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Buruntuma - Guiné-Bissau - TIXIK.com -Veja a crueldade da imagem: leia e reflicta no reverso. Escrito pelo autor da fotografia que teve a coragem de não se importar de fazer a denúncia - ex-sargento da Força Aérea Portuguesa. Os termos, com que redigiu a legenda, além de nos impressionarem, traduzem-nos também o espírito da circunstância e dão-nos a perceber a linguagem de quem andava entranhado na selva, palmilhava picadas e matas, corria perigos e era simultaneamente a potencial ameaça à integridade dos que lutavam pela libertação do seu povo, na então conturbada e estúpida guerra colonial.
O presidente da Liga dos Combatentes (LC) convidou o escritor António Lobo Antunes a "esclarecer, confirmar, negar ou dar a sua interpretação sobre as afirmações", feitas num livro publicado há um ano, sobre a Guerra Colonial em Angola" Combatentes instam Lobo Antunes a explicar-se - Portugal - DN-
Afinal, o que é que pretende o Presidente da Liga dos Combatentes do escritor Lobo Antunes? - Não sabe o que é que aconteceu ao seu antecessor? - Que ficou cego? ... Foi o seu irmão - um camarada meu e um grande amigo - que levou uma granada defensiva instantânea para casa e, pondo-se a brincar, morreu ele e deixou o irmão cego para toda a vida - Quer considerar, Lobo Antunes, algum traidor? - Tal como já me aconteceu quando comecei a denunciar os massacres do Bate-Pá , de 1953 - Por ordem do então governador Carlos Gorgulho. Em que foram assassinados milhares de santomenses - Será que as páginas negras da descolonização são para se ignorarem?

Afinal, o que é que pretende o Presidente da Liga dos Combatentes do escritor Lobo Antunes? - Não sabe o que é que aconteceu ao seu antecessor? - Que ficou cego? ... Foi o seu irmão - um camarada meu e um grande amigo - que levou uma granada defensiva instantânea para casa e, pondo-se a brincar, morreu ele e deixou o irmão cego para toda a vida - Quer considerar, Lobo Antunes, algum traidor? - Tal como já me aconteceu quando comecei a denunciar os massacres do Bate-Pá , de 1953 - Por ordem do então governador Carlos Gorgulho. Em que foram assassinados milhares de santomenses - Será que as páginas negras da descolonização são para se ignorarem?
Então, os ex-combatentes da Guerra colonial, que foram as grandes vítimas de uma guerra, que tanto sangue derramou, em três frentes, quer, em milhares e milhares de portugueses, quer noutros tantos milhares ou ainda mais de filhos dos povos irmãos da Guiné, Angola e Moçambique, ainda não tiveram tempo de se darem conta de que, todo aquele período negro, é um tempo de má memória?! - Mas quem é que pode orgulhar-se de ter participado numa guerra daquelas?!…
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Photos in the Mururoa Atoll - Image is copyrighted - are authorized by the owner of this blog.
Registos de algumas das impressionantes imagens, no Atol Nuclear da Moruroa, no Pacífico, colónia francesa, oferecidas ao autor deste blogue por ex-legionário da Legião Francesa e ex-combatente da guerra colonial - Não desejaria publicar a fotografia de uma mãe que vê morrer o seu filho e depois também é morta: por ser tão chocante, tão cruel! - Mas, perante tamanha provocação a Lobo Antunes, por parte do Presidente da Liga dos Combatentes, e também por saber que o seu autor me deu essa liberdade, entendi ser meu dever de consciência, desmascarar aqueles que ainda procuraram branquear o passado da afrontosa e terrível guerra colonial.

Alguns dos vários documentos confidenciais que me confiou . Leia-se o excerto do articulado ao lado e veja-se como pretendiam lidar com os media.

Mururoa - France Nuclear Forces.
.NÃO HÁ GUERRAS LIMPAS, TODAS AS GUERRAS SÃO SUJAS E CRUÉIS - MAS HÁ CAUSAS JUSTAS E A NOSSA CAUSA ERA INJUSTA - PORQUE COMBATÍAMOS O DIREITO DOS POVOS AFRICANOS , SE LIBERTAREM DO JUGO COLONIALISTA E SEREM LIVRES DO SEU PRÓPRIO DESTINO - O VELHO REGIME SALAZARISTA, ENTENDIA, PORÉM, QUE "OS QUE PORTUGUESES CONSTROEM AOS PORTUGUESES PERTENCE" - E CONSTRUÍAM, EM TERRAS DE QUEM?!... DE PORTUGAL?!...
ADRIANO JOAQUIM LUCAS, MEU CONTERRÂNEO, MOBILIZADO PARA A GUINÉ BISSAU, em Julho de 1970 - FOI ORDENANÇA DO COMANDANTE EM BISSALANCA E EVITOU O CONTACTO DIRECTO COM A MATA.
MAS SOUBE DE SEGREDOS E CONHECEU DE PERTO O GENERAL ANTÓNIO SPÍNOLA. DIZ QUE NÃO ADMITIA SEVÍCIAS NOS NEGROS. CLARO QUE ELE NÃO PODIA ESTAR EM TODO O LADO PARA CONTROLAR OS EXCESSOS
Adriano Joaquim Lucas assentou praça em Beja, depois foi para Tancos, após o que partiu para a ex-colónia portuguesa., tendo ficado aquartelado em Bissalanca. Mas considera ter sido um homem de sorte. Não foi testemunha de atrocidades mas viu muitos ficarem por lá. O facto de ter sido ordenança do Comandante, poupou-o do mato, conheceu o General Spínola, que lhe pareceu um homem muito humano. É emigrante em França, desde que regressou da Guiné. Agora está reformado e, sempre que pode vem matar saudades à sua santa terrinha. Estive com ele nas férias de Verão e recordou-me algumas das suas memórias, dos longos dois anos que ali passou, desde 02.07.70 a 02.07.72 e que editei neste vídeo.
.NÃO HÁ GUERRAS LIMPAS, TODAS AS GUERRAS SÃO SUJAS E CRUÉIS - MAS HÁ CAUSAS JUSTAS E A NOSSA CAUSA ERA INJUSTA - PORQUE COMBATÍAMOS O DIREITO DOS POVOS AFRICANOS , SE LIBERTAREM DO JUGO COLONIALISTA E SEREM LIVRES DO SEU PRÓPRIO DESTINO - O VELHO REGIME SALAZARISTA, ENTENDIA, PORÉM, QUE "OS QUE PORTUGUESES CONSTROEM AOS PORTUGUESES PERTENCE" - E CONSTRUÍAM, EM TERRAS DE QUEM?!... DE PORTUGAL?!...


Adriano Joaquim Lucas assentou praça em Beja, depois foi para Tancos, após o que partiu para a ex-colónia portuguesa., tendo ficado aquartelado em Bissalanca. Mas considera ter sido um homem de sorte. Não foi testemunha de atrocidades mas viu muitos ficarem por lá. O facto de ter sido ordenança do Comandante, poupou-o do mato, conheceu o General Spínola, que lhe pareceu um homem muito humano. É emigrante em França, desde que regressou da Guiné. Agora está reformado e, sempre que pode vem matar saudades à sua santa terrinha. Estive com ele nas férias de Verão e recordou-me algumas das suas memórias, dos longos dois anos que ali passou, desde 02.07.70 a 02.07.72 e que editei neste vídeo.



Pode parecer despropositado trazer para este blogue a questão da guerra colonial, mas não é: - Tenho-me dedicado especialmente a falar dos Templos do Sol, no Monte dos Tambores, na minha aldeia - e , ultimamente, até das escaladas nas montanhas e nos picos - mas também é importante que se dê a conhecer o lado oposto dos Templos do Sol - os Templos Negros da Guerra. E é o que me levou a escrever este post. . Aliás, tenho o dever de o fazer - mal tomei conhecimento de tão afrontosa provocação ao escritor Lobo Antunes, pessoa íntegra e honestíssima, que muito admiro. Sou jornalista e, como não disponho de outro espaço, aproveito para o fazer aqui --Comissão da Carteira Profissional de Jornalista:::Carteiras Profissionais Revalidadas : Jorge Trabulo Marques. 680. - também subscrevo outro blog(SÃO TOMÉ - ODISSEIAS NOS MARES DO GOLFO DA GUINÉ)mas achei este mais adequado.
Fui militar em Angola - nos Comandos, tal como documenta a imagem, em cima e ao lado - Embora por pouco tempo, mas o suficiente para me aperceber da crueldade daquela guerra

Dados como suspeitos por desvio de armas, do paiol de armamento, foram colocados na parada, frente à portaria e massacrados, com as mãos atadas atrás das costas e de joelhos, lado a lado uns dos outros, para malharem neles quem quisesse e como quisesse! A murro, a pontapé, cronhadas, golpes de sabre!...E o comando não teve vergonha de ser cúmplice de tamanha barbaridade. As sevícias foram horríveis. Houve até quem lhe queimasse os testículos e o pénis com a ponta de cigarros. À noite (acho que eram uns nove ou dez), foram todos metidos numa cela, quase do tamanho de uma cabine telefónica - Eu estava na especialidade de armas pesadas: continuei na EAM e, nesse dia, tinha ido ali a visitar um amigo. Quando me apercebi que o quartel estava em polvorosa, não arredei pé: quis ver até onde ia aquela barbárie - Senti-me horrorizado, mas resisti. Ainda tentei demover alguns dos soldados, mais tresloucados. Mas tive que me calar se não ainda era dado como suspeito: pois também lá havia alguns brancos, nascidos em Angola - classificados como portugueses de segunda. Ao final do dia, estavam moribundos! irreconhecíveis!. Completamente desfigurados!...- Quando fui espreitar a cela, as suas cabeças, haviam levado tantas cronhadas e golpes de sabre, que pareciam azeitonas cortejadas! - Meu Deus! - Que loucura!!... E os oficias a verem!

Logo na primeira noite, mal ainda nos havíamos deitado, fomos subitamente acordados ( creio que com rebentamentos de granadas ofensivas) para um treino, algures no Norte de Angola, e em plena zona de intervenção. E de que é que constava a primeira preparação psicológica?… Era vermos as fotografias dos colonos com as cabeças cortadas e outras atrocidades, colocadas , estrategicamente, de onde em onde, nuns paus: e com que finalidade?... - unicamente para nos incutirem ódio racial e revolta! - Depois também vi outras coisas que não desejo aqui lembrar - por respeito aos militares que foram obrigados a irem para as fileiras daquela guerra injusta e criminosa.
O ESCRITOR LOBO ANTUNES ESTEVE LÁ E NÃO DISSE NENHUMA MENTIRA
O escritor Lobo Antunes só disse a verdade - Mas a ferida é bastante maior de que aquela que, o autor dos Cus de Judas, apontou - Eu vi o que se passou com os meus próprios olhos e, infelizmente, são memórias que me vão acompanhar para o resto da minha vida. Mas porquê ter medo da verdade?!... Também lá andei - seis meses a tirar o curso de sargentos, na ex-Nova Lisboa e outros seis no Centro de Instrução de Comando - Felizmente, não foi muito tempo mas o bastante para me aperceber de muita crueldade e da tremenda injustiça daquela guerra. O resto da comissão passei-o em São Tomé. E na paz dos deuses - Mas, até certo ponto... Pois quando precisei de ir a Portugal ver a minha mãe, que estava prestes a morrer de cancro, não fui autorizado, com o argumento de que fazia falta no quartel.
Claro que os grandes culpados da guerra colonial, não são os nossos soldados, sargentos e oficiais, que foram para lá obrigados pelo extinto regime fascista E as atrocidades foram cometidas de parte a parte. A guerra é cega e só vê sangue, morte, destruição e vingança. Só que, enquanto uns defendiam a sua terra, o direito à liberdade e à independência, os outros - o governo Salazarista(Caetanista) impunha aos portugueses o mais cruel, longo e durissimo sacrifício pela defesa de um território que não nos pertencia. Essa é a grande diferença.
Claro que os grandes culpados da guerra colonial, não são os nossos soldados, sargentos e oficiais, que foram para lá obrigados pelo extinto regime fascista E as atrocidades foram cometidas de parte a parte. A guerra é cega e só vê sangue, morte, destruição e vingança. Só que, enquanto uns defendiam a sua terra, o direito à liberdade e à independência, os outros - o governo Salazarista(Caetanista) impunha aos portugueses o mais cruel, longo e durissimo sacrifício pela defesa de um território que não nos pertencia. Essa é a grande diferença.


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QUANDO ME ALISTEI NOS COMANDOS, APÓS O CURSO DE SARGENTOS MILICIANOS - - ESTAVA LONGE DE IMAGINAR QUE TIPO DE AVENTURA IA ENCONTRAR PELA FRENTE - MAS, QUANDO ME APERCEBI, NO FINAL DO CURSO, ARRANJEI UM ARGUMENTO ( QUE FOI ACEITE) DE IR DAR CURSOS DE COMANDOS, NA ILHA ONDE HAVIA SIDO INCORPORADO - E LÁ VOLTEI À MINHA LINDA ILHA, FAZENDO O RESTO DE TROPA, NA TRANQUILIDADE IDÍLICA DA SUA LUXURIANTE PAISAGEM E DO SEU PACÍFICO POVO! - OU ANTES, NA ILHA DO OPRIMIDO E EXPLORADO POVO.
Sim, a minha passagem, pelos Comandos, em Angola, felizmente foi meteórica. Mas não tenho saudades nenhumas dos tempos que ali passei - Reconheço - não tenho a menor dúvida - , que, muitos daqueles que ficaram por lá em missão de serviço, uns morreram ou ficaram estropiados - E os que tiveram a sorte de voltar à pátria, jamais se livrarão de traumas infinitos!...
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - ILHAS MARAVILHOSAS E GENTE PACÍFICA - MAS QUE TAMBÉM NÃO DEIXOU DE SER MARTIRIZADA - MUITO ANTES DOS MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO, EM ANGOLA, TEREM PEGADO EM ARMAS ..Batepá massacre - Wikipedia, the free encyclopedia...O massacre de Batepá « Caminhos da Memória...
Regressado a São Tomé, dei vários cursos de recrutas, com um oficial - que se limitava praticamente a receber a continência e apresentação da companhia de instruendos . Depois de uma passagem como Sargento da Messe de Oficiais, pedi para me colocarem à frente da Agro-Pecuária: -.precisava de ali fazer o estágio de Técnico Agrícola, condições que, na Roça, não encontrei e que fora o principal objectivo da minha ida para este arquipélago.. - Em pouco tempo, com os meus soldados, conseguia abastecer o quartel de ananases, bananas, todo o tipo de fruta e galináceos. Até me deram um louvor. Fiz um relatório dos trabalhos, sob a minha orientação e pedi a um engenheiro agrónomo que mo assinasse. Depois enviei-o para a Escola Agrícola de Santo Tirso e deram-me então o diploma. - Só que, uns anos depois, de nada me valeria: a narração de uma viagem de canoa solitária à Ilha do Príncipe ( a primeira de outras aventuras marítimas) - pese o facto de ter sido espancado pela PIDE por suspeita de me ir juntar ao MLSTP no Gabão - dar-me-ia a oportunidade de enveredar pelo jornalismo - ser correspondente de uma revista angola: - Semana Ilustrada. Mas, também, mais tarde, alguns problemas, muito sérios: quando se deu o 25 de Abril, só não fui esmagado pela ira de uma multidão de colonos, por muita sorte.


VÁRIOS MILHARES DE COLONOS TRESLOUCADOS - DEPOIS DE INSULTAREM O ENTÃO CORONEL PIRES VELOSO, CORRERAM TODOS ATRÁS DE MIM PARA ME LINCHAREM

A ALVORADA DE ABRIL DESPERTOU TARDE EM SÃO TOMÉ, MAS QUANDO RAIOU, FOI COMO RASTILHO QUE SE ATEASSE A UM FOGUETE


Cedo comecei a compreender que a toda a sua ira era descarregada sobre mim! Custavam-lhe aceitar as mudanças que o espírito de Abril desencadeara, quer no continente quer nas colónias. Não vou aqui relatar os episódios das suas lamentáveis agressões – a forca de corda que me penduraram à porta de casa ou recordar as navalhadas, com que, por duas vezes, furaram todos aos pneus do meu carro, e tantas outras patifarias. Pertencem ao passado e dariam muitas histórias.
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