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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

“Estrada da Beira” – Livro do jornalista, poeta e escritor, Nuno Rebocho – Baseado numa série de crónicas, da região beirã - Desde a Guarda a Viseu, à polémica das Gravuras de Foz Côa, aos vários concelhos: a pessoas, costumes e lugares - E da Beira a África . Numa viagem de memórias, que passa também pela “Estrada da Morte” e aos tempos, “quando os centeios (com os linhos rendeiros das várzeas) honravam o pão. Quando nos soitos saudavam castanhas martinheiras. Pobrezas que expulsaram gentes: pelos caminhos de França”…

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Excertos em 1ª mão

«Acabei de escrever o original de um livro de crónicas, "Estrada da Beira". Como conheces bem as Beiras te envio em anexo para leres»                                    


Foi assim que, Nuno Rebocho jornalista, poeta, escritor, me anunciava e enviava   - via e-mail – o interessantíssimo texto de mais uma obra literária, que vai juntar-se   ao já vasto leque de livros, que se repartem pela poesia, crónicas, contos, romances, ensaio e história – Obviamente, que, tendo sido prendado com  tão amável como preciosa gentileza, de modo algum  a podia desperdiçar - E, então, sabendo eu que o convite  à leitura da “Estrada da Beira” partira de além-mar, mais sugestiva e aliciante se me tornava  a proposta  de me pôr a calcorreá-la, tanto mais que eram memórias escritas com o duplo sentimento de quem as viveu num determinado lugar – temporal e espacial - e agora as escrevia noutras paragens, muito distantes e diferentes das terras a que se refere. – Lugares estes beirões, que,  avaliar pelo que nos descreve nas suas belíssimas crónicas, lhe deixaram bastos e profundos motivos para as mais curiosas e marcantes recordações, com as quais o leitor é naturalmente impelido a Navegar

Assim sendo de imediato, me pus a calcorrear esta nova vida da “Estrada da Beira”, que é real e não meramente ficcionada, a que o autor também podia chamar de “IP 5” ou de “Estrada da Morte”, a que, de resto, alude, nas saborosas crónicas, com que brinda o leitor, verdadeiro convite à mais surpreendente e aliciante navegação,  proposta  por quem – conquanto não tendo aqui sido nado e criado  – já por aqui também andarilhou, conhece as suas paisagens, gentes e lugares, como sendo um dos seus.


Experiência que lhe advém, nomeadamente, das muitas andanças e contactos, que teve, nesta região, durante a sua permanência profissional da RDP, na cidade da Guarda, mas também da sua faceta do jornalista,  atento e observador, em várias jornais e revistas nacionais,  que o levaram a todos os cantos do país, nomeadamente, como   redator  de o “Jornal Novo”, Tribuna” “jornal da cidade do Porto”, A Tarde", "Jornal de Economia", "O Século"; e em semanários - "Vida Mundial", "Novo Observador", "O Sinal", "Dez de Junho", "Ideal". E também em revistas especializadas – tais como "Pesca & Navegação", "TT-Todo o Terreno", "Motor" (foi director do suplemento de Turismo). Presença activa na imprensa regional - "Notícias da Amadora", "Comércio do Funchal", foi chefe de redacção de "Aponte" (Montijo) e "A Nossa Terra" (Cascais), e noutras publicações, onde desempenhou funções diversas.


"APRENDENDO A BEIRA"





Este o título – dir-se-ia introdutório, que antecede a meia centena de crónicas, reunidas em “Estrada da Beira" -  o mais recente livro do poeta, Nuno Rebocho,  com que  presenteia o leitor numa  "longa quilometragem de dias pela Beira,"! Singularíssima viagem  através das memórias que guarda da região Beirã – começando por citar Alexandre Herculano  “No meio de uma nação perdida, mas rica de tradições, o mister de recordar o passado é uma espécie de magistratura moral, é uma espécie de sacerdócio. Não o exercitar é um crime”


Depois  faz a sua própria análise: 

«O que se nos depara quando pesquisamos o ADN do beirão? As famas reconhecemos-lhe: de homem rude, talhado nos granitos e xistos que povoam a paisagem das terras que são Beira porque se encostam à fronteira de Espanha; marcado pela avareza do solo, pouco agricultável no que sobra das penedias e barrocas, das lapas e atalaias de pedra, dos lajedos e penhascos; pela veemência de um clima de frios enregeladores e quenturas violentas; pela aragem, que foi seca antes de a inundarem com barragens – tão seca que nela instalaram sanatórios da tísica nos altos de Tondela e da Guarda. Isto faz o beirão: pobreza de passadios, misérias acumuladas no antanho, onde olhos e mãos calejadas se fundiam com bardos que gritavam a uva que seria, a cada ano, seiva da sobrevivência. Quando os centeios (com os linhos rendeiros das várzeas) honravam o pão. Quando nos soitos saudavam castanhas martinheiras.



Pobrezas que expulsaram gentes: pelos caminhos de França, quando homens, antes da política o decidir, ignoraram a raia, a Guarda Republicana e a PIDE, para amargar a sua clandestinidade. Pobrezas que, ia o século anterior pelos fiapos da guerra grande, explodiram em riqueza inútil jorrada do volfro - minério que ajudou aos teatros bélicos, enquanto milionários da hora queimavam dinheiro como acendalhas de charutos. Enquanto mineiros desgraçados silicosavam a véspera da morte lenta até à morte última. Até que a fortuna se esgotou. Do mesmo modo que o shangri-la europeu carcomiu mais tarde a indústria pouca, que erguera paredes e hangares depois abandonados e apodrecidos para produzir desemprego e mais miséria, companheiras de despovoados nos quais só memórias e fantasmas habitam.

Esta é a Beira. Este é o beirão que a zela. Ou desmazela. Todavia, o mesmo homem de mãos singelas para cavar na cana a flauta das solidões serranas, cujos sons ecoavam pelos vales das transumâncias onde rebanhos lusitanos despejavam leite que as mulheres suavam nos preparos do leite e do requeijão. Mãos de sabedorias que cardavam a lã e entrançavam a palha ou arrojavam a malha. E resistiam, com fogo, à ofensiva salazarista do eucalipto e do pinheiro alienígeno, tomando de assalto os baldios em preparo das tragédias que, nos nossos dias, tudo devastam em chamas de desespero e revolta da natureza: fogo resistente de que Aquilino fez crónica. Culpamos o quê, culpamos quem? Quem defenestrou? Quem arrancou da terra os carvalhos e os azinhos, os sobros e as nogueiras, os zimbros? Quem? O beirão não foi.

Houve mais de um século durante o qual a fortaleza das municipalidades foi destruída pelos arietes do liberalismo, o qual entregou as vilas à voragem dos caciques, transformando besteiros em guerrilhas. Longe da sede do poder, a Beira fez-se pasto de perdições: foi usurpada. Sobrou a miséria. Nos lares e nas almas. De resistente baldou-se em servil. Ficou domesticado para a vilania de um caciquismo que preparou o caminho para as tiranias, antepassadas das que aí estão, agora untadas pelos lucros do cimento armado que corrompeu o habitat. Zombaram-lhe da arquitetura e da paisagem: choram por isso os nossos olhos.

Dentro da memória encontramos a senda que nos trouxe ao hoje. Pela estrada da Beira, os episódios proporcionaram-me encontros e desencontros, facécias e tristezas. E descobri aí que os seus homens, vítimas de uma história traída pela vileza, guardam dentro deles a força da esperança: que lhes recupere o passado, o orgulho e a honrara, que os empurre para o futuro, donos de si mesmos. Ainda restam forças. Transmitem-se neste ADN, afinal o seu.

Nesta certeza, escrevi. Para sempre me lembrar. Porque, confiando, aprendo e me resguardo para as patuleias do porvir."


Escrito no xisto

Titulo da crónica inserida em Estrada da Beira, dedicada à polémica  Gravuras de Foz Cõa, suscitada pela suspensão da barragem 

«Tamanha a berraria em torno das gravuras rupestres encontradas no vale do Coa (velharias há muito reveladas por estudiosos sérios, mas que não suscitaram atenções do grande público até que houve interesse, sobretudo político, de obstaculizar a construção de uma barragem no Pocinho), que me animou – juntamente com o Fernando Grade, o Ricardo Bordalo, o Mário Galego e o José Braga Amaral – em fazer arraial nas bandas de Foz Coa, raspando no xisto poemas que de algum modo dessem preito moderno às inscrições que, alegadamente, “não sabiam nadar”: poucos se atreviam a lembrar que no vale do Tua, onde se dizia mais tarde erguer as comportas de outra represa, igualmente se encontravam desenhos rupestres de grande importância histórica com a agravante de esta se apresentar num cenário de sonho, e que fundo da barragem de Pocinho estarem outras memórias do paleolítico, as que “sabiam nadar” e não causavam choros de “raka” dos carpideiros dos nossos dias.

Que havia, se essa fosse uma preocupação, maneira de se salvaguardar a maior concentração rupestre da Europa, depois elencada pela UNESCO, sem pôr em causa a construção da barragem de Foz Coa, isso sabia-se. Diante de uma verdadeira praga, as gravuras apareciam por todo o lado, desde a Broeira à Canada do Inferno, da Faia ao Vale Afonsinho, do Teixugo ao Meijapão, da Penascosa à Quinta da Barca, e ainda está para averiguar se elas houvessem nas xistosas pedreiras à beira de Vila Nova. O que pretendo alertar é para que esta história está mal contada e tanta foi o histerismo havido que não se soube aproveitar nem as vantagens que poderiam advir da eclusa, nem os rendimentos resultantes do grandioso parque. Gostamos de nos afundar em guerras de alecrim e manjerona e perder todas as oportunidades que se nos deparam. Está-nos genes.

Era fora da zona protegida que atuávamos. Dormimos num quarto das imediações que nos foi arranjado e, manhã cedo, iniciámos a labuta na rocha, surpreendendo-nos com a rigeza da pedra, ao ponto de desesperar os mais afoitos. Quando a Comunicação Social foi alertada para a ousadia da performance, o Parque Natural deu de se mostrar, evidenciando com isso que desconhecia o terreno, uma vez que nos colocáramos fora da sua alçada e dessa forma descurava o que tinha à sua guarda. Como se fosse um potentado, quis-nos dar ordem de prisão, na ignorância de onde começava e acabava a sua área de jurisdição. Fernando Grade invocava que o fascismo terminara, mas seria mais simples explicar-lhes os mistérios da álgebra.

Graças à paciência do subversivo ajuntamento e à capacidade de negociação por ele demonstrada, lá se fez a demonstração… com o mínimo de civismo, não sem que, para perturbar a hipocrisia de uns tantos, marchássemos ao Pocinho para que, mergulhando algumas das inscrições que lançámos, homenageássemos as “gravuras que sabiam nadar”, que distraídos políticos deixaram ficar no bojo da barragem.

Tinha sobre alguns corifeus desta cantata uma vantagem enorme: ao contrário deles conhecia bem o terreno, era presença assídua em Foz Coa, quer por razões de serviço, quer de festivais de poesia que ali se faziam. Do vinho envelhecido nas águas da barragem, às amêndoas e enchidos, gostava de espevitar o palato, deixando-me envolver pela beleza das pedras de xisto que enfeitava as ruas.

E destoava do dramatismo, em boa parte sem sentido e sem realismo, que se quis fazer de tudo isto.»

EM CABO VERDE – DEAMBULANDO RECORDAÇÕES POR TERRAS DA BEIRA

Nuno Rebocho, Jornalista, militante político e interventor cultural,  antes e depois do 25 de Abril, e  que chegou a ser preso no Forte de Peniche, por ser opositor a Salazar, pelos vistos, não se livra de trabalhos, tendo sofrido recentemente um  AVC – No entanto, nem assim,  desarma do seu posto: de homem, inteiramente dedicado ao jornalismo, ao ensaio e à literatura. 

Vive atualmente, em  Cabo Verde, mais propriamente na Ribeira Grande de Santiago (cidade Velha) para onde voluntariamente se desterrou, como que  num apelo intrinco à sua infância, adolescência e em boa parte da idade adulta, em África - ou seja: Moçambique e  Angola. Pois, embora tendo nascido   em Sintra, (apenas porque a sua mãe quis estar ali mais segura do seu parto), porém, seria na então  colónia portuguesa,  onde viveria  a sua adolescência. 



(imagem da  Cidade Velha - Cabo Verde) 


Dobrados os 70, não voltou àquele longínquo país do Índico mas  respira e sente a presença do africanismo dos trópicos. Vivendo numa cidade onde desempenha as funções de assessor de imprensa do município desta cidade,  numa ilha que é ao mesmo tempo, palco e fonte inspiradora  para as suas divagações poéticas e literárias  ou do aprofundado estudioso e investigador, que ora se debruça sobre o profícuo manancial recolhido no  seu baú  do passado ora se  reabastece ou revigora  com novas fontes do presente. 

“Navegar é Preciso"

Título que, Nuno Rebocho,  dá à última de meia centena de crónicas, não para dar por terminado o seu convite à  sua viagem literária pela “Estrada da Beira” mas como que para impelir o leitor a prosseguir a navegação, numa  viagem memorial, entrecruzada com  as suas vivências na Beira e o  seu passado de além mar –  Pois, Nuno Rebocho, não viveu apenas em Moçambique, também palmilhou por  terras angolanas.

E eis como o tempo e o espaço, separados por tão longas distâncias, não conhecem barreiras nem fronteiras no pensamento ou nos escaninhos da memória – Sim, porque, tal como ele  reconhece, “Navegar é Preciso” : - 






"Foi durante umas férias em S. Pedro do Sul que descobri, num cruzamento da estrada de Viseu para aquela estância termal, lá no alto de um cabeço, escondida entre arvoredos, uma localidade cujo nome me chamou a atenção: Moçâmedes. Lembrou-me um porto de Angola, que conhecia nas andanças da minha juventude. Provavelmente teriam sido beirões, naturais daquele sítio, os primeiros colonos da cidade implantada em pleno deserto do sul angolano, na costa do Namibe: ficava encrustada numa farta e profunda baía, com mares inundados de cachuchos que enfastiavam as carreiras de vapores que ligavam as margens do Índico ao espaço que, com carinho, chamávamos o Puto.

Essa era uma fatalidade resultante da abundância de peixe. Os transatlânticos nos quatro ou cinco primeiros dias da contraviagem enchiam as ementas de pescada do Cabo e, aportados a Angola, trocavam-na por esparídeos pescados naquelas paragens, tantos eram os cardumes ali infestantes que davam para encher os armazéns frigoríficos. Chegava a enjoar até que, desde o Funchal, os cozinheiros davam a vez ao peixe-espada. Era sina.

A monotonia alimentar ficava a assinalar esta transumância que, apesar, me atraía porque gostava de peregrinar pelo Lobito, onde tinha família e rever primos e tios era algo que me alegrava. Sobretudo porque me dava azo a passear pela restinga, matar saudades da bola, enfim os pequenos nadas que, sendo farturas para os juvenis, quase passam despercebidos aos adultos. De coisas tão diferentes se compõem os seus universos.


Desconheço se efectivamente a antiga Moçâmedes (ou como antigamente se escrevia, mossâmedes) terá sido um prolongamento da Beira Interior ou resultante de migrações vindas no século XIX das bandas de Montemor-o-Velho: o que ela me evidenciava é que o colonialismo inevitavelmente entrara no sangue dos portugueses, exigindo-se grande habilidade para o extirpar. Infelizmente, sobreocupados com as questões europeias, fechamos os olhos para esta realidade, deixando-a larvar no subconsciente ou, contrapartida ainda pior, alimentamos com o desprezo pelas Áfricas das novas gerações que, como sempre, pretendem cortar amarras ao passado. Afinal, nos meus tempos, fiz o mesmo: recordo-me de que bramava – “devemos muito aos mais velhos, certamente. Mas, por favor, saiam da frente”.

A idade mais experiência e corrige naturais excessos, ainda que muitas vezes motive recusas pelo novo que imerge de um mundo em mudanças. Por isso com alguma razão se diz que “a velhice é um posto”. Todavia, a experiência de cada um deverá ensinar, assumindo o passado e aprendendo com o presente sempre em renovação, que “navegar é preciso” – pelos tempos e pelos lugares.

Registando isto, recordo os bons tempos em que, com a Dúlia, percorria estes lugares, subia a Vouzela e à Gralheira, espreitava Manhouce e o vale de Lafões, bêbado de paisagens que me moldaram e me ensinaram como se faz um beirão, em que chão ele se talha.
São coisas que não esquecem.»

 NOTAS BIOGRÁFICAS DE NUNO REBOCHO

Nascido em Queluz, Portugal, em 1945, na sua infância viveu em Moçambique. Iniciou sua carreira na página juvenil do Diário de Lisboa, em 1963. Foi redator da revista O Tempo e o Modo (1º série) e da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, trabalhou em Seara Nova, porém só viria a ingressar no jornalismo profissional em abril de 1974: em jornais diários como – sucessivamente -  Jornal Novo, Jornal de Economia, Tribuna, A Tarde, Jornal de Economia, O Século, e em semanários como Vida Mundial, Novo Observador, O Sinal, Dez de Junho, Ideal, Mundo Desportivo e O Diabo. Foi colaborador Nossa Terra (Vigo, Galiza), de A Ilha, de Florianópolis (Brasil), e Cultura (Luanda, Angola). E também em revistas especializadas - Pesca & Navegação, Cargo, TT-Todo o Terreno, Motor (foi diretor do seu suplemento de Turismo), Estética e Mundo Desportivo.

Presença ativa na imprensa regional – suplemento literário do Jornal de Sintra (de que foi diretor), Notícias da Amadora, Comércio do Funchal, Acção Ribatejana, Azurara, Rua Direita, Jornal da Costa do Sol, foi ainda chefe de redação de Aponte (Montijo) e A Nossa Terra (Cascais). Desempenhou funções diversas - redator principal, chefe de secção, subchefe de redação, chefe de redação.

Em Cabo Verde, colaborou com o semanário Horizonte (de que foi adjunto da administração), e chefiou as redações de Expresso das Ilhas (foi um dos seus fundadores), Jornal de Cabo Verde, Já e Liberal on-line. Colaborou também em A Nossa Terra (Vigo, Galiza) e “Cultura” (Angola). Colaborou episodicamente na revista “DiVersos”.

Em 1989 enveredou pelo jornalismo radiofónico, colaborando com Moliceiro FM (Aveiro), cronista da Rádio Comercial (programa de Turismo, de Carlos Amorim e programa de Rui Castelar). Ingressou na RDP  (Radiodifusão Portuguesa), destacado para a Guarda durante um ano. Depois, foi editor, chefe do departamento de Informação Especial da RDP – Antena 1 e chefe de redação da RDP - Antena 2. Integrou conselhos de redação e a Comissão de Trabalhadores da empresa radiofónica

Foi adjunto do Ministro da Habitação e Transportes do VI, VII e VIII Governos Constitucionais Portugueses eng. Viana Batista), assessor das Secretarias de Estado da Administração do Território do X Governo Constitucional (dr. Nunes Liberato) e da Saúde do X Governo Constitucional (dr. Costa Freire). Foi também assessor da Cruz Vermelha Portuguesa, da TMN, e de sindicatos (Técnicos de Venda, Sindeco e Sinafe), e durante dez anos, da CP. Monitor de História Sindical da Fundação Oliveira Martins, participou no curso inaugural de professor de jornalismo do CENJOR, deu aulas no IJOVIC (Rádio Mafra) e de formação de assessores do Governo de Cabo Verde. Foi assessor da Câmara Municipal da Ribeira Grande de Santiago (Cabo Verde).
Com uma vida associativa intensa, integrou a Casa de Estudantes do Império, o Cineclube Universitário, o Centro de Estudos Sindicais, a Confederação Democrática do Trabalho e a Tendência Sindical Social-democrata, TESIRESD. 
Por força da sua militância, foi preso político em Portugal, onde esteve detido pela PIDE/DGS durante cinco anos no Forte de Peniche, tendo sido escolhido para ser “preso político do ano” em 1970 pela Amnistia Internacional, o que recusou. Preso novamente em consequência do Primeiro de Maio de 1973, foi um dos 60 nomes indicados como um dos possíveis “presos preventivos” pela PIDE a 28 de abril de 1974.
Animador cultural, organizou A Festa da Poesia, na Galeria Artdomus, S. Pedro de Sintra, em 2000-2001; As Noites da Liberdade, na Biblioteca Museu da República e Resistência, Lisboa em 2005; Festival de Poesia, de Vila Nova de Foz Coa, 2002; A Poesia à Mesa, no restaurante Panela de Barro, Carnaxide em 2006. Foi comissário do Dia Mundial da Poesia, em Penamacor, 2007.
Participou com poesia no tríptico de serigrafias de Silva Palmeira "A Lisboa", Centro Português de Serigrafias. Lisboa 1997, e nas performances – “Escrito no Xisto” (em V. N. Foz Coa), 2005, “Quatro Poetas numa Garrafa à deriva no Oceano” (Cascais), 2006, “Nem só de Gim vive o Pinguim” (Porto), 2015. Foi comissário da Bienal do Mediterrâneo, Dubrovnik, Croácia, 

1999. Editou os fanzines “Cadernos de Ibn Mukhane”, “Biz” e “Triz”, e foi autor de diversos textos para catálogos de artes plásticas. Também de diversos prefácios de livros.
Foi vice-comissário da Festa da Poesia - Encontros de Poetas Portugueses, na Figueira da Foz em 2003/4/5. Organizou o Dia Mundial da Poesia, em 2006, em Penamacor, e os Dias Mundiais da Poesia em Cidade Velha (Cabo Verde), de 2009-2015. Participou nas Jornadas Poéticas de Artiletra (Cabo Verde), 2007; em Correntes d'Escrita, Póvoa do Varzim, 2007; nos Encontros de Poesia em Vila Nova de Foz Coa, 2008; na Festa da Poesia de São João da Madeira, 2009; na I, II, III, IV e V Bienal de Cultura Lusófona-Encontro de Culturas, Malaposta-Odivelas 2007-2015. E colaborou na iniciativa “Nem só de Gim vive o Pinguim”.
Membro fundador da AEPPA (Associação dos Ex-Presos Políticos Anti-Fascistas), membro efetivo da AVSPE (Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores), comissário da extinta Fundação António Pratas, adjunto lusófono da Korsang di Malaka. Participou no documentário de Júlio Silvão Tavares “Eugénio Tavares” (Prémio DOC-CPLP).

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