conjunto da sua obra dirigida às crianças. Em 1998 recebeu o
Grande Prémio de Crónica, da APE (Associação Portuguesa de Escritores) devido à
sua obra À Flor do Tempo. Colaborou em diversos jornais e revistas, alemães e
portugueses, está representada em várias antologias de autores portugueses e
colaborou na organização e traduziu antologias de obras portuguesas publicadas
na Alemanha. Traduziu do alemão para português alguns dos mais consagrados
autores. Segundo Óscar Lopes "os seus livros são uma só odisseia interior
de uma demanda infindável da pátria, do lar, dos céus a que uma experiência
vivida só responde com uma multiplicidade de mundos que tanto atraem como
repelem e que todos entre si se repelem". Ilse Losa - Wook