Celebrado o Equinócio 2016,
ao nascer do sol, junto ao altar sacrificial do Santuário Rupestre da Pedra da Cabeleira
de Nª Srª, com os raios solares a atravessarem a sua graciosa gruta, em forma de semi-arco, com sensivelmente
2,5 m de comprimento por 70 e pico cm de
altura, em recinto amuralhado, situado
no planalto do Monte dos Tambores, sobranceiro
ao fertilíssimo vale maravilha da Ribeira da Centeeira, arredores da aldeia de Chãs, concelho de V.N.
de Foz Côa, com alguns sons de didgeridoo, entoados por José Lebreiro, que antederam
e terminaram momentos de esplendor e de poesia, com a leitura do “Poema ao Sol” de Faró Armenófis. “O Outono”, de
Manuel Daniel” e as “As Nuvens Passam”, de Maria de Assunção Carqueja, esposa
do Prof. Adriano Vasco Rodrigues, o primeiro investigador a classificar este espantoso
monumento megalítico, assim como um dos poemas do livro “O Alvor do Mundo, de
António Ramos Rosa, sonorizados neste vídeo com sons típicos dos Andes
A manhã amanheceu, com um
céu mais cinzento de que luminoso, como que a mostrar a sua roupagem de que estava a despedir-se do Verãoe que o Outono dava entrada, no entanto, na hora precisa, eis que uma
clareira de abre a oriente para nos saudar com um brilho auspicioso,
purificador, energético e reconfortante, sentíamos que tinha valido a pena,
levantarmos cedinho e ali estarmos
Num dia
em que, a aldeia estava de luto pela morte de um dos seus amados filhos - Todavia, embora sem a alegria e participação de anteriores celebrações,
nomeadamente sem a colaboração do nosso prezado amigo, António Lourenço,
justamente por ter sido justamente no seu lar que o sentimento de dor e
de perda, mais se fizera sentir
Repetiu-se, pois, uma vez mais, de forma singela e desprendida, a tradição que pretende recuperar antiquíssimos rituais, esquecidos no tempo, dos homens, que viviam e se abrigavam nas cavernas dos penhascos de granito, que ali se erguem como inexpugnáveis e cinzentas muralhas encasteladas, cujas vidas dependiam exclusivamente dos ciclos da Natureza, que cultuavam e celebravam, nos seus observatórios astronómicos e locais de culto – Eram os adoradores do Sol, o Deus Mais Antigo da Terra, fonte da vida de todas as formas existentes nos mares e à superfície do nosso planeta.
Uma vez mais um grande Bem- haja e um caloroso abraço ao nosso amigo José Lebreiro e à Foz Côa Friends Associação
Uma vez mais um grande Bem- haja e um caloroso abraço ao nosso amigo José Lebreiro e à Foz Côa Friends Associação
Quando te levantas a leste
enches todas as terras com tua beleza,
porque és belo, és grande e brilhas acima da Terra.
Teus raios beijam os povos e tuas criações.
Tu és deus e nos seduziste a todos.
Tu nos impuseste os liames de teu amor,
e, ainda que longe, teus raios atingem a Terra
e, ainda que alto, teus passos marcam o dia.
Dás alento e fazes viver tudo o que criaste;
quando a criança nasce lhe dás a palavra
e crias tudo o de que ela precisa para viver.
E para terminar tuas obras, criaste as estações:
o frio no inverno e o calor no verão.
Criaste o céu longe e alto para por ele subir
e observar tua criação.
Vives mergulhado no teu brilho fulgurante,
oh Sol! Que te levantas
e que desapareces para voltar.
20 de Junho 2015 |
Bendito sejas tu, que sobes no céu
e que fazes brilhar o horizonte !
Bendito sejas tu, deus sublime da paz !
Sol, quando te levantas no céu em todas as manhãs
em tua beleza incomparável acima da Terra,
beijas com amor todos os povos que criaste.
Tu és deus, tu és Rá !
Estás longe, mas teus raios fertilizam o sulco do arado
e germinam as plantas depois que beijas a terra.
Tu nos deste o inverno refrescante
e o verão que nos traz o fruto e a vida.
E os camponeses, que colhem os alimento dos homens,
levantam as mãos para ti...
rezam quando te levantas, ao deixares o leito noturno. "
OUTONO
A
Natureza
já
adivinha
que
na tristeza f
Fica
sozinha.
Neste
momento
andam
cantigas
soltas
ao vento
por raparigas.
Cachos
doirados,
vindima
feita.
Sonhos
dobrados,
finda
a colheita.
Do Livro O Alvor do Mundo
Não
chamarei destino à vegetal facilidade
de
uma respiração como o leque de um estuário
porque
a confiança que se levanta
em
clara consonância com a ondulação do dia
Em translúcidas arcadas a luz celebra o mar
e
o mar arqueia a sua felina juba
de
ondulante monotonia voluptuosa
Há
frutos sobre os muros e as plácidas nuvens
derramam
sobre a terra cálida um aroma branco
Vai
fluindo nas veias do sono o luminoso sémen
que
vem do fundo azul da matriz da terra
O
dinamismo combina-se com uma paz
placentária
e
o solo é um firmamento de órgãos de trémulos insectos
O mais insignificante ganha um lento sentido
porque
a pupila nasce para o alvor do mundo
As
palavras surgem com as suas proas verdes e onduladas
para
sagrar a imputrescível corola do dia
António
Ramos Rosa
31
de Maio de 1993
AS
NUVENS PASSAM
Sonhei
ir ver as folhas coloridas,
com
pincéis d'um Outono criativo ...
.
. . ver no jardim as que estão caídas
e
pintalgar a relva, verde vivo ...
Ao
evocar imagens conhecidas
ao
sonho dei calor e incentivo ...
Sem
ver as nuvens mais escurecidas
nas
quais meu sonho, sim, ficou cativo.
Sonhei
com um Natal dentro de casa,
entre
nuvens, um Sol que não abrasa,
mas
a brasa do amor dentro de mim.
As
nuvens passam ... outro dia vem
e
nós iremos ver - eu creio bem –
um
bonito Outono no jardim.
As Nuvens passam... de Maria Assunção Carqueja