Morreu há 24 anos - Fernando José Salgueiro, nasceu
em Castelo de Vide, no dia 1 de julho de 1944, completaria hoje 72 anos, se
fosse vivo – Faleceu no dia 4 de Abril de 1992 – Tinha então a patente de tenente
Coronel – Foi um dos um dos capitães do Exército Português que liderou as forças
revolucionárias da Revolução de 25 de Abril de 1974, que marcou o final da
ditadura
.
A sua morte, aos 50 anos, foi então muito
sentida, tanto por camaradas de armas, que o haviam acompanhado na madrugada daquela histórica
data, como por várias personalidades, e também pelos portugueses, em geral, que
compreenderam a importância do 25 Abril, como caminho aberto à liberdade, ao
fim da guerra colonial e aos ideais democráticos
O seu corpo esteve em câmara ardente na
capela da Academia militar, junto à qual registei para a então Rádio Comercial-RDP,
breves declarações, de várias personalidades, militares e civis, acerca da sua memória,
incluindo um general, cujo nome, já não me ocorre, assim como do Almirante Rosa Coutinho,
de Mário Soares, Hermínio Martinho, do então PRD e António Roque Gameiro.
DEPOIMENTOS ACERCA DE UM HOMEM CORAJOSO,
HONRADO E HONESTO – UM DOS SÍMBOLOS DA REVOLUÇÃO DO 25 DE ABRIL
“Um dos homens responsáveis pela democracia
em Portugal e um do símbolos dos capitães de Abril – Um dos militares que
arriscou a própria vida e nunca se arrependeu dessa sua ação meritória
Um homem honrado honesto, com brio, um
apatriota e é com muita mágoa que se vê perder uma camarada que ainda estava na
flor da vida “ – Palavras de um general, cujo nome me não ocorre
Rosa Coutinho - Todos nós que fizemos a
Revolução de Abril, consideramos Salgueiro Maia, um dos nossos, vemos,
portanto, o seu falecimento como uma perda significativa. É evidente que os capitães
de Abril irão morrendo: é pena que, no caso de Salgueiro Maia, e de outros,
tenha sido tão cedo. Mas recordá-lo-emos sempre, como um homem muito digno! Um
homem de grande coragem moral e física! Um homem de isenção exemplar. Um homem
que nunca procurou honrarias, que nunca procurou benefícios pessoais e, cuja
atitude, como Capitão de Abril, perdoará para a história: um homem com grande capacidade
de sacrifício, não apreciando a Ribalta nem militar nem política
Mário Soares – Senti imenso a morte do
Tenente-Coronel, Salgueiro Maia: além de tudo o mais era um amigo dele mas fui
sempre um admirador: foi um militar íntegro! Foi um herói do 25 de Abril! Participou
no 25 de Novembro! Foi um combatente da liberdade. Devemos-lhe muito!
Portugal, hoje, democrático e pluralista, deve muito à ação pessoal de Salgueiro Maia e, por isso, todos nós portugueses, se devem inclinar sobre a sua morte, que representa uma grande perda para o país foi, digamos, um Campeão da Liberdade
Portugal, hoje, democrático e pluralista, deve muito à ação pessoal de Salgueiro Maia e, por isso, todos nós portugueses, se devem inclinar sobre a sua morte, que representa uma grande perda para o país foi, digamos, um Campeão da Liberdade
Herminio Martino - Salgueiro Maia era um amigo
especial e uma amigo particular: pela sua postura na vida, pela sua integridade,
pela grande dignidade, com que se comportava e conduzia toda a sua vida, eu
penso que ele é merecedor do maior respeito e admiração dos portugueses: pela
coragem e determinação, com que conduziu a sua vida, penso que lhe devem muito:
não só os portugueses, em geral, como o regime democrático, em que hoje
felizmente vivemos
António Roque Gameiro - Não era pessoa de criar o mais pequeno conflito,
fosse com quem fosse; em cada um com quem se relacionava, era uma amigo Era uma
honestidade muito grande e não se aproveitou de nada
Salgueiro Maia condecorado em gesto de "reparação histórica"
EXPRESSO - Se fosse vivo, o capitão de Abril Fernando Salgueiro
Maia, faria 72 anos esta sexta-feira. Por causa de uma deslocação oficial, o
Presidente da República antecipou a condecoração a título póstumo e a Grã-Cruz
da Ordem do Infante foi entregue ontem à viúva do rosto mais conhecido da
Revolução dos Cravos
Marcelo diz que este é um
gesto de “reconhecimento da pátria portuguesa”, porque nunca é tarde para uma
“reparação histórica”. A condecoração foi entregue a Natércia Salgueiro Maia,
viúva do capitão de Abril, que se sentiu “reconfortada” com o gesto do PR.
Natércia recordou que o marido viveu momentos de “mágoa e tristeza
pela forma como era tratado. Algumas vezes ouvi-o desabafar: Tratam-me como se
eu fosse um traidor à Pátria, então, que me julguem. Infelizmente, o meu marido
já não está entre nós. Por ele, sinto-me reconfortada pela decisão do senhor
Presidente em lhe atribuir esta condecoração”. Agradeceu o gesto do PR
considerando-o extensivo a todos os “implicados no 25 de Abril”, expressão que
o marido gostava de utilizar. Marcelo condecora Salgueiro Maia
Biografia
Fernando José Salgueiro, natural de Castelo de Vide, 1 de julho de 1944, tendo
falécio em Lisboa, 4 de abril de 1992), foi um dos capitães do Exército Português que
liderou as forças revolucionárias durante a Revolução de 25 de Abril de 1974,
que marcou o final da ditadura.
Filho de um ferroviário, Francisco da Luz
Maia, e de sua mulher, Francisca Silvéria Salgueiro, frequentou a Escola
Primária em São Torcato, Coruche, fixando-se subsequentemente em Tomar;
concluiu o ensino secundário no Liceu Nacional de Leiria (hoje Escola
Secundária Francisco Rodrigues Lobo), ingressando, em outubro de 1964, na
Academia Militar, em Lisboa. Acabado o curso, Salgueiro Maia foi colocado na
Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, para frequentar o tirocínio. Na
mesma instituição, ascendeu a comandante de instrução e integrou uma companhia
dos comandos na Guerra Colonial. Depois da revolução, viria a licenciar-se em
Ciências Políticas e Sociais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas, em Lisboa
Em 1973 iniciam-se as reuniões
clandestinas do Movimento das Forças Armadas e, Salgueiro Maia, como Delegado
de Cavalaria, integra a Comissão Coordenadora do Movimento. Depois do 16 de
Março de 1974 e do Levantamento das Caldas, foi Salgueiro Maia, a 25 de Abril desse
ano, quem comandou a coluna de blindados que, vinda de Santarém, montou cerco
aos ministérios do Terreiro do Paço forçando, já no final da tarde, a rendição
de Marcelo Caetano, no Quartel do Carmo, que entregou a pasta do governo a
António de Spínola. Salgueiro Maia escoltou Marcelo Caetano ao avião que o
transportaria para o exílio no Brasil. Na madrugada de 25 de Abril de 74,
durante a parada da Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém, proferiu o
célebre discurso: Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de
Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que
chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De
maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto.
Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui! Todos os 240
homens que ouviram estas palavras, ditas de forma serena mas firme, tão
característica de Salgueiro Maia, formaram de imediato à sua frente. Depois
seguiram para Lisboa e marcharam sobre a ditadura.[1] [2] A 25 de Novembro de
1975 sai da EPC, comandando um grupo de carros às ordens do Presidente da
República. Será transferido para os Açores, só voltando a Santarém em 1979,
onde ficou a comandar o Presídio Militar de Santarém. Em 1984 regressa à EPC. Excertos de Salgueiro Maia – Outros elementos também
em Biografia de Salgueiro Maia (
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