Jorge Trabulo Marques - Jornalista, investigador e foto-jornalista
ANTÓNIO
RAMOS ROSA EM MEMÓRIA DE UM GRANDE POETA
DA LÍNGUA PORTUGUESA - QUE HOJE COMPLETARIA 94 ANOS - DEU-ME A HONRA E O PRAZER
DE SER SEU AMIGO Com cerca de 100 livros publicados - António Ramos Rosa - Ao
Bom Amigo e Poeta da Intima e transcendente Claridade - 17 de Novembro de 1924
– 23 de Setembro de 2013
O teu fulgor
soa alto sobre o pulso do silêncio
És uma
palavra, uma única palavra
ardentíssima
no centro do espaço.
É por ti que
não cedo sobre as sombras
e cresço
para devolver a água do bosque
do teu nome
de fogo e de veludo.
Fora do íman
da névoa, em grandes blocos de ar,
estendes a
tua dança incandescente
e as tuas
veias vibram entreabrindo a noite.
Leve e musical
no teu barco redondo,
crias a
ordem livre das constelações
e, gracioso
veleiro, adormeces nas ondas
do teu peito
de estrelas cintilantes.
António
Ramos Rosa
In DEZASSETE
POEMAS 1992
Aqui é
um lugar neutro o lugar nu. O lugar livre
O lugar incandescente pobre e nulo
Porque não se pode começar no princípio
Aqui nada se disse e por isso está tudo por dizer
E por isso nada se dirá e por isso tudo se dirá"
O lugar incandescente pobre e nulo
Porque não se pode começar no princípio
Aqui nada se disse e por isso está tudo por dizer
E por isso nada se dirá e por isso tudo se dirá"
-
António Ramos Rosa
INSITUÁVEL
LUGAR
Um oblíquo
solo
adormecido iluminado
Confiança na
lentidão para um desvio
e uma
aliança no intacto
Canais inextricáveis
em todos os
sentidos Nenhum
centro mas
estigmas eflúvios
sussurros
sombras de
animais furtivos
o bafo
germinal o negro
do interdito
corpo
Insituável
lugar cintilações
de um jogo
Como
iniciar a
espiral para além do magma?
Desenrola-se
sobre os resíduos sob o vento
uma espécie
de
animal ou
fábula ou deus pequeno
Sombras
resvalam o Amarelo
Contém o
negro As veias traçam
o contorno
de uma palavras de pedra
Nenhuma
semelhança a folhagem opaca
Um caminho
nocturno principia
para a
presença talvez de uma figura
Conivência
de sangue com o ar
quando nasce
uma folha um sol
quando o
deslumbramento da ferida
fogos minúsculos
no mármore ascendem
tenazes ténues
moléculas
ao longo de
uma língua de sombra e verde
um clamor se
eleva no limiar
de uma
profunda câmara
de frescura
a linguagem
confunde-se com a nascente
e clara boca
abre-se ao esquecimento
ANTÓNIO
RAMOS ROSA – IN DINÂMICA SUBTIL - 1984
Escreveu expressamente meia dúzia de poemas para um livro com fotografias de nossa autoria, com textos de Lídia Jorge, Oliveira Marques e José Andrade - A editora, a quem entregamos o espólio não tendo cumprido com os prazos, foi-lhe retirado, pelo que o livro não chegou ainda a ser editado. Ofereceu-nos vários dos seus lindos desenhos, um dos quais com a nossa imagem. Dedicou-nos um lindo poema a uma das nossas fotografias, que registamos no Monte dos Tambores e outro também às aventuras que fizemos pelos Mares do Golfo da Guine, tal como também a sua grande amiga e companheira de todos os momentos, Agripina Costa Marques, a quem expressamos o nosso sincero pesar
A Festa do
Silêncio
Escuto na
palavra a festa do silêncio. Tudo está no seu sítio. As aparências apagaram-se.
As coisas vacilam tão próximas de si mesmas.
Concentram-se, dilatam-se as ondas silenciosas.
É o vazio ou o cimo? É um pomar de espuma.
Uma criança brinca nas dunas, o tempo acaricia,
o ar prolonga. A brancura é o caminho.
Surpresa e não surpresa: a simples respiração.
Relações, variações, nada mais. Nada se cria.
Vamos e vimos. Algo inunda, incendeia, recomeça.
Nada é inacessível no silêncio ou no poema.
É aqui a abóbada transparente, o vento principia.
No centro do dia há uma fonte de água clara.
Se digo árvore a árvore em mim respira.
Vivo na delícia nua da inocência aberta.
António Ramos Rosa, in "Volante Verde
TRANSCENDENTAL COINCIDÊNCIA - Prestámos-lhe singular homenagem nos tempos do Sol, na celebração do Equinócio do Outono de 22 de Setembro, véspera de sua morte ,
Recordámo-lo,
no primeiro dia de Outono, num local que nos é muito querido - véspera da sua
morte - com a leitura de belos poemas, - Muito perto onde se situa
a Pedra dos Poetas, onde também já o havíamos homenageado - Aqui fica pois o registo da Festa do Silêncio - Com poemas lidos
por José António Maurício Lebreiro, António Lourenço e José Andrade - Momentos luminoso que jamais esqueceremos - Tantos os meus amigos como o autor destas linhas, de quem com ele teve o
grato prazer de conviver - Sim, a nossa singela homenagem, quase premonitório
de quem estava em vias de deixar o Outono da vida e partir rumo à eternidade da
Luz - Sentimo-nos triste e já com um misto de saudade pela sua partida mas ao
mesmo tempo a certeza e a consolação de que o teremos sempre presente nos seus
lindos versos. A Agripina Costa Marques, sua amiga e companheira de todas as
horas, um abraço fraterno do nosso sincero pesar.
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RAMOS ROSA, POETA DO SOL E DA FACILIDADE DO AR, PARABÉNS ! 86 JÁ CANTAM! VENHA O
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parabéns
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